Mês: setembro 2022

A multidão do abismo

Assim é o mundo. As pessoas marcham em direção a um imenso buraco, sem pensar, sem enxergar o que estão fazendo, sem desacelerar. Simplesmente caminham pelos seus dias, em ritmo acelerado, envolvidas com tantas coisas inúteis, presas a seus celulares, às notícias que alguém decidiu que elas deveriam saber, à visão de mundo que lhe apresentaram como verdade, às suas opiniões, aos seus problemas, às picuinhas do dia a dia, aos cuidados desta vida, a tantas informações que vêm de todos os lados. 

Achando que seus problemas e seus prazeres são tudo o que há no mundo, as pessoas seguem rumo ao abismo. Obcecadas em seguir o que todos estão seguindo, fazer o que todos estão fazendo e falar como todos estão falando, elas seguem, obstinadamente, em direção ao imenso buraco.

E para lá está indo a maioria. Pela porta larga, pelo caminho espaçoso, pelo caminho de menor esforço, que não exige sacrifício. Que APARENTEMENTE não exige sacrifício. Só para descobrir que o sacrifício está no final. O sacrifício é ela mesma, sendo lançada daquele precipício para algo muito, muito pior. Mas a multidão continua indo para lá. 

Enquanto todo mundo anda, frenético, sem pensar, quem tenta fazer diferente é olhado com desconfiança. Como pode achar errado fazer o que todo mundo está fazendo? Como pode discordar? Sua existência ameaça a placidez com que os outros se dirigem ao abismo. A multidão do abismo não quer cogitar que está errada. Quer continuar seguindo sua obstinação, sem ser contrariada.

Mas por mais que a multidão do abismo se revolte contra quem quer fazer diferente, por mais que se coloque como inimiga e ainda que queira destruir quem escolheu o caminho estreito e dele precisa falar — não faz o menor sentido o povo do caminho estreito aceitar a briga contra as pessoas. 

Como ficar com raiva de quem está caminhando para o abismo? Como não amar quem, sem saber, se dirige para a destruição? Como pensar mal de quem tem sido enganado para a morte? Como não querer resgatar essas pessoas? Como não querer dedicar a própria vida para salvá-las? Diante de alguém que corre para a morte, a única reação possível é querer salvar. Você não quer saber quem é a pessoa, o que ela fez ou deixou de fazer. Você só quer salvar.

Fazer-se tudo para com todos, para, por todos os meios, salvar alguns. Nem todos vão acreditar, nem todos vão aceitar, mas não importa. Nossa obrigação é avisar. É ser a mão estendida, a apontar o caminho certo. O caminho que é difícil, estreito, apertado, mas que vai levar à verdadeira felicidade. O caminho que exige o sacrifício de muitas vezes deixar de fazer a própria vontade para fazer o que é o certo. Mas que, no fim, nos garante a vida. A verdadeira vida. Que não nos ouçam, que não nos entendam, que nos critiquem, que sejamos mal interpretados, não importa. Alguém vai ouvir. Alguém vai entender. Alguém será salvo.

Nem sempre eles querem ouvir. Nem sempre perguntam. Nem sempre podemos dizer. Mas quando não ouvem, ou quando nossa voz não é suficiente, podemos orar por eles. Por aqueles que nos perseguem, que nos odeiam, que nos desprezam, mas que estão caminhando, rindo e confiantes, para o abismo. Por aqueles que até nos amam, mas que não entendem nossa linguagem. Orar para que sejam alcançados, ainda que não por nós. Orar para que tenham chance. Orar para que aproveitem a chance e escapem do abismo. Orar para que despertem a tempo. 

A escolha deles não é nossa responsabilidade. Mas o anunciar, é. O orar para que tenham chance, é. É nossa responsabilidade olhar para cada um deles como Deus olha. Sabem tanto da ilusão que este mundo apresenta e tão pouco da vida de verdade! Como ter raiva deles? Como guardar mágoa? Como focar em nossos interesses? Como ser egoísta? Como viver a paz que recebemos, sem querer anunciá-la, enquanto tanta gente está sendo torturada pelo mal a caminho do precipício? 

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Leia também: Medidor populacional e o meu desespero.

PS. Pensar nessas coisas nos ajuda a manter o foco no lugar certo.  

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O princípio da tentação — parte 5: a semente, a pedra, a terra e a raiz

A parábola do semeador fala sobre as várias formas de se ouvir e receber a Palavra de Deus. Vou juntar aqui a parábola e a explicação, para facilitar o entendimento, mas você encontra o texto completo em Lucas 8.5-15.

“O semeador saiu a lançar suas sementes, que é a Palavra de Deus. Uma caiu na beira do caminho, e foi pisada, e as aves do céu a comeram. Estes são os que ouvem a Palavra, e depois vem o diabo e a remove do coração deles, para que não se salvem, crendo. Outra semente caiu sobre pedra e, depois de nascer, secou, porque não tinha umidade. Estes são os que, ouvindo a Palavra, a recebem com alegria, mas como não têm raiz, creem apenas por algum tempo, e no tempo da tentação se desviam. 

Outra semente caiu entre espinhos e, crescendo com ela os espinhos, a sufocaram. Estes são os que ouviram e, depois, são sufocados com os cuidados, os deleites e as riquezas desta vida, e não dão fruto com perfeição. Outra semente caiu em boa terra e, depois de nascer, produziu fruto, a cento por um. Estes são os que, ouvindo a Palavra, a conservam em um coração honesto e bom, e dão fruto com perseverança.”

Como você já deve ter imaginado, quero falar sobre a semente que cai sobre a pedra:

“E os que estão sobre pedra, estes são os que, ouvindo a Palavra, a recebem com alegria, mas, como não têm raiz, apenas crêem por algum tempo, e no tempo da tentação se desviam.”

Receberam a Palavra com alegria, na empolgação, mas não tinham raiz. Por isso, não conseguem manter a fé e se desviam quando chega a tentação. Então, o que evita de uma pessoa se desviar quando vem a tentação é essa raiz que permite que ela creia não apenas por algum tempo, mas até o fim. Para entender qual foi o erro dessa forma de receber a Palavra, precisamos entender como é a forma correta de recebê-La, a semente caindo na boa terra:

“são os que, ouvindo a palavra, a conservam num coração honesto e bom, e dão fruto com perseverança.”

A palavra que foi traduzida aqui como “honesto” tem o sentido figurado de “bonito”, virtuoso, valioso e bom. Eu entendo como um coração puro, sincero e limpo. Sem maus olhos, que acolhe a Palavra como verdade, e por isso permite que ela entre de modo muito mais profundo e crie raiz.

Tendo condições ideais de luz, temperatura e umidade, a semente começa a se desenvolver. Para crescer, a semente primeiro absorve água do solo e consome os nutrientes que já vêm com ela (por isso os pobres feijõezinhos que a gente plantava no algodão cresciam por algum tempo). Quando absorve a umidade do solo, a semente se incha e se rompe, fazendo sair a radícula, que dará origem à raiz.

Então, o surgimento da raiz está diretamente ligada às condições da terra. A semente que caiu na pedra não tinha raiz justamente porque o coração de pedra não se abre para acolher a Palavra. Não tem como a semente e a terra se conectarem para fazer uma raiz. A terra dá a umidade para a semente criar a raiz, a raiz que surge da semente se ramifica para abraçar a terra e manter a plantinha fixa. A sinceridade e o coração puro cria condições de fixar a Palavra de Deus dentro do nosso coração e nos manter firmes na fé no tempo da tentação. É essa raiz que nos dá condições de resistir, de perseverar e de dar fruto. 

Se você percebe que qualquer ventinho já está te fazendo balançar, talvez esteja faltando raiz. Talvez tenha recebido a Palavra desse jeito errado, sem preparar o coração. Então é preciso quebrar o coração de pedra e fazer um coração que seja terreno adequado para a Palavra de Deus. 

Aqui me vem à mente o capítulo 13 do livro Casamento Blindado 2.0, que fala sobre as pedras que podem estar no coração (que causam inúmeros problemas, inclusive o divórcio) e como quebrá-las .Vou colocar aqui um trechinho, que vem com um dos versículos que eu queria usar:

“E dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne. (Ezequiel 36.26)

Ele pode substituir seu coração de pedra pelo coração que você precisa para ter um casamento feliz. Mas para que Deus possa ajudar, você precisa assumir o seu erro. Você pode começar fazendo uma oração sincera, com humildade: “Meu Deus, quero trocar de coração. Tire meu coração de pedra e me dê um coração de carne. Me mostre como tenho de ser e me ajude a ser a pessoa que o Senhor quer que eu seja”.”

O mais legal é que, depois de você receber esse novo coração que Ele promete, pronto para receber a Palavra de Deus da maneira certa, acontece o seguinte:

“E porei dentro de vós o Meu Espírito, e farei que andeis nos Meus estatutos, e guardeis os Meus juízos, e os observeis.”

Ezequiel 36.27

E agora a gente entende o porquê. Se a Palavra de Deus consegue se enraizar no seu coração, o Espírito Santo tem liberdade para vir sobre a sua vida e te fazer andar nos estatutos dEle, guardar e obedecer a Palavra que, enfim, está bem firme dentro de você.

 

Para ver o restante da série O princípio da tentação:

Parte 1: O mal batendo na porta

Parte 2: Tentação de coisa ruim?

Parte 3: Resistir ao diabo

Parte 4: Todo problema é uma tentação em potencial

PS. Se você tem o livro Casamento Blindado 2.0 em casa, recomendo fortemente que leia — ou releia — o capítulo 13 assim que terminar este post. O que eles escrevem lá não vale só para o casamento, mas também para a vida espiritual.

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