Tratar Deus como uma pessoa visível mudou meu relacionamento com Ele. Na verdade, me fez ter, de fato, um relacionamento com Ele. Percebi o quanto a gente diz que crê em Deus, mas não coloca nEle a confiança que coloca em um ser humano. Por exemplo, se você conhece alguém que pode resolver determinado problema e você entrega aquele problema nas mãos dessa pessoa, garanto que descansa totalmente. “Estou tranquilo, já passei o problema para o fulano e ele conhece o cara que decide isso.” Mas quando “entrega” um problema para Deus, fica lá, se consumindo em medo e dúvida e se perguntando: “mas e se não der certo?”. 

A propósito, a gente tem de parar de mimimi e de draminhas quando descobre que está fazendo algo errado. Sim, você descobriu que não está confiando em Deus. Em vez de pensar: “oh, que pessoa horrível eu sou, não estou confiando em Deus, como Ele vai me perdoar?”, pense: “Ok, não estou confiando em Deus. Como eu reagiria se confiasse? Eu descansaria, como quem entrega algo a uma pessoa que pode resolver. Ok, vou fazer isso”. Pronto. Fé é o que você faz, não o que você sente. Se você sente dúvida, comece a agir como quem crê. 

Eu fiz isso esses dias. Recebi uma má notícia e me vieram pensamentos de medo e dúvida. Imediatamente, fui orar. Entreguei para Deus, e lá vem o medo. Entreguei para Deus, e lá vem a dúvida. Entreguei para Deus e lá vem o “mas, e se…?”. Passei bastante tempo assim, brigando com esses pensamentos (e brigar com os pensamentos não é ficar respondendo a eles, tá? Você não fica argumentando com o Gremlin, você manda ele calar a boca e ir embora em nome de Jesus, e se recusa até a repetir a frase que ele lançou na sua cabeça. Eu tenho um triturador de lixo em um cantinho da minha cabeça e jogo nele qualquer frase do Gremlin — antigamente era só um cestinho de lixo, mas de vez em quando eu revirava antigas falas amassadas —. Ele tem um cadeado também, e o fundo é ligado a um tobogã que desemboca no abismo. É para lá que vão todos os pensamentos gremlinianos, não permito mais que cheguem perto do meu centro de comando). 

Até que Deus me fez lembrar Quem Ele é. Me puxou em um cantinho e disse: “Vanessa, lembra com Quem você está falando”. Tem uma parte no livro de Jó (um livro bem mal interpretado, sobre o qual pretendo falar um dia), no capítulo 41, em que Deus descreve um animal que não existe mais, que Ele chama de Leviatã. O bicho se assemelha a um cruzamento de dinossauro com dragão marinho. Imagino que seja o dinossauro que inspirou a lenda do dragão em tantas culturas diferentes. Era um bicho praticamente indestrutível. 

O Leviatã tem a descrição de um réptil que expele fogo pela boca, cujas escamas eram tão fortes e tão próximas umas às outras que não eram penetradas nem por espadas. Era aparentemente impossível matá-lo (e conhecendo o ser humano perturbado, imagino que isso deva ter sido incentivo suficiente para que homens ávidos por provarem sua masculinidade empreendessem uma caçada a esse animal, por isso foi extinto. Esse, aliás, é um registro comum a diversas culturas: a lenda de dragões que eram mortos por “homens valentes”).

Em todo esse trecho do livro de Jó, você vê Deus descrevendo os detalhes dos animais e dá para perceber que Ele admira a Sua criação. O Leviatã tem Sua admiração especial, porque Ele Se compara a esta fera. É um animal aparentemente pacífico, mas terrível. Não parece sair para agredir ninguém, mas se provocado, é muito perigoso.

“Põe a tua mão sobre ele, lembra-te da peleja, e nunca mais tal intentarás.” (Jó 41.8)

Antigamente eu achava que Ele estava puxando a orelha de Jó nessa parte, tipo “olha como Eu sou grande e poderoso, como ousa reclamar da sua desgraça?”. Mas não é isso que Ele está falando. Deus sabia que quem estava por trás do problema de Jó era o diabo. Parte do discurso de Deus também é dirigido ao diabo, que estava causando toda aquela desgraça na vida de Jó.

E o puxão de orelha que deu em Jó, na verdade, foi algo como: “você acha que é inteligente discutir Comigo? Acha que a força do seu braço vai resolver alguma coisa? Você não sabe Quem Eu sou? Se você sabe Quem Eu sou, então confie em Mim. Nenhum mal pode Me vencer. Não existe ninguém maior do que Eu”. 

 “Põe a tua mão sobre ele, lembra-te da peleja, e nunca mais tal intentarás.” (Jó 41.8) 

“Ninguém há tão atrevido, que a despertá-lo se atreva; quem, pois, é aquele que ousa erguer-se diante de Mim?” (Jó 41.10)

Trechos como esses me mostram que nenhum mal pode se erguer diante de Deus. Se o diabo tentar brigar com Ele, vai se dar muito mal. Isso me dá vontade de me esconder imediatamente nEle. Como Jó, no final, fez. Colocou nEle sua confiança, quando viu com Quem estava falando:

“Bem sei eu que tudo podes, e que nenhum dos Teus propósitos pode ser impedido.” (Jó 42.2)

Não é um “o Senhor pode me torturar, eu devia ter me conformado com o sofrimento”, é um “eu fui um idiota em temer e reclamar, eu devia ter confiado no Senhor, porque o Senhor pode tudo e ninguém é capaz de impedir o Seu livramento e o Seu agir”.

Não existe demônio, não existe doença, não existe ameaça, não existe problema capaz de impedir Deus de fazer o milagre que Ele quer fazer na nossa vida. Desde que a gente CREIA. A única exigência é essa: entender com Quem estamos falando e CONFIAR que Ele fará o que prometeu. Ele dará VIDA, Ele dará Seu Espírito, Ele dará saúde, Ele dará vida abundante. Não precisa ter uma fé muito grande, só precisa ter uma fé pura, que chuta as dúvidas e o medo, alicerçada em saber em QUEM tem crido. 

 

 

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 PS. O físico Adauto Lourenço, cristão, também acha que o Leviatã era um dinossauro. Aliás, meio off topic: tem alguns vídeos muito interessantes dele sobre os dinossauros, em que ele dá a visão criacionista, mostrando que eles não morreram pela queda de um asteroide, com evidências de que conviveram com os homens e de que os fósseis que encontramos foram formados pelo dilúvio (os dinossauros teriam se extinguido aos poucos, por não se adaptarem às mudanças das condições climáticas na Terra após o dilúvio). Este vídeo é antiguinho, mas vale muito a pena ver: Os dinossauros e o homem (clique aqui para abrir). Tem essa palestra em versões mais recentes, mas gosto desse vídeo porque é mais objetivo. Essa outra, um pouquinho mais recente, fala sobre os fósseis (clique aqui para assistir).

*É bom reforçar, porém, que indico o trabalho do Prof. Adauto pela questão da defesa científica do criacionismo e do dilúvio. Não endosso todas as opiniões dele em questões espirituais e/ou teológicas, porque a visão não é a mesma. Mas entendo que o trabalho dele de análise científica, na questão informativa, merece ser citado, mesmo que a visão espiritual seja diferente da minha em diversas questões.

PS2. É impressionante que, numa época em que uma civilização mal tinha conhecimento das outras (algumas sequer sabiam que não estavam sozinhas na Terra), a mesma “lenda” e a mesma representação gráfica de um animal supostamente mitológico existissem em tantos lugares diferentes. Alguns dragões mitológicos chegavam a voar. O Leviatã bíblico se arrasta sobre o ventre até a água, como um crocodilo.