Categoria: recordar é recordar

Sobre quem você realmente é

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Comecei a colocar algumas coisas do meu dia a dia no Instagram, e escreverei também aqui no blog, porque preciso que você entenda que o nosso modo de pensar tem maior responsabilidade sobre nosso emocional do que as circunstâncias, em si. As pessoas tendem a achar que só dá para ser feliz quando tudo está dando certo, a ponto de estranharem eu estar doente, sorrindo e brincando. Mas a felicidade e a paz interior não podem depender das circunstâncias externas (mesmo quando esse “externo” é o seu corpo rs). 

Não, você não vai me ver triste e sorumbática por estar me sentindo mal, não porque eu esconda ou disfarce, mas simplesmente porque o que acontece por fora não afeta meu estado de espírito. Momentos de tristeza podem acontecer, mas são pontuais e passam muito rápido; meu estado basal é alegria, mesmo quando me sinto cansada, exausta fisicamente  ou mentalmente. 

Esse milagre não é meu, não é da minha natureza. Esse milagre é do Espírito de Deus, que mudou minha natureza dramática em uma natureza de estabilidade e força. Na verdade, ele consertou um desvio de percurso e, à medida que me fez mais parecida com Ele, também me fez mais parecida com como eu deveria ter sido, originalmente. Minha primeira experiência com doença, na primeira infância, não foi tão diferente dessa. Nasci com uma cardiopatia chamada Persistência do Canal Arterial. O Canal Arterial (que também atende pelo pomposo nome de Ductus Arteriosus), é um canal que liga a artéria pulmonar à aorta e é indispensável à vida do feto, mas fecha nas primeiras 48 horas do nascimento. O meu, não fechou, causando sintomas que se agravaram aos dois anos, até os quatro, quando operei, já com hipertensão pulmonar. Eu me sentia muito mal, mas brincava, corria (desmaiava, mas depois levantava e seguia a vida). 

Fiz a cirurgia e no pós operatório os curativos eram chatinhos, mas não dava bola para aquilo, estava mais interessada no que acontecia ao meu redor. A comida do hospital adventista era gostosa e eles me davam gelatina, pêra e suco de uva. A fisioterapia respiratória era feita assoprando uma luva de procedimento (tempos pré-respiron rs), que o fisioterapeuta insistia que era um balão — e eu sabia que não era. Todo mundo era legal e me tratava bem. Fiquei com memória afetiva de hospital (que já perdi depois que fiquei UM MÊS com meu marido internado em Porto Alegre) e minha visão estava lá na frente, no fato de que eu iria conseguir brincar e correr sem perder o fôlego e sem desmaiar. E faria natação, meu sonho! (sonho, até eu começar a fazer rs.)

É claro que o fato de a minha mãe estar sempre calma também ajudou. Nunca a vi se desesperar, nunca a vi chorando ou agindo como se eu fosse morrer. Ela me entregou para Deus e entendeu que estava nas mãos dEle. Tinha certeza de que eu iria ficar bem e decidiu (conscientemente) viver um dia de cada vez, lidando com as situações no momento em que aconteciam, sem ficar antecipando os problemas (o contrário do que eu fiz na maior parte da minha vida). Teria sido mais difícil ficar tranquila se ela fosse uma pessoa histérica, mas acho que teria conseguido, eu realmente não era dramática nesse tempo (intensa, mas não dramática). Depois da cirurgia, fiquei com uma cicatriz enorme nas costas e logo já encontrei um modo de atribuir a ela valor positivo: Só eu tinha aquela cicatriz, o que fazia com que minhas costas fossem testemunhas de algo único!

Então, eu meio que já tinha essa forma tranquila de ver a vida, a confiança que as crianças de quatro anos têm. Deus resgatou em mim algo que já tinha sido soterrado pela insegurança, medo e dúvida que foram jogados na minha cabeça pelos gremlins da vida no decorrer dos anos. Às vezes o que você acha que é da sua natureza, à qual se agarra com tanta força por achar que é da sua “essência”, nada mais é do que um punhado de porcaria que se colou em você muito cedo. Por isso a gente precisa entregar todo o nosso eu para Deus, todo o nosso jeito, todas as nossas reações, nossas vontades, nossas opiniões e padrões de pensamento, sem medo, para que Ele decida o que fica e o que sai. Porque, sejamos honestos, ninguém se conhece tão bem assim para dizer o que é natural e o que foi construído. No fim das contas, só Deus sabe o que é nosso e o que é lixo.

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PS. A foto foi tirada em uma apresentação do jardim de infância, no ano da cirurgia. Vanessinha vestida de baiana. Mas esse bronzeado aí é fake news, a foto é saturada assim e eu não quis alterar no photoshop antes de postar.

PS2. Espero que minha ausência prolongada não tenha causado danos cerebrais irreversíveis em ninguém (nem em mim rs). 

A melhor maneira de economizar na Black Friday (ou fora dela)

turista3*Eu, no Rio (segundo o Davison, “vestida de cigana”), em  2004.

Economizei MUITO na Black Friday este ano: trabalhei o dia inteiro, à noite tive curso e não comprei nada.  100% de economia! 😀

Meu e-mail ficou abarrotado de SPAMs de todas as lojas do universo. Todas oferecendo grandes promoções para que eu economizasse nesse momento especial. Segui a ideia à risca, e economizei, mesmo…rs. Mas fiquei pensando, depois, sobre a forma que eu encarava esse tipo de coisa no passado. Eu era viciada em promoções. Não podia ver uma, e já precisava aproveitar. Na verdade, eu era viciada em preços baixos. Comprava minhas roupas pelo preço (e, por isso, me vestia com coisas esdrúxulas, como esse look do post que abre o blog), fazia compras na internet como se não houvesse amanhã e, muitas vezes, acabava gastando duplamente, por ter de comprar peças de reposição quando a porcaria que eu havia comprado estragava (o que acontecia com bastante frequência).

Na época em que morei no Rio, fazer compras nas Lojas Americanas era quase uma terapia. Uma terapia altamente inútil, mas a sensação momentânea era boa. Eu entrava lá e comprava um monte de quinquilharias baratinhas: cadernos, meias, chocolates, canetas e mais qualquer coisa que parecesse um bom negócio. Comprei muita coisa inútil, acumulei muita tralha e gastei muito dinheiro. Não comprei nada duradouro ou bom naquele tempo e ainda deixava meu marido mais doente aumentando nossas dívidas no cartão de crédito. Ele, que sempre foi tão controladinho com essas coisas. E eu, que nunca tive nem ideia do que era a tal educação financeira. Cresci em uma família sem recursos, minha mãe nos criou sozinha e era um parto conseguir qualquer dinheiro com o meu pai. Um terror, mesmo, ele reclamava de tudo, até de pagar escola. E sempre atrasava o pagamento. Atrasar pagamentos, pagar juros, cartão de crédito no rotativo e empréstimos bancários eram coisas comuns de ver (como são, aliás, até hoje. É só dar uma voltinha por aí e você vê muita gente encalacrada com essas coisas).

Antigamente, eu parcelava TUDO em, no mínimo, 3 vezes. Se fosse sem juros, eu poderia parcelar qualquer valor em 10 ou 12 vezes fácil, fácil. Resultado: ficava quase um ano pagando coisas que, muitas vezes, nem existiam mais quando eu parava de pagar. E, ao parcelar tudo o que comprava, perdia facilmente a conta e o controle e começava a acumular as parcelas mensais que, somadas, davam valores absurdos. Acho que isso era um legítimo espírito devorador. Ou eu nem precisava de devorador, já que me comportava como um. Hoje, é muito raro eu comprar alguma coisa em parcelas. Se não tenho dinheiro, não compro. Simples assim. Então, não adianta as lojinhas da Black Friday me oferecerem a possibilidade de pagar as comprinhas em até 12 vezes sem juros. Eu não vou comprar, nem se dividirem por mil. Quando sua forma de enxergar muda, tudo muda.

Considero o fato de ter me tornado uma pessoa super consciente do que gasta e do que deixa de gastar quase como uma mudança de personalidade. Meu marido me diz que sou outra pessoa e hoje confia totalmente em mim. Fiquei três anos sem cartão de crédito por vontade própria. Só esse ano aceitei que ele fizesse um cartão adicional.

Eu consegui entender o que me levava a comprar quinquilharias que eu não precisava e entulhar minha casa (literalmente) com poucos anos de casada. Tento me policiar diariamente para que isso não aconteça novamente em nenhum grau, embora considere que, para os meus novos padrões, o que eu gasto em livros e cursos seja um valor elevado. Mas, parando para pensar, é uma evolução. Antes, eu gastava com quinquilharias, doces, balas, refrigerantes, maquiagens que eu não ia usar e porcariazinhas mil. Hoje, gasto com livros que, de fato, leio, e com cursos que me ajudam muito no meu trabalho. As minhas decisões de compras se tornaram mais racionais e menos emocionais. Isso, com certeza, é algo que me deixa muito mais feliz do que qualquer coisa que eu pudesse comprar em uma super liquidação.