Mês: fevereiro 2017

Abrindo mão da própria vida

Abrir mão da própria vida, no cristianismo, não é amarrar explosivos ao corpo e explodir sinagogas. Abrir mão da própria vida é, voluntariamente, deixar velhos hábitos, pensamentos e reações para agir de acordo com a justiça e os princípios éticos da Palavra de Deus. Aí o crente lê isso e já pensa: “ah, isso eu já fiz! Já parei de usar drogas, de beber, de fazer isso e aquilo…já larguei a prostituição, a vida do crime e hoje faço x, y e z na igreja”. E a criatura realmente acha que isso é abrir mão da própria vida…

Mudança de hábitos não é mudança de caráter. O que a gente mais vê por aí é crente que tem toda a aparência e fala evangeliquês, mas destila crueldade, preconceito e malícia. Tudo porque nunca entregou porcaria nenhuma. Ou melhor, só entregou porcaria. A vida, mesmo, que é bom, nada. Eu já fui uma dessas. 

Das coisas ruins, a gente abre mão com facilidade. O problema é abrir mão das coisas boas. Quando entendi que tinha que entregar toda a minha vida a Deus, entendi também que o que valesse a pena manter, Ele mesmo colocaria de volta, mas agora, no seu devido lugar. Fiz o que nunca havia feito. Abri mão até do que eu mais gostava, que era escrever. Estava há um tempo sem escrever (porque estava doente), então vivia ansiosa por retomar essa parte da minha vida que era tão importante para mim e para a qual eu tinha me preparado tanto. Mas quando decidi entregar minha vida, entreguei também aquela ansiedade. Estava disposta a não ser mais escritora, se Ele achasse que era melhor.

Parei de frequentar redes sociais, deixei meu blog às moscas e interrompi todos os projetos ligados a escrita. Não fazia sentido decidir nada para a o meu futuro naquele momento se estava entregando tudo. Já estava doente e parada, mesmo, então entreguei absolutamente tudo. Minhas convicções antigas e recentes, minhas decisões, meu passado, presente, futuro, as coisas que eu havia aprendido nas outras igrejas e também na Universal (nessa época, eu já tinha dez anos de Universal e a vida inteira de cristianismo), as dúvidas, o meu jeito, meus hábitos, vontades e relacionamentos.

De algumas coisas eu realmente gostava, mas como já estava de saco cheio de viver aquela mesma vidinha complicada que de tempos em tempos simplesmente travava em depressão, entendi que nenhum preço era alto demais a se pagar. Afinal de contas, o que estava em jogo era muito maior e mais duradouro do que qualquer coisa que eu tinha para entregar.

Esse foi o começo de tudo. Quando decidi zerar tudo e agir como se estivesse chegando agora. Admiti que se eu tivesse entendido alguma coisa direito antes, minha vida não estaria daquele jeito. Se estava, era porque eu tinha entendido tudo errado. Então, era hora de começar a acertar.

Não é difícil fazer isso. É parecido com morrer. Se eu decido morrer, nada mais me importa. Não se leva nada para o além. Então, o que você deixaria para trás se morresse é exatamente o que precisa deixar para trás para nascer de Deus e receber o Espírito Santo, vivendo uma nova vida neste mundo. Mas isso exige uma dose considerável de confiança, não é? E é justamente isso que faz a diferença.

.

Por que o início do Jejum não é fofinho?

Você achou que iria começar o Jejum de Daniel e asinhas cresceriam nas suas costas, todo mundo ficaria fofo e pombinhas brancas passeariam ao seu redor. Mas mal o Jejum começou e parece que os espinhos surgiram até em cogumelos inofensivos. Já vou avisando: não espere que o Jejum de Daniel seja tranquilo, pelo menos no começo. Pense bem, você decidiu se afastar de todo conteúdo secular para buscar a Deus e se encher dEle. Pensa mesmo que o espírito deste mundo acha isso bacaninha? É claro que não. E é natural que haja resistência. É natural que, justamente no momento em que você mais tenta se concentrar no que é bom, puro e justo, apareçam pessoas tentando te irritar, coisas que você não queria ver pulem na sua frente e pensamentos negativos surjam do nada. O importante é ficar ALERTA, identificar a ameaça e reagir a ela corretamente.

Por via das dúvidas, considere todas as coisas esquisitas e chateações que acontecerem nesse período como resistência do mal aos seus esforços de fazer o Jejum. E decida não guardar raiva de ninguém, não cair em provocação, não desviar sua atenção. Se os pensamentos negativos, pensamentos de medo, de dúvida, de insegurança ou lembranças de coisas ruins surgirem, decida não alimentá-los. Não pense neles. Resista imediatamente, se tranque no banheiro e peça a Deus que os arranque da sua cabeça (não que arranque sua cabeça, leia de novo, que arranque os pensamentos ruins da sua cabeça). Fale com esses pensamentos (podemos parecer malucos de vez em quando, mas funciona), diga, em voz alta, que os rejeita e se recusa a continuar pensando neles. E invoque Deus. Invoque, mesmo. Ele promete responder aos que O invocam.

Não se espante por essas aparentes dificuldades que surgem, isso é só para tentar distrair você, afinal de contas, você decidiu se afastar das distrações da TV, livros seculares, revistas, internet… Largou essas distrações, outras aparecem: fica sabendo que alguém falou mal de você, se lembra de alguma coisa ruim que lhe disseram, se preocupa com alguma situação que não pode controlar, fica com medo de alguma coisa ruim que ameace acontecer… o diabo não quer saber com o que você está distraído, ele só quer que você se distraia e não descubra a força que está à sua disposição. Quanto mais indefeso você estiver, melhor para ele.

Estamos vindo de uma correria e, muitas vezes, de uma rotina repleta de distrações, é natural que sua fé precise ser fortalecida ao pisar no freio. É este o único momento do Jejum em que o mal teria maior possibilidade de conseguir alguma coisa, afinal de contas, daqui a pouco você já estará tão envolvido com as coisas de Deus que só irá se encher do Espírito da Paz e se fortalecer cada vez mais. Entenda que a resistência do mal significa não só que você está no caminho certo, mas também que vai ter resultado. Então, interprete as dificuldades como sinal para continuar firme. Afinal de contas, você não está sozinho.

“Invoquei o Senhor na angústia; o Senhor me ouviu, e me tirou para um lugar espaçoso. O Senhor está comigo; não temerei o que me pode fazer o homem.”

Salmos 118:5,6

Na batalha do dia a dia, nossa fé é escudo e a Palavra de Deus é a espada. Guarde o que está escrito nesses dois versículos. Medite neles e use sempre que precisar. Se você se sentir ameaçado por alguém ou se sentir sozinho, lembre-se de que Ele está com você. Se você se sentir angustiado, diga: “na Tua Palavra está escrito que o Senhor ouve e livra quem Te invoca, então eu Te invoco agora”. Aproveite as lutas para colocar em prática o que tem ouvido. Faça do limão uma torta de limão com cobertura de chantilly.

.