Categoria: Filmes

Sobre a campanha ridícula contra Os Dez Mandamentos

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Uma das coisas mais idiotas que já li nos últimos tempos (e olha que a internet tem nos brindado com muitas coisas idiotas nos últimos tempos) foi que a Igreja Universal nos obriga a comprar ingressos para o filme Os Dez Mandamentos. Na verdade, o jornalismo-preguiça ainda não se decidiu. Uma hora dizem que a igreja nos obriga a comprar ingressos para o filme, outra hora diz que a igreja compra ingressos para distribuir entre a gente. Decidam-se, é uma coisa ou outra. Não dá para ser as duas.

A verdade é que a imprensa está horrorizada e procura razões, dentro de seu saco de preconceitos, para explicar o enorme sucesso da pré-venda do filme, que já ultrapassou a casa de dois milhões e bateu vários recordes. E, provavelmente também esteja ofendida, porque, segundo a Folha de São Paulo, não haverá “sessões para críticos de cinema antes da estreia, como é de praxe no meio”.

Por nunca terem se interessado em saber como somos de verdade, fora das páginas distorcidas da Veja, Folha, Globo & Cia, esse pessoal não tem dados suficientes para entender o fenômeno. Primeiro, o público de Os Dez Mandamentos não é só a Universal – e isso é fato. Falam como se a novela não tivesse sido um sucesso absoluto, liderando audiência no horário nobre inclusive quando concorria diretamente com a novela das nove – principal produto da Globo. Coisa que nunca aconteceu na história da emissora dos Marinho (a novela “Pantanal”, da Rede Manchete, só começava depois da novela da Globo terminar…ninguém nunca teve coragem de bater de frente).

Vi gente sem noção argumentar que ninguém vai ao cinema para assistir a uma coisa que já assistiu na TV…oi? Em que mundo vocês vivem, pessoas azuis? Quantas vezes já assisti “De volta para o futuro” na TV? Milhões de vezes…e na sessão da tarde! E quando passou no Cinemark, lá estava eu, meu marido e a sala de cinema cheia para assistir ao filme i-gual-zi-nho ao da TV. Por que fomos? Porque amamos o filme e queríamos vê-lo na telona. Imagina se não iria querer muito mais ir ao cinema ver o que ainda não vi! Sim, porque eu vi uma novela. A edição necessária para se transformar quase duzentos capítulos em duas horas de filme cria, inevitavelmente, algo completamente diferente. Tem de ser muito desprovido de capacidade cognitiva para não entender isso.

Sem contar que, se fôssemos seguir esse tipo de “raciocínio” dessas pessoas, os cinemas iriam à falência. Porque hoje em dia, pouquíssimo tempo depois do lançamento, qualquer filme já está disponível para baixar e assistir na TV. E alguém deixa de ir ao cinema por isso? A experiência do cinema é algo que absolutamente nada é capaz de substituir. Eu poderia ter esperado para assistir ao novo Star Wars na TV, mas fui ao cinema – e DUAS vezes.

Porém, além do público não Universal da novela Os Dez Mandamentos, é lógico que existe um público enorme que é da Universal (eu, incluída. Membro da Universal há exatos 16 anos e um mês). E vou dizer um pouquinho como somos. Nossa cultura é de compartilhamento. Tudo o que nos faz bem, queremos compartilhar com os outros. AMAMOS a novela Os Dez Mandamentos porque vimos uma história tão importante sendo retratada com delicadeza, inteligência, competência e respeito. E, quando amamos alguma coisa, queremos passá-la adiante.

Por isso você vê membros da igreja comprando, do próprio bolso, ingressos para levar pessoas que não têm condições de ir. E você sempre vai ver isso. Quer seja em um lançamento de livro, quer seja em uma estreia de filme. Você sempre vai ver pessoas que têm mais condições (ainda que não muitas) ajudando quem tem menos. Compramos dez exemplares de livros para doar, se pudermos. Mas quem entende isso nesse mundo egoísta em que a mídia vive?

E, para não ser injusta, preciso dizer que isso não é exclusividade da Universal. Ou como vocês acham que os padres cantores/escritores vendem tantos livros? Já presenciei a cena diversas vezes, e a última delas nem foi em lançamento. Uma senhora católica chegou na livraria e pegou uma pilha de livros do padre Marcelo, dizendo que sempre comprava para doar a amigos e vizinhos. Mas talvez a mídia não fale disso por achar que, vinda de católicos, a generosidade é válida e espontânea. E isso não é preconceito?

Sei que há membros que se dispuseram a comprar ingressos para pessoas que nunca foram ao cinema na vida. Mesmo se você não estiver nem aí para a história bíblica, é impossível negar a importância cultural disso. Pessoas que não têm condições de pagar uma entrada de cinema (a preços absurdos, principalmente em São Paulo, onde um ingresso pode custar mais de vinte reais) estão tendo a oportunidade de assistir a uma produção nacional por causa da generosidade de um grupo de desconhecidos.

Eu não fui obrigada a comprar ingresso nenhum – e nem precisaria. Assim como quase todo mundo que acompanhou a abertura do Mar Vermelho na Record, desde o primeiro anúncio que vi do filme, já decidi comprar. Já adquiri o meu e o do meu marido na pré-venda e duvido que vá uma vez só. Como já disse, se assisti a Star Wars duas vezes, iria apenas uma ao cinema assistir a Os Dez Mandamentos?

E, para os sem-noção que perguntaram por que a Record não passa o filme em igrejas em vez de nos cinemas, eu realmente não acredito que preciso responder a isso… quanto maior a exposição, maior o público alcançado. A quem interessa agir como se o conteúdo bíblico fosse algo menor ou menos digno que a mitologia grega ou uma história de super heróis? Ou por que uma porcaria distorcida como o filme Noé, do Aronofsky, pode estar no cinema sem sofrer represálias e há uma campanha tão ridícula contra uma produção nacional de qualidade como Os Dez Mandamentos?

Eu sei de onde vem essa oposição e sei que ela é inevitável. Porém, não deixo de me indignar quando alguém tenta subestimar minha inteligência tentando descredibilizar o filme antes mesmo da estreia. Graças a Deus, outra característica nossa é a personalidade bem definida. Eu sou muito do contra. Se vem campanha midiática tentando minimizar o sucesso do pré-lançamento, aí é que me dá vontade de fazer mais.

Dá vontade de comprar dezenas de ingressos e sair distribuindo entre quem quer ir e não tem como, coisa que eu faria, se pudesse, e torço para que pessoas que possam sair fazendo isso, realmente o façam. E, assim, eu entendo bem quem tem condições e resolve comprar 22 mil ingressos, como o UOL diz que alguém fez em Recife (se é que essa informação é verdadeira, porque, enfim, é o UOL). Com toda essa campanha contra, a gente não desiste, não se intimida. Só se fortalece mais e fica com ainda mais vontade de ver esse filme ser o maior lançamento da história do cinema nacional.

Porque é isso que nós aprendemos com Moisés e com o Deus que enviou as dez pragas para libertar o Seu povo. É uma história de perseverança, de força, de generosidade, de permanecer firme contra a oposição, de manter a fé, de crer no que não vê, da criação de um povo com identidade sólida… É uma história que se conecta comigo, que sou da Universal, mas que também se conecta com o católico, o espírita, o budista, o ateísta, etc. porque não se conecta com rótulos, mas com seres humanos. Por isso eu realmente fico indignada ao ver todo o esforço por divulgar um conteúdo de extrema qualidade (não apenas técnica) sendo reduzido a uma conversinha de comadres nesses sites de fofoca notícia “a Universal está pagando”, “a Universal está obrigando”, como se fôssemos um grupo de zumbis descerebrados.

Vamos deixar, então, que, a partir de quinta-feira, os cinemas falem por si. E eu realmente espero, de todo o meu fígado (que é maior que o coração), que o filme fique muito, mas muito tempo em cartaz. E que bata todos os recordes a que tem direito. E que traga uma mensagem positiva, de fé e de força, para variar um pouquinho. Coisas que não vemos noticiadas, porque, enfim, não vendem jornal.

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Sobre 50 tons de cinza e os mil tons de ignorância

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O artigo polêmico foi publicado primeiro no blog do Bp. Renato Cardoso. De autoria da cantora e escritora americana Evelyn Higginbotham, o texto gerou comentários furiosos de pessoas que queriam porque queriam assistir ao filme 50 tons de cinza sem peso na consciência. Evelyn não ajudou muito. Ela faz uma análise dura do espírito do livro que deu origem ao longa e rasga o verbo dizendo que os responsáveis pelo sucesso do livro são os “demônios da depravação”. Ok, a palavra “depravação” está em desuso, vem à mente a figura de uma velhinha carola acusando: “seus depravados!” Mas, se deixar seu preconceito de lado, você vai concordar com ela. “Depravar” significa estragar, mas tem vários outros significados: prejudicar-se, perverter-se, corromper-se, provocar a decadência. Não há nada que combine mais com 50 tons de cinza.

O livro é ruim. Não é bem escrito, a história, em si, só convence quem já está predisposto a gostar ou que, pelo menos, vai com o coração aberto para se emocionar. Como eu não sou uma pessoa facilmente “emocionável”, achei ridículo – e estou sendo sincera. Sim, eu li o livro. Tinha que fazer uma resenha e, ao contrário de um artigo, em que a pessoa é livre para dar sua opinião tendo ou não lido o livro inteiro, para escrever uma resenha, eu tenho que ler até o fim. Só que a postura para se ler um livro sobre o qual você vai resenhar deve ser crítica. Eu sou uma leitora difícil e o livro tem que me conquistar, tem que me convencer de que vale a recomendação. 50 tons de cinza sequer se esforçou. Se fosse um homem, seria daqueles que só querem levar a mulher para a cama. Tem uma historinha pseudo-romântica, mas é só fachada para as cenas de sexo, não sejamos hipócritas. E as cenas de sexo, apesar de literariamente ridículas (por serem excessivamente descritivas), causaram impacto na maioria das leitoras.

Se tudo é tão ridículo e malfeito, por que raios o troço se tornou um best-seller? Honestamente, eu só posso concordar com a Evelyn, o melhor agente literário de porcaria é o diabo. E não pense, com isso, que estamos dizendo que as pessoas que praticam esse tipo de sexo torto são malignas ou malvadas porque “estão com demônio”, como se as pessoas fossem demônios. Na verdade, o mal não tem o menor interesse em quem já é mau. O interesse dele é prejudicar, perverter, corromper e provocar a decadência da vida de suas vítimas. O problema é quando essas vítimas não percebem que estão sendo envenenadas, lenta e gradualmente pelo conteúdo estragado que consomem na mídia, na literatura, no cinema, na música, no entretenimento, em geral.

O engraçado (ou triste, dependendo do ponto de vista) é que o artigo da Evelyn causou uma discussão absurda. Tudo bem você defender seu direito de comer lixo à margem do Tietê. Cada um com suas preferências gastronômicas. Mas não é justo querer calar alguém cuja opinião contraria a sua (a sua opinião que, diga-se de passagem, é igual à da maioria) se a intenção dessa pessoa é apenas a de alertar a quem está inocentemente se encaminhando para o monte de cocô, sendo enganado pela propaganda, achando que vai comer espaguete ao alho e óleo. Você pode achar que as pessoas devem fazer o que quiserem e descobrir, por conta própria, que não gostam de comer cocô. No entanto, eu gostaria de ter a chance de ser poupada do gosto de fezes na boca e consideraria meu amigo quem me alertasse. Por isso, é impossível que eu não alerte a outros.

Se você está confuso quanto a assistir ou não ao filme ou quanto a ler ou não o livro porque viu comentários dizendo que você deveria formar sua opinião só depois de comer o cocô, um alerta: essas pessoas não são suas amigas e não estão nem aí para você. Elas só dizem isso porque querem fazer o que têm vontade, sem peso na consciência. No entanto, não são honestas para admitir isso nem para elas mesmas. Não digo isso com raiva, mas com pena. Porque se o personagem canastrão Mr. Grey tem 50 tons de cinza em sua alma, a ignorância tem pelo menos uns mil tons.

Quem diz que 50 tons de cinza “é só ficção” ou que sabe separar ficção de realidade, não faz a menor ideia do que está falando. Há várias pesquisas sobre isso isso. Já se mostrou que há alterações significativas no cérebro de quem lê romances. E também que o nosso cérebro não diferencia ficção de realidade e, durante a leitura, ativa as mesmas áreas que ativaria se estivéssemos praticando aquela ação. A leitura da palavra “perfume”, por exemplo, ativa a área responsável por sensações olfativas. Ainda que você entenda “oh, é ficção” e tente separar depois, alguma marca vai ficar. Seu cérebro vai armazenar como experiência vivida. Provavelmente por isso, o que leu começa a ficar banalizado, o comportamento é visto de forma cada vez mais normal e assimilado com facilidade. Agora, imagine assistir a um filme…

Quem diz que não tem nada a ver, não entende nada de história e de literatura, também. Em toda a história da humanidade, a literatura foi usada como meio de influenciar o pensamento e até mesmo arma de manipulação ideológica. Por meio da literatura, comportamentos antes considerados negativos passaram a ser vistos como positivos. Por meio da literatura, mudanças sociais foram sugeridas e digeridas. Para o bem ou para o mal. Geralmente, para o mal, porque o movimento que nossa sociedade tem feito desde a primeira prensa até os dias atuais é na direção da degradação do que temos de melhor. Talvez estejamos no fim da civilização como a conhecemos, a julgar pela propagação da ignorância e estagnação dos cérebros.

Curiosamente, a revista Isto é trouxe matéria de capa falando das pessoas que tiveram “a vida sexual transformada”  pelo livro (pobres criaturas), descredibilizando a palavra de quem, na profunda ignorância, disse que ficção é algo inócuo, que não muda a vida de ninguém. Muda, sim. A boa ficção, muda para melhor. A ficção ruim geralmente só dá dor de barriga. Mas a ficção envenenada, mata aos poucos. Não é de uma hora para outra que seu casamento vai se estragar por causa de 50 tons de cinza ou similares que incentivem a degradação feminina. Não é de uma hora para outra que as mudanças acontecem. E esse é o maior erro das pessoas, em todas as esferas: ignorar o poder das coisas aparentemente insignificantes. O sábio rei Salomão escreveu que são as raposinhas que destroem a vinha. As raposinhas são aquelas pequenininhas, fofinhas e aparentemente inofensivas. É aquela história bonita que faz você chorar. É aquele filme romântico que deixa você suspirando. Fala de amor, pôxa vida, que mal tem? Que mal pode fazer?

Se as pessoas quiserem jogar seu tempo e seu dinheiro no lixo vendo algo que com certeza irá prejudicar sua vida, paciência. Já os mais inteligentes, que dão valor ao seu tempo, ao seu dinheiro e ao seu cérebro, certamente vão usar o tempo e o dinheiro economizados com algo mais útil. Esses, certamente são gratos à Evelyn pelo alerta.

 

 

PS: O mais engraçado são as pessoas que cobram que o Bp. Renato leia o livro antes de criticar, mas não percebem que o texto é da Evelyn…não conseguem sequer ler um post com atenção para perceber que não é dele, será que dá para confiar na percepção delas a respeito de um livro?

PS2: Para quem quiser ler a resenha que fiz sobre o livro, está aqui:  http://blogs.universal.org/cristianecardoso/pt/livros-que-nao-sao-o-que-parecem-cinquenta-tons-de-cinza/  

PS3: Depois disso, o artigo foi publicado também no blog da Cristiane e no do Bispo Macedo e alguns dos comentários no blog da Cris são muito semelhantes aos dos haters no blog do Bp. Renato.Alguns, prefiro nem ler para não sair do Espírito, sinceramente. Meu recado já está dado aqui, aos sinceros que, como eu, não gostam de coprofagia.