Categoria: Internet

Razões para desacelerar

Estrada com placa de desacelerar

A dependência de internet e o estrago que a atenção fragmentada tem feito no cérebro das pessoas do nosso tempo já deveriam ser encarados como problemas de saúde pública. Muitos dos livros que li mais recentemente citam esses problemas. Vou caçar alguns trechos por aqui e mostrar para vocês, conforme for encontrando, porque precisamos conversar a respeito. Mas já me lembrei de um dado citado no livro “50 tons para o sucesso” que achei bem impressionante:

“Pessoas de sucesso não se deixam levar pela correnteza, não permitem que os outros definam como seu tempo será utilizado. Quando você está sempre disponível nas redes sociais e nos comunicadores instantâneos, está entregando aos outros o poder de definir como suas horas serão gastas. Você perde o controle. É como se saísse da cabine de comando e deixasse sua vida à deriva. 

Estudos acadêmicos sobre a ciência da interrupção (sim, existe essa ciência) demonstraram que, atualmente, um trabalhador normal muda de tarefa a cada três minutos, e, uma vez interrompido, demora entre 20 e 30 minutos para retomar a tarefa anterior. Um dos estudos conduzidos pela pesquisadora Gloria Mark, da Universidade da Califórnia, revelou que cada empregado passava cerca de 11 minutos em um projeto antes de ser interrompido. 

As consequências são desastrosas e podem ser ainda mais graves quando se trata de um trabalhador da área de saúde ou de segurança, por exemplo. Qualquer distração pode ser mortal. Essa situação tem se agravado por conta do mau uso dos smartphones e pela dificuldade que as pessoas têm de lidar racionalmente com a avalanche de informações e estímulos lançados sobre elas a cada minuto. 

Agora, pense nas conclusões desses estudos. Se não cuidar, a pessoa muda de tarefa a cada 3 minutos, sendo distraída por si mesma. Quando finalmente consegue se concentrar, essa concentração dura apenas 11 minutos antes de ser interrompida por alguém pessoalmente, por celular, e-mail ou qualquer coisa assim. Por isso, a única maneira de ser uma pessoa produtiva é tomar as rédeas da sua vida, decidindo de forma consciente como o seu tempo será utilizado. As distrações só ocorrem quando você permite.”

Então, o ritmo imposto pelo mundo nos treina a uma espécie de déficit de atenção. É como se estivéssemos exercitando nossa capacidade de andar constantemente distraídos e ansiosos. Que tipo de pessoa este mundo está tentando criar? É esse o tipo de pessoa que você quer ser? Falo por mim: não, eu não quero ser assim. 

O problema passa a ser ainda mais perigoso quando a pessoa traz esse mesmo padrão para a vida espiritual. E isso é inevitável. Se você está se treinando a estar sempre distraído e ansioso, vai acabar trazendo isso para o seu dia a dia em tudo, inclusive nas coisas de Deus. Mas as consequências aí não têm a ver apenas com queda na produtividade e dificuldade de resolver problemas. As consequências são eternas.

Por isso, aproveite o Jejum de Daniel para desacelerar. Porque às vezes a pessoa entende que trocar o conteúdo secular por conteúdos da fé significa consumir a mesma quantidade de conteúdo durante o mesmo espaço de tempo, mas de conteúdo cristão. Então ela lê todos os livros da igreja, vê todos os vídeos, ouve todas as músicas, vê todos os conteúdos de redes sociais, milhões de coisas, milhões de vezes, todos os dias, todas as horas. Pare com essa insanidade. Desacelere.

Como diz a voz do além que fala antes das reuniões do Templo: “Deus fala no silêncio”. Se a gente não aprender a desacelerar e ficar um pouquinho em silêncio, meditando em um versículo, orando ou simplesmente ouvindo, corre o risco de viver no turbilhão da bagunça de vozes que o diabo e o mundo criam para nos anestesiar.

 

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PS. Recebi mensagens bem legais de pessoas que estão sendo ajudadas por este blog. Muito obrigada por escrever! Ainda não consegui responder, porque os dois últimos dias foram bem desgastantes e não sobrou energia (a que eu tinha usei para completar este texto e fazer esse PS). Mas o que me deixa mais feliz é ver que Deus tem trazido para cá pessoas sinceras que querem encontrá-LO, porque se você tem sido ajudado aqui, o mérito não é meu, é dEle e da sua fé, porque o Espírito Santo tem falado com você. Ele quer essa proximidade. Tenho certeza de que Ele fará na sua vida o que fez na minha. Porque se eu, que era super sensível, emocional, surfista e mergulhadora de pensamentos inúteis e sentimentos dramáticos, consegui ter minha cabeça transformada, todo mundo consegue. Vamos juntos nessa fé!

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#JejumDeDaniel  #Dia4

Estamos em uma jornada de 21 dias de jejum de informações e entretenimento chamado Jejum de Daniel. Durante esses dias, os posts no blog serão voltados exclusivamente para o crescimento espiritual e a busca pelo Espírito Santo. Leia este post (clique aqui) para entender melhor.

Jejum de informações — você não perde nada

RESOLVA-O-PROBLEMA

Jejum de informação faz bem a qualquer pessoa. Você não fica alienado (pelo contrário…) e nem perde nada com isso, principalmente se substituir essa superestimulação das emoções por conteúdo que alimente seu espírito. É incrível o poder transformador de separar três semanas para se dedicar ao que realmente importa. Alienados são os que passam 365 dias do ano (366 este ano, que é bissexto) se alimentando diariamente do conteúdo da TV, jornais, revistas e sites sem parar para pensar. E não se engane, é impossível conseguir pensar no meio do turbilhão.

Inevitavelmente, os textos falados e escritos dirigem sua interpretação para onde querem se você não aprender a desenvolver seu senso crítico. E senso crítico só se desenvolve no silêncio. É preciso silêncio para pensar, refletir, avaliar. A sociedade da correria irracional nos leva a não pensar. Milhões de vozes em nossa cabeça o dia inteiro: os sites que vemos, as informações superficiais em forma de pílula nas redes sociais, as notícias a respeito da vida dos outros (e que não fazem a menor diferença na nossa vida), os programas de TV, as frases que as pessoas compartilham nas redes sociais e as notícias que não temos tempo de pesquisar se são verdadeiras ou não, mas que nosso cérebro acaba aceitando como verdadeiras, quer alguém as desminta depois, quer não.

Aquele rádio ligado 24 horas em nossa mente nos traz a sensação de que estamos sabendo alguma coisa, fazendo alguma coisa, aprendendo ou compartilhando alguma coisa. Porém, isso é ilusão. Você tem a sensação de que está fazendo algo e viver checando redes sociais, whatsapp e e-mails inunda de dopamina o seu cérebro, em um mecanismo muito parecido ao do vício. Essa espiral maluca nos deixa comprovadamente mais ansiosos, mais depressivos e mais burros.

Uma das coisas nonsense que ouço quando comento o conceito de jejum de informações é que vou ficar alienada. “Como pode ficar 21 dias sem saber o que está acontecendo no mundo?” Quem entende como as notícias funcionam sabe que nós já ficamos sem saber o que está acontecendo no mundo, ininterruptamente. Temos a ilusão de que estamos sabendo, mas, na verdade, só sabemos o que alguém decidiu que deveríamos saber. E, geralmente, as notícias chegam até nós pela metade, superficiais e tendenciosas.

Na correria de dar o “furo” ou de não ser o único veículo a não noticiar o que todos os outros estão noticiando, os jornais nos soterram com informações completamente inúteis, repetitivas, mal apuradas ou incompletas. Os programas de TV, pior ainda! Para manter a audiência, apelam para nossas emoções. Os dramas, a abordagem sensacionalista, os suspenses sem fim para impedi-lo de mudar de canal durante o intervalo…

Depois de um tempo desconectado, você consegue enxergar melhor as estratégias que estão por trás das coisas a que assistimos. Dia desses, vi um programa em que o apresentador viajava para “fazer uma surpresa” a uma senhora pobre. O que me chamou atenção naquele programa e em outros a que fui obrigada a ouvir em salas de espera (a única maneira de me obrigar a ouvir os programas matinais da Globo) é que os apresentadores parecem conversar com crianças pequenas ou com pessoas com problemas mentais. É sério. Eu fiquei assustada com isso.

Estou acostumada a acompanhar vídeos sérios e, na TV aberta, A Escola do Amor, em que os apresentadores falam como adultos e para adultos, então achei que o problema fosse o tal apresentador. Mas não era, pois, como eu disse, vários outros programas, em emissoras diferentes, tinham a mesma linguagem.

As pessoas não percebem que estão sendo tratadas como se não tivessem capacidade cognitiva de acompanhar um programa para adultos? Não percebem o esforço de imbecilização, o tratamento superficial e exageradamente emocional dado às “notícias”? Não percebem o quanto programas de TV fazem de tudo para encher linguiça, tirando proveito da sua curiosidade ou o quanto sites de notícias as enchem de matérias inúteis e lixo reciclado do dia anterior?

Não percebem quando o jornalista sequer se deu ao trabalho de revisar o texto que escreveu, fazendo tudo correndo, pela ânsia estúpida dos portais que querem dar notícia “minuto a minuto”? Não percebem que suas opiniões a respeito de tudo são moldadas com base no que esses veículos oferecem? Veículos que nos veem como idiotas e que nos tratam como idiotas? Defendo o bom jornalismo como quem defende um bichinho em extinção. Mas faço crítica feroz à porcaria que nos vendem hoje como jornalismo, sem conteúdo e usada como arma nas mãos de quem quiser manipular aqueles que sinceramente acreditam estar se informando.

Felipe Pena, em seu excelente livro “Teoria do Jornalismo”, sugere: “Pegue o jornal de hoje e compare-o com a edição do mesmo dia do ano anterior. Houve alguma variação de assunto? Faça a mesma coisa com uma edição de dez anos atrás. Se você mora no Rio de Janeiro, como eu, posso até dizer quais são as pautas: crise na economia, corrupção na política, violência nas ruas, agenda do presidente da República e do governador, o domingo de sol na praia e notícias sobre os times de futebol. Enfim, como diria Cazuza, ‘um museu de grandes novidades'”. 

Infelizmente, as coisas estão assim. Não perderemos nada nesses 21 dias em que nos afastaremos dessa loucura. Como Steve Chandler bem pontua em seu “100 maneiras de motivar a si mesmo” (uma das maneiras é justamente fazer um jejum de notícias), “Não tenha medo de perder alguma notícia relevante. Você ficará sabendo dos fatos mais importantes, como uma guerra, um desastre natural ou um assassinato, tão rapidamente quanto se estivesse com a TV ligada no noticiário”.

Alguém uma vez me perguntou (é sério): “E se o mundo acabar? Você nem vai ficar sabendo!”. Vamos ignorar a falta de sentido dessa pergunta (rs). Mas aproveitando o tema, se o mundo realmente acabasse nos próximos 21 dias, de que adiantaria toda a informação que temos consumido? Prefiro reservar três semanas do meu ano para dar atenção ao que realmente importa. Ao que realmente faria diferença para mim se o mundo acabasse nos próximos dias.

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PS: Para quem não acompanhou ou para quem gostaria de rever os posts das edições anteriores do Jejum de Daniel neste blog, segue o link da categoria: https://www.vanessalampert.com/?cat=709 .