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Crivella e a matéria de capa da Veja que se autodestruiu em 5 segundos

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Parece história de agente secreto (aquelas das mensagens que se autodestruíam em 5 segundos). Mal saiu na capa (na CAPA, meus amigos, NA CAPA) da maior revista semanal de circulação do país e a matéria “bombástica” da Veja contra Marcelo Crivella já morreu.

Tive o desprazer de ler essa matéria hoje em uma livraria para que você, caro leitor, não precise passar por isso. Minhas impressões finais: Veja nem disfarça. Ao estampar sua capa com uma foto pré-histórica de Crivella aparentemente sendo “fichado” pela polícia, a revista tenta fazer o leitor associá-lo a um bandido. Isso, na reta final das eleições municipais poderia (na cabeça de Veja) prejudicar o candidato, que está em primeiro lugar nas pesquisas. A intenção eleitoreira, aliás, é óbvia. A tiragem que foi para o Rio saiu com Crivella como personagem principal da capa, mas as revistas distribuídas no restante do país trouxeram a prisão de Eduardo Cunha (essa, sim, notícia recente) como destaque (ainda assim, a chamada para a matéria sobre Crivella continua na capa, na parte superior).

O texto é confuso e passa 75% do tempo tentando convencer o leitor de que Crivella cometeu o terrível crime de nunca ter mostrado a foto que a Veja (em graaande furo jornalístico) achou que valia capa. Só nos 25% restantes é que o leitor consegue ter uma vaga ideia do que, de fato, aconteceu. Mas eu não consegui entender o fato só com a matéria da Veja (como eu disse, o texto estava super confuso e incompleto), tive que recorrer a outras fontes. No site de Crivella, já tem uma explicação objetiva a respeito:

“Crivella nunca foi preso, nem fichado. O caso divulgado pela revista Veja, que aconteceu há 26 anos, começou quando Crivella, como engenheiro, foi chamado para fazer uma inspeção em um muro que corria o risco de cair e machucar as pessoas. O terreno era da Igreja Universal, mas estava invadido. Os invasores não queriam deixar Crivella entrar e, após uma confusão, todos foram levados para delegacia. Lá, o delegado resolveu identificar a todos e por isso foi tirada a foto que está na capa da revista. Não houve processo, pelo contrário. Foi Crivella quem iniciou um processo contra o delegado por abuso de poder.

A foto em questão foi enviada pelo próprio Crivella para amigos, há algum tempo, quando conversavam sobre as dificuldades que os homens de fé enfrentam. E quando questionado pelos repórteres da Veja, Crivella colaborou com os jornalistas e entregou todo o processo para que eles pudessem apurar os fatos. Apesar disso, a capa foi publicada dando a entender que Crivella foi realmente preso.” (Clique aqui para ler no site e ver o vídeo em que Crivella explica o que aconteceu).

Aí você pensa: se não foi preso, nem fichado, como essa foto de identificação foi feita? A resposta, incrivelmente, vem de uma matéria do jornal O Globo (também malfeita, pois não ouve o Crivella, se contenta com o que a Veja disse que ele disse…o que eu chamo de “jornalismo disse-me-disse”, mas ok). O título é: “Foto de Crivella fichado pode ter sido prática equivocada da Polícia Civil”, evidenciando o fato de que faltou apuração por parte da repórter da Veja. Mas era preciso fazer a matéria a toque de caixa, né? Se a pessoa tiver a preocupação de apurar, de fazer jornalismo sério e procurar a verdade, não vai conseguir trabalhar na Veja.  A matéria do Globo esclarece que não apenas Crivella não cometeu delito algum ao ter retirado a foto da delegacia, como também que o erro foi do delegado (confirmando, aliás, a versão de Crivella):

“Para o criminalista Bernardo Braga, que também é professor de Direito do Ibmec, a identidade criminal “é exceção, não a regra”. Quem tem documento civil íntegro, segundo ele, não deve ter de ser fotografado pela Polícia Civil:

— Hoje em dia, tem a lei 12.037 de 2009, que estabelece que a identidade criminal só deve ser feita se o detido não tem a identificação civil ou se o documento está destruído. Pode ser que essa identificação seja uma arbitrariedade. Ele (Crivella) não poderia ter sido identificado criminalmente nem se fosse preso — afirma ele. Segundo Braga, a lei citada permite que, após inocentado ou tendo o inquérito arquivado, o cidadão fichado criminalmente pode retirar a foto da polícia civil.

Já Breno Melaragno, presidente da Comissão de Segurança Pública da OAB/RJ, ressaltou que, em 1990, a prática da identificação criminal era ilegal, “a menos que ele (Crivella) não portasse nenhum documento de identidade”:

— Mesmo que tenha sido preso em flagrante. Ou ele estava sem identidade ou o delegado da época tomou uma atitude ilegal, o que não era incomum.”

Viu como seria fácil a repórter da Veja cortar 75% (ou mais) de seu texto, economizando papel e salvando árvores? Era só conversar com um especialista e se informar um pouquinho, descobriria que não houve crime algum. Depois de passar a maior parte da matéria-mico tentando convencer o leitor de que Crivella comete algum tipo de crime ao manter a foto em casa e não na delegacia, a revista começa a contar o caso que levou à suposta “prisão”:

“O caso, em si, é de menor gravidade. Tudo começou em 1986, quando a Igreja Universal comprou um punhado de imóveis no bairro de Laranjeiras e pôs tudo abaixo.”

Ué…se o caso, em si, é de menor gravidade e a gente acabou de descobrir que retirar a foto da polícia civil não é crime (e, pior: a polícia tirar essa foto é que era ilegal) e, portanto, não tem gravidade nenhuma, isso significa que o caso, em si, é completamente irrelevante. Palavras da própria repórter da Veja! O caso, em si, é de menor gravidade do que um fato que não tem gravidade. Por que você, leitor, se preocuparia com um caso que a própria revista assume não ter gravidade NENHUMA? (Aqui você descobre que se a revista tivesse feito uma apuração decente, toda a matéria poderia desaparecer e as pobres árvores estariam salvas.)

E aí eu pergunto: uma matéria mal apurada dessas, que desrespeita o básico do jornalismo e se esvazia ao toque do primeiro alfinete, MERECIA CAPA??? Tudo bem, eu entendo que a Veja é assim mesmo, criadora de factoides, trabalha com distorção de dados, grampos sem áudio e manipulação descarada, mas aqui a coisa parece ter sido feita às pressas, sem a mínima preocupação de dar solidez à matéria. Não há aspas de nenhum advogado, não há investigação alguma. Mais uma vez, a Veja conta com a ausência de cérebro dos seus leitores, que aceitariam a acusação sem nenhum questionamento. Eu, sinceramente, duvido que os leitores da Veja sejam tão burros quanto a revista gostaria que fossem. Essa revista morreu e esqueceram de enterrar.

A linha editorial da Veja é assumidamente de extrema direita, mas com essa matéria, indiretamente faz campanha a favor de Marcelo Freixo, candidato do PSOL, de extrema esquerda, apoiado pelo PT (partido que a Veja sempre quis destruir). A Veja se abraça ao seu inimigo em um ataque desesperado pré-eleitoral contra Crivella. Isso é o mais bizarro da coisa toda. Se ter o Freixo como prefeito do Rio de Janeiro é melhor para a Veja do que ter o Crivella como prefeito, começo a desconfiar fortemente das intenções desse Freixo. E o fato de a Veja se mostrar tão desesperada para evitar a eleição do Crivella só mostra que Crivella deve ser ainda melhor do que parece.

Notícia velha, processo arquivado, foto tirada de maneira ilegal e devolvida por um delegado arrependido da ilegalidade. Se o que a revista Veja queria era um furo, conseguiu vários: há muito tempo eu não lia uma matéria de capa tão furada quanto essa.

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Absurdo! Globo tenta golpe no Rio com manipulação tosca

E por que eu abomino esse grupo de comunicação

Deveria ser crime. Na verdade, deve ser crime. Esse tipo de manipulação tosca é fruto de duas coisas:

1 – A sensação de impunidade que uma emissora irresponsável desenvolve depois de anos distorcendo fatos e publicando como se fosse notícia (sensação essa partilhada pela revista Veja).

2 – A convicção de que o povo é idiota. Anos e anos subestimando a inteligência dos telespectadores e vendo o público comprar todos os argumentos distorcidos que ela vomita, fazem com que a Globo (e a Veja, já que são irmãs) tenha certeza de que fala com anencéfalos.

Assim, esse tipo de aberração acontece:

https://www.youtube.com/watch?v=j2D3K1dJC6w&feature=youtu.be

 

Conheço essa ficha. Como o vídeo esclarece, é ficha de membro. Eu já preenchi uma e nem existia PRB na época. Realmente, são muitas perguntas, como qualquer ficha de cadastro de qualquer lugar. Mas o cidadão que está assistindo à Globo, acreditando que está vendo um jornal sério, sabe disso? Não, ele não sabe! Ele está sendo levado a crer em uma mentira, está sendo manipulado por uma matéria tosca, sem ter a menor noção disso.

Ao ver que a possibilidade da vitória de Crivella é real, a Globo tenta apelar para o tapetão e forjar razões para inelegibilidade. Você realmente acredita que se tivesse uma grande quantidade de material de campanha apreendida em uma Universal a Rede Globo não faria questão de filmar? Imagina, todos os santinhos, adesivos e sei lá mais o que é material de campanha, com a cara do candidato que a emissora odeia, espalhados sobre uma mesa, como quando a Polícia apreende armas? Mas, sem o material irregular (porque, claro, ele não existe), só resta à globo tentar falsificar um “escândalo” eleitoral às vésperas da votação, na esperança de fazer alguém desistir de votar em um candidato que correria o risco de “inelegibilidade”. Factoide é isso. A imprensa inventa qualquer coisa negativa a respeito de alguma pessoa. Não é necessário ter provas, pois o jornalismo tupiniquim tem se habituado a trabalhar com “indícios”, ainda que criados a partir da interpretação equivocada de alguém. Assim, uma ficha de membro se transforma em material irregular de campanha, um saco estufado de pedidos de oração se transforma em saco de dinheiro, uma nota de um dólar sendo mostrada para a câmera se transforma em uma nota de cem dólares e a palavra de um bandido tem muito mais valor do que a palavra de alguém que é inocente – ou deveria ser, enquanto não se prova o contrário.

Essa é a mídia que apodrece diante dos nossos olhos. Apoiou a ditadura, esteve sempre ao lado dos piores e despreza qualquer melhora na sociedade, sempre buscando seus próprios interesses e pintando o pior quadro possível de instituições e pessoas que atrapalhem seus planos de poder. Pintando o pior quadro possível até do Brasil, mesmo quando as coisas estão muito melhores do que quando os amados da ditadura governavam. A Globo, Veja & companhia prestam um desserviço à sociedade brasileira, tentando boicotar aqueles que estão do lado dos menos favorecidos. Porque elas não estão. Os menos favorecidos só são contados para dar retorno financeiro a essas empresas com a venda dos produtos que anunciam. Os menos favorecidos também são contados como massa de manobra, mas, no fundo, são desprezados.

Temos visto a Globo (e a Veja…nunca me esquecerei de mencioná-la) falar mal da Universal há mais de vinte anos e do governo atual há doze. A repetição de factoides e reportagens maldosas e manipuladas acaba moldando na mente das pessoas a lente por meio da qual elas enxergam essas instituições e as pessoas que fazem parte delas. O preconceito é instilado na população como um veneno que corrói lentamente. Felizmente, o antídoto está na informação, cada vez mais divulgada pela internet, que nos deu a voz que não tínhamos antes. Até pouquíssimo tempo, essa mídia apodrecida era quem nos dizia o que era verdade e o que não era. E a verdade dela se tornava a verdade do povo, mesmo quando era mentira. Como saberíamos daquilo que ela queria esconder? Como nos faríamos ouvir se estivéssemos do “lado errado” do jogo? Como eu poderia dizer que, como membro da Universal, eu nunca sofri lavagem cerebral? Como eu poderia dizer que nossos cultos não são só um imenso momento da oferta? Como eu poderia dizer que realmente acredito que os repórteres do UOL dormem o culto inteiro e só acordam na hora da oferta? Como poderíamos dar nossa versão da história quando ela é oposta à versão da Globo e da Veja? Hoje, para o horror da velha mídia, temos voz e ela é ouvida.

E estamos formando um público que tem senso crítico, que não engole mais qualquer porcaria que a mídia jurássica tenta criar. O público de hoje vê uma capa da Veja com um factoide eleitoreiro e isso vira piada. O público de hoje vê esse vídeo que eu reproduzi aqui e percebe que tem mais furos que uma peneira. Foi apreendido material de campanha? Cadê o material de campanha? Justo pouco antes da eleição? E o que essa ficha tem a ver com material de campanha? Não parece uma ficha cadastral? E esse papel com o site do Crivella prova o quê? Como a Globo teve acesso exclusivo antes do Ministério Público? Que conversa é essa? Quem a Globo apoia?

Por isso, eu não voto e nunca votarei em candidato apoiado pela Globo e por essa mídia estragada. Na verdade, é meu primeiro critério de escolha de candidato (na verdade, é meu primeiro critério para análise de qualquer coisa. A Globo/Veja noticiou? Vou pesquisar e ouvir o outro lado, porque deve ser mentira). Sei que ela só apoia quem promete fortalecê-la e não é interesse do país dar força a quem não tem compromisso com a verdade e ainda alardeia ter. Não tem. E eu gostaria que ela fosse honesta quanto a isso. O problema é que se ela fosse honesta, deixaria de ser a Globo.