Categoria: Amor

Eu não quero ter sorte

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Você deve achar que eu enlouqueci. O problema é que as pessoas acreditam que sorte é o contrário de azar. Logo, quem não quer ter sorte, automaticamente quer ter azar. No entanto, sorte e azar são exatamente a mesma coisa: fruto do acaso. O dicionário Houaiss confirma isso de um modo muito curioso. O verbete “sorte” é definido primordialmente como: “Força invencível a que se atribuem o rumo e os diversos acontecimentos da vida”.  Já o verbete “azar” começa com a interessante definição de: “Sorte contrária; revés, infelicidade, infortúnio.”

Azar, então, pode ser definido como “sorte contrária”. É o outro lado da mesma moeda. É a mesma força, agindo de forma oposta. Quem depende da sorte, pode ser alcançado pelo azar, pois está se expondo à mesma influência. Eu estava escrevendo sobre isso e me deparei com o post de hoje do Renato Cardoso, em que ele fala sobre “sorte no amor”. E o que ele diz tem absolutamente tudo a ver com isso:

“Note uma coisa ao seu redor: as pessoas mais azaradas no amor são aquelas que deixaram seu destino amoroso à mercê da sorte. “

Eu participo das palestras semanais e ingressei no programa de 21 dias “Do errado ao certo” porque eu sou um ser humano feliz que participa das coisas. Não tem nada de errado no meu casamento, pelo contrário, as coisas vêm se endireitando cada vez mais, mas justamente por isso eu continuo investindo no meu relacionamento, porque não quero ter sorte, quero ver o resultado dos nossos anos de trabalho conjunto. Ingressei no programa de 21 dias para consertar o que não está do jeito que eu queria em outras áreas da minha vida. É um programa de desenvolvimento pessoal, então não serve só para quem está com tudo errado na vida amorosa. Pelo menos, é assim que vejo.

E percebi recentemente que são poucas as pessoas que enxergam as coisas dessa maneira. Ainda que digam que confiam em Deus, na verdade, confundem Deus com sorte. Acham que “esperar em Deus” é sentar em uma poltrona e cruzar os braços. Esperar em Deus é depositar sua esperança nEle e, com a certeza do que deve ser feito, executar a sua parte no acordo. É uma parceria, pois Deus não é garçom, Ele não vai trazer seu pedido em uma bandeja enquanto você espera sentadinho à mesa. Pode esquecer, meu amigo. Ele é parceiro, o maior sócio que você poderia ter em seus projetos, pois tem todos os contatos, todo o know how e todo o poder para fazer até a situação mais absurda se tornar real. Você acha mesmo que iria firmar uma parceria com um sócio assim sem precisar fazer nada?

Muitos crentes bem-intencionados por aí confundem a “graça” de Deus com receber coisas de graça de Deus. Não é bem assim. Há um preço a se pagar. E esse preço é se esforçar violentamente. Sacrificar sua vontade de ficar deitado no sofá recebendo uvas na boquinha e ir à luta, sempre colocando sua esperança e sua confiança nEle, não em outras pessoas, nem na força do seu braço. Mas o seu braço não pode parar de trabalhar. Ele prometeu abençoar o trabalho das suas mãos. Então, mãos à obra. Em todas as áreas da sua vida. Pode tratar de se mexer. Que a sorte se mantenha à distância. Que o acaso vá ver se eu estou na esquina. Eu faço o meu destino. Eu sou livre para fazer minhas escolhas. O que preciso é de sabedoria para conseguir fazer essas escolhas da melhor maneira possível, de uma maneira que beneficie outras pessoas. Mas, sabendo o que tenho de fazer, vou lá e faço.

Quando deixei de me guiar pelo acaso e percebi que poderia tomar as rédeas da situação, por menor que fosse, por pior que fosse, a sensação foi de liberdade. Não, eu não carregaria aquela carga sozinha nos meus ombros, mas eu teria uma parte a cumprir no plano de ação para que pudesse ver aquilo que eu queria se materializar, finalmente. Hoje, isso me parece óbvio, mas sei que não é óbvio para a maioria. Acho que é uma tendência natural do ser humano se acomodar e se deixar levar pela correnteza. De vez em quando percebo uma área ou outra da minha vida tentando entrar nesse fluxo comum, mas tenho que manter a vigilância constante, para estar sempre em movimento, sempre buscando melhorar, crescer, desenvolver, aprimorar. Tudo. Absolutamente tudo. Então, você vai me ver aprendendo coisas novas, fazendo cursos, participando de palestras, lendo, escrevendo, criando, imaginando. Permanecer em movimento é o melhor antídoto contra a sorte. E a melhor maneira de fazer as coisas darem certo. E – repito – isso vale para todas as áreas da vida.

Se eu fizer o meu melhor, resolver os problemas que aparecem, lutar para minimizar as limitações que tentam boicotar meu trabalho, meu relacionamento e meu desenvolvimento pessoal, se eu colocar toda a minha força em tudo o que eu fizer…por que raios vou precisar de sorte? A sorte, na verdade, é o nome que pessoas desatentas deram ao resultado do esforço diligente de alguns poucos que faziam o que é certo. Eles plantaram sementes de tomates e colheram tomates. Desavisados viram os tomates e os chamaram de “sorte”. Mas eles eram apenas os frutos inevitáveis do que foi plantado. A consequência natural.

 

 

PS: Durante os próximos 17 dias, eu irei escrever aqui sobre esse esforço de consertar as coisas que estão tortas na vida. Uma dessas coisas é a dificuldade que venho enfrentando de organizar melhor meu tempo e conseguir escrever diariamente no blog. Então, o desafio é quase metalinguístico…rs

PS2: Para entender o que é o tal programa de 21 dias de que eu falei, clique aqui.

Até tu, Salomão?

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Estava pensando sobre a situação do rei Salomão. Foi o rei mais poderoso, rico e sábio que Israel já teve. Sua sabedoria foi dada pelo próprio Deus e ele é o autor da maioria das pérolas de sabedoria do livro de Provérbios e também do livro de Eclesiastes. Ele entendia altas coisas, Deus apareceu para ele duas vezes – e para falar coisas bem legais. Ele foi escolhido para colocar em prática o plano de seu pai Davi (ah, teve essa também, o indivíduo era filho do rei Davi!) e construiu o primeiro Templo para Deus, templo esse que ficaria conhecido por seu próprio nome: “Templo de Salomão”.

Durante a construção do Templo, Salomão demonstrou grande temor, respeito e amor a Deus. Ao pedir ao rei de Tiro ajuda com os materiais, mostrou como enxergava o que estava para fazer: “A casa que edificarei há de ser grande, porque o nosso Deus é maior do que todos os deuses.” (2Crônicas 2.5). E, com o Templo já pronto, fez uma oração lindíssima e humilde, pedindo a Deus que consagrasse aquele lugar (leia em 2Crônicas 6). Sempre foi aberto a dar ofertas e sacrifícios a Deus, e recebeu dEle uma resposta à altura (leia em 2Crônicas 7), em que Deus prometeu estar com os olhos abertos e os olhos atentos à toda oração que se fizesse no Templo, se agradou dele e aceitou aquele lugar como Sua casa. E também disse que se Salomão andasse nos caminhos dEle, o reino seria confirmado em suas mãos. Mas se ele se desviasse, o reino seria arrancado de suas mãos e a casa seria destruída.

Mesmo com tanto conhecimento, sabendo a importância de manter o temor e a fidelidade, Salomão não resistiu aos anos de paz e às más companhias. Anos e anos sem guerra (ele chegou a dizer “Porém a mim o SENHOR, meu Deus, me tem dado descanso de todos os lados; não há inimigo, nem adversidade alguma” (1 Reis 5.4)) e mais as más escolhas na vida amorosa (ou, como disse o Davison, “não bastasse ter casado mal, ele casou mal mil vezes”) fizeram com que ele pirasse o cabeção e chegasse à velhice construindo santuários para os deuses dos povos das mulheres com quem Deus já tinha dito que ninguém de Israel deveria casar. Porque não tem jeito, quando você casa com uma pessoa, você traz para a sua vida tudo o que está na vida daquela pessoa.

“Sendo já velho, suas mulheres lhe perverteram o coração para seguir outros deuses; e o seu coração não era de todo fiel para com o SENHOR, seu Deus, como fora o de Davi, seu pai.” (1 Reis 11.4)

Seguiu aos deuses daquelas mulheres “Assim, fez Salomão o que era mau perante o SENHOR e não perseverou em seguir ao SENHOR, como Davi, seu pai” (1 Reis 11.6). Comoassim, Salomão???? Depois de tudo o que você viu, ouviu e escreveu?

Aí, claro, Deus não poderia continuar sendo com ele, senão viraria festa da uva. Avisou que o reino seria dividido, sendo que só deixaria uma tribo com seus descendentes por amor a Davi e a Jerusalém. Depois, Deus levantou dois adversários contra Salomão (1 Reis 11.14;23) e, finalmente, ele teve problemas para resolver. Quem sabe ali tenha se arrependido e consertado a cabeça antes de sua morte.

Mas fiquei pensando…se o cara para quem Deus apareceu duas vezes, que entrou para a História por sua sabedoria e por ter tido a honra de construir o Templo escorregou desse jeito a ponto de fazer essas abominações – que ele sabia que eram abominações, por ter se deixado levar pela conversa das suas mulheres, ninguém está livre de esculhambar sua vida desse jeito, se não se cuidar e se não souber fazer as escolhas certas. A solução é levar tudo muito a sério e nunca achar que está bem e que não precisa se cuidar. Vigie e fique bem atento, principalmente em tempos de paz. Não foi por falta de sabedoria. Foi por falta de usar a sabedoria. Na hora de escolher suas mulheres, ele usou o coração e deixou a sabedoria na estante. Provavelmente desligou o cérebro por ter se acomodado na falta de problemas.  Não vale a pena fazer escolhas com o coração e embarcar em uma canoa furada que fará você perder tudo aquilo que conquistou. Melhor ficar sozinho do que se perder em um mau relacionamento; melhor viver na guerra do que morrer por causa da paz.

Não precisava ter sido assim. Se Salomão cuidasse de sua vida amorosa com a sabedoria que recebeu, e seguisse o que ele mesmo escreveu a respeito de temer a Deus, jamais teria colocado tudo a perder.