Mês: julho 2020

Mar do esquecimento

Imagem: Walter Baxter

Olhando as estatísticas deste blog, me deparei com as palavras-chave mais utilizadas para chegar até aqui. Curiosamente, um número relativamente grande de pessoas procurou no google “mar do esquecimento”, “qual livro da Bíblia fala sobre mar do esquecimento”, “onde está o versículo que diz que Deus lança nossos pecados no mar do esquecimento”, “mar do esquecimento está na Bíblia?”, entre outras coisas semelhantes.

Curioso imaginar que tanta gente faça esse tipo de pesquisa. Talvez alguém tenha dito: “ih, mar do esquecimento nem está na Bíblia”, na intenção de mostrar que a pessoa está sendo ludibriada, ou ela mesma quer provar aos cristãos que eles inventam coisas, ou quem sabe seja alguém genuinamente preocupado em saber se seus pecados serão realmente lançados no mar do esquecimento, pois quer ser perdoado por Deus.

Em todo caso, achei que seria pertinente escrever sobre isso aqui, para que, seja qual for a intenção da busca, quem chegar aqui encontre uma resposta a respeito do tal “mar do esquecimento”.

Costumamos dizer que Deus lança nossos pecados no mar do esquecimento, e deles não se lembra mais, quando realmente nos arrependemos de nossos erros e pedimos a Ele perdão sincero. Isso é verdade. Mas se você busca o termo completo “mar do esquecimento” na Bíblia, o encontra? Vou explicar a origem desse termo.

Em Miqueias 7.18-19 diz: “Quem, oh Deus, é semelhante a Ti, que perdoas a iniquidade e Te esqueces da transgressão do restante da Tua herança? O Senhor não retém a Sua ira para sempre, porque tem prazer na misericórdia. Tornará a ter compaixão de nós; pisará aos pés as nossas iniquidades e lançará todos os nossos pecados nas profundezas do mar.”

Esta passagem maravilhosa fala a respeito do caráter misericordioso de Deus. Mesmo no Antigo Testamento, antes do “tempo da Graça”, Deus não era o ser cruel e implacável que muita gente até hoje acredita que Ele é (essas pessoas, obviamente, não O conhecem). Quando diante do verdadeiro arrependimento, Ele não pensa duas vezes antes de perdoar a iniquidade e esquecer da transgressão do Seu povo. Volta a ter compaixão de nós e lança nossos pecados nas profundezas do mar.

Em Isaías 43.25 o próprio Deus diz: “Eu, Eu mesmo, Sou o que apago as tuas transgressões por amor de Mim e dos teus pecados não me lembro

Não há o termo exato “mar do esquecimento”, mas usemos a lógica:

1 – A passagem de Miqueias diz que Deus esquece de nossas transgressões e lança todos os nossos pecados nas “profundezas do mar”,

2 – Isaías diz que Ele não se lembra de nossos pecados

Sabendo que Deus não tem nenhum problema de memória, sabendo também que nenhuma expedição submarina encontrou toneladas de pecados incrustados de corais no fundo do mar, entendemos, de uma forma até mesmo bem poética, que este é o “mar do esquecimento”.

Diante do verdadeiro arrependimento, em que a pessoa decide nunca mais voltar a cometer aquele pecado, Deus, que não se esquece de nada, pois é perfeito (e não, não tem problemas de memória), Se permite não lembrar, Se permite ignorar todos os nossos pecados, nos dando a chance de, diante dEle, começar de novo. O “mar do esquecimento” é, então, figura do grande perdão de Deus.

Quando você lança algo nas profundezas do mar, significa que aquilo nunca mais será encontrado, nem visto (não entremos na discussão sobre as expedições submarinas existentes hoje. Quem, em sã consciência, sairia em busca de pecados submersos??? Só se procura algo que tenha valor. Se você jogar uma coisa insignificante no fundo do oceano — acredite  ninguém irá ver, nem procurar). Ficará esquecido para todo o sempre, como se nunca tivesse existido.

Quando pensamos em perdoar alguém, geralmente não temos em mente essa ideia de desaparecer com aquela iniquidade. Perdoamos outras pessoas, mas sempre podemos visualizar o que nos fizeram. O perdão, humanamente falando, não costuma estar atrelado ao esquecimento. Mas o perdão Divino inclui o desaparecimento daquela iniquidade. Deus a lança em um lugar de onde ela nunca mais voltará e no qual ela não poderá mais ser vista por Ele. Por isso, o reforço nesta idéia de esquecimento, dizendo que Ele lança nossos pecados nas profundezas do mar.

Não me interessa saber se o mar do esquecimento existe literalmente ou não, não faz a menor diferença, pois de qualquer maneira o Mar do Esquecimento é uma metáfora que me faz ver o quanto Deus é maravilhoso, a ponto de escolher não se lembrar dos meus erros, quando eu realmente me arrependo e peço perdão a Ele, decidindo nunca mais cometer aquele pecado.

E se Deus é tão misericordioso a ponto de escolher se esquecer de meus pecados, quem sou eu para ficar me torturando ao me lembrar deles, dando ouvidos ao diabo, que é o acusador? E também se Deus, o Criador, o único Santo e puro, que é o principal ofendido pelos pecados dos homens, escolhe não Se lembrar mais do erro de alguém, quem sou eu para apontar o dedo e julgar uma pessoa por atos que ela cometeu no passado, e dos quais já se arrependeu? Sou eu maior do que Deus?

Além de mostrar a grandeza de Deus e o caráter perdoador do nosso Senhor, essas passagens deixam claro que o homem deve ser grato por essa misericórdia e recolher-se à sua insignificância, deixando essa mania arrogante de querer se apegar às picuinhas para tentar provar que está certo e que Deus — veja só — está errado.

Ainda escreverei novamente sobre pecado, arrependimento e perdão. Espero ter esclarecido as dúvidas do pessoal do Mar do Esquecimento. 🙂

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PS. Este texto foi publicado originalmente em 2009 no blog sossegai.blogspot.com e resolvi dar uma ajeitadinha nele e trazê-lo para cá, porque ainda recebo muita gente com essa dúvida e imaginei que pudesse ajudar muito mais pessoas por aqui, já que este blog tem um alcance maior. 🙂

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Para entender o sacrifício

Ok, vocês já devem ter visto este vídeo do Arnaldo Duran, mas eu preciso comentar. 

Muitas coisas me chamam atenção nesse relato. Muitas mesmo, porque me identifico demais com ele. Também sou uma doida que, apesar de ter tido um diagnóstico esquisito (dois, na verdade. Disautonomia e Síndrome de Ehlers-Danlos), mantém o bom humor, a alegria, a leveza e a fé de que o resultado positivo já está garantido e estou vivendo hoje meu testemunho de amanhã. Mas o que mais se destaca nesse vídeo, para mim, é o que ele conta sobre a época em que perdeu a fala. 

O diagnóstico de Duran, Síndrome de Machado-Joseph, é uma doença rara e degenerativa. Doença degenerativa tem esse nome porque é… degenerativa (oh, grande revelação!). Quando acontece a perda de uma função, é porque a parte do cérebro que a controlava foi afetada. Há como recuperar? É aí que entra a fé e as maluquices que ela nos inspira a fazer. 

Vamos entender aqui. Quando você perde alguma coisa, quando está com medo de perder (ou de não ganhar) ou quando há algo (ou alguém) ameaçado na sua vida, você não consegue pensar em outra coisa. Todos os seus pensamentos e medos se voltam para a tal coisa ou pessoa. Em suas orações, não tem outro assunto: “Deus, cuida do meu filho, livra ele daquelas más companhias”, “Pai, eu preciso voltar a falar para trabalhar no que eu amo”, “Senhor, não me deixe perder esse emprego, eu preciso dele”, “Deus, eu preciso me casar!”, “Senhor, eu preciso ter um filho”…

A sensação de que você precisa daquilo, que não pode viver sem aquilo, anda de mãos dadas com a ansiedade e o medo de perder. Aquilo é tão importante para você que tira seu sono, tira sua paz e lhe traz angústia. Acaba se tornando um conjunto de fiozinhos que o diabo amarra em você para manipular seus sentimentos como  a um marionete. 

A única saída é ficar maluco, correr para o Altar, para as mãos de Deus, e lá em cima, cortar os fiozinhos, no que eu chamo de “modo suicida da fé”, como fez o Duran. Qualquer um que o visse dizendo para Deus que abria mão da própria voz poderia achar que ele tinha perdido um parafuso. “Tá doido? E se você perder essa voz para sempre? O que vai fazer?” E a atitude dele respondia: “não me importa, eu confio nEle”. Como o maluco do Abraão, que colocou Isaque no Altar pensando que Deus poderia ressuscitá-lo das cinzas. Como a doida da Ester, que ao se arriscar diante do rei, renunciou à sua própria vida, pensando “se morrer, morri”. O que acontece aí é que o diabo perde todo o poder de barganha, todo o poder de chantagem. Ele fica sem ter o que usar contra a pessoa porque ela é uma maluca que não tem nada a perder. 

E quando você faz isso, quando entrega a Deus aquilo que tanto tinha medo de perder (estando disposto a perder, de fato), quando você “perde” aquilo para Deus, renuncia, abre mão, enfim, quando deixa com Ele, você prova que confia nEle. Esse é o poder do sacrifício.

Duran sabia que “Isaque ressuscitaria”, tanto que, em seguida, já tentou falar. Qualquer coisa é possível quando é colocada nas mãos de Deus. Você tira aquela situação do nível natural e a transporta para um mundo muito doido onde não existem impossibilidades. Um mundo de possibilidades infinitas e impensáveis. Por isso o melhor a fazer é renunciar à ilusão de controle e passar o controle a Quem sabe o que está fazendo. 

É assim que se lida com o que parece impossível: entregando Àquele que é especialista em fazer o inesperado.

“Quando fazias coisas terríveis, que nunca esperávamos, descias, e os montes se escoavam diante da Tua face. Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu um Deus além de Ti que trabalha para aquele que nEle espera.”

Isaías 64.3-4

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