Categoria: Lixofobia

Você realmente quer que alguém te pegue?

O que mais me assusta no fato de a famigerada música de Michel Teló ter se transformado em fenômeno mundial é imaginar que as mulheres – pelo menos as brasileiras – aceitaram sem problemas a letra.

Para mim, a música não pode se dissociar da letra que a acompanha. A letra é o motivo pelo qual a música existe, então eu a levo em consideração muito mais do que o instrumental.

A letra é uma cantada grosseira que eu odiaria receber, em qualquer época da minha vida. Imagine um desconhecido se aproximando e dizendo: “Delícia! Assim você me mata. Ai, se eu te pego!”  Antes, ele diz que tomou coragem para dizer isso. Tem que tomar muita coragem mesmo, meu amigo, porque se a moça se valorizar um pouquinho que seja, todas as suas chances com ela vão para o ralo por dez palavras.

Não entra na minha cabeça que uma mulher com um cérebro entre as orelhas possa gostar de ser transformada em um pedaço de carne, mas pensando bem, não é uma questão de inteligência, mas de saber se valorizar, coisa que parece que as meninas de hoje não estão acostumadas a fazer, pois se contentam com essas migalhas.

As mulheres continuam querendo um homem legal, super companheiro, amigo, com quem possam ter um relacionamento feliz para a vida inteira. Eu du-vi-do que haja alguém que não queira isso. Existe quem não acredite mais que isso exista, mas não quem não queira um relacionamento feliz e duradouro, é natural do ser humano.

Continuam querendo isso, mas não entendem que quando não se valorizam, atraem outro tipo de homem: justamente aquele tipo que ela não quer. Você não quer alguém que ao primeiro contato visual, ameaça “te pegar”, nem que te chame de “delícia” por causa do seu corpo e te use como um objeto. Você quer ser amada, respeitada, quer receber atenção por aquilo que você é de verdade, quer que o homem ao seu lado te ache linda mesmo quando você acorda, sem maquiagem, descabelada, com os olhos inchados e a cara amassada (momento autobiográfico…hahaha…).

No fundo, todo mundo quer um amor, estabilidade, paz, tranquilidade.  Se não quer, é porque não consegue imaginar o que seja isso de verdade. Se soubesse, iria querer com todas as suas forças. E caso alguém ameaçasse: “Ai, se eu te pego”, correria para a delegacia fazer um belo Boletim de Ocorrência.

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Sítio arqueológico particular

Não bastasse o meu quarto, o quarto ao lado, o estúdio, a cozinha, o guarda-roupa, a área de serviço e a minha bolsa, descobri que tenho de tirar um tempo para organizar o meu laptop. Estava procurando uma determinada foto, me achando o cúmulo da organização, por ter separado as fotos em pastas datadas, quando me deparo com várias fotos repetidas. Muitas fotos inúteis, daquelas que a gente tira da própria cara quando mora sozinha. Eu tenho bilhões daquelas auto-fotos espalhadas por minhas pastas.

Como sofro de um grave problema psiquiátrico chamado de “lixofobia”, tenho verdadeiro horror a jogar qualquer coisa catalogável fora. Tenho de separar um tempo para me certificar de que aquela foto é realmente desnecessária, compará-la com suas irmãs gêmeas e decidir qual delas merece continuar neste mundo, representando as outras, e quais deverão ser transportadas para o buraco negro pós-lixeira, de onde é impossível retornar. No entanto, encontrei várias coisas interessantes, algumas que eu nem me lembrava de ter salvo, outras que tenho a mais absoluta certeza de jamais ter visto antes, devem ter surgido por geração espontânea.

Após seguir um caminho bem curtinho  (desktop>pessoais>vanessa>my pictures>outros>catum), encontrei a seguinte tirinha honesta do Dahmer, através da qual enfim tive a confirmação de que estava entre “os mais espertos” da turma:

dahmer

Eis a parte boa de anos e anos de desorganização: um banco de dados gigantesco, interessante e totalmente involuntário ao alcance de seu mouse. Diversão offline garantida. Se eu tiver de checar um por um dos meus arquivos, devo demorar meses nessa faxina.