Categoria: Noivinhos

E o biscuit?

Ainda sobre o post anterior,  já me antecipo a qualquer questionamento nesse sentido, pois sei que a maioria dos acessos deste blog vem de buscas por assuntos relacionados a biscuit e escultura. Então não é possível viver de noivinhos topo de bolo? Não é possível largar meu emprego para viver de esculturas personalizadas?

Não é minha intenção destruir o sonho de ninguém, por isso é absolutamente necessário que eu escreva este post. É claro que é possível viver de novinhos topo de bolo, desde que você cobre um preço justo por eles. Não faça casais a R$150 que você rapidamente vai morrer de fome, amiga. Não vale a pena, a menos que você confeccione monstrinhos personalizados. Aí tanto faz, faz de qualquer jeito e bota para secar torto, você não vai ter muito trabalho e pode vender por qualquer coisa.

Mas não é assim que eu trabalho. Se não for para fazer algo que valha a pena colocar em cima do bolo e ficar exposto na estante da sala pelo tempo que durar, prefiro não fazer. Não quero que os noivos tenham vergonha do meu trabalho, pelo contrário, quero fazer uma homenagem perfeita. Se você tem essa visão, valorize seu trabalho. Não peço para enfiar a faca nos clientes, mas para levar em consideração o tempo que você leva para confeccionar a peça, o quanto você investiu para aprender as técnicas e desenvolver a sua, o tempo para dar atenção ao cliente, etc.

No meu caso, tive de suspender minhas atividades por outra razão. Quando comecei a trabalhar com o Biscuit estava bastante doente, vivia muito cansada e qualquer esforço maior, tinha crises terríveis, passava muito mal mesmo, por causa do cortisol alto. Tive de parar absolutamente todas as atividades. Quando fiquei bem, transferi o ateliê, que era para ser em uma casa no terreno do meu sogro, para um quarto vazio do meu apartamento. Eis que resgatei um gatinho e tive de fazer lar temporário no quarto que era para montar o ateliê. O gatinho está encalhadinho e – acredite se quiser – não consegui um espaço legal em casa para trabalhar com biscuit. Claro que se eu realmente quisesse me esforçar, encontraria. Mas optei por deixar o biscuit em segundo plano por algum tempo. Questão pessoal. É claro que eu poderia viver de noivinhos, mas preferi me aprimorar mais um pouco e desenvolver melhor algumas habilidades antes de voltar.

São motivos totalmente pessoais, as esculturas personalizadas entraram em uma vida em um momento complicado, eu estava com a saúde delicada e acabei não aproveitando aquele momento. Agora eu tracei um plano bem pensado para conseguir colocar em prática todos os meus desejos, e como estratégia, coloquei o biscuit em segundo plano, para que quando voltar, possa fazê-lo da maneira que planejo. Antes de mais nada, quero estar em condições de assistir ao curso da Flávia Pina em julho, no Rio de Janeiro. Não vou começar antes disso. Fiz o primeiro curso, que mudou meu trabalho de uma maneira extraordinária. Se você trabalha com esculturas personalizadas ou tem vontade de trabalhar, o curso da Flávia é indispensável. E ela não sabe se vai voltar a dar cursos depois desse, então pode ser que seja o último. Quem puder aproveitar, nem que precise fazer um sacrifício, parcelar o valor, se hospedar em um hotelzinho minúsculo, dividir hospedagem com alguém, vale a pena. Quem tem mais disposição do que eu para se dedicar em tempo integral vai colher os frutos rapidamente. O meu problema não foi o biscuit, meu problema na época era físico, e eu não me sinto em condições de retomar o trabalho antes de fazer um novo curso com ela.

Já escrevi a respeito, já disse o quanto o curso fez diferença, aprendi em uma semana (três dias de curso e quatro dias de prática) o que levaria anos para aprender. Não precisei de mais nenhuma apostila ou dvd depois daquilo. O curso dela é tão detalhado e completo e o trabalho é tão perfeito, ela ensina tão bem que não é necessário complementar com mais nada.  O meu maior problema foi ter tido hipercortisolemia que me trouxe uma perda de memória e bagunçou minha cabeça. Não posso me fiar só no que já aprendi, pois recuperei bastante coisa, mas ainda tem um ou outro lapso, que pode fazer diferença.

Quem quiser saber maiores informações a respeito do curso da Flávia, clique aqui.

Dou todo o meu apoio a quem queira e possa se dedicar ao Biscuit como única fonte de renda. É totalmente possível, mas tem de estar disposto a fazer um bom trabalho, diferenciado, perfeito mesmo. Não queira gastar pouco na preparação, comprando cursinhos e dvds baratos, pegando dicas na internet e depois conseguir um trabalho de qualidade para cobrar bem e viver disso. Não dá. Tem de ser profissional mesmo. Investir em capacitação, treinar bastante, não pegar mais encomendas do que consegue cumprir, atentar para os prazos e ser bem detalhista no trabalho. Praticar preços decentes.  Não acredito em um bom trabalho, feito sem estresse, sem desespero, com alegria, com bom resultado, sem atrasos, sem problemas para o cliente por menos de R$600 (isso para mim é o preço mínimo). Se alguém cobra menos do que isso (e estou falando de reproduzir o rosto dos noivos no biscuit, sem parecer um monstrinho. Estou falando de escultura de verdade, proporcional, bem feita, de no máximo 17 cm. Porque é claro que se eu fizer uma cabeça de 5 cm será muito mais fácil de detalhar do que uma de 2 cm)…bem, alguém está saindo prejudicado. Ou o cliente (com o resultado final do trabalho ou problemas durante o processo) ou o profissional. E ao cliente que quer pagar duzentos Reais por um trabalho do nível da Flávia Pina, eu gostaria de dar um pedaço de massa de porcelana fria e pedir a ele que esculpisse um rosto humano de 1,5cm baseando-se em cinco fotos.

Então é esse o meu recado. É possível largar meu trabalho e viver de biscuit? Sim, é, mas você precisa ter disciplina e decidir ser profissional no biscuit, não apenas uma artesã, mas uma escultora. Para isso vai ter de trabalhar, se dedicar, estudar, querer, mesmo. E por quê você começou a trabalhar como corretora de imóveis se dá para viver de biscuit? Eu parei com o Biscuit muito antes de começar o curso de TTI. Parei não porque o biscuit não dá retorno, mas porque eu não estava em condições de trabalhar, por problemas de saúde. Na hora de voltar, preferi sair um pouco e deixar o biscuit para depois.Mas meus planos de dominar o mundo incluem meu retorno às esculturas personalizadas. Por isso, aproveitem enquanto eu não volto. 🙂

Outro blog?

Não, o blog definitivo.  Ainda tentando me adaptar ao WordPress e pensando em um jeito de mudar esse template esquisito por um mais aconchegante. Esse é esquisito e faz com que eu me sinta meio apertada, limitada, como se o texto não conseguisse respirar muito bem. O início deste blog e o encerramento definitivo do Another Monster, do Maquinando e do Escrita Rupestre marcam a nova fase de minha vida, com o lançamento do site (ainda com um layout meio esquisitinho, mas também consertarei isso com o tempo) e o foco nas esculturas personalizadas em Porcelana Fria.

Eis aí uma prova de que eu não conto toda a minha vida no blog…risos… desde pequena gosto de modelar, na adolescência fazia rostos humanos em plastilina (massinha) e, posteriormente, em argila. Já testei de tudo: massa epóxi, polymer clay, plastilina, argila, papier machè…há pouco mais de um ano descobri a Porcelana Fria, mais conhecida no Brasil como Biscuit. Essa massa tem como base o poliacetato de vinila, muito usado como adesivo e que dá ao produto um acabamento mais resistente do que a cerâmica plástica (polymer clay), embora não suporte umidade.

No começo apanhei bastante do biscuit, porque é uma massa esquisita que incha, encolhe, deforma e dá vontade de atirar pela janela. Acho que insisti por birra, me…risos…não, brincadeira, não foi birra. Na verdade eu estava bem perdida em relação ao que eu queria fazer, por gostar de várias coisas diferentes e não poder fazer tudo ao mesmo tempo. Então, assistindo a uma reunião de final de ano na igreja, uma moça deu um testemunho sobre a segunda empresa que ela abriu. Não me lembro nem o ramo de atuação, mas uma frase me marcou, ela disse: “Eu não peço a Deus dinheiro, peço um empreendimento, para que eu possa trabalhar e permitir que Ele me abençoe ali”.

Na hora a ficha caiu tão forte que fez até barulho! Naquele mesmo dia eu fiz uma oração pedindo a Deus um empreendimento, uma direção sobre o que eu deveria fazer profissionalmente. Eu queria algo que me desse prazer em trabalhar, algo de que eu realmente gostasse, me desse bom retorno e fizesse outras pessoas felizes. Alguns dias depois, navegando pela internet, me deparei com o site da Flávia Pina. Naquele momento eu soube que era o que Deus queria que eu fizesse. Nunca havia pensado que era possível fazer figuras humanas tão…humanas em biscuit.

Quando eu modelava com massinha, várias pessoas me deram a idéia de modelar em biscuit, pois, segundo elas, era “uma massinha que endurecia”. No entanto, ninguém sabia direito como era, e me disseram que ia ao forno. Sabendo o quanto eu era desastrada na época, achei melhor deixar esse negócio de forno para lá. Também me disseram que tinha de pintar, e eu gostava muito de misturar as cores, formando outras. Mas só o fato de a peça realmente secar já me deixava animada.

Lembro de ter comprado uma massa de biscuit, um pacotinho colorido da Licyn. Dei um baita azar, ou melhor, vários, pois a Licyn é um pouco mais seca e esfarela, e eu comprei acreditando que encontraria a textura da plastilina. Obviamente detestei o biscuit! Pois a textura é totalmente diferente e eu não sabia dominar a massa.

Demorou uns quatro anos ou quase isso para que eu descobrisse o fotolog da Flávia e o site dela com as fotos. Passei um ano inteiro treinando e estudando as técnicas em Porcelana Fria, comprei DVD, apostila, li textos, participei de fóruns…não me lançaria no mercado enquanto não estivesse pronta, controlando a massa e fazendo algo pelo menos no meu mínimo aceitável, que já é bastante exigente.

Sou muito perfeccionista, e não tem como fazer algo “mais ou menos”. Ainda não estou no nível que gostaria, mas meu trabalho tem melhorado a cada peça. Realizei meu sonho de fazer um curso com a Flávia (quando descobri a escultura em biscuit ela não dava cursos. Felizmente logo ela abriu a primeira turma, mas não pude ir. Não deixei a segunda turma escapar!), que foi o melhor investimento da minha vida. Além de uma artista inigualável, Flávia é uma excelente pessoa e uma professora extraordinária. Finalmente consegui aprender o que faltava para ter em meu trabalho o acabamento que buscava.

Estou trabalhando muito, muito mesmo. Em breve tirarei fotos das novas peças para colocar no site. Por enquanto, a galeria conta apenas com um casal de noivinhos topo de bolo personalizados, ainda da minha fase beta, mas que servem como demonstração. Resolvi colocar o site no ar mesmo assim, pois ele já estava praticamente pronto.

Antes que alguém se preocupe e questione, como a Flávia me questionou, não vou deixar de escrever, não, pelo contrário! Encontrar algo que eu gosto tanto de fazer e que me desliga do mundo, como a escultura em porcelana fria, tira uma pressão enorme da minha produção literária e é bem capaz de eu conseguir escrever mais e muito melhor agora do que antes.

Ainda mais agora, tendo meu domínio próprio. Aliás, isso é tão importante que é bíblico, não é? Um dos frutos do Espírito. 🙂

Na falta de um, temos vários domínios. http://lampert.com.br é o site principal, mas se você digitar http://vanessalampert.com abrirá o mesmo conteúdo, assim como http://esculturaspersonalizadas.com.br e http://lampertartstudio.com.br

Ah, outra boa notícia: também compramos o domínio http://autordesconhecido.com.br   que alguém já tinha comprado (???) em 2007 e, felizmente, parou de pagar, então ficou novamente disponível (o .com e o .net não estão disponíveis!!) Então, em breve, retomo o Autor Desconhecido em domínio próprio.

Depois disso será que já posso dominar o mundo?

PS: Ainda não consigo inserir links nessa coisa, mas logo, logo conseguirei. Prometo!

UPDATE – Já sei inserir links. Estou evoluindo!