Tag: Literatura

Leitura democrática

Triste ver a pouca importância dada para o estímulo ao hábito da leitura …e não falo de governo, falo das pessoas, em geral, e jornalistas, em particular. Entre o grupo que parece desestimular o interesse em leitura, existem aqueles que não dão importância alguma e outros, que preferem que o hábito de leitura seja restrito a um pequeno grupo, então fazem análises críticas que levam o leitor comum a achar que ler é chato e coisa para intelectuais. A leitura não pode ser comparada com nenhum outro hobby, pois ela funciona quase como um medicamento para o cérebro! Como já escrevi neste texto, ler é o melhor exercício cerebral que existe.

Tenho recebido emails de pessoas que sabem da importância de ler, mas que acreditam na mentira que muitos repetem para si mesmos: “não gosto de ler”. Como também já escrevi no post anterior, não é “não gostar”, é não ter o hábito. A televisão é um entretenimento muito mais fácil da nossa mente digerir, porque não exige nenhum esforço intelectual, então muitas vezes nos acomodamos a esse tipo de passatempo e achamos chato qualquer coisa diferente disso.

Infelizmente o espaço destinado à literatura na em revistas e jornais é muito mal aproveitado. Falar de literatura para pessoas “normais” é mal visto, e a “elite intelectual” quer mantê-la longe do acesso dos “menos favorecidos”. Literatura estimula a inteligência e se outras pessoas pensarem tanto quanto eles pensam, talvez descubram que ser “intelectual” não é tão elitizante assim, não te faz um ser superior.

Sou a favor da democratização da leitura e de ajudar as pessoas a manejar essa ferramenta com sabedoria. Isso não é papel do governo, exclusivamente, é papel de todos nós. Por falta de um espaço democrático na mídia convencional, os blogs de leitores crescem com suas resenhas pessoais, e a internet, mais uma vez, preenche uma lacuna deixada pela mídia, cada vez mais obsoleta.

Ler é um hábito saudável, como outro qualquer. É escovar os dentes pela manhã, é tomar um copo d’água, é fazer uma caminhada, é lavar o rosto antes de dormir. Ler é tomar suas vitaminas, é fazer a barba, é passar batom. Não é um bicho de sete cabeças, nem algo reservado a poucos escolhidos. É algo que pode abrir seus horizontes, ou fechar suas janelas. Ler é uma caixinha de surpresas, uma ferramenta extraordinária, mas que precisa ser bem manejada. Ao invés de mantê-la fora do alcance de qualquer cidadão, deveríamos apresentá-la da melhor maneira possível, da maneira mais natural e desprovida de frescura.


Como vencer a preguiça de ler

 

Texto originalmente postado na seção Livros, no site de Cristiane Cardoso. (postagem original)

Ao responder à pergunta que minha nova amiga Sandra, de Moçambique, me enviou pelo Twitter, imaginei que poderia ser a dúvida de muitas leitoras e achei que valia um post nesta coluna. Eis a pergunta:

“Olá minha querida. Eu detesto ler, tenho preguiça mas SEI que preciso mudar isso. Me diga, que faço para contrariar isto?”

Minha resposta: A mesma coisa que a gente faz quando sabe que precisa fazer algo, mas não tem vontade: sacrifício. Coloque um livro na bolsa e se determine a ler todo dia um pouco. No começo vai ser difícil, pois é uma luta contra sua vontade.  Só tire da cabeça que você não gosta. Não é não gostar, é não ter o hábito. Quando desenvolver o hábito, vai amar :-)

Pelo que ela me explicou, sabe que precisa ler alguns livros que farão a diferença na vida dela (você também sabe, não é?), mas a preguiça e a falta de hábito a fizeram acreditar que não gosta de ler. Quando você acredita que não gosta de ler, qualquer leitura se torna uma tortura.

O hábito de leitura é como um músculo que precisa ser desenvolvido. Se você não usar seus braços ou suas pernas por meses e depois disso tentar fazer um movimento com os músculos atrofiados, vai sentir dor, incômodo, exaustão…será chato pra caramba. Aí você vira para mim e diz: “Eu não gosto de me mexer!” Não é verdade. É incômodo pela falta de exercício, mas se você se sacrificar e ignorar o incômodo com o foco no objetivo maior, terá uma super recompensa ao final do esforço.

Tem outra coisa: livro é amigo. A-mi-go. Você tem se sentir à vontade com seu amigo. Coloque dentro da bolsa, não se preocupe em não amassar…claro, você não vai detonar o livro e pisar em cima, mas se tiver de se preocupar em não dobrar aqui, não amassar ali, é complicado se sentir à vontade. Posso estar errada, sei lá, mas essa é a minha teoria.

A principal dica é mesmo o sacrifício. Não importa se você está lendo um livro, um artigo de jornal ou um post em um blog: quando cansar de ler, pare um pouco, mas não abandone a leitura. Não pense em como se sente ao ler, mas no quanto você vai saber mais depois de terminar de ler. Tome um café, brinque com o cachorro, com o gato ou vá ao banheiro, depois volte e continue a leitura, tentando entender o que está escrito. Qualquer texto é o autor conversando contigo, então é falta de educação abandonar a leitura e não voltar para concluir, é como se deixasse alguém falando sozinho ou desligasse na cara da pessoa.  Se for um blog, só comente depois de ter lido todo o post, pois às vezes a resposta à sua pergunta está no que você não teve paciência de ler.

Impaciência e ansiedade são emoções, e emoções devem receber pouquíssimo alimento. Ceder a elas é alimentá-las até que fiquem fortes e tentem te estrangular. Emoções são como Gremlins, lembra daquele filme trash horroroso? Gizmo era um bichinho fofinho, mas se alimentado após a meia-noite ou molhado, gerava monstrinhos verdes destrutivos. Emoções são Gizmos necessários. Precisamos delas, mas bem domesticadinhas e pouco alimentadas. Já nosso espírito (que é nossa inteligência) precisa ser alimentado para ficar forte o suficiente para controlar os Gizmos. O melhor alimento para fortalecer o espírito chama-se sacrifício.

Deixar de fazer aquilo que você tem vontade para fazer aquilo que você não tem vontade, mas sabe que precisa, é a única maneira de desenvolver sua mente, crescer e se tornar uma pessoa melhor. Deus pede isso da gente o tempo todo, até porque a vida exige isso para não se tornar um fardo.  Fazer só o que você gosta e tem vontade é receita para a frustração, já que os Gremlins nunca se fartam, sempre querem mais e mais e mais…nada é suficiente para satisfazer a vontade humana. Então a partir de hoje em sua vida, seja na leitura ou em qualquer outra coisa que esteja difícil por não ter se tornado um hábito, decida sacrificar sua vontade e fazer o esforço. A recompensa vale o sacrifício! Você vai ver o quanto vai ganhar não apenas por ler, mas por se dispor a sacrificar.

 

 

PS: Eu não sou um “super ser” por ler bastante e gostar de escrever. Eu só me dediquei a essas duas coisas até que se tornassem parte da minha vida.

PS2: A gatinha da foto é a Ricota, ela tem 7 anos e está pensando se vale a pena ler esses dois livros… :)

Vanessa Lampert

Meu Blog:

https://www.vanessalampert.com

Você também me encontra no Twitter

E no Facebook