Categoria: Livros

Sobre Romances

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Por causa do trabalho, que me exige outras leituras, não tenho lido romances recentemente. E quando leio, não gosto o suficiente para fazer uma resenha positiva, nem odeio o suficiente para entrar no “livros que não são o que parecem”. São aqueles livros que vivem no limbo. Nem são ruins, nem são exatamente bons.

Mas como encontrar um romance legal? Bem, como nem sempre tenho tempo de fazer mil comparações de resenhas (e…bem, vocês sabem que os critérios do pessoal que faz resenha lá fora são diferentes dos nossos, então eu tenho que ficar analisando as resenhas…), geralmente entro em uma livraria, leio a contracapa, as orelhas do livro, a introdução e as primeiras vinte páginas. Se me interessar, talvez eu leia alguma página do meio. Se parecer legal, dou uma espiada no final para ver se alguém morre…hahaha… (digamos que Nicholas Sparks me deixou traumatizada e não quero repetir a experiência). Se bem que não vou deixar de ler um livro bom só porque o autor resolveu fazer uma chacina no final, tenho que pesar as outras impressões.

Basicamente, gosto de livros como – e eu uso sempre esse exemplo ao falar de romance porque, para mim, é O exemplo – “Amor de Redenção”. Quando terminei de ler a última página deste livro, eu não estava chorando. Eu estava pensando em tudo o que tinha lido. Fiquei pensando nele vários dias e tentando analisar a história, pensando nos personagens… É realmente uma marca profunda a se deixar em um leitor. É isso o que eu procuro em um bom livro. Claro – e alguém vai falar – ah, mas existem livros que são só entretenimento. Claro que sim. Mas porque é entretenimento tem de ser meramente emocional? Eu optaria por um livro de suspense, de ficção científica ou policial. Prefiro exercitar meu cérebro – e não meu coração – ao ler um livro. Para exercitar meu coração, eu ando na esteira.  Mas cada um sabe o que faz com seu tempo.

Posso elencar três exemplos do que devemos evitar (se encontrar isso em um livro, fuja para as montanhas):

1 – Caso você procure resenhas de um determinado livro e constate que 98% dos leitores dizem algo como “chorei convulsivamente” ou “derramei lágrimas do início ao fim, esse não é um livro que mereça o seu tempo. Você vai alimentar a sua emoção e possivelmente vai chorar também. Não que um bom texto não possa emocionar, mas se isso for tudo o que as pessoas tiverem para dizer do livro, a probabilidade de que seja bom é muito pequena.

2 – A moça é casada e se apaixona instantaneamente por outro homem, e o autor jura que o amor é verdadeiro (oi, Nicholas Sparks). Mentira. Eu não perco meu tempo com histórias de amores que surgem do nada. Amor não brota da noite para o dia feito feijão mágico. Quer condicionar seu cérebro a uma forma errada de ver as coisas?

3 – O livro é todo sobre pornografia, satanismo, bruxaria ou anjos. Ok, não vamos fazer uma inquisição e achar que todo livro que tem uma ou outra eventual cena de sexo ou  algum pano de fundo de seres mitológicos (como vampiros, zumbis, faunos e outras criaturas mitológicas) são do mal. O problema é com livros que falam excessivamente sobre sexo (ou sobre relacionamentos baseados em sexo, tipo 50 tons de cinza) ou que usam a história como desculpa para falar de forma distorcida sobre coisas que existem (como satanismo, bruxaria, anjos, demônios e Deus). Tudo o que distorce coisas que são importantes para você não deveria ocupar o seu tempo.

 

Por falar nesse último item, dia desses li um estudo que mostrava que ao ler ficção, o cérebro responde como se estivesse vivenciando aquela história. Sério, o cérebro entende que você está vivendo aquelas coisas. Como isso pode não moldar o comportamento das pessoas? Isso me lembra algo que li sobre como a literatura e o cinema distorceram a forma do ocidente entender o amor…a ficção é muito mais poderosa do que se imagina para moldar a forma da sociedade enxergar o mundo.

(A propósito, eis a resposta a quem lê minha resenha do filme Noé e, indignado porque queria assistir ao filme sem peso na consciência, diz que “é só um filme”. Profunda ignorância a respeito da influência do entretenimento ao moldar o comportamento e a forma de entender a sociedade e – no caso – Deus e a história bíblica.)

E eu gostaria de pedir a vocês algumas sugestões de romances que vocês tenham visto por aí e queiram que eu leia para resenhar (ai, que medo de pedir isso…hahaha). Lembrando que considero romance qualquer narrativa de ficção com mais de 100 páginas, não precisa necessariamente falar de amor (o nome “romance” não tem a ver com amor, mas com o período histórico em que esse gênero literário se popularizou, o “Romantismo”).

Podemos entender melhor nossa sociedade por meio da literatura de ficção que ela produz. Como pensamos, o que fazemos, o que esperam que façamos. Então talvez eu comece a resenhar mesmo os livros que estão no limbo, para fazer essa análise de como nossa sociedade pensa. Vou ser execrada por alguns…rs. Mas fica a critério de vocês, pode ser uma boa forma de entender como ler o mundo.

 

*A imagem é meramente ilustrativa, tá?

Vanessa Lampert

Quer ler todas as resenhas? Clique aqui.

 

PS: Mesmo os livros que eu já li, gosto de reler antes de resenhar. É que eu leio diferente quando leio para resenhar…rs.  Só que desde o ano passado eu entrei em um período em que preciso ler coisas mais técnicas e que se relacionem com o trabalho. Mais ou menos o que a Patricia falou sobre José esta semana.

PS2: Antes que alguém pergunte, tenho conversado com duas amigas (que vocês conhecem) a respeito da gente começar a produzir romances saudáveis, com a nossa forma de enxergar as coisas. Amor em Ruínas, da Cristiane, vai sair já com essa visão, e mais projetos virão no futuro. :-D

*Post originalmente publicado no blog da Cristiane Cardoso. Clique aqui para ler a postagem original.

Será que isso realmente é inútil?

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Vivemos uma época perigosa. Na internet, se disseminam mentiras e mais mentiras sobre fatos históricos, principalmente os relativamente recentes. A maioria dos jornalistas está preguiçosa e superficial. Como resultado, perdemos nossas referências. Quando isso acontece, podemos tanto repetir os erros cometidos no passado quanto ignorar seus acertos e criar nossos próprios erros por burrice.

É isso o que vemos, dia após dia. Por isso é extremamente importante saber como as coisas eram feitas antigamente e apoio qualquer iniciativa em relação a essa retomada histórica, não apenas referente a como as coisas eram feitas, mas também em como era o comportamento e o pensamento das pessoas antigamente. Seria muita burrice da minha parte não querer saber como viveram os que vieram antes de mim. Sempre aprendi melhor com os erros dos outros, por isso cometi menos bobagens do que minha falta de noção me teria permitido. Não ia a boates ficar com rapazes, pois vi o quanto isso foi inútil na vida da minha irmã. Não cedi ao vício do cigarro porque vi o quanto isso enfeiou meu pai (depois ele acabou morrendo de infarto devido aos vasos endurecidos pelo cigarro).

Apoio iniciativas como “Sobre a arte de viver”, de Roman Krznaric (que ainda não terminei de ler) e o pequeno e menos analítico “Como fazíamos sem”, de Bárbara Soalheiro. Deste último, eu discordo veementemente do prefácio do Pedro Bandeira, com o título “Ah, essa deliciosa cultura inútil!”, em que ele afirma que a única utilidade do livro é nos abastecer de curiosidades para preencher os momentos de falta de assunto.

Sinceramente, fosse eu a receber um prefácio desses, responderia: “desculpe, foi engano.” Não interessa se é o Pedro Bandeira. Se a minha decisão de compra dependesse daquele prefácio, eu certamente não teria comprado. Por que perderia meu tempo com coisas inúteis?

E desde quando conhecimento é inútil? Ok, eu sei que a autora não colabora muito, ao simplesmente apresentar a história como mera curiosidade ao leitor e não iniciar nenhuma reflexão em cima do que apresenta (como é a proposta de Krznaric em “Sobre a arte de viver”), mas eu, como leitora ativa, acabo naturalmente meditando em tudo o que leio. Logo, há uma utilidade mesmo naquilo que, à primeira vista, parece inútil. Se tenho um compilado de informações inúteis, não vou imprimir isso em 144 páginas, por amor aos eucaliptos!