Categoria: Visão de mundo

O que o peixe da vizinha me ensinou – Parte 2

[Link para ler a parte 1 desta série]

Nosso amiguinho está me fazendo ficar sentada perto dele, porque tenho pavor de deixá-lo sozinho, perder a noção do tempo e passar dois dias sem alimentá-lo (diz a lenda que Bettas resistem até cinco dias sem alimentação, mas eu não sabia quando escrevi este parágrafo). Passar algum tempo sentada era impensável até pouco tempo atrás (além da dor na lombar, cervical e sacroilíaca, o sangue ia para as pernas, minha cabeça cansava e eu me sentia exausta rapidamente. Se quisesse escrever, tinha que ser deitada, e, muitas vezes, nem assim). Porém, recentemente, eu tinha decidido que iria me forçar a fazer as coisas que não conseguia, na certeza de que Deus me honraria e eu acabaria conseguindo), mas passar duas horas sentada escrevendo, eu ainda não havia me forçado a fazer. Então o Corujita veio para me ajudar, ser meu personal trainer de ficar sentada. 😄  

Nos primeiros dias, a sacroileíte não gostou, mas eu não perguntei a opinião dela. Agora, está bem mais tolerável e não estou me cansando sentada como antes, já consigo aguentar das cinco até no máximo às sete. Acordo de manhã, vou orar, e depois sento com ele para ler a Bíblia e escrever no caderno o que aprendi. Então, pego o computador e passo algum tempo em um projeto que estava há anos tentando terminar. Ainda não consigo ficar mais do que duas horas sentada, mas três dias nessa rotina já é uma vitória inédita nos últimos anos!

Estou achando que a batida nas teclas do laptop o incomodam quando o aquário também está sobre a mesa. Ele nada para o canto do aquário e fica me olhando com uma cara de “você tá louca?”. E devo estar mesmo, porque tenho certeza de que sei o que este peixe está sentindo ou pensando. Sei, por exemplo, que ele gostou muito da gente, que está feliz (apesar do aquário pequeno), que é muito curioso e está animado com tantas coisas diferentes. Colocamos uma caixa de massinha perto do aquário para ele ver coisas coloridas, e ele gostou bastante, ficou nadando e olhando para o negócio. 

Então coloquei uma boneca perto do aquário e me pareceu que ele achou um horror! Aproximei a mão dela do vidro e ele achou pior ainda. A deixei sentada em cima do caderno. Ele se manteve paralisado, olhando para ela fixamente. Saí para buscar outra coisa e quando voltei, ele continuava paralisado no mesmo lugar. Então tirei a boneca e ele voltou a nadar 😳. E me “disse” (na minha fértil imaginação) que aquele era um negócio muito esquisito. Socorro, tira esse zumbi daqui. Tirei. Mas fiquei pensando nesse meu ímpeto de querer fazer o melhor pelo bichinho. E, como disse no post anterior, em como Deus também tem esse mesmo interesse em fazer o melhor por aqueles que estão ao alcance dEle. 

O aquário tem uma tampa, porque o peixe Betta pula😳. Vimos relatos de pessoas cujos betas foram encontrados do lado de fora do aquário, quase secos! Felizmente, a maioria sobreviveu por seu pequeno órgão de respiração, mas alguns morreram porque seus donos demoraram a ver e Bettas morrem se ficam muito tempo fora da água, então não podem pular do aquário!

Capaz de, se eu avisasse, ele achasse que eu o estava ameaçando com punição, já pensou? “Olhe, se você pular desse aquário, você vai morrer”, porque, né, eu conheço a realidade bem além do que ele conhece, e sei que, se ele pular do aquário, não vai ter água para viver. Mas ele poderia pensar “ah, ela é vingativa! É muito exigente. Não posso fazer o que tenho vontade! Disse que vou morrer se pular do aquário, isto é, ela vai me matar se eu não obedecer”. Oh, céus, que peixe burro ele seria!

É mais ou menos o que muitas pessoas fazem com Deus. Veem a Palavra dEle como ameaça, e não como um aviso de quem se importa. (Na real, quem vê Deus como vingativo, não O conhece e não O entende. Não sabe de Quem está falando. Simples assim.) Não percebem o Seu cuidado e não ouvem os Seus conselhos. Felizmente, Corujita não é assim. Fica bem feliz dentro da sua água e, quando abro a tampa, vem rapidinho, já esperando de mim o alimento. Ele espera que eu o sustente, porque sabe que é o que vou fazer. E, porque eu me compadeço dele, não quero que lhe falte nada. É assim que devemos agir com Deus e é o que devemos esperar dEle. Mas, como eu disse ontem, Ele não pode fazer tudo o que queria por quem não quer ser dEle. O bem que posso fazer pelo Corujita é limitado, não porque eu não queira fazer o bem ou porque eu queira limitar esse bem, mas porque ele não é meu. 

Ah, se ele fosse meu… Se fosse, eu o colocaria em um aquário maior e melhor equipado, com tudo o que ele precisa para ficar feliz, o manteria limpo e trocaria parte da água com a periodicidade adequada, o alimentaria duas vezes ao dia, faria tudo que estivesse ao meu alcance para mantê-lo bem por todo o seu tempo de vida. Aí me lembro de Deus, falando sobre Sua vontade para o Seu povo:

“Ah! se o Meu povo Me tivesse ouvido! Se Israel andasse nos Meus caminhos! Em breve abateria os seus inimigos, e viraria a Minha mão contra os seus adversários. Os que odeiam ao Senhor ter-se-lhe-iam sujeitado, e o seu tempo seria eterno.Eu o sustentaria com o trigo mais fino, e o fartaria com o mel saído da rocha.” Salmo 81.13-16

Ou seja, se o povo dEle o ouvisse, Ele faria tudo o que estivesse a Seu alcance para vê-los bem. Ele só pode fazer isso por quem é dEle, por quem ouve e obedece a Ele. Pelos outros, o bem que Ele pode lhes fazer é limitado, não por Ele ser limitado — pois não é — mas porque eles não são dEle ou não obedecem a Ele. Para ser de Deus, temos de ouvir, obedecer, andar em Seus caminhos diariamente. A cada escolha, a cada decisão, a cada atitude, a cada reação, a cada pensamento. Dedicar a Ele tudo o que somos e temos. Mergulhar no aquário dEle e de lá não sair.

Se o Corujita fosse meu, eu daria a ele o melhor. E isso não porque quero um peixe, ou porque ele é legal, bonito ou por algo que ele fez. Eu iria querer tê-lo em casa para fazê-lo feliz, porque valorizo aquela vidinha, mesmo sendo tão menor que eu, tão diferente de mim. E não porque eu precise, não por mim, mas por ele. Para dar a ele, ainda que me custe. Ainda que eu não precise de mais uma vidinha sob minha responsabilidade. Esta vidinha existe e eu quero cuidar dela. E comecei a me dar conta de que aqueles pensamentos não eram meus em relação ao peixe. Eram de Deus em relação às pessoas que estão na casa dEle, mas ainda não pertencem a Ele.

Porque Corujita está na minha casa, mas não é meu, não posso fazer por ele tudo o que eu gostaria. Mas tenho alguma responsabilidade sobre ele (não como se fosse meu, mas tenho), alguma coisa eu posso fazer, porque ele está na minha casa. Mas a partir de quarta, ele não estará mais na minha casa. Não estará mais sob minha responsabilidade e eu não vou mais fazer por ele o que podia fazer quando estava aqui. Porque além de não ser meu, não estará comigo. E só o que posso fazer é esperar que ele fique bem e que possa auxiliar à distância (mas à distância posso fazer bem menos do que estando na minha casa). E que, na próxima viagem da vizinha, ele possa ficar conosco mais uma vez.

Então percebo por que o mal se esforça tanto para tirar a pessoa da igreja, quer seja levando para o mundo, quer seja levando para uma igreja religiosa, que não seja casa de Deus, mas que dê um enganoso conforto psicológico (por algum tempo). Estando longe, o que Deus pode fazer por ela se limita ainda mais. Depois de devolver o Corujita, a única coisa que pude fazer por ele foi orientar à distância. Davison ajudou a trocar a água no dia em que chegou lá e ela estava turva. Dei informações quando ele ficou sem comer. Mas se nossa vizinha não estivesse empenhada em fazer o melhor por ele, o que poderíamos fazer estando tão longe? Nada. 

Não importa o que você esteja passando. Não importa o que lhe venha à mente. Não importa o que aconteça, não se afaste de Deus. Aliás, pelo contrário, decida se aproximar ainda mais. Quanto mais complicadas as circunstâncias, mais você busca a Deus, mais se dedica a Ele, e não menos. É assim que funciona, caso você não queira cair na armadilha do diabo no meio da tormenta. E digo isso por experiência própria. Você sai do perrengue mais forte, melhor do que antes e bem mais preparado para finalmente passar de fase. 

 

[Link para a terceira — e última — parte da saga]

 

PS. Fiz essa comparação entre a minha casa e a casa de Deus, e a minha atitude e a atitude de Deus, não por achar que só eu poderia cuidar do peixinho, obviamente. Era só uma analogia tosca (porque, né, Deus cuida da gente muito melhor do que eu poderia cuidar do Corujita), mas em que eu pensei enquanto ele estava aqui e me ajudou a entender melhor. Fora da minha casa, quem deve representar Deus na vida do Corujita é a dona dele, essa é a responsabilidade dela. Aliás, para isso fomos criados, para representar Deus neste mundo e administrar a Criação como representantes dEle. O ser humano, depois que caiu, perdeu essa noção e, por isso, sem conhecer Deus e sem se interessar por Ele, anda perdido por aí, sem saber o que veio fazer neste mundo. E não estou dizendo que a missão do ser humano é cuidar da natureza, simplesmente. Não adianta nada cuidar da natureza a partir dos critérios humanos, em uma vibe ambientalista. Não tem nada a ver com isso. O papel do ser humano é ser representante de Deus neste mundo. Mas como ser representante de Deus se não O conhece? Pensando bem, talvez este assunto mereça um post só para ele. 🤔

PS2. Um mês depois, continuo conseguindo passar de uma a duas horas sentada, escrevendo, pela manhã. Ainda com bastante esforço, mas tem que se esforçar, não tem jeito. Qualquer resultado, em qualquer coisa que nos seja difícil, só vem com esforço e persistência. Consegui manter a rotina da manhã mesmo nos dias em que passei muito mal, com exceção de alguns dias em que precisei adaptar. Para superar, a gente tem que, na fé,  ser mais teimoso do que o problema.

PS3. Mesmo quando terminar a saga do peixinho, as postagens diárias do Jejum de Daniel vão continuar.

PS4. Tem uns três assuntos nesse post, eu sei hahaha. Mas estou assim. Bastante coisa em que pensar. 

PS5. Se inscreva em nosso canal privado no Telegram, por onde você pode ser avisado sempre que tiver post novo aqui ou vídeo novo no canal (não desisti dos vídeos, não), segue o link: https://t.me/joinchat/Sc3ZPNTs98TL20OP

O que o peixe da vizinha me ensinou – Parte 1

Prometi, no grupo do Telegram, o texto sobre o peixe da vizinha. Foi um mês bem difícil, então só consegui concluí-lo agora. Como o aplicativo de edição de texto do meu cérebro ainda não foi atualizado para ser compatível com meu novo sistema operacional, o texto virou um longo e infinito relato que, para não cansar meus amados leitores, será postado neste blog em partes. 

O que o peixe da vizinha me ensinou – Parte 1

*[Escrevi esse texto enquanto o peixinho estava aqui em casa. Depois fiz alguns comentários entre parênteses, mas mantive grande parte das anotações originais, para manter a autenticidade e transmitir a vocês o drama do momento hahaha Espero que vocês se divirtam e aprendam, como eu me diverti e aprendi nesses dias.]

Nossa vizinha viajou e deixou o peixinho dela conosco. Davison foi ajudá-la com o computador em uma sexta-feira e voltou com um pequeno aquário e um pequeno peixe vermelho dentro dele: “trouxe a Corujita”, ele me disse (depois, pesquisando, descobrimos que é macho, então é o Corujita). Ela ia viajar com a filha, o genro e o neto e não teria com quem deixar o bichinho.

  De início, ficamos em estado de choque e um tanto quanto tensos pela mudança de rotina e também pelo tamanho da responsabilidade, afinal, era uma vida. Uma vida pequena e dentro de um vidro com água, mas uma vida. Como vai ser? Não sabemos cuidar de peixe! A única coisa que eu sabia era o nome da espécie: peixe Betta (finalmente alguma coisa que eu sabia e o Davison não hahaha — ele é uma enciclopédia). Sabia também que um betta deve ficar sozinho no aquário, ou com espécies que ele tolera, porque é um monstrinho agressivo e odeia outros bettas. Se colocar dois em um aquário (principalmente machos), eles brigam até matar. Talvez por achar que eram monstrinhos, nunca me interessei em saber mais. 

Aí lá fomos nós retomar o controle das nossas emoções. Decidimos que não iríamos nos estressar. Não é a situação que define o que é estressante e o que não é, quem define é a nossa reação. Já sabemos disso há bastante tempo. Decidimos então que seria divertido. Em vez de focar em nossa rotina que estava sendo alterada, focamos em fazer o melhor pelo bichinho e por nossa vizinha. 

E também, eu pensei, é só um peixe, ele nem deve saber o que está acontecendo. 

Davison coloca o aquário em cima da mesa. “Que bonitinho!” Eu digo. E o peixe OLHA PARA MIM! Amigos, os peixes em Pet shops sempre fingem que eu não existo quando me aproximo do aquário, mas este OLHOU PARA MIM, nitidamente curioso e interessado. Dei a volta na mesa e ele ME SEGUIU! Socorro, esse peixe sabe que estou aqui! Preciso me controlar para não roubá-lo da vizinha. “Não roubarás”, “não cobiçarás coisa nenhuma de teu próximo”, repito para mim mesma em pensamento. 

[Corujita olhando para mim: “oi, eu sei que você existe”]

Nunca quis um peixe, e sou do tipo que mata plantas ao tentar cuidar delas. O Davison também tem o mesmo defeito. Tudo o que tentamos cultivar, acabamos matando. Matamos até três CACTOS lá em Porto Alegre! (Huguinho, Zezinho e Luizinho – porque todas as nossas plantas tinham nome) No desespero, já tentamos até plantar uma erva daninha, a Luzia, mas ela soube que éramos nós e não pegou hahaha. E somos as únicas criaturas que conheço que conseguiram matar suculentas (aquelas plantinhas pequenas e desérticas que prosperam até dentro do Carrefour). Então imagine nossa tensão ao receber tamanha responsabilidade. 

Minha vizinha não pareceu se importar “ah, vocês têm um monte de gato, vão conseguir cuidar”. Fiquei tentando encontrar a conexão entre conseguir cuidar de gatos, que respiram ar, miam quando estão com fome e não permitem que nos esqueçamos deles, e conseguir cuidar de um peixe, que não troca a própria água, não faz barulho e que, em matéria de dependência e de avisar sobre suas necessidades é mais semelhante a uma planta do que a um mamífero (mais ou menos. De uma forma inexplicável, Corujita SE COMUNICA comigo e ME AVISA que está com fome. Tipo o tempo todo. Mas não caio no drama, porque descobri que alimentar demais um Betta pode até matá-lo. Mas quando escrevi esse parágrafo, logo que ele chegou em casa, éramos ignorantes e achávamos isso aí). 

Mas eu tive vontade de proteger aquela criaturinha tão frágil, que depende da gente até para respirar (depois descobri que Bettas também respiram ar por uma estrutura que eles têm chamada “labirinto”, além de respirarem pelas brânquias, então graças a Deus este não depende totalmente de nós para manter seus níveis de oxigênio). Ele não é nosso, mas está em nossa casa, então sentimos a responsabilidade de proporcionar a melhor estada. 

A dona dele disse que não precisava ter nenhum cuidado, só dar oito bolinhas de ração pela manhã, mas descobrimos que não é bem assim. Fizemos uma breve pesquisa e descobrimos que o aquário ideal deve ter no mínimo 15 litros (alguns locais falam 10 litros, outros 15, outros 18  e outros 20) e lugares para ele se esconder. Como o aquário dele não tinha nem UM mísero litro, estava bem aquém do ideal. Felizmente, é um mini-betta, e Bettas crescem em lugares bem piores, então ele provavelmente não sabe que está ruim. 

E, obviamente, ficamos com muita vontade de dar um aquário novo de presente para a vizinha. Já pensou? Entregar o peixe na quarta com um aquário dez vezes maior do que o dele 😄. O problema é que ela não teria condições de mover um aquário dessas dimensões, não é uma alteração que possamos fazer (eu faria, mas o Davison tem mais noção que eu e disse que era melhor não). Mesmo assim, vamos reunir algumas informações e imprimir para ela, dessa forma terá oportunidade de aprender a fazer um habitat adequado para ele, se quiser e puder. Qualquer aquário maior será melhor que o de menos de 1 litro em que ele está. 

Precisa usar anticloro e manter o ph da água adequado (7.0), então precisa ter um teste de ph (felizmente, somos seres esquisitos que já tinham um testador eletrônico de PH e a água estava dentro dos parâmetros adequados). E não pode deixar acumular amônia tóxica, então precisa ter um teste de amônia tóxica (compramos, também está dentro dos parâmetros). Para ter um Betta feliz, é necessário criar um habitat adequado, com plantinhas naturais ou de tecido (plástico pode machucá-los), com seixo de rio no fundo (e não pedras coloridas, que são tóxicas), um termostato e um termômetro, para não deixar a temperatura ficar abaixo de 25 graus em dias frios. E um filtro, talvez, embora este pareça ser opcional (e não pode agitar a água, que ele se estressa). Um cooler ou pequeno ventilador, caso a temperatura passe dos 30. Já disse que precisa ter um termômetro? 

Então fiquei pensando…foi isso o que Deus fez com a gente. Ele queria criar o ser humano, então fez um habitat adequado. No caso, todo o universo, para que a vida na Terra fosse possível (guardando as devidas proporções, é claro. A diferença de dimensão entre Deus e o Universo é bem maior do que a diferença de dimensão entre nós e um aquário que seja um habitat adequado para um peixinho). Assim como esse peixinho depende totalmente de nós para viver, nós também dependemos totalmente de Deus. E o mesmo desejo profundo que eu tenho de ver essa vidinha prosperar, se desenvolver feliz e saudável por todo o tempo que estiver neste mundo, Ele também tem de nos ver bem, desde o momento em que nascemos até a eternidade. E aqui está o primeiro ensinamento de fé do Corujita, que é uma daquelas verdades que você deve guardar dentro de si:

Dependemos totalmente de Deus e Ele tem profundo desejo de fazer o melhor por nós.

Acho que é assim quando a gente chega na igreja. A pessoa não é dEle, mas está na casa dEle, então Ele vai cuidar, vai fazer o melhor possível, dentro das limitações da situação, pois não pode simplesmente arrancar a vida da pessoa das mãos dela se ela não quiser dar. Assim como eu não posso simplesmente roubar o Corujita da minha vizinha. O que posso fazer é cuidar o melhor que puder aqui, respeitando os limites impostos pelas circunstâncias (não posso simplesmente trocar a beteira de 700ml por um aquário de oito litros, do nada). Depois disso, só oferecer informação, me dispor a ajudar, colaborar com algumas coisinhas básicas para começar… Ele não ser meu me limita a agir na vida dele, ainda que eu queira. 

A diferença é que Corujita não tem escolha. Ele mora em um aquário e é carregado para lá e para cá. Quem decide a vida dele é a dona. Já as pessoas têm escolha. 

Corujita também não é rebelde. Ele não desconfia de mim, ele não me despreza, não me rejeita. Pelo contrário, ele me procura. Quando estou do outro lado do aquário, ele me busca, quer me ver, quer estar perto. E, por isso, fico com mais vontade de estar perto dele, ficar mais com ele e fazer mais por ele. E quando lhe dou alguma coisa, ele fica tão feliz e que tenho vontade de lhe dar ainda mais. (Tudo bem que gostaria que ele percebesse que ganhou comida e ficasse menos desesperado, apreciando um pouco mais o que recebeu.) Precisamos ter a pureza de um peixinho feliz em nosso relacionamento com Deus. 

Eu disse que o Corujita não tem escolha, mas ele tem escolha, sim. Pode ficar no aquário ou pode aproveitar para fugir dele quando a tampa se abrir. Ele morreria se ficasse muito tempo fora do aquário, mas isso não deixa de ser uma escolha. A vida e o bem, ou a morte e o mal. É exatamente a escolha que temos. 

“Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, de que te tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe pois a vida, para que vivas, tu e a tua descendência, amando ao Senhor teu Deus, dando ouvidos à Sua voz, e achegando-te a Ele; pois Ele é a tua vida, e o prolongamento dos teus dias; para que fiques na terra que o Senhor jurou a teus pais, a Abraão, a Isaque, e a Jacó, que lhes havia de dar.” Deuteronômio 30.19,20

As pessoas não percebem, mas se ficarem muito tempo longe de Deus, também vão morrer. Ele é nosso dono (ou quer ser), mas também é nosso aquário. NEle temos tudo o que precisamos para viver, e fora dEle conseguimos respirar por algum tempo, mas desidratamos e acabamos morrendo. Não há possibilidade de vida fora dEle, só ilusão. Aliás, uma das coisas que mais gosto na Bíblia é da parte que apresenta Deus como esse lugar: 

“Tu és o lugar em que me escondo; Tu me preservas da angústia; Tu me cinges de alegres cantos de livramento.” Salmos 32.7

Depois que nos tornamos de Deus, ganhamos o melhor dos aquários, em que podemos viver em paz, nos alegrar, nos fortalecer e nos esconder. 

[… Clique aqui para ler a continuação, O que o peixe Betta da vizinha me ensinou – parte 2]

PS. Descobri depois que o peixinho não era da vizinha, mas sim do neto de 3 anos…e da filha, que estavam temporariamente morando com ela. 

PS2. Amanhã começa o Jejum de Daniel! Teremos posts diários no blog. Na verdade, há muito tempo este blog não sai do Jejum de Daniel, praticamente só tenho escrito posts relacionados à fé. A diferença é que vai ter post todo diaaaa (e desta vez vai mesmo).

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