Mês: julho 2014

Recomeçar

Estou há alguns dias sem ir à academia e já percebo uma diferença absurda. A impressão que tenho é de que ter um resultado positivo é um processo lento, mas para um resultado negativo, é só parar duas semanas. Não sei se a impressão é real, mas acredito que seja muito mais fácil perder massa muscular do que ganhá-la.

É assim em tudo. Quando você está parado e começa a desenvolver alguma coisa, seja seu treino na academia, seja sua vida espiritual, seja o hábito de ler, de escrever, de acordar cedo, de comer direito ou qualquer coisa assim, o sacrifício é sempre maior. Luta contra a preguiça, luta contra os maus hábitos antigos, sacrifica a sua vontade, mesmo sem ver resultado nenhum no início – um verdadeiro ato de fé. Então, você consegue. Depois de muuuuuito sacrificar, os resultados visíveis começam a aparecer. E você se estabiliza. Nesse momento, o perigo. Porque há grande chance de deixar em segundo plano aquilo que era uma de suas prioridades. Parece que já está estabilizado, que já entrou na rotina, então você não se preocupa.

Aí, começa a regredir. Tudo o que não é exercitado, regride. Ou, pelo menos, deixa de se desenvolver. Mas ainda que as coisas não exercitadas permaneçam estagnadas, não ficarão por muito tempo. Nada parado permanece igual.Se você não mexer, vai involuir. Diminuir, até desaparecer. E, muitas vezes, quando perceber será tarde demais.

O esforço que preciso fazer para voltar a ir à academia não é tão grande assim. É só colocar a roupa e ir, pois dá para ir à pé e funciona 24 horas. O problema maior é encarar o esforço que preciso fazer lá dentro. As coisas que já estavam mais fáceis voltarão a ser difíceis e eu precisarei ter perseverança. Mas, no final, vai valer a pena. Sempre que precisar recomeçar, lembre-se do seu objetivo. Quem você quer ser daqui a um ano? A mesma pessoa que é agora? Se quiser ser diferente, terá de fazer o sacrifício necessário.

Ainda sobre romances

Eu estou com ideia fixa em relação a romances. Na verdade, não é bem uma ideia fixa, é uma espécie de revolta. Porque não encontro nada que traga alguma coisa realmente útil ao leitor. Nada que seja, ao mesmo tempo, entretenimento e um bom conselheiro. Por muitos anos eu fui defensora da literatura de entretenimento que é só entretenimento. No entanto, descobri que isso não existe. Se é literatura, não é só entretenimento. Inevitavelmente, ela vai falar alguma coisa para o leitor. Ela vai deixar alguma marca, de qualquer maneira.

O enorme poder dos livros sobre as pessoas já está mais do que provado, divulgado e experimentado. Mas é importante que aqueles que escrevem literatura entendam que além de divertir, devem influenciar. E que, além de influenciar, devem divertir. Uma coisa não pode vir dissociada da outra. Porque o que eu vejo em alguns escritores que têm interesse claro de influenciar positivamente, como os cristãos, é um descaso inexplicável com a qualidade literária. É como se pensassem: “o que importa é a mensagem, então, vamos escrever de qualquer jeito”.

Eu me lembro de ter visto no blog da editora Mundo Cristão (infelizmente o post não existe mais, eu já procurei) um post se lamentando de não haver mercado para romances cristãos no Brasil e dizendo que estavam apostando em dois novos títulos (na época), torcendo para que o público se interessasse. É só raciocinar um pouquinho. Como pode haver mercado para ficção no Brasil e não haver mercado para ficção cristã? Isso non ecziste! Se ficção cristã tiver qualidade (oi, Francine Rivers), vai vender. Se não tiver, não vai vender. Se bem que alguns, mesmo sem qualidade nem literária, nem de conteúdo (oi, Daniel Mastral), vendem.

O livro em que eles apostavam era “Acontece a cada primavera”, de Gary Chapman e Catherine Palmer e a premissa parece muito interessante. Gary Chapman tem um livro chamado “As quatro estações do amor” e a ideia era fazer um romance (depois descobri que era uma série) mostrando, na prática, os ensinamentos do livro de Gary.  Quase como aquele especial da Record baseado no Casamento Blindado. Eu realmente me empolguei com a ideia e comprei o livro, cheia de boas intenções de fazer uma resenha e tal.

Nunca demorei taaaaaaaaanto para ler um romance. Na verdade, não consegui chegar ao fim até hoje. E olha que eu sou a doida que leu “Amor de Redenção” em poucas horas. “Acontece a cada primavera” tem um ritmo extremamente arrastado e faz tudo o que você não deveria fazer ao escrever um livro: uma porção de cenas desnecessárias e diálogos inúteis. Já havia passado da metade do livro e confidenciei ao meu marido:

– Barbaridade, estou lendo esse “Acontece a cada primavera”, que livro mais chato! Já passei da metade e até agora não aconteceu nada! – E ele, sério:

– Decerto ainda não chegou a primavera.

Hahahahaha…esse é o Davison. Eu já deveria saber…rs. Então, um recado às editoras cristãs: um romance não vai vender horrores só porque ele é cristão. Se ele for bom, certamente vai vender bem, sendo cristão ou não. Se ele for chato, vai vender só até os leitores comprarem e perceberem que é chato. E se as editoras cristãs não abrirem os olhos para essa realidade, as editoras seculares, sempre mais espertas, vão aproveitar para investir nesse mercado com bons títulos de autores cristãos. Eu, particularmente, não vejo problema nenhum nisso, desde que bons títulos que tenham boas mensagens e excelente qualidade literária estejam a nosso alcance nas livrarias. Porque eu tenho um sonho, amigos, de poder entrar em uma livraria e encontrar opções para leitores como eu, exigentes no quesito “qualidade” e no quesito “conteúdo”. E sou do tipo que acredita que sonhos podem se tornar reais. 🙂

A propósito, como me perguntaram aqui e no Facebook, vim atualizar o texto: sim, eu resolvi fazer alguma coisa a respeito e já estou escrevendo um romance. Dois, na verdade. Não falo muito sobre isso (embora esteja lá no PS do outro post) porque meu tempo é muito escasso e escrevo nas poucas horas vagas, então eu não faço a menor ideia de quando vou conseguir terminar. Mas vai ser algo que vai interessar tanto a meninas quanto a meninos. Sem cara de “livro de crente”. É fazer pelos outros o que eu gostaria de receber: um livro normal, interessante e saudável. Darei mais informações assim que tiver alguma informação para dar…rs.

 

PS. Caso ainda não tenha lido, clique aqui para ver o que escrevi sobre romances da última vez em que mencionei o assunto, também falando para o público cristão.