Categoria: Crescimento pessoal

O complexo de incômodo

hedgehogMuitas pessoas têm esse tipo de problema. Sempre acham que estão incomodando ou que serão mal interpretadas. O medo do julgamento alheio pode fazer com que você não queira se arriscar, não queira fazer nada fora da zona de segurança, a terrível zona de conforto. Terrível porque ela nos engessa, nos congela e não permite evolução e desenvolvimento. Em outras palavras, você vira uma múmia trancada em um museu.

O engraçado é que isso dificilmente acontece com aqueles que criticam. Esses são cara-de-pau. Falam as maiores barbaridades, desrespeitam e não se incomodam com isso. No entanto, eu recebo muitos e-mails e mensagens (muitos mesmos) de pessoas falando coisas muito legais e quando eu respondo (geralmente um tempo considerável depois, por causa do trabalho), elas comentam que acharam que eu não tinha gostado, que tinham me incomodado e que por isso eu não havia respondido. Não pensem isso, pessoas! Todos os seres humanos gostam de ouvir coisas boas.

Não faz muito sentido evitar falar coisas boas para as pessoas por medo de ser mal interpretado. Se vão achar você exagerado ou se alguém vai te achar puxa-saco, amigo, o problema é de quem olhar você com maus olhos, não é, não? É claro, a gente não vai expor a outra pessoa ou incomodá-la, mas também não pode achar que qualquer interação da sua parte é um incômodo! Eu tinha esse problema (e ainda tenho que lutar contra ele vez ou outra) de achar que estava incomodando o tempo todo. Se eu telefonar, estou incomodando. Se mandar um e-mail, estou incomodando; se aceitar um convite, estou incomodando (e no auge da minha insegurança, eu chegava ao cúmulo de pensar que a pessoa estava me convidando por educação!); se citar a pessoa em algum lugar, estou incomodando. Se eu falar, estou incomodando. Se eu não falar, estou incomodando. Não há saída. Você se transforma em um incômodo ambulante e, na insegurança que o faz ser artificial, acaba realmente incomodando.

Então decidi me livrar desse complexo de incômodo, que, na verdade, é uma insegurança. Eu não faço nada por mera educação. Se aceito algo, é porque quero aceitar. Se convido, é porque quero convidar. Se ofereço, é porque quero oferecer. Procuro não evitar falar coisas positivas e ajudar às pessoas. Procuro não antecipar a reação dos outros. “O que o fulano vai pensar, o que vai achar, etc.” Faço com sinceridade, para ajudar, para fazer o bem. O que a pessoa vai achar, não é da minha alçada. E procuro acreditar nos outros. Se a pessoa diz que quer que eu vá, eu tenho que acreditar que ela realmente quer. Se a pessoa me oferece alguma coisa, eu tenho que acreditar que ela quer dar.

Porque, pense bem, se você acha que a pessoa vai pensar mal de você, é você quem está pensando mal da pessoa. Você está olhando os outros com maus olhos. Está achando que a pessoa é falsa, porque ela fala uma coisa na sua frente e você acha que ela pensa outra coisa pelas costas! Uma coisa que você nunca vai conseguir é ler os pensamentos dos outros. Nunca, nunca, nunca. Então, por favor, pare de tentar. A sua obrigação é olhar todo mundo com bons olhos, pensar o melhor dos outros, assim como você gostaria que os outros pensassem o melhor de você. Ter com os outros o mesmo olhar misericordioso e benevolente que você gostaria de receber. É assim que eu penso. Se as pessoas não forem tão boas assim, não sou eu que tenho que definir previamente.

É uma guerra. É uma luta contra os nossos próprios pensamentos, uma guerra que acontece dentro da nossa cabeça, e que a gente tem todas as condições de vencer. Outro problema é que costumamos desenvolver hábitos em cima dos complexos e das inseguranças. Como, por exemplo, não tomar a iniciativa de mandar um e-mail para alguém, ou esperar que a outra pessoa entre em contato primeiro. Então, mesmo depois de ter vencido os seus pensamentos, o próximo passo é monitorar seus hábitos para ver o que você adquiriu porque faz parte de você e o que você adquiriu por insegurança, mas que gostaria de remover de sua vida.

Uma coisa que eu acho que vale a pena treinar é o hábito de tomar a iniciativa de dizer coisas boas e sinceras quando você tem coisas boas e sinceras para falar. As pessoas ouvem tantas coisas negativas no dia a dia, que você não deveria se envergonhar de dar um sorriso e fazer um comentário agradável quando tiver oportunidade. Não tenha medo do que vão pensar ou falar de você. Seja com os outros a pessoa com quem você gostaria de conviver. Sempre vai ter quem não goste de você, isso é normal, faz parte do pacote. Mas se agir assim, você vai fazer bem a muitas pessoas e ainda será muito mais feliz. 🙂

 

 

PS: Por alguma razão, esse post foi publicado ontem sem estar ainda pronto. Estava nos rascunhos, incompleto e esquisito e hoje descobri que havia sido publicado e o completei. Peço desculpas a quem recebeu notificação de novo post e esperava um novo post. Realmente não entendi e espero que não aconteça novamente, pois tenho uma porção de rascunhos no wordpress, de anotações que eu penso que podem render um texto bacana. Se todas elas fossem publicadas do jeito que estão, certamente seria muito esquisito.

Atenção

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Imagem: Sigurd Decroos

O dicionário Michaelis define “atenção” como “Ação de aplicar o espírito a alguma coisa”. Descobrir essa definição me ajudou a ser mais atenta em tudo o que eu faço, então resolvi compartilhar. Até então, eu achava que “prestar atenção” era só olhar para uma determinada coisa e tentar entender. Mas quando eu via, meus pensamentos estavam voando para outros lugares. No entanto, quando soube que deveria aplicar o espírito àquilo que exigia minha atenção, aprendi a focar meus pensamentos.

Porque o meu espírito é o meu intelecto e é ele que deve focar na reunião, por exemplo, ou no livro que estou lendo, ou no texto que estou escrevendo, ou na louça que estou lavando (evita quebrar copos e pratos) ou mesmo na conversa que estou tendo com o meu marido. É meu espírito, não meu corpo, meus olhos ou meus sentimentos.

No cérebro, a atenção é a porta da memória. Se presta atenção, grava. Se não presta atenção, não grava. Se conscientemente eu aplico meu espírito ao ato de colocar os óculos na gaveta, por exemplo, naturalmente quando eu os procurar, saberei onde estão. Faça o teste. Se o seu espírito estiver presente em tudo o que você fizer, até mesmo nas pequenas coisas do dia a dia, você fará tudo muito melhor. E, como a memória é indispensável para o aprendizado, você conseguirá aprender mais, desenvolver novas habilidades e certamente fará tudo o que se dispuser a fazer.

Talvez para você isso já seja normal, mas para mim, sinceramente, foi uma revelação. Não que eu não fizesse isso naturalmente quando necessário, mas quando você tem consciência de como um processo funciona, é muito mais fácil colocá-lo em prática. Trazer para o nível consciente é adicionar uma nova ferramenta ao seu “cinto de utilidades” mental, que você poderá ter a seu alcance sempre que precisar. Poderá, por exemplo, prestar atenção em alguma coisa que você precisa fazer, entender, saber, ler ou aprender, mesmo sem estar interessado naquele assunto.

Me dei conta de que nunca havia escrito sobre isso, mas esse foi o exercício determinante para que eu saísse de um nível severo de “déficit de atenção” (que fez minha adolescência ser um desastre) e me tornasse a pessoa focada e perfeccionista que, no fundo (beeeem no fundo), eu era. E naquela época nem tinha total consciência de como o processo funcionava, eu o aplicava aos trancos e barrancos. Mas depois que descobri a “Ação de aplicar o espírito a alguma coisa”, somada ao meu entendimento sobre sacrifício, tudo se tornou possível. Até encontrar as minhas chaves. 🙂 Ainda tenho muito a desenvolver nessa área, mas pelo menos agora eu sei por onde começar.