Mês: junho 2014

Como tudo era lindo e se esculhambou

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A ideia era fazer um mundo perfeito, sem morte, sem sofrimento de espécie alguma. O homem foi criado para administrar o restante da criação de Deus, ele seria um representante de Deus aqui na Terra. A terra daria tudo de que o homem necessitasse, não haveria corrida desenfreada pelo poder, não haveria ganância, nem maldade, nem miséria. Tudo estava em perfeita ordem e a ideia era que o desenvolvimento da Terra e da Humanidade se desse nessa mesma perfeição.

Gosto de como o bispo Marcelo Crivella escreveu a respeito em seu livro “O verdadeiro significado da cruz”, olha só:

“Era o sonho do paraíso, onde Deus viria ao pôr-do-sol, dia após dia, para ensinar à Sua criatura todo o conhecimento (…) Deus fez o homem segundo a Sua imagem e semelhança, e com o potencial para um dia ser como Ele mesmo, conforme está escrito: “Eu disse: sois deuses, sois todos filhos do Altíssimo.” (Salmos 82.6) (…) Você se imaginaria sendo capaz de compreender toda a Ciência, e sendo tão perfeito que jamais usaria o seu poder para fazer o mal? Tendo pleno conhecimento de todas as coisas e o perfeito amor? Parece impossível, mas eu lhe digo: Este é o objetivo final de Deus!”

Pois é, o “problema” é que para que o homem pudesse ter a imagem e semelhança de Deus, ele tinha que ter liberdade para escolher obedecê-Lo, pois Deus é livre e jamais obrigaria alguém a segui-Lo, ou teria um exército de robôs. E, infelizmente, a liberdade para escolher o bem tem como efeito colateral a liberdade para escolher o mal.

Para que o homem pudesse ter a oportunidade de mostrar sua fidelidade a Deus e manter a escolha certa, Deus colocou uma árvore no meio de muitas outras no jardim. Aquela era a única em que o homem não poderia tocar, era a árvore do conhecimento do bem e do mal, que pertencia a Deus. Se Deus não tivesse colocado aquela árvore ali, como o homem poderia ter a oportunidade de fazer sua escolha e se manter fiel?

No entanto, o mal já existia no mundo. Existia, mas não tinha poder algum sobre a Terra, já que toda autoridade tinha sido dada ao homem. O homem era o príncipe deste mundo.

Então, o mal se aproximou da mulher com uma conversinha esfarrapada:

“É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim? Respondeu-lhe a mulher: Do fruto das árvores do jardim podemos comer, mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Dele não comereis, nem tocareis nele, para que não morrais. – Então, a serpente disse à mulher: É certo que não morrereis. Porque Deus sabe que nos dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal. Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele comeu. Abriram-se, então, os olhos de ambos; e percebendo que estavam nus, coseram folhas de figueira e fizeram cintas para si.” (Gênesis 3.1-7)

Nesse momento o homem fez a sua escolha. A infidelidade fez com que ele fosse imediatamente separado de Deus. A obediência a Deus o fazia servo de Deus; servo de um senhor bom, misericordioso e amigo. A obediência ao diabo o tornou servo do diabo. Servo de um senhor mau, perverso e canalha. Ao obedecer ao diabo, o homem entregou a ele o domínio deste mundo. A maldição que caiu sobre o homem, a mulher e a natureza não foi um castigo Divino, foi simplesmente a consequência da escolha estúpida que fizeram. Ao obedecer ao diabo, entregaram-se ao diabo, assim como entregaram tudo aquilo que tinha sido confiado às suas mãos.

Deus não é condescendente com o mal. Desde o começo está bem claro que só há dois caminhos. Deus é o bem, a justiça e a santidade. Por conta disso, Ele não poderia se relacionar com seres injustos. Quando desobedeceu a Deus o homem morreu, como Deus disse que aconteceria. Não morreu fisicamente, mas morreu espiritualmente. Quem está separado de Deus, está morto. Para que voltasse a ser puro diante de Deus, era necessário que alguém puro o substituísse nessa morte.

Então, o inimigo tomou a terra e Deus teve que criar um plano para trazer as coisas de volta à programação original…

 

 

Sobre o novo nascimento

Estávamos falando hoje sobre a diferença entre nascer de Deus e ser mero religioso e, por “coincidência” (eu não acredito em coincidência, tá?) no final da noite meu esposo me mostrou um áudio de uma reunião antiga do Bp. Jadson justamente sobre esse assunto. Aliás, hoje foi o dia internacional do Bp. Jadson, porque ouvi áudios dele o dia inteiro…rs.

O que mais tem nas igrejas é gente que não faz a menor ideia do que é nascer de Deus. Muitos acham que o fato de não fazerem o que faziam antes (não fumam mais, não bebem mais, não vão a baladas, não saem com várias pessoas, não usam drogas, etc. etc.) é indicativo de que nasceram de novo. Na verdade, mudança de hábitos qualquer um pode fazer, estando ou não em uma igreja. Esse é o religioso. Ele muda por fora e continua a mesma porcaria por dentro. E alguns se preocupam em “fazer”. Eles acham que pelo muito fazer serão justificados. Então se preocupam com as doutrinas de sua religião e em aprender a como se parecer com alguém daquela religião (e aqui estou colocando todas as religiões no balaio, sim, mas falando mais especificamente da religião evangélica). Ah, e também a criticar todo mundo que não é daquela religião, sem perceber que seu modo de agir só afasta as pessoas de Deus, porque elas acham que Deus tem alguma coisa a ver com aquele ser intolerante e irritante.

Ser religioso é fácil. Exige algum esforço, dependendo do quão complicadas são as doutrinas da igreja ou da religião em questão. Nascer de novo não é fácil. Nascer de novo é se transformar em uma nova pessoa. Sua forma de pensar muda. Sua forma de entender o mundo, de enxergar as pessoas…seu caráter é corrigido, seus pensamentos são outros, suas prioridades são outras…

Para isso, você deve estar disposto a abrir mão da sua velha vida, da velha criatura, do velho modo de entender a vida. É quando você não suporta mais a sua vida, não suporta mais quem você é e decide morrer. Aí em vez de fazer uma coisa estúpida como se suicidar, você decide formatar sua vida. Apaga tudo e faz de novo, mas desta vez, da maneira certa. É assim que pessoas aparentemente irrecuperáveis ganham uma nova chance e se transformam em cidadãos de bem. E pessoas que por fora pareciam pessoas de bem, mas por dentro eram terríveis, conseguem se livrar da vida de hipocrisia. Pessoas que mentem, que enganam, que enganam a si mesmas, que querem levar vantagem, que distorcem o que ouvem e o que veem, que interpretam tudo de uma forma negativa, que falam mal dos outros, que são pessimistas, maldosas, temperamentais ou emotivas demais se tornam equilibradas, honestas, positivas, pacientes e otimistas. Não é mágica. É sacrifício.

A analogia que o bp. Jadson fez com um pneu recauchutado, que a pessoa compra porque não quer pagar o preço de um novo, é perfeita. Para se tornar uma nova criatura, a pessoa tem que pagar o preço. Senão, só muda por fora. E qual é a graça? Nenhuma! A pessoa passa a vida dentro de uma igreja dizendo que é uma coisa (que talvez ela até queira ser), mas sendo outra, porque não quer ter de se esforçar, investir tempo e negar a si mesma para mudar. Porque, me desculpe, é muito fácil simplesmente mudar de hábitos. Não precisa de muito sacrifício, não. Não comparado a mudar a sua forma de pensar, de reagir, de encarar o mundo e de lidar com as outras pessoas.

E isso é muito sério. É absolutamente necessário que esse novo nascimento aconteça, porque a única forma de deixar de ser apenas criatura de Deus e se tornar filho dEle é nascendo de Deus. Essa transformação interior que nos afasta do que é negativo e nos aproxima do caráter de Deus é que nos garante tudo o que Ele reserva aos Seus filhos.

Eu demorei muito tempo para conseguir isso porque demorei muito tempo para querer isso e mais tempo ainda para perceber que precisava disso. É o problema de crescer como uma pessoa religiosa e achar que já está com Deus simplesmente por ir à igreja e decorar versículos. Quando eu percebi que precisava e decidi morrer para toda aquelas porcarias que tinham dentro de mim, não foi nenhum bicho de sete cabeças nascer de novo. Porque pensa bem, se você morre dentro de você e seu corpo continua andando por aí sem você nascer de novo, temos o início do apocalipse zumbi. Um morto-vivo caminhando em busca de cérebros para comer… Então, não tem muita escolha. Se chegou o momento em que a ficha caiu, você olhou para dentro de você e abominou o que viu, resolve morrer para este mundo, entregando a sua vida para Deus, você tem que nascer de novo, tem que lutar por essa transformação interior (antes de resolver trabalhar na igreja, ser obreiro, ou alguma coisa assim, por favor!) custe o que custar, para que possa ter vida. Negando a sua vontade de continuar fazendo as mesmas coisas de antes, pensando do mesmo jeito de antes, reagindo do mesmo jeito de antes…se colocando à disposição de Deus para que Ele transforme você na pessoa que Ele quer que você seja. Não vai ser fácil, mas eu garanto que o esforço vale a pena.

 

PS: A proposta que eu fiz nesses 40 dias do Jejum de Jesus (clique aqui se não sabe do que se trata esse Jejum) é escrever um pouco todo dia a respeito do que eu tenho meditado, aprendido ou feito.  O áudio da reunião que eu menciono no post é esse aqui: https://www.youtube.com/watch?v=8IyBXt8uUzU