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Por trás dos maus olhos pode se esconder uma insegurança. A pessoa vive tão na defensiva que se treina a identificar o pior (ou o que ela interpreta como pior) dos outros na esperança inconsciente (e irracional) de identificar o perigo e se proteger.

A natureza humana nos faz prestar atenção às pessoas. É natural que esse seja um dos nossos maiores focos de interesse. Mas não somos bichinhos dirigidos por sua natureza. Nossas escolhas podem — e devem — estar pautadas em nosso raciocínio. Temos que estar conscientes do que fazemos. Não vamos deixar de nos proteger de pessoas realmente mal-intencionadas, mas é necessário exercitar os bons olhos justamente para conseguir calibrar nossos sensores de criaturas perigosas. Caso contrário, corremos o sério risco de perder completamente a sensibilidade para isso.

Interpretamos com base no que vemos e ouvimos dos outros ou com base em nossas impressões, totalmente manchadas por nossos sentimentos mais ocultos e escuros, nossos medos, nossas dúvidas, nossos traumas. Geralmente projetamos nos outros aquilo que tememos em nós.

A frase atribuída a Carl Jung “Tudo que nos irrita nos outros pode nos levar a um melhor conhecimento de nós mesmos” é verdadeira. O que nos incomoda nos outros e nos leva a olhar com maus olhos, também nos leva a um melhor conhecimento de nós. Porque, sem dados, interpretamos com base no que temos dentro de nós. E isso, para quem vive mergulhado em maus olhos, é um problema. O que nos habilita a interpretar as ações ou intenções dos outros se não temos DADOS verificáveis? E, atenção: “tudo leva a crer” não é um dado verificável. Não é sequer um dado. Hipótese não é prova.

Em 98% das vezes, não temos dados, pois nossa cabeça faz as conexões conforme ela quer. E tira as conclusões que ela quer, com a lógica maluca que ela resolver inventar. Não dá para confiar nos pensamentos, lembra? Também não dá para confiar nos julgamentos.

Deus nos recebe e nos aceita com todas as nossas falhas de caráter, mas, para manter um relacionamento conosco, Ele exige que, pelo menos, nos esforcemos diariamente para nos encaixar no padrão ético do Reino dEle. Você não vai ser infalível, mas precisa sempre fazer o seu melhor para ser uma pessoa melhor. É o Reino de Deus, não é a casa da mãe Joana. Claro que vamos errar vez ou outra, mas isso não pode ser desculpa para enfiar o pé na jaca e fazer as coisas de qualquer jeito.

Em vez de tentar encontrar razões negativas para o comportamento de alguém, por exemplo, por que não tentar encontrar razões positivas? Já que você não tem como saber o porquê de fulano ter tratado mal a outra pessoa, em vez de achar que ele é arrogante, por que não pensa que ele provavelmente teve um dia ruim e acabou descontando por não saber lidar com isso? Então, você se lembra de quando teve um dia ruim e acabou fazendo a mesma coisa. E resolve orar pelo fulano, percebendo que não faz o menor sentido criticá-lo ou mesmo dar continuidade à conversa ou ao pensamento.

É um treino contínuo e eterno, mas fico feliz ao perceber que ouvir uma conversa maldosa hoje me dói os ouvidos. Me agride. Significa que desenvolvi uma sensibilidade que eu não tinha. E estabeleci uma regra radical: só posso falar das pessoas na ausência delas o que puder falar na frente delas (Já fui provada nisso e precisei falar na frente da pessoa…é um excelente incentivo para mudar o padrão de pensamento). Pelo menos, assim deixamos de ser os covardes que “comentam” pelas costas. E passamos a ter mais responsabilidade por tudo o que sai da nossa boca. A forma de pensar realmente muda. De verdade.

Se não gostamos de ser injustiçados, o mínimo que devemos fazer é nos esforçar para não cometer injustiça. Afinal de contas, colhemos tudo o que plantamos.

“Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles; porque esta é a Lei e os Profetas.” (Mateus 7.12)

Jesus está dizendo aqui que isso é o resumo da Bíblia. Quer acertar? Comece a olhar os outros como gostaria que olhassem você. Ore pelos outros como gostaria que orassem por você. Respeite os outros como gostaria de ser respeitado. Se a pessoa agir assim, não vai matar, não vai roubar, não vai cobiçar a mulher do próximo, nem dar falso testemunho… É tipo uma “pílula dos dez mandamentos”. Aprenda a fazer isso e você vai cumprir um montão de coisas de uma tacada só.

Garanto que vai sobrar mais tempo e energia para tarefas e conversas realmente úteis. Além, é claro, da promessa de que se os seus olhos forem bons, a sua vida terá luz. Vale a pena dizer não para esse tipo de conversa ou pensamento e limpar sua mente desse padrão estragado.

Amanhã tem a última parte dessa série. 🙂

#JejumdeDaniel #Dia12

PS:  Clique aqui para ler a primeira parte da série, caso não tenha lido.