Categoria: Crescimento pessoal

Amigo de Deus

Abraão é, seguramente, um de meus personagens bíblicos favoritos. Sempre admirei o relacionamento de Deus com Abraão e, no dia em que li um versículo em que o próprio Deus se refere a ele como “Abraão, Meu amigo” (Isaías 41.8), surgiu em mim o que desde então se tornou o meu maior sonho. Eu pensei…”se Deus pôde considerar um ser humano como Seu amigo, Ele não poderia me considerar assim também?”

É um privilégio maravilhoso: a possibilidade de ser amiga de Deus! Desde então, passei a observar a vida de Abraão, porque entendo que se ele conseguiu a confiança e a amizade de Deus, deveria ter alguma virtude que eu pudesse desenvolver, também. Eu identifiquei algumas, mas a maior delas é, sem dúvida, a fé. Sua forma simples e sincera de viver por essa fé. Quando eu falo em “fé”, por favor, entenda: estou usando a definição bíblica que diz “fé é a certeza de coisas que se esperam” e “é a convicção de fatos que não se veem”. Nada a ver com religião. Abraão não era um homem religioso (e a religião dos seus descendentes sequer tinha sido organizada ainda), ele era um homem de fé. Essa é uma capacidade que todos nós temos, e ainda que esteja minúscula e atrofiada, pode ser desenvolvida.

Abraão tinha uma certeza muito sólida a respeito do que Deus lhe dizia e de Quem Deus era. E uma confiança muito pura. Quando Deus disse a ele para sair de sua terra para um lugar que Ele ainda lhe mostraria (Gênesis 12), ele não desconfiou, não duvidou, não hesitou. A certeza fazia com que ele fosse corajoso e audacioso. E a terra em que ele morava, a terra de Ur, era bastante desenvolvida para a época, ele estava abrindo mão de uma cidade estruturada para se tornar um nômade que sequer sabia aonde estava indo. E ele aceitou o desafio de encarar o incerto. Simplesmente obedeceu.

Esse, na verdade, é o grande segredo. Que nem é segredo, porque o próprio Jesus disse com todas as letras: “Vós sois Meus amigos, se fazeis o que Eu vos mando. Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de Meu Pai vos tenho dado a conhecer.” (João 15.14,15)

Então, esse privilégio está ao alcance das nossas mãos, ao alcance dos nossos ouvidos, ao alcance da nossa obediência. Não é um bicho de sete cabeças. E eu posso garantir que essa é uma amizade que vale absolutamente QUALQUER sacrifício.

 

 

PS: Até o dia 19 de julho, estou fazendo uma espécie de desintoxicação mental. O acesso à internet está limitado a trabalho e conteúdo específico para crescimento espiritual. Sempre que tiramos algumas semanas para isso, termino o período de jejum muito, mas muito melhor. Mais forte, mais tranquila, mais focada e “energizada”.

Drama Queen

Dropped mask

Eu achava engraçado dizer que era dramática. Um pouquinho exagerada em minhas reações diante das situações, como um gatinho. Gatos são dramáticos. Feche uma porta e ele fará um escândalo para passar por ela, como se fosse muito importante. Como se a vida dele dependesse disso. Eu era um pouco assim.

De tempos em tempos, algum comportamento meu começa a me incomodar a tal ponto que ele tem de ser corrigido imediatamente. O drama foi um desses. Fiz teatro por algum tempo, quando eu era criança achava que seria atriz, então essa característica de levar tudo para algum extremo emocional era encarada com naturalidade. Quando comecei a escrever, achava que essa tendência era até importante, porque me ajudava a transmitir emoção ao leitor. No entanto, quando você começa a passar por situações realmente sérias e dramáticas, a coisa parece perder a graça.

Se você está reagindo dramaticamente, provavelmente o que está acontecendo em sua vida não tem importância nenhuma. Porque se tivesse e você reagisse com drama, provavelmente morreria. É isso. Não há possibilidade de suportar por muito tempo uma situação difícil usando recursos emocionais. Não há. Fique desesperado, fique preocupado, fique histérico, chore, se descabele, mas não conseguirá sustentar isso por muito tempo, até porque não resolve coisa alguma. Esse tipo de reação é totalmente inútil. Pode te levar a uma depressão, o que te dará mais um problema para lidar: antidepressivos são caros, cheios de reações adversas e não resolvem o problema principal.

A única forma de lidar com uma situação realmente grave é mantendo a calma e agindo racionalmente. E – principalmente – tentar manter a leveza e buscar a paz interior. Sem paz interior, você não consegue enxergar nada racionalmente, nem manter leveza nenhuma. Já percebi que quando as coisas estão pesadas, difíceis, sendo arrastadas, é porque não estou agindo (ou reagindo) da forma certa. Se eu entrego a situação para Deus e procuro olhar de uma forma positiva para encontrar uma saída, ou para lidar com algo potencialmente dramático, vai ser leve para mim. O mundo pode estar se despedaçando ao meu redor, posso estar no meio de uma guerra, mas conseguirei lidar com leveza, ver claramente, enxergar uma saída  e sair inteira.

Porque tudo na vida passa, meu amigo. Tudo passa. Você só se enfia em novela mexicana se você quiser. É você quem escolhe. Existem romances super piegas e ridículos escritos por pessoas que querem arrancar lágrimas dos leitores mais emotivos. Eu leio e acho ridículo. A maioria, infelizmente, chora e acha lindo. Mas esse tipo de literatura é descartável. Serve apenas para dar dinheiro ao romancista. Já bons romances contam histórias consistentes para marcar os leitores, não necessariamente para fazê-los chorar. Os personagens são bem construídos, vão a fundo no espírito do leitor. Ao final, a leitura te obriga a pensar, não a chorar. E assim são as boas histórias da nossa vida, aquelas que construímos com a ajuda de Deus.

Porque Deus não escreve novela mexicana, meu amigo, nem escreve Júlia e Sabrina. Deus escreve coisas que valem a pena viver. Por isso eu me revolto quando percebo que estou dentro de uma novela mexicana. Não quero nem saber. Não vou chorar, não vou me descabelar. Vou resolver essa bagaça porque preciso de uma história consistente e inteligente, não abobrinha para emocionar o leitor. Fazer o leitor chorar é muito fácil e muito raso. Meu Escritor preferido não é assim.

Então, eu procuro formas alegres de ver as coisas – porque alegria não faz chorar – e procuro formas leves de encarar coisas pesadas – porque assim você consegue tirar o melhor delas e encontrar saída. Chorei muito nesta vida, vivi muito drama, estive em novelas mexicanas ridículas e mal escritas. Aliás, mais ridículas e mal escritas do que as mexicanas, algo tipo novela da Globo. E quando consegui pegar uma dessas tramas escritas por um escritorzinho de meia pataca e, por meio da mudança do meu pensamento, da minha forma de encarar, transformá-la em uma história interessante, tirando das mãos do escritorzinho de quinta e passando para as mãos do melhor Escritor do universo, percebi que poderia fazer isso com todo e qualquer drama.

Olhando os problemas de cima, não do meio deles. Não me permitindo mais ser cozida com os problemas no sopão do horror. A escolha é sua, meu amigo. O problema está aí e chorar não vai livrá-lo dele. Mergulhar nele não vai livrá-lo dele. Você quer curtir o problema ou se livrar dele de uma vez por todas? Se quer se livrar, pare de ruminá-lo como um bovino. Pare de alimentar os pensamentos negativos em relação a ele. Pare de vê-lo como se fosse grande e intransponível e difícil e absurdo e real e eterno e…dramático. Ele é ridículo. Ele é passageiro. Ele é pequeno. Ou você coloca a sua certeza nele e afunda, ou você coloca sua certeza na solução e sai dessa historinha mal escrita. A escolha é sua.