Categoria: Ponto de Vista

A quem você tem seguido?

 

Hoje, com as redes sociais, nos acostumamos a seguir pessoas. Acompanhamos suas vidas de tal forma que sentimos como se as conhecêssemos. Sabemos o que gostam, o que não gostam, os eventos de suas vidas e sua visão de mundo. Entendemos tudo sobre elas porque as ouvimos, lemos suas palavras e prestamos atenção a tudo o que dizem. O problema é que, por causa da atenção dedicada, essas palavras podem entrar em nós e modificar nossos gostos, interesses e interferir em nossa própria visão de mundo.

Poderíamos usar essa mesma dedicação, esse mesmo modo de buscar as pessoas, para buscar a Deus. Era o que Davi fazia. Nos momentos de maior dificuldade, dormindo no deserto enquanto fugia de Saul, ele acordava de madrugada para buscar a Deus e se alegrava na certeza de que estava sendo cuidado e protegido. Esta certeza só estava dentro dele por causa de sua dedicação em buscar, sacrificando seu descanso. Quanto mais buscava, mais matava a sede da sua alma naquele deserto. Quanto mais buscava, mais sua alma se enchia e se fartava, como em um banquete. Bem o contrário do que acontece quando tentamos encher nossa alma com as palavras de outras pessoas e com a profusão de conteúdo que este mundo produz. No meio de sua angústia, em uma dessas madrugadas, Davi escreveu: “A minha alma Te segue de perto; a Tua destra me sustenta”. (Salmos 63.8)

 Infelizmente, a maioria das pessoas não pensa no conteúdo que consome e que alimenta seus pensamentos. Nos enchemos de palavras dos outros todos os dias, o dia inteiro, mas elas não nos sustentam quando precisamos. Sabemos seguir as pessoas, mas quantos dedicam esse mesmo interesse, tempo e atenção para seguir a Deus? Para ler Sua Palavra, meditar no que Ele diz? Quantos se interessam em ler a respeito dEle nos livros da igreja, ou em ouvir sobre Ele nas reuniões, como se interessam em ler sobre seus influencers preferidos? Quantos querem saber como Ele pensa, quais são Seus interesses, Sua forma de ver o mundo e as pessoas? Quantos têm vontade de copiar Seu jeito, de fazer tudo para agradar a Ele?

A segurança de ser sustentado pela mão direita de Deus é consequência de O colocar nesse lugar de destaque de nossa vida e de nosso dia. Não significa que não possamos fazer outras coisas ou nos interessar por outras coisas também, mas a prioridade deve ser sempre dEle. O que não pode — porque não faz sentido — é passar o dia dando atenção às palavras de outras pessoas e não dedicar nem os primeiros minutos do seu dia para Deus. Querer buscar um amigo para desabafar sobre um problema, mas não pensar em se trancar no banheiro para desabafar com Deus. Querer ver as atualizações dos seus canais favoritos, mas não se interessar pela Palavra dEle durante o dia.

Se queremos ver Deus em nossa vida neste novo ano, precisamos colocar as coisas dEle — e Ele mesmo — em nosso dia e em nossa rotina de modo intencional. Não esperar vontade de fazer isso, mas fazer com o objetivo de agradar a Ele. É impossível fazer isso com sinceridade e não começar a ver a força dEle em nossa vida. Quanto mais buscamos, mais nos fortalecemos espiritualmente, mais nos aproximamos dEle e mais eficiente se torna a nossa fé, porque a dúvida nossa de cada dia é substituída pela convicção de que Ele está conosco (porque estamos com Ele) e de que estamos protegidos por Quem sempre nos ajudará.

Quem for inteligente, seguirá esse conselho e fará com que sua alma siga a Deus de perto, começando por dedicar os primeiros minutos de cada dia a Ele. Conversar com Ele, ler a Bíblia e pensar naquilo que leu — e que levará consigo pelo restante do dia. E, se a ideia é seguir a Ele de perto, é preciso ajustar sua conduta ao que Ele espera (está tudo explícito em Sua Palavra), para que seja possível andar tão perto dEle. Não importa quanto tempo você tenha de igreja, mantenha-se humilde e reavalie sua vida a cada leitura, a cada oração. Se fizer isto este ano, pode estar certo de que terá tantas respostas e experiências com Deus que, em pouco tempo, estará se perguntando por que não fez isso antes.

 

Originalmente publicado na Folha Universal. Ed. 1606

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Fábrica de crianças

Talvez você possa achar que não leu corretamente o título deste artigo. Sim, você leu corretamente. Na verdade, esse é mais um passo da nossa caminhada para o fim. E nem deveríamos nos espantar. Basta olhar as redes sociais para ver que as pessoas estão agressivas, focadas em suas próprias cobiças e sentimentos. Hoje o comportamento imoral é visto como certo e o certo é visto como algo bobo, sem a menor importância. Os noticiários estão cheios de casos de assassinatos, roubos e golpes de todos os tipos. Valores e princípios têm sido desprezados porque as prioridades se inverteram. Até mesmo os avanços tecnológicos têm servido a essa inversão de valores.

Em 1932, o escritor Aldous Huxley escreveu o livro “Admirável Mundo Novo”, imaginando o futuro a partir de uma visão crítica da sociedade que, já na sua época, estava deslumbrada com avanços tecnocientíficos. Huxley imaginou uma sociedade de classes, em que embriões (futuros seres humanos) seriam formados em laboratório e manipulados geneticamente para realizarem funções pré-definidas. Alguns, feitos para classes privilegiadas, e outros, preparados para os piores trabalhos. Depois, seriam implantados em cápsulas artificiais, de onde nasceriam, como em uma linha de produção de crianças. Agora, a realidade se aproxima da ficção de modo preocupante.

Recentemente, o biotecnólogo Hashem al-Ghaili apresentou ao mundo um vídeo do projeto EctoLife, uma rede de clínicas de gestação artificial (ectogênese). Os contratantes poderão alterar geneticamente os embriões, escolhendo as características físicas e intelectuais de seus futuros bebês, que serão implantados em cápsulas tecnológicas. A tecnologia ainda não foi totalmente desenvolvida nem aprovada, mas al-Ghaili garante que tudo o que apresenta já foi proposto como viável pela ciência, e que estaria disponível para ser implementado em até 15 anos.

A imagem é de uma verdadeira “fábrica de crianças”, com centenas de recipientes ovais e transparentes ligados a equipamentos que os mantêm funcionando, cada um com um feto mergulhado em líquido nutritivo artificial. O contato do bebê com a pessoa que pagou para gerá-lo é feito por meio de aplicativo, como se alguma tecnologia pudesse substituir a interação entre mãe e bebê. As mudanças extraordinárias no corpo da mulher durante a gravidez a preparam para a maternidade. Pesquisas apontam que o cérebro da mãe sofre mudanças significativas durante a gestação, para que ela consiga focar no bebê e estabelecer com ele um vínculo que ninguém é capaz de explicar — e que é essencial para o desenvolvimento emocional da criança. Nisto se vê a ação do Criador.

Como garantir a integridade psicológica de pessoas gestadas sem mães? O ser humano é uma máquina que pode ser substituída por outra? O aumento da inteligência e de talentos do embrião por engenharia genética, para quem pode pagar, não pioraria absurdamente o abismo social entre os seres humanos? E quem pode garantir que a tecnologia não seria usada para fins nada nobres, como formação de exércitos, tráfico de pessoas ou tráfico de órgãos? Enquanto alguns levantam esses e outros questionamentos, outros comemoram a ideia como “avanço da ciência”.

Quando deixa de lado os princípios éticos aprendidos para fazer o que acha e o que tão somente pensa, o ser humano perde o que tem de melhor, porque exclui dessa equação o próprio Deus. Por isso o que vem acontecendo nesse mundo tem chocado a muitos, ou seja, esses supostos “avanços” atropelam até o velho bom senso. Porém, a tendência é piorar. Isso quem diz não é Aldous Huxley, mas a Bíblia. Ela prevê que nos últimos dias as pessoas seriam desafeiçoadas, amigas dos prazeres e inimigas de Deus, exatamente como se vê hoje. A boa notícia é que, quanto mais o mundo caminha para o cumprimento das profecias, mais perto está o dia do fim.

Quem quer fazer o certo, está se tornando exceção, e deve aprender a gostar de ser diferente, focando na eternidade. Não se permitir abater com a degradação moral deste mundo, mas manter firmes os seus valores e a convicção de que o certo continua sendo certo, mesmo quando a maioria escolhe o errado. E que vale a pena andar no caminho reto e influenciar os sinceros que estão ao seu redor, ainda que sejam poucos. A verdadeira resistência nesses tempos sombrios. Vale a pena focar em ser a fonte de luz que aponta o caminho para quem quer sair das trevas.