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Resenha – Felidae

Resenha originalmente publicada na seção “Livros” do blog de Cristiane Cardoso

Felidae (pronuncia-se “Felíde”), do escritor Akif Pirinçci, publicado em 1989, foi premiado, vendeu milhões de cópias, virou best-seller na Alemanha (de onde veio), traduzido em mais de doze países e é pouquíssimo divulgado no Brasil. É uma história policial narrada em primeira pessoa por um…gato! Sim, um gatinho de quatro patas. Na verdade, todos os personagens principais são gatos, humanos entram como meros coadjuvantes.

Mas não é uma historia fofinha. Francis, o narrador, se muda com seu dono patético para uma casa caindo aos pedaços. Ele detesta a mudança, mas não tem muita escolha. Logo na primeira saída, já tem uma péssima experiência: encontra um gato morto. Pouco tempo depois, descobre mais um assassinato, com as mesmas características do primeiro. Com a curiosidade natural dos gatos, Francis parte em uma aventura perigosa para descobrir quem está por trás dos crimes.

Enquanto na vida real os gatos costumam ser mortos por seres humanos perturbados (ou por cachorros fora de controle), nessa ficção Francis desconfia que quem está por trás dos assassinatos seja outro gato! Um misterioso laboratório desativado guarda os segredos que podem levar ao autor do crime e revela uma terrível história que deixou marcas em todo o bairro. Francis descobre uma trama muito mais complicada do que jamais poderia imaginar quando se mudou para aquela casa decadente no interior da Alemanha. Em determinado ponto da história, você nem se lembra que os personagens são gatos, de tanto que se envolve com eles. Fica mais interessado no mistério que se desenrola (ou se enrola) pouco a pouco diante de seus olhos. Quem está fazendo aquilo? E por quê?

É uma história inteligente, bem escrita, com bons personagens, mas que exige um pouco mais de atenção, pois tudo – absolutamente tudo – o que Francis descobre é importante. Fique ligado em todos os detalhes. O livro tem vários assuntos entrelaçados e você poderia tranquilamente fazer um paralelo com a humanidade. A história mostra que quando você deixa seus piores sentimentos tomarem conta, se torna aquilo que tanto desprezou.  Um livro denso, mas que também te diverte, é contado de maneira inteligente e apesar de falar a respeito de mortes de gatinhos, eu gostei bastante.

Lembro sempre que opinião é algo bem pessoal e só lendo o livro para tirar suas próprias conclusões, mas se você procura um romance policial bem escrito, cheio de mistério e reviravoltas, pode apostar em Felidae.

PS: O livro é ficção, então eu consigo ler sem ter chiliques. Mas não posso evitar o pensamento de que todos os gatos de Felidae são criados da pior maneira possível por seus donos. Então deixo aqui o link para um texto que escrevi e que fala sobre como cuidar bem de seu gatinho e garantir que ele tenha a chance de ter uma vida longa, saudável e feliz:  Clique aqui para ler.

PS2: A editora é a Nova Fronteira, que agora faz parte da Ediouro. Felidae continua em catálogo (bracinhos para cima em comemoração! Êêêê!!!)

Resenha – O Pacto

Resenha originalmente publicada na seção “Livros” do blog de Cristiane Cardoso

Frank Peretti é mais conhecido pelo livro “Este mundo tenebroso”, no qual descreve uma guerra entre anjos e demônios (farei a resenha deste em breve). Mas em minha opinião, “O Pacto” é seu melhor trabalho.

Não é nada fácil escrever uma resenha sobre um livro de suspense, pois se você contar alguma coisa, perde toda a graça, mas se não contar nada, ninguém terá vontade de ler. Farei o melhor possível, mas – acredite em mim – nada do que eu disser se compara com a sensação de desvendar os mistérios deste livro. É envolvente, intrigante, você se coloca na pele do personagem principal e praticamente consegue ver as cenas. Milhões de vezes melhor do que Crepúsculo e outras coisas que fazem sucesso hoje em dia. O único problema deste livro é a distribuição pífia. A editora que o trouxe para o Brasil é a Bom Pastor, que já tinha a dificuldade natural de distribuição de uma empresa cristã, mas o estranho é que agora o livro não consta mais nem no site da editora.

A versão original (“The Oath”) foi publicada pela Thomas Nelson, uma editora grande e bem conceituada que tem seu braço brasileiro, a Thomas Nelson Brasil, que desde 2006 faz parte da Ediouro. O problema é que “O Pacto” já estava com a Bom Pastor nessa época e, embora ainda esteja no catálogo da Thomas Nelson lá fora, aqui ele não consta.  Você ainda o encontra em lojas de livros usados, eu vi alguns no site “Estante Virtual”, que reúne várias dessas lojas, de todo o Brasil. Vale a pena procurar, pois o livro é muito bom.

Cliff Benson é assassinado de maneira brutal enquanto acampava nas montanhas. A polícia  encontra seu corpo mutilado e sua esposa Evelyn ensanguentada e delirando, com lembranças confusas a respeito do ocorrido. O delegado encerra o caso atribuindo o ataque a um urso, mas Steve, o irmão de Cliff, não se convence daquela explicação. Com a ajuda da subdelegada Tracy Ellis, ele parte em uma investigação própria a respeito do crime e descobre vários outros casos semelhantes. A cidade onde ocorreu a tragédia é Hyde River, um lugar pequeno e aparentemente pacífico, mas há algo perturbador ali. Você passa parte do livro sem saber quem é o responsável por todas aquelas atrocidades e descobre junto com Steve que os segredos que os moradores da cidade escondem podem trazer a resposta para esse grande mistério. O legal é justamente você ir descobrindo as coisas aos poucos, junto com os personagens principais. O autor tem uma grande imaginação e te surpreende diversas vezes.

É um suspense fenomenal, que te envolve e te deixa pensando a respeito da história e seus significados. Os personagens são bem construídos e por mais absurdo que o enredo pareça, é verossímil, o autor consegue te convencer de que aquilo é real. Isso é um ponto necessário para que o livro te conquiste. Mas – é claro – você tem de estar aberto para ler ficção. É o que chamo de “fazer concessões”. Você releva algumas partes que normalmente acharia absurdas, se propõe a aceitar aquele universo criado como possível e – aí sim – estará apto a entender a história e tudo o que o autor queria te passar.  No caso de “O Pacto” isso não é muito difícil de se fazer, pois a história te envolve logo no começo. Recomendadíssimo.

PS: Da primeira vez, li sozinha. Da segunda, li em voz alta para o meu marido, antes de dormir. Todos os dias líamos um pedaço. Não sei se foi uma boa ideia, porque às vezes eu sonhava com o livro…hahaha…mas era o tempo que tínhamos. Fica a dica para quem quiser algo diferente para fazer a dois. Foi muito divertido.

PS2: Pretendo colocar várias resenhas durante a semana, de todos os tipos de livros (como expliquei no post anterior), então fiquem atentos!