Mês: junho 2009

Um hábito singular

Estou me esforçando um bocado para perder um péssimo hábito que adquiri sem perceber aqui em Porto Alegre. Estava eu, em minha mais recente visita a Campo Grande, falando compulsivamente (coisa que costumo fazer com relativa frequência), quando notei um olhar estranho vindo de meus interlocutores. Me dei conta, de repente, que estou construindo frases de uma maneira um tanto quanto gauchesca. Explico: gaúchos têm alergia a plural. Plural é uma coisa ultrapassada, é algo supérfluo. Pronunciar um ‘ésse” a mais gasta energia que poderia ser utilizada em argumentos mais eloquentes. Assim, um gaúcho JAMAIS irá sentir dor nos pés depois de uma longa caminhada. Caso eles venham a doer, o gaúcho dirá, com toda a carga dramática envolvida na exclamação: – Bah, tô com uma baita dor nos pé!” Note que “uma baita dor” é significativamente mais intensa do que “uma dor”. É como o superlativo “aço”. Se um gaúcho bater o cotovelo na parede ele dificilmente dirá que deu “uma cotovelada na parede” porque o sufixo “ada” sugere algo de baixa intensidade.

Dificilmente uma cotovelada doeria a ponto de merecer ser citada. Geralmente o gaúcho dirá que deu “um cotovelaço na parede”. Um cotovelaço dói. Dói DE VERDADE. É uma baita dor! Uma baita batida na parede, e se machucar a ponto de continuar doendo depois, ter de ir ao médico, talvez imobilizar, enfim, se não for algo que passe na hora, ele dirá “bah, dei um cotovelaço na parede. Pisei meu cotovelo” Aí eu imagino o cidadão fazendo algum contorcionismo para conseguir pisar NO cotovelo. Duvido que tenha sido um acidente. Bem, voltando ao assunto, de tanto ouvir: “bah, onde foi que eu coloquei as tampa dos pote?” ou “eu só faço minhas compra naquela loja que fica três quadra daqui, gosto de ficar olhando as gôndola para escolher os produto que preciso.” Veja bem, isso é generalizado (deve ser a água). A pessoa pode ter curso superior, mestrado, doutorado, pode ter hábito de leitura, geralmente escreve corretamente (às vezes até conjugando o verbo na segunda pessoa do singular!! Coisa que eles não costumam fazer ao falar…a segunda pessoa acompanha o verbo na terceira pessoa, conforme exemplo a seguir), mas na hora de falar segue um dialeto próprio, charmosamente analfabeto e muito, mas muito contagioso: “- Tu viu que estampa bonita? Uns azul, uns verde, uns vermelho, tudo misturado, mas de um jeito muito tri, o vestido tem umas fenda, um decote diferente, mas as manga não vão até os cotovelo, não. Se bem que não sei o que tu acha, mas eu acho que nem precisa daquelas manga”.

Vendo, assim, desse jeito, você pensa: “eeeeeu??? Mas eu NUNCA que falaria desse jeito! Nem se ficasse CINQUENTA anos em um lugar assim”. Aí é que você se engana, colega, você não perceberia!! O troço se enfia dentro da cabeça da gente de um jeito muito invasivo! Você não nota que está falando que está com dor nas perna, ou que todos os músculo do seu corpo dói! Ou que você esqueceu os prato em cima da pia, um deles escorregou e caiu sobre os copo que estavam dentro da pia e espalhou caco de vidro por todos os canto da cozinha. Depois você pegou a vassora e varreu os caco, mas sempre fica uns pó pequeno no chão e se você andar sem chinelo, pode espetá os pé. Cuidado.

Aí lá vou eu, culta, chique, bela e modesta para Campo Grande, onde pessoas e plurais convivem harmoniosamente. Sem perceber, acabo dizendo à caixa do supermercado, enquanto reviro a bolsa, que nunca me lembro em qual lugar da bolsa coloquei as moeda, porque a gente vai recebendo as moeda e jogando dentro da bolsa, e na hora de pegar acaba confundindo com as chave. E eu nunca me lembro de comprar um troço pra guardar as moeda. Notando a cara de horror da moça, disfarço, comentando que vou colocar duas sacola para embalar a garrafa de água mineral, porque essas sacola são muito porcaria, uma vez eu estava subindo uma lomba com uma garrafa em cada sacola, aí as água caiu no chão e saíram rolando e eu correndo atrás delas (eu SEMPRE conto essa mesma história – real, aliás, ocorrida após uma compra no Sendas do Leblon, no Rio, quando morei lá- todas as vezes em que  embalo água mineral de 1,5 litros com duas sacolas plásticas).

Esse tipo de conversa causa uma inevitável expressão de espanto em qualquer pessoa (principalmente desconhecida, acho que os conhecidos nem prestam mais atenção no que eu falo e não percebem…risos…) que ouça, estupefata ao ver aquela moça tão bem arrumada, parecendo tão educada, culta, simpática (e – sempre – modesta). Me esforcei muito para evitar comer os “ésses” dos plurais, mas é um sacrifício grande demais para que eu possa resistir. Ou talvez porque…no fundo, no fundo eu goste desse jeito tosco e livre de falar. Essa coisa transgressora e atropelada, dramática e apressada, que não tem nem tempo de pluralizar palavras…um discurso democrático, no qual se permite tranquilamente que o artigo não concorde com o substantivo, afinal de contas, cada um tem direito a sua própria opinião, ninguém precisa ser obrigado a concordar com ninguém. Nem o pronome com o substantivo, nem o sujeito com o verbo. Tem sujeito que quer discordar, ué! E se alguém quiser discordar do sujeito, tem toda a liberdade de fazê-lo.

Ninguém tem língua presa no Rio Grande do Sul, devido à liberdade linguística que existe neste país (sim, porque o Rio Grande é o meu país, colega!). Na verdade a éssefagia (hábito de engolir “ésses”) é uma prática proposital, para celebrar, a cada frase pronunciada, a mais pura e perfeita democracia e liberdade léxica. Não mais me envergonho de tal analfabeto hábito, agora que descobri sua nobre origem e seu louvável objetivo. Me falta apenas conseguir transformar essa explicação em um curto e convincente texto para decorar até minha próxima viagem a Campo Grande.

PS: Hoje é aniversário do meu irmão. Ou melhor, ontem, porque já passou da meia-noite. Já falei com ele, mas deixo aqui registrado meus parabéns (parabéns, Junior!!). Também foi em um dia 26/06, porém em 2002, que eu fiz meu primeiro post em meu primeiro e já falecido blog, chamado vansblog (e que vinha com o eco: sblog, sblog, sblog… do monstro de lama caminhando com certa dificuldade e sujando todo o assoalho), o que significa que eu tenho sete anos de blog.  Credo.

Utilidade pública

Já conhecia esse blog antes, mas resolvi aproveitar a constatação de que a maior parte de meus leitores é do sexo feminino (o que não acontecia antes de eu casar, by the way) e compartilhar com vocês minhas descobertas. No entanto, como homens também têm pele e problemas de pele como foliculite, espinhas, etc. Eles também podem se beneficiar das dicas, sem medo e sem vergonha, porque essa frescura de achar que se cuidar, passar creme, etc. é boiolice é coisa de homem inseguro, que não confia em sua masculinidade e tem de ficar provando o tempo todo que é “macho”. Homem que é macho de verdade sabe que não importa o que pensam dele, ele SABE que é macho, tem certeza de sua masculinidade. Aí, meu filho, duvido que você, com essa segurança toda, terá algum problema nesse aspecto. E homem de verdade, seguro, consegue ter tranquilidade mental, psicológica e hormonal suficiente para RACIOCINAR e perceber que cuidar da saúde e da beleza é uma coisa muito boa para ele mesmo e para atrair o sexo oposto 🙂

Aproveito para copiar um post que escrevi em uma comunidade do orkut, falando a respeito de esfoliação (para evitar pêlos encravados por causa do barbear ou de depilação):

Ao passar o esfoliante, massageie SUAVEMENTE. Porque homem tem mania de achar que “massagear suavemente” é esfregar. Quase tenho um treco quando vejo meu marido lavar (ou secar com a toalha) o cabelo!! E no começo do casamento ele lavava o rosto feito um troglodita. Hoje já consegue lavar o rosto e esfoliar delicadamente, com movimentos circulares LENTOS e sem apertar.

Usamos um esfoliante anti-cravos da Neutrogena no rosto, é uma bisnaga meio laranja, é muito bom! Ele contém ácido salicílico, mas se quiser uma boa dica de esfoliante com ácido salicílico para fazer em casa uma vez por semana, anote aí: cinco comprimidos de AAS (melhoral, aspirina, etc.) não revestidos, uma colher de sopa de mel. Amasse os comprimidos de AAS com uma colher em um pires, coloque um pouquinho de água, só o suficiente para “dissolver” o AAS e fazer uma pastinha, misture o mel, passe na pele e massageie suavemente, em movimentos circulares. No rosto dá para deixar essa mistura agir por uns 15 minutos antes de esfoliar; no corpo acho que eu não teria paciência, então nunca testei. Depois enxague com bastante água (de preferência fria) e finalize com um hidratante para o seu tipo de pele.

Homens: Não é necessário colocar um quilo de hidratante no rosto (ou no corpo). Coloque aos poucos, beeeem pouquinho mesmo, espalhe em DELICADOS e lentos movimentos circulares e veja se realmente precisa colocar mais. Porque homem também tem a mania de enfiar a mão toda dentro do pote de hidratante… Temos de ensinar delicadeza aos nossos trogloditazinhos. E olha que meu marido é um fofo, super sensível, inteligente, refinado, educado…mas é homem…e precisei de alguns meses para treiná-lo 🙂 Delicadeza não é boiolice não, rapazes.

Agora, é claro que eu poderia simplesmente deixar o link geralzão do blog (que, aliás, eu já deixei), mas vou colocar aqui links direto para algumas postagens de que eu gostei, até para eu conseguir encontrar depois sem ter de ficar indo aos meus favoritos o tempo todo (até porque está uma bagunça!). Clique nas palavras e frases abaixo, elas são links 🙂

Foliculite.
Dica de Tend Skin caseiro

Outra máscara de AAS, desta vez efervescente, com vitamina C.

Cravos.

Espinhas no bumbum.

Rosácea.

Informações sobre drenagem linfática.

Faxina nos produtos de beleza.

Como esfoliar o rosto.

A propósito, eis outro link muito útil, em outro site: como organizar o banheiro. Por falar nisso, vou reunir os links que tenho aqui sobre arrumação e administração do tempo para ajudar pessoas que, como eu, têm um sério defeitinho na área do cérebro que regula a organização e precisa se esforçar para colocar a vida, os horários e todo o resto em ordem. Mas imagino que vocês não vão conseguir sair tão cedo do blog que indiquei, então provavelmente leve décadas para alguém ter tempo de voltar aqui e ler alguma coisa, então talvez eu nem precise me apressar muito para publicar um novo post neste blog 🙂