Categoria: Literatura

Qual é o seu talento?

 

As pessoas têm dificuldade de descobrir seu talento porque geralmente a gente não dá bola para aquilo que faz desde sempre. A minha dica para isso é responder a algumas perguntas: o que você gostava de fazer na infância? O que você costuma fazer quando tem tempo livre? Sem o que você não conseguiria viver? Muito provavelmente, seu maior talento é desprezado justamente por ser algo que você faz com facilidade. Pode ser cozinhar, desenhar, vender, trabalhar com madeira, organizar…

Desde o início da minha vida fui muito estimulada a desenvolver talentos artísticos porque todos os meus irmãos cantavam, desenhavam e tocavam algum instrumento. Eu comecei desenhando, depois me apaixonei pelo teatro e pela literatura. Também aprendi a fazer escultura e a cantar. E fazia tudo ao mesmo tempo, sem conseguir me definir…rs. Durante algum tempo achei que seria atriz e me preparei para isso, mas certo dia eu me dei conta de que eu conseguiria viver sem cantar, sem ouvir música, sem desenhar, sem interpretar e sem ir ao teatro e ao cinema, mas não sem escrever.

Mesmo quando eu fazia de tudo para ficar de recuperação (é, teve isso…eu tinha paixonite por um menino da escola, que sempre ficava de recuperação, então era a chance de ter mais alguns dias perto dele…facepalm para little me), minhas redações eram elogiadas. Eu era uma coisa para os professores de português e outra para todos os outros professores. Isso porque eu escrevia todos os dias. Tinha o meu diário, tinha as poesias que eu datilografava (dinossaura) e o bendito romance ambientado na segunda guerra mundial que atravessou toda a minha adolescência porque eu gostava muito de escrevê-lo, reescrevê-lo e pesquisar sobre aquela época (em uma era pré-internet, em que as pessoas pesquisavam em livros…).

Escrever era tão fácil para mim que só aos vinte anos decidi me profissionalizar e procurar livros e cursos a respeito. Vi que não era por ser fácil para mim que tinha que ser eternamente intuitivo. E nessa época eu já tinha dezenas de cadernos escritos com histórias, artigos e poesias. Assim que você identifica o seu talento, começa a investir nele. Talvez ele esteja desnutridinho, mirradinho e esgualepado, mas você começa a dar comidinha para ele e fazer com que ele cresça e se desenvolva. Você educa o seu talento, fazendo com que ele passe a ser mais do que intuitivo. Eu descobri que, como já tinha facilidade, consigo absorver a teoria e aplicá-la com muito mais rapidez. Em vez de procurar encaixar meu talento em uma caixinha, eu vou atrás de informações direcionadas que possam ser testadas imediatamente e integradas ao meu trabalho.

Primeiro você descobre o que sabe fazer de melhor, depois procura formas de aprender mais sobre aquilo, para acrescentar mais ao que você já sabe e se tornar perito naquilo que faz. Esse é o melhor caminho para ser um profissional FELIZ.

 

PS: A propósito, uma boa leitura de apoio é o artigo Você é mestre em…? (clique aqui para ler)

 

Ainda sobre romances

Eu estou com ideia fixa em relação a romances. Na verdade, não é bem uma ideia fixa, é uma espécie de revolta. Porque não encontro nada que traga alguma coisa realmente útil ao leitor. Nada que seja, ao mesmo tempo, entretenimento e um bom conselheiro. Por muitos anos eu fui defensora da literatura de entretenimento que é só entretenimento. No entanto, descobri que isso não existe. Se é literatura, não é só entretenimento. Inevitavelmente, ela vai falar alguma coisa para o leitor. Ela vai deixar alguma marca, de qualquer maneira.

O enorme poder dos livros sobre as pessoas já está mais do que provado, divulgado e experimentado. Mas é importante que aqueles que escrevem literatura entendam que além de divertir, devem influenciar. E que, além de influenciar, devem divertir. Uma coisa não pode vir dissociada da outra. Porque o que eu vejo em alguns escritores que têm interesse claro de influenciar positivamente, como os cristãos, é um descaso inexplicável com a qualidade literária. É como se pensassem: “o que importa é a mensagem, então, vamos escrever de qualquer jeito”.

Eu me lembro de ter visto no blog da editora Mundo Cristão (infelizmente o post não existe mais, eu já procurei) um post se lamentando de não haver mercado para romances cristãos no Brasil e dizendo que estavam apostando em dois novos títulos (na época), torcendo para que o público se interessasse. É só raciocinar um pouquinho. Como pode haver mercado para ficção no Brasil e não haver mercado para ficção cristã? Isso non ecziste! Se ficção cristã tiver qualidade (oi, Francine Rivers), vai vender. Se não tiver, não vai vender. Se bem que alguns, mesmo sem qualidade nem literária, nem de conteúdo (oi, Daniel Mastral), vendem.

O livro em que eles apostavam era “Acontece a cada primavera”, de Gary Chapman e Catherine Palmer e a premissa parece muito interessante. Gary Chapman tem um livro chamado “As quatro estações do amor” e a ideia era fazer um romance (depois descobri que era uma série) mostrando, na prática, os ensinamentos do livro de Gary.  Quase como aquele especial da Record baseado no Casamento Blindado. Eu realmente me empolguei com a ideia e comprei o livro, cheia de boas intenções de fazer uma resenha e tal.

Nunca demorei taaaaaaaaanto para ler um romance. Na verdade, não consegui chegar ao fim até hoje. E olha que eu sou a doida que leu “Amor de Redenção” em poucas horas. “Acontece a cada primavera” tem um ritmo extremamente arrastado e faz tudo o que você não deveria fazer ao escrever um livro: uma porção de cenas desnecessárias e diálogos inúteis. Já havia passado da metade do livro e confidenciei ao meu marido:

– Barbaridade, estou lendo esse “Acontece a cada primavera”, que livro mais chato! Já passei da metade e até agora não aconteceu nada! – E ele, sério:

– Decerto ainda não chegou a primavera.

Hahahahaha…esse é o Davison. Eu já deveria saber…rs. Então, um recado às editoras cristãs: um romance não vai vender horrores só porque ele é cristão. Se ele for bom, certamente vai vender bem, sendo cristão ou não. Se ele for chato, vai vender só até os leitores comprarem e perceberem que é chato. E se as editoras cristãs não abrirem os olhos para essa realidade, as editoras seculares, sempre mais espertas, vão aproveitar para investir nesse mercado com bons títulos de autores cristãos. Eu, particularmente, não vejo problema nenhum nisso, desde que bons títulos que tenham boas mensagens e excelente qualidade literária estejam a nosso alcance nas livrarias. Porque eu tenho um sonho, amigos, de poder entrar em uma livraria e encontrar opções para leitores como eu, exigentes no quesito “qualidade” e no quesito “conteúdo”. E sou do tipo que acredita que sonhos podem se tornar reais. 🙂

A propósito, como me perguntaram aqui e no Facebook, vim atualizar o texto: sim, eu resolvi fazer alguma coisa a respeito e já estou escrevendo um romance. Dois, na verdade. Não falo muito sobre isso (embora esteja lá no PS do outro post) porque meu tempo é muito escasso e escrevo nas poucas horas vagas, então eu não faço a menor ideia de quando vou conseguir terminar. Mas vai ser algo que vai interessar tanto a meninas quanto a meninos. Sem cara de “livro de crente”. É fazer pelos outros o que eu gostaria de receber: um livro normal, interessante e saudável. Darei mais informações assim que tiver alguma informação para dar…rs.

 

PS. Caso ainda não tenha lido, clique aqui para ver o que escrevi sobre romances da última vez em que mencionei o assunto, também falando para o público cristão.