Mês: outubro 2015

Dica para produzir conteúdo decente

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Eis algo que, infelizmente, anda em falta até entre jornalistas: apuração. O que mais se vê hoje em dia é jornalismo-preguiça, que acredita na primeira fonte que vê pela frente e publica primeiro, para pesquisar depois. Sempre que resolver escrever sobre um assunto, pesquise.

Mas não confie em apenas uma fonte, pesquise mais. Existem milhões de opiniões sobre cada coisa neste mundo. Existem inúmeras linhas de pesquisa sobre o mesmo assunto, umas mais consistentes que outras. Há poucos consensos no mundo.

Leia, tente se inteirar bem sobre o assunto, entenda aquilo que vai dizer e saiba adequar a pesquisa à mensagem que você quer passar. Ao pesquisar, talvez a pauta até mude ou você encontre material para mais textos. Seja como for, o importante é passar os dados da maneira mais correta possível para o leitor.

Seja muito curioso e até um pouco chato. Cheque datas, nomes, citações e locais. Se for citar uma música, um versículo, uma expressão em outro idioma, uma frase famosa ou qualquer coisa que você conheça de cor, não confie em sua memória. Jogue no Google. Não custa nada.

E — óbvio — não use textos dos outros como se fossem seus (nem sequer um trecho), é desonestidade intelectual. Se for citar algo escrito por outra pessoa, coloque entre aspas e dê os créditos. Coloque o nome do autor e o link de onde você tirou aquela citação. Seja ético.

Se você está falando sobre um assunto polêmico ou se um hater surgir pelo seu caminho, pode ter certeza de que ele vai checar todas as informações, procurando um furo para usar contra você no tribunal (ou na caixa de comentários). Antecipe-se a ele. Seja seu próprio hater buscando furos. Tape os buracos.

Se vai usar uma palavra que não conhece muito bem, não confie no que ela parece significar para você. Você não a conhece direito. Vá buscar informações a respeito. Fale com o pai dela. Consulte um dicionário.

Não confie em matérias de jornais ou de revistas. Pesquise. Verifique tudo o que puder. Pode ser que você erre em um texto ou outro, ninguém é perfeito. Mas, pelo menos, vai saber que fez o seu melhor.

Os atrasildos do Enem e as prioridades

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Foto: R7

Como acontece em absolutamente todos os anos, estudantes perderam a prova do Enem por atraso. Alguns colocaram a culpa no ônibus, outros, no trânsito e até na falta de orientação sobre o local da prova.

Não entra na minha cabeça que alguém se atrase para uma coisa que considere extremamente importante. O ideal é se programar para chegar com pelo menos uma hora de folga. Assim, se acontecer algum imprevisto e você se atrasar, ainda chegará antes. No entanto, nem todo mundo consegue entender isso. Provavelmente porque chegar uma hora antes significa que você vai ter de sacrificar uma hora da sua vida em que não poderá fazer mais nada. Mas o sacrifício faz parte da jornada de quem quer alguma coisa importante na vida.

Uma moça em São Paulo foi fazer compras na 25 de março e não encontrou lugar para estacionar a tempo. Outra esqueceu a caneta e não voltou a tempo para o local de prova. A mesma coisa aconteceu com a garota que esqueceu o documento no carro e, quando voltou para pegar, os portões se fecharam. Um casal no Piauí foi comer um pastel antes da prova e chegou com 15 minutos de atraso.

Incrível como as pessoas vivem no piloto automático e não sabem estabelecer prioridades. O Enem é a oportunidade para entrar na universidade e crescer na vida, certo? Isso parece algo bastante importante. Ele acontece apenas uma vez por ano, o que aumenta ainda mais sua importância. Se perder o deste ano, só ano que vem. Então, essa prova vale, no mínimo, um ano da sua vida. Aí você vai e troca por um pastel. Um ano da sua vida e o ingresso na faculdade por um pastel!!!! Ou por compras na 25 de março, coisas que podem ser feitas em qualquer um dos outros dias do ano…

O engraçado é que quando é para um show, para um jogo ou evento a que esses jovens queiram muito ir, eles não poupam esforços. É comum ver barracas montadas dias antes desses eventos. Quando o Backstreet Boys veio ao Brasil fazer um show este ano, teve quem aguardasse 36 horas em uma fila para não correr o risco de ficar atrás. Para o show da Katy Perry, foi pior: mais de vinte dias antes do show, os jovens já estavam com barracas montadas, se revezando em vigília, esperando o grande dia.

Há quem abandone emprego, há quem perca namoro, há quem abra mão de viagens. Sacrificam o que for preciso pelo que desejam. E é isso o que determina o que é importante: o quanto estamos dispostos a sacrificar para ter.

Muitos estão vivendo sem noção de prioridades. Jogam fora tempo precioso com coisas inúteis, preocupações, picuinhas, os pasteis e as 25 de março. Não percebem que, na vida, todos nós estamos participando de um processo seletivo muito maior, que exige sacrifício diário e muito foco. E, nesse processo seletivo, se você se descuidar e chegar atrasado, vai perder muito mais do que um ano de esforço.

Os estudantes atrasildos perderam a prova do Enem. Mas ano que vem terão uma nova chance e poderão fazer certo. Porém, as reportagens sobre os atrasos e o desespero daqueles que não entraram porque eles mesmos não sacrificaram o suficiente me fizeram lembrar da história das virgens néscias, que não se prepararam para o momento mais importante de suas vidas. E perderam a chance da eternidade.

As escolhas que você faz é que mostram o que realmente é importante. Pense no que você quer. Olhe o que está fazendo por isso hoje. Quais sacrifícios precisa fazer para viabilizar o que você quer? O que pode antecipar? O que realmente for prioridade irá guiar suas escolhas.