Mês: outubro 2012

Os ideais

Meu texto sobre as eleições foi publicado no blog do Bispo Macedo. Fiquei feliz, pois mais pessoas poderiam se identificar com ele, o que de fato aconteceu. Estranhamente, em um primeiro momento não houve o chilique público, talvez pelo post ser assinado. Depois, começaram os comentários. Um me pergunta: “Quanto o Edir Macedo está lhe pagando?”

Não, eu não  vou te convencer de que o Bispo Macedo não é como você pensa que ele é, nem que ele realmente acredita e vive tudo o que ele prega (apesar de eu poder te garantir isso. Ele realmente acredita e vive o que prega).  Não vou te convencer de que a mídia manipula a opinião pública sobre a IURD há 20 anos.  Não vou te convencer de que eu acredito em tudo o que escrevo. Não vou te convencer de que eu sempre defendi aquilo em que acredito. Se você não me conhece, nada do que eu disser terá algum peso, não é mesmo? Não me importa. Não é disso que eu quero falar.

O que achei estranho nessa história toda é que a sociedade está predisposta a dois pensamentos que, em minha opinião, são igualmente tristes:

1 – Se a pessoa escreve com convicção alguma coisa com a qual o leitor não concorde, já se imagina que ela foi paga para isso. Trocou sua opinião por dinheiro.

2 – Se ela não recebeu dinheiro em troca, ela é idiota. Ingênua, ignorante.

Afinal de contas,  é errado o que vende suas convicções, mas se é idiota o que defende suas convicções de graça, o certo é o quê? Não ter convicções? Ou não defender aquilo em que acredita?

As pessoas vivem tão mergulhadas em tantas dúvidas, medos, receios e desconfianças, que é impossível ter uma convicção verdadeira. As convicções verdadeiras são fruto de raciocínio e de certeza, e só assim tornam-se suficientemente fortes para serem defendidas com segurança.  Quem não tem segurança dentro de si, vai buscá-la do lado de fora.

Esse é o trabalho que a indústria do entretenimento e a mídia têm feito em conjunto há muitos anos. Ao mesmo tempo em que trabalham para tirar de seu público as certezas pessoais e enchê-lo de dúvidas e desconfiança, lhe oferecem as certezas pré-fabricadas de que ele precisa.  Não é de se espantar que as pessoas digam as mesmas coisas, ajam da mesma forma, repitam as mesmas frases, as mesmas acusações, como uma manada, como um exército de autômatos que nos acusa de ser um exército de autômatos.

Vivem interessados no que vai acontecer na novela, cantando as músicas que a TV lhes diz para cantar, usando as roupas que a novela lhes diz para usar, repetindo os bordões dos personagens, emprestando a linha de raciocínio retirada dos telejornais, dos jornais impressos, da Veja, absorvendo a lógica da mídia como se fosse a verdade absoluta que lhes sirva de base para toda e qualquer argumentação. E nós é que somos os manipulados.

As pessoas (muitas pessoas de boa índole, inclusive), acreditando que estão impedindo uma catástrofe, permitirão uma catástrofe ainda maior* (aliás, isso é bíblico).

Os seres humanos são idealistas por natureza. Se estiverem preenchidos de cinismo e rejeitarem os ideais verdadeiros, abraçarão qualquer ideal que lhes for apresentado. Aí quem lhes apresentou esse ideal terá material humano para fazer o que quiser. Então você vê uma multidão revanchista, com ideais negativos (que, no entanto, têm uma justificativa positiva, e por isso atraem até muita gente boa) e discursos raivosos contra aqueles que defendem positivamente suas causas, de uma maneira racional e equilibrada.

Por isso prefiro me manter com alienígena neste mundo. Desconectada da Matrix, querendo desconectar outras pessoas (afinal, para isso fomos chamados…faz parte do cristianismo oferecer essa libertação aos que nem sabem que estão cativos. Há uma ordem expressa na Bíblia.), mas sabendo que não posso obrigar ninguém a raciocinar. Tomar a pílula vermelha é escolha de cada um. Em um primeiro momento, é mais confortável não tomar e seguir a corrente. O problema é aonde essa corrente irá levar.

*Em muito menor escala, foi o que aconteceu nessas eleições municipais. Eleitores sedentos por um ideal verdadeiro, abraçaram o ideal da mídia “vou votar no Serra/Haddad só para impedir a vitória do Russomano”, acreditando sinceramente que estavam atrapalhando uma espécie de golpe de estado religioso.

PS: Ainda sobre eleições, esse excelente texto do João da Paz (clique para ler) mostra o estilo de jornalismo da Folha de São Paulo, durante as eleições municipais. Claro que não foi apenas a Folha, quem viu a entrevista de Russomano à César Tralli, na Globo, percebeu que seguia a mesma linha. Não era interesse da velha mídia que Russomano tomasse o lugar do candidato do PSDB no segundo turno, e conseguiram manipular toda a máquina nesse sentido. Se o Serra ganhar, darei os parabéns ao PT.

Linda cidade

museuipiranga1

Quem disse que São Paulo não é uma cidade bonita? Se ao olhar para São Paulo você só consegue ver cinza, poluição, engarrafamento e concreto, olhe com os meus olhos.

Quando cheguei aqui, o que mais me impressionou foi o espaço. As ruas largas (claro que não todas, existem muitas bem estreitinhas, inclusive eu moro em uma delas…rs…), o espaço aberto…em vários lugares, é possível ver o horizonte.

Existem muitas árvores, muitos pássaros e céu azul! Nem sempre, é claro. Quero dizer, as árvores e os pássaros não saem daqui, mas o céu às vezes tem outras cores…lilás, ocre, rosa e – muito raramente daqui onde vejo – cinza. Mas na maioria das vezes, é realmente azul. Nem todo mundo olha para cima, nem todos observam as diferentes tonalidades das árvores e o quanto todos os detalhes são bonitos.

Se você olhar apenas para o que é feio, escuro e cinza, tudo para você será sempre feio, escuro e cinza – tudo. Treine seu olhar para ver o que é bonito e colorido.

Minha memória sobre árvores é engraçada. Eu tento me lembrar das árvores do meu passado e elas são todas em um tom de verde escuro, quase musgo, opaco, sem graça. Todas as árvores do meu passado são iguais. Tudo era muito sem graça, não importa em qual lugar eu estivesse, mesmo os que hoje sei que são os mais bonitos.

Campo Grande, Rio de Janeiro, Porto Alegre, a Serra Gaúcha e até mesmo São Paulo, o Ibirapuera, onde estive há uma década e não me lembro. Tudo era sem graça, porque dentro de mim tudo também era sem graça. Eu costumava dizer que não gostava de paisagem, porque era tudo igual. A monotonia estava em mim, mas eu achava que estava do lado de fora.

Só quando descobri que a gente escolhe qual ângulo enxergar é que me dei conta de quantos ângulos existem no mundo. Não existe só o preto e o branco. Tudo na verdade é extremamente colorido.

Mesmo em um dia de chuva, mesmo em uma noite fria, mesmo em uma manhã solitária ou em uma tarde cheia de trabalho, a vida pode ser uma coisinha alegre, colorida e saltitante, como um bichinho alienígena feito de gelatina (ok, sei que não foi uma analogia muito comovente…rs…)

Vou começar a levar minha câmera comigo quando sair de casa, para mostrar alguns ângulos desta cidade linda, como eu e meu marido a vemos. As coisas diferentes e engraçadas (como criaturas extremamente bem-humoradas, vemos muitas coisas engraçadas por aqui), as coisas bonitas…mesmo quando a câmera não conseguir fazer jus à beleza que eu enxergo (o que é bem frequente, já que minha câmera atual é bem rabugenta – razão pela qual eu tiro poucas fotos), tentarei descrever a realidade para vocês.