Categoria: O princípio da tentação

O princípio da tentação — parte 5: a semente, a pedra, a terra e a raiz

A parábola do semeador fala sobre as várias formas de se ouvir e receber a Palavra de Deus. Vou juntar aqui a parábola e a explicação, para facilitar o entendimento, mas você encontra o texto completo em Lucas 8.5-15.

“O semeador saiu a lançar suas sementes, que é a Palavra de Deus. Uma caiu na beira do caminho, e foi pisada, e as aves do céu a comeram. Estes são os que ouvem a Palavra, e depois vem o diabo e a remove do coração deles, para que não se salvem, crendo. Outra semente caiu sobre pedra e, depois de nascer, secou, porque não tinha umidade. Estes são os que, ouvindo a Palavra, a recebem com alegria, mas como não têm raiz, creem apenas por algum tempo, e no tempo da tentação se desviam. 

Outra semente caiu entre espinhos e, crescendo com ela os espinhos, a sufocaram. Estes são os que ouviram e, depois, são sufocados com os cuidados, os deleites e as riquezas desta vida, e não dão fruto com perfeição. Outra semente caiu em boa terra e, depois de nascer, produziu fruto, a cento por um. Estes são os que, ouvindo a Palavra, a conservam em um coração honesto e bom, e dão fruto com perseverança.”

Como você já deve ter imaginado, quero falar sobre a semente que cai sobre a pedra:

“E os que estão sobre pedra, estes são os que, ouvindo a Palavra, a recebem com alegria, mas, como não têm raiz, apenas crêem por algum tempo, e no tempo da tentação se desviam.”

Receberam a Palavra com alegria, na empolgação, mas não tinham raiz. Por isso, não conseguem manter a fé e se desviam quando chega a tentação. Então, o que evita de uma pessoa se desviar quando vem a tentação é essa raiz que permite que ela creia não apenas por algum tempo, mas até o fim. Para entender qual foi o erro dessa forma de receber a Palavra, precisamos entender como é a forma correta de recebê-La, a semente caindo na boa terra:

“são os que, ouvindo a palavra, a conservam num coração honesto e bom, e dão fruto com perseverança.”

A palavra que foi traduzida aqui como “honesto” tem o sentido figurado de “bonito”, virtuoso, valioso e bom. Eu entendo como um coração puro, sincero e limpo. Sem maus olhos, que acolhe a Palavra como verdade, e por isso permite que ela entre de modo muito mais profundo e crie raiz.

Tendo condições ideais de luz, temperatura e umidade, a semente começa a se desenvolver. Para crescer, a semente primeiro absorve água do solo e consome os nutrientes que já vêm com ela (por isso os pobres feijõezinhos que a gente plantava no algodão cresciam por algum tempo). Quando absorve a umidade do solo, a semente se incha e se rompe, fazendo sair a radícula, que dará origem à raiz.

Então, o surgimento da raiz está diretamente ligada às condições da terra. A semente que caiu na pedra não tinha raiz justamente porque o coração de pedra não se abre para acolher a Palavra. Não tem como a semente e a terra se conectarem para fazer uma raiz. A terra dá a umidade para a semente criar a raiz, a raiz que surge da semente se ramifica para abraçar a terra e manter a plantinha fixa. A sinceridade e o coração puro cria condições de fixar a Palavra de Deus dentro do nosso coração e nos manter firmes na fé no tempo da tentação. É essa raiz que nos dá condições de resistir, de perseverar e de dar fruto. 

Se você percebe que qualquer ventinho já está te fazendo balançar, talvez esteja faltando raiz. Talvez tenha recebido a Palavra desse jeito errado, sem preparar o coração. Então é preciso quebrar o coração de pedra e fazer um coração que seja terreno adequado para a Palavra de Deus. 

Aqui me vem à mente o capítulo 13 do livro Casamento Blindado 2.0, que fala sobre as pedras que podem estar no coração (que causam inúmeros problemas, inclusive o divórcio) e como quebrá-las .Vou colocar aqui um trechinho, que vem com um dos versículos que eu queria usar:

“E dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne. (Ezequiel 36.26)

Ele pode substituir seu coração de pedra pelo coração que você precisa para ter um casamento feliz. Mas para que Deus possa ajudar, você precisa assumir o seu erro. Você pode começar fazendo uma oração sincera, com humildade: “Meu Deus, quero trocar de coração. Tire meu coração de pedra e me dê um coração de carne. Me mostre como tenho de ser e me ajude a ser a pessoa que o Senhor quer que eu seja”.”

O mais legal é que, depois de você receber esse novo coração que Ele promete, pronto para receber a Palavra de Deus da maneira certa, acontece o seguinte:

“E porei dentro de vós o Meu Espírito, e farei que andeis nos Meus estatutos, e guardeis os Meus juízos, e os observeis.”

Ezequiel 36.27

E agora a gente entende o porquê. Se a Palavra de Deus consegue se enraizar no seu coração, o Espírito Santo tem liberdade para vir sobre a sua vida e te fazer andar nos estatutos dEle, guardar e obedecer a Palavra que, enfim, está bem firme dentro de você.

 

Para ver o restante da série O princípio da tentação:

Parte 1: O mal batendo na porta

Parte 2: Tentação de coisa ruim?

Parte 3: Resistir ao diabo

Parte 4: Todo problema é uma tentação em potencial

PS. Se você tem o livro Casamento Blindado 2.0 em casa, recomendo fortemente que leia — ou releia — o capítulo 13 assim que terminar este post. O que eles escrevem lá não vale só para o casamento, mas também para a vida espiritual.

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O princípio da tentação — parte 4: Todo problema é uma tentação em potencial 

Ver qualquer problema como tentação é algo que não estamos habituados a fazer. Dependendo do tamanho do problema, tendemos a lidar com ele de modo natural, principalmente quando parece que nossos recursos dão conta. Mas mesmo aí, podemos ficar vigilantes, analisando se aquele problema está nos tentando a alguma coisa. 

Pense bem. Principalmente se o diabo não tem acesso à vida de uma pessoa, você não acha que ele aproveitaria qualquer situação para tentar cavar uma oportunidade de tentá-la a errar (e, assim, ganhar espaço/acesso)? 

Ver o problema como tentação me fez entender que o objetivo do diabo não é o problema, em si (qualquer que seja), mas sim o que ele pode nos levar a fazer por meio daquele problema. A situação, mesmo quando não criada pelo diabo, se torna uma ferramenta dele para nos tentar a alguma coisa.

Foi o que aconteceu com Jó. No caso de Jó, tanto a miséria quanto a perda dos filhos e a doença foram causados pelo diabo com o objetivo de tentá-lo a abandonar sua sinceridade e blasfemar contra Deus. Mas nem sempre o diabo causa o problema. E às vezes, no início, é apenas uma situação ou um desafio. Como exemplo, tomemos a vida de Saul. Deus o escolheu como rei. Esse foi um desafio dado por Deus. Obviamente, ele se tornou um alvo do diabo, mas se Saul tivesse se mantido na obediência a Deus, faria as escolhas certas e o diabo não teria espaço algum. 

Mas foi só o profeta lembrar o mandamento que Deus havia deixado ao rei: “não multiplicará para si cavalos” (ou seja, não aumentará seu poder bélico a ponto de deixar de confiar em Deus para confiar na força de seu exército), para ele focar na formação de um exército forte. Por quê? Provavelmente a situação de estar cercado de inimigos e sem um exército preparado o tentou a procurar fortalecer esse recurso (ignorando o fato de que Deus os havia livrado dos Amonitas com aquele mesmo exército chinfrim). 

O objetivo do diabo não era que Israel tivesse um exército, mas que Saul desobedecesse a Deus e trocasse sua dependência de Deus pela dependência da força de seu próprio braço. Para que ele, o diabo, pudesse ganhar mais espaço. E, aliás, tanto deu certo, que a ruína de Saul veio justamente por querer ganhar pontos com os soldados desse exército, nas duas ocasiões em que desobedeceu a Deus para agradar aqueles em quem ele colocava sua confiança. 

O mal quer abrir cada vez mais espaço na vida da pessoa para que, no fim, alcance seu verdadeiro objetivo: a alma. Foi o que aconteceu com Saul. Estava acertando bem no comecinho. Alguns homens o desprezaram e criticaram quando ele foi escolhido rei (tentação para levá-lo à insegurança, ao medo, a duvidar da escolha de Deus e não ir à guerra — ou querer provar sua capacidade aos outros), mas a Bíblia diz que ele se fez de surdo. Depois, deve ter enfrentado várias tentações de desistir da batalha, mas foi lá, lutou e venceu. O problema começou quando voltou para casa vitorioso e foi aclamado pelo povo. Os elogios o tentaram à vaidade, a se inclinar a agradar o povo em vez de agradar a Deus. 

As demandas do dia a dia o tentaram a dar mais atenção aos cuidados desta vida em vez de cuidar da sua comunhão com Deus e, ao cair nessas tentações, ele se enfraqueceu espiritualmente. E deu no que deu. Ele não vigiou, entrou em absolutamente todas as tentações que lhe foram propostas, não resistiu a mais nada. Cedeu à insegurança, cedeu ao orgulho, se agarrou ao trono que não era mais dele, perseguiu Davi, foi consultar uma feiticeira, etc., se abraçou a todas as tentações, caiu em todas elas, abriu todos os espaços e, no fim, perdeu a salvação da sua alma.

Não dá para colocar a vida no automático e reagir a todas as situações sem considerar que Deus existe e quer orientar nossas escolhas para que possamos passar a eternidade com Ele, e sem considerar que o diabo também existe e dedica sua existência inútil a nos desviar do caminho, 24 horas por dia, com o objetivo de nos levar ao inferno. O fato de tanta gente no mundo conseguir permanecer viva tempo suficiente para criar seus filhos é, para mim, prova de que Deus existe e dá às pessoas muito mais chances do que elas mereceriam. 

Há forças interferindo neste mundo que não são deste mundo e não são visíveis aos nossos olhos. O único jeito de caminharmos nos desviando de armadilhas que nem sempre podemos ver, é nos submeter Àquele que é a própria luz.

 

Para ver o restante da série O princípio da tentação:

Parte 1: O mal batendo na porta

Parte 2: Tentação de coisa ruim?

Parte 3: Resistir ao diabo

PS. Temos mensagens neste blog durante o Jejum de Daniel. Se os posts estão ajudando você, compartilhe o blog com seus amigos que também estão no Jejum. Muitas pessoas não estão entrando nas redes sociais e não sabem (ou não se lembram) da existência deste blog.

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