Categoria: Vida cristã

Midianitas e cavernas nas rochas

“E sossegou a terra quarenta anos. 

Porém os filhos de Israel fizeram o que era mau aos olhos do SENHOR; e o SENHOR os deu nas mãos dos midianitas por sete anos. E, prevalecendo a mão dos midianitas sobre Israel, fizeram os filhos de Israel para si, por causa dos midianitas, as covas que estão nos montes, as cavernas e as fortificações. Porque sucedia que, semeando Israel, os midianitas e os amalequitas, e também os do oriente, contra ele subiam.

E punham-se contra ele em campo, e destruíam os frutos da terra, até chegarem a Gaza; e não deixavam mantimento em Israel, nem ovelhas, nem bois, nem jumentos. Porque subiam com os seus gados e tendas; vinham como gafanhotos, em grande multidão que não se podia contar, nem a eles nem aos seus camelos; e entravam na terra, para a destruir.”

Juízes 5.32; 6:1-5

Após uma grande vitória, Israel fica em paz por 40 anos, mas faz o que era mau perante Deus e Ele permite o ataque dos midianitas. Eles vêm como gafanhotos e destroem tudo o que veem pela frente. Por causa disso, o povo faz as covas e as cavernas nos montes e as fortificações. 

Imagina o esforço para abrir uma caverna na pedra sem o maquinário e os explosivos que temos hoje! Ou seja, eles tinham muita força, disposição e coragem para fazer as cavernas na pedra para se esconder, mas não para lutar. Confiavam na força do próprio braço, mas não tinham espírito para enfrentar o problema porque, no fundo, a consciência sabia que Deus não estava com eles.

Hoje em dia, muitos vivem essa situação. No fundo, sabem que não estão com Deus (mesmo que frequentem uma igreja e se digam cristãos), por isso precisam depender exclusivamente de seus próprios esforços e vivem sobrecarregados.

Quantas vezes as pessoas não empreendem grandes esforços para se esconder do problema, para encontrar uma forma de escapar, de desviar, de se proteger, em vez de usar a fé para lutar e vencer?

Os Israelitas estavam conformados com a situação. Sofrendo, mas aceitando o inaceitável por medo de fazer qualquer coisa diferente. Se acostumaram a viver nas cavernas, a viver com medo, a viver se escondendo e sem saber quando viria o novo ataque. 

Os ataques, as perdas e o caos se tornaram a nova rotina e assim se passaram SETE ANOS de adaptação ao problema, conformados com a situação e perseverando no erro, porque continuavam sacrificando para os demônios. E enquanto você sacrifica para o mal, não pode esperar nada além do mal na sua vida.

Hoje em dia talvez você não erga um altar para um demônio disfarçado de deus, mas pode estar erguendo altares para qualquer outra coisa ou pessoa em quem você coloque sua confiança. Qualquer coisa que ocupe o primeiro lugar na sua vida, o lugar de honra, aquilo em que você se apóia, ou aquilo em que você confia para resolver o seu problema, está no lugar que pertence exclusivamente a Deus. 

Qualquer pensamento, sentimento, crença ou interesse em que você esteja baseando sua vida e que não seja Deus, está tomando o lugar dEle. Então, as pessoas todos os dias erguem altares a deuses estranhos e não percebem que, assim, se afastam do Único Deus, o Único que pode resolver o problema delas. E acham que a solução dos seus problemas é cavar cavernas nas rochas e se esconder, enquanto o mal invade suas vidas destruindo tudo o que encontra pelo caminho. 

A saída é se voltar para Deus. Ainda que você não saiba por que sua vida está de cabeça para baixo, pergunte a Ele. Faça uma oração sincera, peça ajuda a Ele e pergunte o que está acontecendo e o que você precisa fazer para começar a acertar e ver a mudança na sua vida. 

Foi o que Israel fez. E que veremos no próximo episódio desta série de posts.

Leia também: 

– A história de Gideão – parte 2

– A história de Gideão – parte 3

– A história de Gideão – parte 4

– A história de Gideão – parte 5

– A história de Gideão – parte 6

– A história de Gideão – parte 7 

– A história de Gideão – parte 8 

– A história de Gideão – parte 9

– A história de Gideão – parte 10

– A história de Gideão – parte 11

– A história de Gideão – parte 12 

– A história de Gideão – parte 13 

– A história de Gideão – parte 14 

PS. Vamos meditar juntos na história de Gideão neste Jejum de Daniel.

 

Sobre o filme Remanescentes

Resolvi escrever sobre o filme Remanescentes (The Remaining) que estreou no Univer, porque, em um primeiro momento, não entendi do que se tratava. Depois, percebemos que ele era muito mais profundo do que parecia. Este post vai ter alguns spoilers necessários, mas a maioria já está no trailer e no material de divulgação, então não é novidade. Mas se você não gosta de spoiler, primeiro assista ao filme e depois volte aqui para ler esta resenha. 

Resumo da história: uma festa de casamento é interrompida pelo arrebatamento e o início de eventos aparentemente apocalípticos. Um grupo de amigos encontra abrigo em uma igreja e recebe a ajuda de um pastor esquisitão. Andar na rua é perigoso, ficar dentro dos lugares é perigoso, pessoas morrem, o mundo é um caos e ninguém sabe o que está acontecendo. 

À primeira vista, parece que o filme é sobre o apocalipse. Ele traz um arrebatamento diferentão, com as pessoas caindo mortas por congelamento súbito em vez de desaparecendo. Já por aí, dava para notar que não é bem do arrebatamento literal que ele está falando. Porque a Bíblia não deixa margem para essa interpretação de que o arrebatamento poderia ser Deus levando apenas as almas das pessoas, pelo seguinte motivo:

“Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor.”

1 Tessalonicenses 4.16,17

Não sobra muito espaço para interpretação aí, não: quem morreu salvo irá ressuscitar, ou seja, voltará para seu corpo e será levado, com o corpo, para o céu. Os vivos, serão também levados com eles, com seus corpos transformados…por que deixar os corpos dos vivos para trás e levar os dos mortos? Teria que levar a alma dos vivos e fazê-los ressuscitar em seguida? Não faz o menor sentido e desconheço linha teológica que defenda algo assim. Mas quem fez o filme conhece a Bíblia, então do que este filme está falando?

O apocalipse que o filme retrata também nada tem a ver com o apocalipse da Bíblia. O mundo se torna uma distopia no exato instante em que o “arrebatamento” acontece. Há trombetas, há um monstro/demônio que mata as pessoas. Poderia ser o apocalipse, mas fica claro que existe alguma outra coisa por trás ali. 

Em determinado momento do filme, uma porta de madeira começa a se comportar como se fosse de borracha…neste ponto, dá para ter uma ideia de que o que o filme está contando não é exatamente literal. É como se levantasse essa camada da realidade física e expusesse outra camada, invisível, que fica por trás desta e que contém a realidade verdadeira.

Remanescentes não é um filme sobre o apocalipse. Ou ao menos não só sobre o apocalipse. O filme usou o tema do apocalipse como pano de fundo para fazer uma alegoria da vida neste mundo. O que é muito diferente, já que estamos acostumados a ver alegorias sobre o apocalipse, e não o apocalipse sendo usado como alegoria para outra coisa. 

A festa de casamento é a “realidade” física visível, mas a partir do momento do “arrebatamento” passamos a ver no filme a realidade espiritual da vida. Os arrebatados são os salvos, que morreram para este mundo (por isso eles morrem literalmente). Os que ficaram, os falsos crentes, passam por diversos perrengues tentando salvar a própria vida. Quem se dá conta de que este mundo não é nada e começa a buscar a salvação, torna-se alvo imediato do monstro. E, inevitavelmente, também morre. 

Isso é um pouco do que vai acontecer na Grande Tribulação, sem dúvida, mas sem a parte do monstro visível, obviamente. A pessoa será morta pelo governo do anticristo, mas, na real, quem está por trás é esse monstro. Mas também é uma alegoria da nossa vida. Quando entregamos nossa vida para Deus, nos damos conta de que nada por aqui tem valor e morremos para este mundo. É por isso que uma das moças, quando entende o que está acontecendo, diz que precisa fazer uma escolha e que precisa escolher Deus. 

Se você assiste achando que o que está acontecendo no filme é literal, esse diálogo não faz sentido. Acabaram de ver um rapaz morrendo de forma horrível por ter escolhido Deus e querem fazer essa escolha também? Mas se você entende que é uma alegoria da nossa vida, tudo faz sentido. 

Sim, você precisa fazer essa escolha por Deus para sair logo deste mundo e viver o reino dEle. Não morrendo literalmente (pelo menos não enquanto não começarem a matar cristãos por serem cristãos), mas deixando de se importar com as coisas deste mundo e passando a valorizar e priorizar as coisas de Deus.

É por isso também que o pastor em determinado momento parece desistir e se entregar ao monstro. Ele não está se entregando ao monstro. Naquele momento em que ele se entrega a Deus, entende que não deve mais ficar tentando salvar a sua vida. Creio que o filme inteiro seja uma alegoria para aquele versículo “quem quiser salvar a própria vida, irá perdê-la, mas quem perder a sua vida por amor de Mim, irá salvá-la”. 

O mundo é isso aí. Um lugar escuro e perigoso, infestado de monstros ávidos por nos matar e nos levar para o abismo. A vida, espiritualmente falando, é um grande filme de terror, que só acaba para quem se dá conta disso e entrega sua vida para Deus, saindo desta realidade monstruosa e entrando na realidade de Deus. Todo mundo precisa fazer uma escolha por Deus para sair do modo automático de mundo dominado pelo mal. Quem não fizer, não vai sair. Vai continuar vivendo o horror até ele se tornar eterno. Como diz uma das personagens no filme: “Não nos resta muito tempo na Terra. Precisamos tomar uma decisão”.

Jejum de Daniel – Dia 1