Mês: fevereiro 2015

100 maneiras de motivar a si mesmo

100 maneiras de motivar a si mesmo

Peguei esse livro por acaso na livraria, em uma das estantes, escondido no meio dos outros. São textos curtos, cada capítulo fala sobre uma dica diferente e tanto o título quanto o subtítulo prometem bastante: “100 maneiras de motivar a si mesmo” (100 ways to motivate yourself) – “Um plano de ação para banir os pensamentos negativos que bloqueiam seus sonhos e objetivos”, da editora Sextante. (Estranhamente, são 110 capítulos, não 100.)

Eu não costumo ser muito atraída por esse tipo de título porque geralmente é de autoajuda clichê e emocional, que eu detesto. Mas não dá para descartar um livro só pelo título, eu tinha que ler algumas páginas. O conteúdo me surpreendeu positivamente! Não é um livro autoajuda-cheerleader (emocionais, cheios de clichês, que ficam saltitando ao seu redor, dizendo que você é o máximo, que vai conseguir, u-huuuu! Vo-cê! Vo-cê! Vo-cê!), é um livro que faz você ter certeza de que vai conseguir. Ele faz você pensar e perceber de maneira lógica que se fizer x, vai alcançar y. O autor, Steve Chandler, é coach de liderança e tem uma forma de pensar bastante parecida com a minha, é bem humorado e escreve muito bem, então foi uma leitura muito prazerosa.

Como os capítulos são curtos e objetivos, é um livro bem legal até para quem não tem muito tempo e também para quem não tem muito hábito de ler. Você termina um capítulo rapidinho e fica meditando nele até pegar o livro de novo e ler o próximo. Não importa se levar 110 dias para ler o livro…rs. O importante é conseguir extrair o melhor dele. E tem muuuita coisa legal, eu nem teria como colocar trechos de tudo o que achei útil, ou teria que escrever outro livro.

Mas a leitura foi uma boa conversa. Steve Chandler me deu alguns chacoalhões e em outros momentos eu tinha que corrigi-lo: “acho que não foi bem isso que você quis dizer” (sim, eu converso com livros rs), como quando diz: “Quando escrevemos nossos planos e sonhos, precisamos ditar o que nosso coração manda”, não é bem isso que ele quis dizer. Ele está falando sobre pensar grande e não se limitar. Eu sei que não foi isso o que ele quis dizer porque dizer “siga o seu coração” não combinaria com as outras coisas que ele diz no livro todo, então eu o perdoo, Chandler rs.

Os capítulos são pequenos (110 em 187 páginas), mas todos têm alguma coisa forte e prática. Ele fala sobre ser seletivo com suas amizades, sobre a importância do silêncio, sobre tornar as coisas mais leves, sobre como cumprir suas metas, sobre criar as melhores condições possíveis para o pensamento, sobre discutir com o pessimismo…aliás, essa é ótima, olha um trecho:

“Se quer aproveitar ao máximo seu biocomputador (que é o cérebro), precisa reconhecer que os pensamentos pessimistas são menos eficientes. Depois de admitir a natureza pessimista do seu pensamento, você estará pronto para dar o próximo passo: aprender a argumentar a favor da visão otimista.

Comece a questionar sua primeira linha do pensamento. Faça de conta que você é um advogado cujo trabalho é provar que o seu lado pessimista está errado. Baseie seu caso naquilo que é possível. Você vai se surpreender. O otimismo é expansivo por natureza – abre uma porta após a outra para as possibilidades. O pessimismo é justamente o oposto: é restritivo, fecha portas. Se você realmente quer abrir a sua vida e se motivar para o sucesso, torne-se um pensador otimista.”

É uma boa técnica para enfraquecer pensamentos pessimistas. Porque eles vêm com aquela aparência de “especialista na situação” e a gente geralmente os ouve com a maior reverência. Se começar a enfrentá-los e a duvidar deles, perderão a força. E não se esqueça: não há pensamento neutro. Ou o pensamento é otimista, ou pessimista.

Um ponto interessantíssimo do livro é a visão dele com respeito ao bombardeio de informações. Inclusive, há um capítulo em que ele sugere que o leitor faça um jejum de informações. 🙂 E a opinião dele sobre noticiários é bastante semelhante à minha. O  trecho abaixo me fez dar as mãos ao meu novo amigo Steve e decidir que tinha gostado do livro, definitivamente. rs

“Se você é espectador ou ouvinte frequente de noticiários, pertence a um culto bastante persuasivo e hipnótico. Você precisa ser desprogramado com urgência! Comece mudando a forma como vê ou escuta as notícias e os programas sensacionalistas. Elimine todos os pensamentos negativos, cínicos e céticos que está deixando fluir para sua mente ao se abrir para esse tipo de entretenimento. Tais programas não são de notícias, e sim de más notícias. Quanto mais você considerá-las notícias, mais vai acreditar que ‘é assim mesmo’ e mais medroso e cínico vai se tornar.

(…)

Às vezes é impossível evitar as reportagens de crime e escândalos, por isso é importante aprender a encará-las de uma forma capaz de desprogramar seu efeito colateral. Fazemos isso muito bem quando passamos os olhos pelos tabloides nas bancas de jornal. Já estamos rindo antes mesmo de ler a manchete de que extraterrestres vivem na Casa Branca. Precisamos ter essa mesma atitude quanto à imprensa considerada séria.”

É exatamente assim que eu vejo as notícias. Nunca me permito embarcar emocionalmente em uma notícia de crime ou escândalo. Minha opinião é geralmente o contrário do que a Globo ou a Veja pregam. E não é por ser desinformada, pelo contrário, me informo o suficiente para não concordar com a imprensa tradicional.

“Jamais pensaríamos em passar pela cabine do piloto antes de um voo e dizer a ele: ‘Pode me levar para qualquer lugar!’ No entanto, é dessa forma que vivemos nossos dias quando deixamos de verificar o mapa.”

A maioria vive assim. Simplesmente segue o fluxo, no pior estilo “deixa a vida me levar”. E essa é a melhor forma de desperdiçar a vida.

“A chave para a transformação pessoal está na sua vontade de fazer coisas bem pequenas – mas fazê-las hoje.”

E eu corrijo Chandler aqui: A chave para a transformação pessoal está na sua decisão de fazer coisas bem pequenas – mas fazê-las hoje. Porque vontade é algo que vem e vai, mas o poder da decisão é nos manter firmes até o fim, em qualquer propósito que definirmos.

Vou deixar mais um trechinho aqui, que fala sobre escritores, mas que eu creio que valha para tudo o que você quer fazer na vida.

“Às vezes, não fazemos certas coisas porque não temos certeza de que iremos fazê-las bem. Achamos que não estamos com vontade ou energia suficiente para cumprir aquela tarefa, então, adiamos, ou esperamos até que a inspiração venha a nós.

O exemplo mais conhecido desse fenômeno é o que os escritores chamam de ‘bloqueio criativo’. Uma barreira mental parece se erguer, impedindo o escritor de continuar a escrever sua obra. (…)

O ‘bloqueio’ (ou falta de automotivação) ocorre não porque o escritor não consegue escrever, mas porque ele pensa que não pode escrever bem. Ou seja, ele acha que não tem energia ou a voz pessimista dentro de si o desencoraja, o faz duvidar da própria capacidade. Isso acontece com muitos de nós, mesmo com algo tão insignificante quanto um e-mail ou um relatório.

(…)A cura para o bloqueio criativo – e também o caminho para a automotivação – é simples: ir adiante e escrever mal. (…) Com o mero ato de digitar um texto, você enfraquece a voz pessimista que tenta convencê-lo a não tentar. De repente, está escrevendo. Uma vez que entra em ação, fica mais fácil obter mais energia e qualidade para o seu trabalho.”

 

PS: Li esse livro no meio de 2014 e ano passado mesmo fui atrás dos outros livros do autor. Estou terminando “100 maneiras de motivar as pessoas” (leeentamente…levando muito mais do que 110 dias. Deixo na bolsa e leio em salas de espera rs), creio que vai dar uma resenha, é bem legal. Ainda falta ler “100 maneiras de criar riqueza”. 😀

 

O teste do silêncio

1211065_48265428

Hoje eu cansei da minha voz. Decidi não falar, a menos que meu marido me perguntasse alguma coisa. E, mesmo assim, responderia em tom baixo e pausado. Nada de falar alto ou atropelando as palavras alucinadamente (eu oscilo entre falar pausado demais – principalmente quando estou cansada ou com sono e as palavras fogem – e emendar uma palavra na outra, quase sem respirar, as palavras como um bando de cavalos selvagens trotando loucamente em campo aberto sem encontrar nenhum obstáculo pelo caminho) e também nada de ouvir aquele trinado metálico irritante que determinada nota na minha voz faz, ressoando dentro da minha cabeça como um gongo recém atingido. Eu falaria baixo e melodiosamente, quase flutuando pelo som.

E foi o que fiz.

Estranhamente, aquelas palavras em turbilhonamento dentro da minha cabeça se acalmaram. Alguém desligou o liquidificador. Consegui me concentrar melhor, percebi que estava mais centradinha. Claro, estou tendo alguma dificuldade de ordem conjugal, com meu marido me perguntando de cinco em cinco minutos: “você está bem?” “está tudo bem?” “está acontecendo alguma coisa?” Mesmo eu tendo avisado a ele que tinha decidido falar menos e mais baixo. Eu não sou daquelas mulheres chatas que não param de falar (pelo menos ele diz que não sou), mas, pelo visto, ele sente falta da maritaca contando as coisas que descobriu nas pesquisas, fazendo perguntas, falando do apocalipse, dos livros que está escrevendo ou editando, do que leu e dos artigos que precisa terminar (trabalhamos no mesmo ambiente, então dá para ir fazendo pequenas intromissões ao longo do dia). Até que ele, depois de muito participar da alegre cantoria diária, anuncia sua entrada na caixinha do nada: “agora vou ficar quietinho, tá?” E o silêncio reina até que a caixinha se abra novamente (o que, geralmente, demora bastante rs). 🙂

Só depois que parei de falar é que percebi o barulho. Sabe quando alguém desliga uma máquina que você nem percebeu que estava ligada e, subitamente, você escuta o silêncio? Então… Está aí uma boa dica para esse final de Jejum de Daniel: um jejum de palavras. Não precisa necessariamente cortar comunicação com as pessoas e ficar falando por mímica. A ideia, na verdade, partiu de uma constatação a respeito da experiência que costumamos ter no Templo de Salomão.

Percebi que a experiência do Templo de Salomão só é realmente completa (para mim) quando eu chego bem mais cedo e fico em silêncio, lendo a Bíblia, meditando, orando e escrevendo. Quando a reunião começa, já estou sintonizada (tente fazer isso antes do culto em sua igreja, mesmo que não seja no Templo. Vai perceber a diferença). Pensei que talvez guardando mais silêncio e diminuindo o volume da minha voz, eu conseguiria manter a sintonia o dia inteiro, sem muitas interferências – o que potencializa o Jejum de Daniel. E eu estava certa.

Vale a pena tentar. Amanhã, fale menos. Limite-se ao mínimo necessário e, quando falar, use um tom de voz mais baixo, mais suave. Depois me diga como foi a experiência.  E, se pensar bem, uma pessoa educada só fala quando seu interlocutor para de falar. Deus é muito educado. Ele não nos interrompe, não nos atropela. Então, se não diminuirmos o ritmo de nossa fala, como ouvi-Lo? E, se você acha que Deus só fala na igreja ou quando estamos orando, seu relacionamento com Ele precisa de uma turbinadinha.

“Falou mais Moisés, juntamente com os sacerdotes levitas, a todo o Israel, dizendo: Guarda silêncio e ouve, ó Israel! Hoje, vieste a ser povo do SENHOR, teu Deus. Portanto, obedecerás à voz do SENHOR, teu Deus, e Lhe cumprirás os mandamentos e os estatutos que hoje te ordeno.” (Deuteronômio 27.9,10)

Guarda silêncio e ouve. Sem guardar silêncio, como ouvir? E, pior ainda, se você passa o dia reclamando e falando de problemas, quando vai ouvir a voz de Deus? Para obedecer à Sua voz, é necessário ouvi-La. E só ouvimos uma voz de cada vez. Ou você ouve sua própria voz, ou ouve a voz da dúvida, ou ouve a voz do medo, ou ouve a voz dos problemas, ou ouve a voz das impossibilidades, ou ouve a voz de Deus.

Adivinha só qual é a melhor opção?

 

 

PS: Se você tiver a felicidade extrema de ler este texto pela manhã e fizer esse teste do silêncio durante o dia todo, vai potencializar muito sua experiência na reunião da noite (estou pensando em quem vai à Noite da Salvação, na Universal quarta-feira).