Categoria: Renovando a mente

Pensamentos gerados por sentimentos

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Identificando a voz do gremlin — Parte 2

Já falamos no post anterior sobre os pensamentos gremlinianos serem centrados no “eu”. A segunda característica é a presença de forte componente emocional negativo: medo, raiva, pena de si mesmo, sensação de estar sendo agredido, de não merecer (ou de merecer, mas com muita dor por ter merecido), insegurança…enfim, sempre há um sentimento negativo presente com bastante intensidade — e às vezes mais de um.

É essa emoção que alimenta o pensamento. Às vezes essa emoção é o que gera o pensamento. Por exemplo, você começa a pensar que nunca vai conseguir aprender a dirigir. Se você é uma pessoa que já sabe dirigir ou se você tem certeza de que uma hora vai aprender, o pensamento de nunca conseguir não vai ter espaço. No entanto, se você se sente inferior e inseguro e tem medo de, por isso, nunca conseguir aprender alguma coisa; então, esses sentimentos podem criar o pensamento de “nunca vou aprender a dirigir”.

Alguns até desistem porque não querem encarar a frustração que confirme o que tanto temiam. Dirigir é algo que você não pode fingir saber. Ou aprendeu ou não aprendeu. E lá vai você, que se sente uma fraude, ficar com medo de descobrir que não consegue aprender algo que não possa fingir que sabe.

Esse é um pensamento gerado por três sentimentos: insegurança, sentimento de inferioridade e medo. O pensamento, então, começa a ser alimentado pelo medo e, duvidando da sua capacidade, você não consegue prestar atenção ao que ensinam e faz tudo errado. O gremilin, então, aponta seus erros e o convence de que esses erros confirmam o pensamento de que você é incompetente demais para aprender a dirigir.

Transporte esse modelo para qualquer outra área da sua vida. Teste os principais pensamentos gremlinianos que atormentaram você e veja como sempre há mais sentimentos negativos do que raciocínio lógico. A pessoa parte de uma premissa falsa, baseada em uma emoção, e constrói toda uma cidade em cima dela. O problema é que, se a premissa é falsa, o fundamento é falso e toda a cidade é falsa. 

O gremlin dá uma sugestão que faz surgir um sentimento que gera um pensamento que gera atitudes que confirmam o pensamento. E a pessoa começa a viver uma realidade paralela, uma fantasia em que ela é um ser infeliz de quem ninguém gosta e para o qual tudo dá errado. Você precisa entender que está vivendo uma realidade falsa para começar a usar a lógica contra os pensamentos gremlinianos.

Por isso eu disse que é importante entender que você tem se hipnotizado há anos com esses pensamentos negativos e que, para fins de desintoxicação, o melhor é considerar como mentira TODOS os pensamentos que colocarem você para baixo. Tudo aquilo que vier acompanhado de sentimentos negativos está vindo para mantê-lo escravo dessa realidade negativa falsa que tanto tem tirado a sua paz. Mas felizmente agora o gremlin foi desmascarado e você tem recebido ferramentas para lutar contra ele, tomando as decisões no lugar em que elas devem, de fato, ser tomadas: na cabeça.

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*Para quem está chegando agora: “gremlin” é como chamo os monstrinhos invisíveis que imagino sentados em nossos ombros sugerindo pensamentos negativos. Eu os imagino com aquela cara dos monstrinhos do filme Gremlins, principalmente para não querer um troço desses no meu ombro. 

 Se quiser entender melhor a referência, leia esses dois posts do Jejum de Daniel:

Dando crédito à voz do gremlin

O estado de drama e as lentes verdes do gremlin

Tudo eu!

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*Imagem: buraco negro sugando a energia dos outros (Credits: NASA/CXC/M.Weiss)

Identificando a voz do gremlin — Parte 1

Qual é o “estilo literário” do gremlin que se empoleira em nossos ombros para sugerir pensamentos negativos e nos fazer mergulhar em autocomiseração? Vamos falar sobre algumas das características mais comuns dos pensamentos que ele sugere, não apenas para que você possa identifica-los, mas para desenvolver aquela intolerância de que falamos no post anterior. Vamos falar sobre essas características aos poucos, para facilitar o entendimento, mas segue uma listinha básica:

São autocentrados

Há forte componente emocional negativo

Presença de adjetivos negativos

Presença de termos definitivos e generalizações

Previsão de futuro catastrófico

Conclusões surrealistas 

São autocentradosA maioria é centrada no “eu”. “EU sou isso e aquilo” (geralmente alguma coisa negativa), “EU nunca vou conseguir”, “ninguém ME suporta”, “fulano pensa isso e isso de MIM”, “como ele pode fazer isso COMIGO?” etc.

Por mais que você se ache altruísta e doador, começa a se preocupar extremamente com a opinião do outro a SEU respeito, com a SUA performance durante uma conversa ou com o impacto que determinada situação pode ter na SUA vida ou com o que VOCÊ queria que a outra pessoa tivesse feito ou dito. 

É complicado ter que admitir uma coisa tão feia a respeito de nós mesmos, eu sei, mas é necessário. Dar crédito à voz do gremlin faz com que até a mais altruísta das criaturas comece a olhar só para si. Repare nesse tipo de pensamento vitimista e perceba o quanto ele gira em torno do seu umbigo.

É por isso que um bom antídoto à autovitimização é cuidar de outras pessoas. Se bem que eu já vi pessoas usarem o fato de cuidar de outras para se vitimizar. Na verdade, eu mesma já fiz isso, admito. “EU faço isso, isso e aquilo e ninguém ME valoriza”, “só EU faço tudo nessa casa”, “EU não tenho ninguém para ME ajudar”, “EU sou um ombro amigo para todo mundo, mas não tenho nenhum ombro amigo para MIM”.

Nessa, a gente perde a oportunidade de realmente conhecer as outras pessoas e entender como elas pensam para conseguir se colocar no lugar delas e perceber que as coisas não giram em torno do nosso umbigo. E também de desenvolver um olhar mais misericordioso, dando aos outros o que gostaríamos de receber, inclusive a compreensão.

O problema é que, nesse estágio você se torna um buraco negro sugador de energia. Mesmo se todo mundo lhe desse tudo o que você acha que precisa, ainda não seria suficiente. Você continuaria sentindo falta e encontrando motivos para dizer que, em muitas outras coisas, você continua em desvantagem.

É por isso que você tem que morrer. Calma. Não quero matar ninguém. O “você” que tem que morrer é essa natureza humana movida por emoções. É por isso que o gremlin tem tido tanto espaço. Quanto mais alimenta essa natureza emotiva, mais frágil emocionalmente você fica (e mais exposto a ação gremliniana). É um paradoxo, não? Mas quando deixamos de alimentá-la e aprendemos a dizer “não” a nossas próprias vontades para fazer o que é certo, ficamos emocionalmente mais fortes e resistentes, pois estamos desenvolvendo em nós a natureza de Deus. Veja se isso é ou não sacrificar a própria vontade para fazer o que é certo:

“Amai, pois, a vossos inimigos, e fazei bem, e emprestai, sem nada esperardes, e será grande o vosso galardão, e sereis filhos do Altíssimo; porque Ele é benigno até para com os ingratos e maus. Sede, pois, misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso.”

Lucas 6.35,36

 

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*Para quem está chegando agora: “gremlin” é como chamo os monstrinhos invisíveis que imagino sentados em nossos ombros sugerindo pensamentos negativos. Eu os imagino com aquela cara dos monstrinhos do filme Gremlins, principalmente para não querer um troço desses no meu ombro. 

 Se quiser entender melhor a referência, leia esses dois posts do Jejum de Daniel:

Dando crédito à voz do gremlin

O estado de drama e as lentes verdes do gremlin