Categoria: Visão de mundo

O contato mais importante

Conhecemos a história: o rei Saul rejeitou a Deus por estar mais preocupado com sua reputação diante das pessoas. Estava preocupado com as aparências, com o que os outros iriam achar dele, com a opinião do povo. A opinião de Deus estava, em termos de importância, em último lugar para ele. Era como se ter sido escolhido por Deus fosse o suficiente e ele não precisasse fazer mais nada, nem obedecer, nem respeitar, nem considerar. Aprendeu a navegar pelo sistema e o sistema se tornou o seu deus. Saul, corrompido, se tornou o próprio burocrata da fé. Esqueceu Quem o colocou ali. E rejeitou a Deus não com palavras, mas com atitudes de desprezo, honrando mais à opinião dos outros. Possivelmente por achar que precisava da aprovação dos seus contatos. Enfim, perdeu totalmente o foco. 

Então, Deus também rejeitou Saul e decidiu ungir como rei o jovem Davi, filho de Jessé. Mas a substituição não foi imediata. Logo após o profeta Samuel ungir Davi como rei (sem que o rei Saul o soubesse), o Espírito do Senhor Se apoderou de Davi e Se retirou de Saul; e um espírito mau passou a atormentá-lo. Por isso, seus servos lhe deram a ideia de encontrar alguém que soubesse tocar harpa, para que o rei se sentisse melhor ao ouvir (acreditavam que a música acalmaria os demônios). O rei, então, achou boa a ideia:

” Então disse Saul aos seus servos: Buscai-me, pois, um homem que toque bem, e trazei-mo. Então respondeu um dos moços, e disse: Eis que tenho visto a um filho de Jessé, o belemita, que sabe tocar e é valente e vigoroso, e homem de guerra, e prudente em palavras, e de gentil presença; o Senhor é com ele.

E Saul enviou mensageiros a Jessé, dizendo: Envia-me Davi, teu filho, o que está com as ovelhas.” 1 Samuel 16.17-19

Pelo visto, o rapaz havia observado bem a Davi, talvez fosse seu amigo ou amigo de seu pai, porque sabia detalhes sobre ele. O testemunho do cara sobre Davi não terminou ali, porque o fato de Saul dizer na mensagem: “teu filho, o que está com as ovelhas”, mostra a tentativa de especificar o filho, para que não enviasse outro, ou seja, o rapaz provavelmente também tinha contado que Davi tinha irmãos, qual era a sua ocupação e o que deveria estar fazendo àquela hora (cuidando das ovelhas). E, possivelmente, também contou da tendência do pai de esquecer o garoto e se lembrar só dos mais velhos.

Interessante também que o servo de Saul diz que Davi preenche o pré-requisito para o trabalho de tocar harpa (sabe tocar) e ainda cita outras qualidades que poderiam ser úteis para o futuro. E olha o tamanho da “coincidência” de que justamente alguém que trabalhava no palácio conhecesse tão bem a Davi e pensasse bem dele (porque os próprios irmãos tinham maus olhos com Davi). E olha o timing: justamente depois de ele ter sido ungido rei (coisa que a testemunha provavelmente ainda nem sabia). E, coincidentemente, o rei precisava de alguém com suas habilidades. Nada disso é coincidência!

 A gente não precisa se preocupar com networking quando conhece Quem conhece todo mundo. Deus mesmo cria situações que nos aproximam de quem precisamos, quando precisamos. Só temos que nos aproximar de Deus para desenvolver as características necessárias para os contatos, como Davi, que era valente, prudente em palavras e de gentil presença. Todo mundo quer ficar ao lado de alguém assim. E seu conjunto de qualidades, que vem com a fé, deixava claro que Deus era com Davi. O comportamento de Davi dava testemunho dele. 

Então, quem é de Deus deve andar na contramão do mundo até nisso (ainda bem!). Por isso, no reino de Deus, há esperança social até para autistas. Porque você não precisa ter compreensão de todas as complicadas regras sociais que não fazem sentido algum. O seu relacionamento com Deus garante que Ele seja seu relações-públicas e lhe dê condições de lidar com o que for e com quem for, da melhor maneira possível, tenha você condições naturais ou não. 

Deus não está limitado às nossas limitações se dermos a Ele total acesso a todos os cantinhos do nosso ser, da nossa alma. A confiança pode — e deve — ser total, porque Ele nos dá as condições, Ele faz os contatos e cria as situações. Assim como sustenta as aves e veste os lírios do campo, Ele cuida de cada detalhe. Ele faz as “coincidências”, o inesperado, o extraordinário. As recompensas de confiar, se entregar e priorizá-Lo são tão incríveis que quem for inteligente não vai focar em outra coisa.

Até porque você sabe que o contato mais importante, mais completo e mais preenchedor que você pode ter é Deus. Nada é maior do que Ele, ninguém é mais importante do que Ele. Deus é suficiente. E o objetivo de vida de quem descobre isso passa a ser agradar essa pessoa tão fantástica e tão legal que a gente descobre que Deus é. Você quer saber o que Ele quer de você. Se Ele lhe deu uma missão, você vai lutar para cumprí-la. Não importa se no trono ou na caverna, se no Templo ou no deserto, se na montanha ou no vale, seu objetivo é viver de tal forma que ouça, no final, Deus o chamando de “servo bom e fiel”. 

 

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PS. Isso é o que eu vivo. Se dependesse da minha capacidade natural de fazer e manter contatos, de estabelecer estratégias de networking e de garantir que as pessoas me interpretem corretamente, eu estaria encrencada e nunca teria conseguido nada na vida. Aprenda a depender de Deus para tudo.

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O cuidado de guardar todos os mandamentos

“E será que, se ouvires a voz do SENHOR teu Deus, tendo cuidado de guardar todos os seus mandamentos que eu hoje te ordeno, o SENHOR teu Deus te exaltará sobre todas as nações da terra. E todas estas bênçãos virão sobre ti e te alcançarão, quando ouvires a voz do Senhor teu Deus” Deuteronômio 28.1,2

Ter o cuidado de guardar todos os mandamentos é um esforço ativo e consciente para obedecer à Palavra de Deus. Por exemplo, no capítulo anterior (Deuteronômio 27), diz, no versículo 16: “Maldito aquele que desprezar a seu pai ou a sua mãe”. Esta Palavra não abre exceções. Então, independentemente do que seu pai ou sua mãe tiverem feito, a pessoa que quer servir a Deus vai se esforçar para perdoá-los e tirar de dentro de si qualquer mágoa, ressentimento, desprezo ou falta de interesse.

 Ela vai procurar ajudar os pais, se interessar por eles, entrar em contato regularmente para ver se estão bem, procurar ajudá-los dentro de suas condições, orar por eles e mudar seus sentimentos com relação a eles, mudando o modo como os veem e as crenças que construíram ao redor disso. Eles erraram? Você também erra com seus filhos, com seu cônjuge, com seus amigos, com você mesmo. Se você acha que não erra ou que não erra tanto assim, então aí está o seu primeiro erro: está olhando tanto para si mesmo que não consegue enxergar como suas ações repercutem nos outros.

 Quem tem essa consciência tem também a humildade de saber que não pode exigir nada de ninguém, pois está em falta com muita gente. E precisa do perdão de Deus e das pessoas. Logo, precisa perdoar a quem ficou em falta com você, inclusive — e principalmente — seus pais. 

É a tal “regra de ouro”: “Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas.” Mateus 7.12

Ou seja, se você usar como regra o só fazer pelos outros o que gostaria que fizessem por você, vai cumprir todos os preceitos da Palavra de Deus mesmo sem saber quais são, porque isso é o resumo de tudo o que Ele nos pede: a VERDADEIRA empatia. Não a empatia Fake que o mundo nos prega, que depende do que a outra pessoa faz para definir se vai ou não oferecer. Isso não é empatia. A verdadeira empatia é sacrificial. Se você só der o que gostaria de receber, não vai roubar, não vai matar, não vai trair, não vai mentir… 

Como escrevi um tempo atrás no Twitter, se eu tenho empatia, EU tenho empatia. Não importa se o outro “merece” aos meus olhos. Se é algo que faz parte de mim, então não tem como aplicar em certos casos e não em outros. Se você só consegue ter empatia de quem você gosta, isso não é empatia. Até porque, “se amardes os que vos amam, que recompensa tereis? Não fazem os pecadores também o mesmo?” Mateus 5.46

“Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas.” Mateus 22.37-40

Povo sem noção acha que Jesus substituiu todos os mandamentos por esses dois, que se resumiriam a sentimento. Mas amor não é sentimento. O amor bíblico é fazer o que é certo por quem se ama, independente do custo. O amor bíblico é sacrifício. Você sacrifica pelo outro como sacrificaria por si mesmo. Toda a lei e os profetas, ou seja, a Palavra de Deus, depende desses dois mandamentos, porque se você não amar a Deus com todas as suas forças e sobre todas as coisas e se não amar os outros como a si mesmo, você não vai obedecer ao que está escrito.

Se amar a Deus sobre todas as coisas, vai confiar nEle integralmente, não vai ter outros deuses, não será infiel a Ele, guardará a palavra empenhada. Se amar os outros como a si mesmo, não vai cobiçar o que é dos outros, não vai ter coragem de matar, roubar, desprezar, subornar, ser maldoso, falar mal, odiar, etc. 

Mais um exemplo:

 “Maldito aquele que fizer que o cego erre de caminho.” Deuteronômio 27.18

Há muitos cegos neste mundo. Além do significado óbvio, de não fazer um deficiente visual andar pelo caminho errado, este versículo fala daqueles “cegos” metafóricos, que, mesmo tendo visão perfeita, não têm entendimento espiritual. É importante ter responsabilidade sobre aquilo que a gente diz e ensina por aí, para evitar colocar maus olhos e levar essas pessoas a errarem o caminho. 

Muitos, por vaidade, orgulho, para se defenderem diante dos homens, levam essas pessoas ao erro, porque sujam os olhos delas, as enganam com meias verdades, ou com mentiras inteiras enfeitadas com a verdade. Pessoas que têm estado debaixo de maldição sem saber. Como ex-pastores que, para não assumirem que foram expulsos da igreja porque pecaram, inventam acusações contra a igreja que os expulsou, para encobrir seus erros, sujando os olhos das pessoas, trazendo dúvida e ceticismo.

Ou pastores que, para não admitir que não têm fé para fazer o que Deus nos ordenou fazer, como, por exemplo, curar ou libertar alguém, dizem que o tempo dos milagres terminou. Ou alguém que deixa de dizer a uma pessoa que ela está errada, para não se indispor com ela, e acaba permitindo que ela vá para o inferno. Existem milhares de formas de fazer o cego errar o caminho, qualquer um pode fazer. 

A libertação dessas maldições vem por meio da obediência à Palavra de Deus. E esse esforço de ter responsabilidade sobre o que diz, de sacrificar o orgulho e a própria vontade a fim de evitar que o cego erre o caminho, faz com que a pessoa se aproxime de bênção (pois está se esforçando ativamente para obedecer)  e se afaste da maldição. Assim, ela pode contar com Deus e a promessa é de que todas as bênçãos lhe perseguirão e alcançarão:

“E todas estas bênçãos virão sobre ti e te alcançarão, quando ouvires a voz do Senhor teu Deus” Deuteronômio 28:2

No entanto, para os que agem do modo contrário ao que é certo, a promessa é de que todas as maldições lhe perseguirão e alcançarão:

“E todas estas maldições virão sobre ti, e te perseguirão, e te alcançarão, até que sejas destruído; porquanto não ouviste à voz do Senhor teu Deus, para guardares os Seus mandamentos, e os Seus estatutos, que te tem ordenado […] Porquanto não serviste ao Senhor teu Deus com alegria e bondade de coração, pela abundância de tudo.” Deuteronômio 28.45,47

Servir com alegria e bondade de coração é ser grato, ser manso, confiar em Deus e em Sua Palavra e ter bons olhos. Se esforçar para fazer o que é certo diante de Deus e se esforçar para manter longe da mente e do coração a malícia, a maldade, o modo desconfiado de olhar as coisas de Deus. Andar em pureza de atos, palavras e pensamentos. 

O legal é que as promessas para quem se dispõe a andar assim não são nada limitadas: “abundância de tudo”. Vê se não vale o sacrifício! 

Os mandamentos de Deus são simples, mas ao mesmo tempo parecem difíceis porque contrariam nossa vontade. Mas nossa natureza humana está toda esculhambada, nada que não contrariasse nossa vontade seria bom. Por isso o caminho certo é um só: SACRIFÍCIO, no sentido de renúncia. Renúncia diária à nossa vontade de fazer o contrário do que deveria ser feito. Se vivermos assim, acertaremos sempre.

 “Porque este é o amor de Deus: que guardemos os Seus mandamentos; e os Seus mandamentos não são pesados.” 1 João 5.3

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PS. Este texto foi feito a partir de um dos rascunhos que faço de manhã e que vou compartilhar com vocês aqui no blog todos esses dias do Jejum de Daniel.

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