“E pela manhã cedo se levantaram e saíram ao deserto de Tecoa, e, ao saírem, Jeosafá pôs se em pé, e disse: Ouvi-me, ó Judá, e vós, moradores de Jerusalém; crede no Senhor vosso Deus, e estareis seguros; crede nos Seus profetas, e prosperareis.” 2Crônicas 20.20

O que havia acontecido antes? Um exército inimigo muito numeroso, de moabitas e amonitas, se levantou contra Israel. “Vem contra ti uma grande multidão” (v.2),  foi o que o rei Jeosafá ouviu naquele dia. E é o que também nós ouvimos quando os problemas nos ameaçam. Mas o que importa mesmo é a nossa reação. E a de Jeosafá foi a melhor possível. Recorreu a Deus.

Primeiro, de imediato, ele sentiu medo, porque olhou naturalmente para a situação e constatou que, humanamente falando, ele não tinha condições de resistir àquele exército e resolver aquele problema. Então, inteligentemente, ele decide pedir socorro ao Senhor. A reação de Jeosafá ao medo foi se pôr a buscar ao Senhor, e também apregoou um jejum em todo Judá. 

“E Judá se ajuntou para pedir ao Senhor; também de todas as cidades de Judá vieram para buscar ao Senhor.” E Jeosafá  foi com eles ao Templo para falar com Deus. Acho muito interessante a oração que ele faz (vou colocar aqui, depois comento):

“Ah! Senhor Deus de nossos pais, não és Tu Deus nos céus? Não és Tu que dominas sobre todos os reinos das nações? Na Tua mão há força e poder, e não há quem Te possa resistir. Ó nosso Deus, não lançaste fora os moradores desta terra de diante do Teu povo Israel, e não a deste para sempre à descendência de Abraão, Teu amigo? E habitaram nela e edificaram-Te nela um santuário ao Teu nome, dizendo: Se algum mal nos sobrevier, espada, juízo, peste, ou fome, nós nos apresentaremos diante desta casa e diante de Ti, pois Teu nome está nesta casa, e clamaremos a Ti na nossa angústia, e Tu nos ouvirás e livrarás. 

Agora, pois, eis que os filhos de Amom, e de Moabe e os das montanhas de Seir, pelos quais não permitiste passar a Israel, quando vinham da terra do Egito, mas deles se desviaram e não os destruíram, eis que nos dão o pago, vindo para lançar-nos fora da Tua herança, que nos fizeste herdar.

Ah! nosso Deus, não os julgarás? Porque em nós não há força perante esta grande multidão que vem contra nós, e não sabemos o que faremos; porém os nossos olhos estão postos em Ti.” 2 Crônicas 20.6-12

 Primeiro, Jeosafá reconhece quem Deus é, depois declara o que Deus faz, depois lembra da aliança que Ele fez, inclusive de ouvir as orações no Templo, depois conta o que está acontecendo, o que eles estão sentindo, e pede que Deus os julgue e se coloca na posição humilde de quem não sabe o que fazer, mas permanece confiando e esperando a resposta, que vem em seguida. 

O interessante é que ele faz perguntas, como que para lembrar Deus da Sua Palavra. Como um advogado que entra diante do juiz citando as leis em que se baseia a petição, mostrando o contrato que foi feito no passado. O que entendo dessa oração é, não em tom desafiador, mas em tom de quem realmente sabe que está falando com Quem pode e quer ajudar: “se o Senhor é tudo isso, se fez tudo isso, se é verdade, então o Senhor tem que me ouvir e me atender, porque é isso o que está escrito que o senhor faria com quem Lhe buscasse”. Ele diz isso com humildade, movido pela certeza de que aquela Palavra era a verdade e que Deus realmente cumpre o que promete.

Não é vergonha dizer para Deus que não sabe o que fazer. Vergonha é tentar mentir para Deus. Se não sabe o que fazer, diga isso para Ele. Ressalto aqui a humildade: Jeosafá não estava nem aí para a sua posição ou para o que o povo iria pensar dele. Na frente de todo mundo, assumiu para Deus que não sabia o que fazer. O rei Jeosafá se despojou do papel de líder, não queria que o povo dependesse dele, mas sim de Deus. Colocou Deus no trono. Ali, ele era povo. 

Deus, então, Se agrada daquela atitude e toma a briga para Si (porque Ele é muito fofo!). Quando vê o nível de confiança, dependência e humildade, ou seja, a FÉ de Jeosafá e do povo que o acompanhou, Deus vê tudo o que queria ver. E abraça a causa do povo, compra a briga deles, literalmente, olha que legal:

“Dai ouvidos todo o Judá, e vós, moradores de Jerusalém, e tu, ó rei Jeosafá; assim o Senhor vos diz: Não temais, nem vos assusteis por causa desta grande multidão; pois a peleja não é vossa, mas de Deus. Amanhã descereis contra eles; eis que sobem pela ladeira de Ziz, e os achareis no fim do vale, diante do deserto de Jeruel. 

Nesta batalha não tereis que pelejar; postai-vos, ficai parados, e vede a salvação do Senhor para convosco, ó Judá e Jerusalém. Não temais, nem vos assusteis; amanhã saí-lhes ao encontro, porque o Senhor está convosco.” 2 Crônicas 20.15-17

Por isso Jeosafá exortou o povo a crer em Deus e em Seus profetas. Se cressem no Senhor estariam seguros, se cressem em Seus profetas, tudo daria certo. A exortação foi para CRER. Ou seja, confiar e OBEDECER. Quem visse de fora, acharia que eles estavam indo para o matadouro. A batalha era de Deus, mas eles tiveram que ir até ela, fazendo o contrário do que queriam inicialmente, porque CRERAM na Palavra de Deus. E Ele honrou essa fé ousada. 

É ousada porque obedece. Porque o que Deus pede requer ousadia e não temos alternativa. É obedecer (crer) ou desobedecer (fugir). E eles obedeceram. Deus mandou que não temessem, nem se assustassem e eles OBEDECERAM, ignorando o medo e confiando nas palavras de Deus. Deus mandou que fossem até a batalha contra aquela multidão invencível e eles foram, mesmo sabendo que não tinham condições de vencer, crendo que realmente não precisariam pelejar e veriam a salvação que Deus lhes daria. Sem nenhuma outra garantia além daquela Palavra, eles foram alegres e saltitantes, já ESPERANDO ver a maravilha que Deus faria. 

Veja a disposição que temos de ter diante das promessas de Deus. Ir até o problema (do qual até ontem queríamos fugir), com alegria, na expectativa de ver a promessa se cumprir. Sem medo, sem pavor. Se a gente está orando, diz que crê, mas diante do problema fica com medo, ansioso, inseguro, assustado, então não está crendo. É chato admitir coisa feia a nosso respeito, mas é preciso ser honesto. Você não está crendo coisa nenhuma. Volte dez casas e faça a oração inicial de Jeosafá, com aquela sinceridade e humildade. 

Confiança, assim como obediência, é DECISÃO, e não sentimento. Fazer o contrário do que se está sentindo. Como Jeosafá, todo apavorado, ao se derramar diante de Deus. Saindo dali, se encheu da coragem que vem da fé. E Israel presenciou uma das batalhas mais doidas da Bíblia. Os inimigos vieram até eles, mas antes de chegarem, se mataram uns aos outros. Quando Israel chegou lá, toda aquela multidão assustadora já estava morta. O povo entrou, pegou os despojos e o problema acabou. 😳

Não é padrão. Nas histórias das guerras Bíblicas em que o povo estava com Deus, não tinha fórmula. Em alguns casos, Deus mandava o povo lutar e dava vitória ao povo no meio da batalha, o exército tinha que ir lá e matar os inimigos à espada, com esforço. Outra vez, caíram pedras do céu enquanto lutavam e morreram mais inimigos por essa saraiva na cabeça do que pela espada de Israel. Em outra ocasião, um anjo sozinho foi lá e matou todo o exército inimigo antes mesmo da guerra. Em outra, os inimigos ouviram um barulho, criaram uma historinha na cabeça, se assustaram, fugiram e não teve guerra. Em outra, Deus pediu para reduzir o exército de Israel para que estivessem numericamente em desvantagem, então os enviou para a batalha e eles mataram os inimigos. 

Cada situação era uma situação, até para o povo aprender a confiar (e não é exatamente assim na nossa vida?). O único padrão era a ordem de não temer, de não se assustar, de ser corajoso, de CRER e obedecer. Então, quando a gente quer andar com Deus, nunca sabe o que fazer, mesmo. Para saber, tem de buscar a Ele e ouvir a Sua voz. Não se iluda, não se deixe enganar. Sem Deus, ninguém consegue fazer nada, ninguém consegue acertar de verdade. Alguns percebem isso rápido, outros se iludem por mais tempo. Mas Ele mesmo deixou bem claro: “Eu sou a videira, vós as varas; quem está em Mim, e Eu nele, esse dá muito fruto; porque sem Mim nada podeis fazer.”João 15.5

Quem está na força do braço cria sua própria estratégia, faz seus próprios planos e, assim, tem a ilusão de que sabe o que fazer. Mas na realidade, está à mercê do acaso, do natural. Vai colher os frutos do natural. No entanto, quem quiser colher os frutos do sobrenatural não tem alternativa: precisa recorrer ao sobrenatural com a sinceridade, a humildade de chegar até Deus e perguntar o que deve fazer, naquela ocasião específica.

A resposta virá. Na forma de uma Palavra na Bíblia, ou na reunião, por um pastor que fala com geral e nem sabe que está falando só para você, ou por uma ideia que vai surgir na sua cabeça acompanhada de uma certeza, ou por uma força para agir em direção a alguma solução que você de repente simplesmente sabe que veio de Deus, ou mesmo por uma confiança profunda de que você não precisa fazer nada, só olhar e esperar a vitória que Deus vai te dar. Ou por um Deus ex-machina, ou por outro meio, enfim, também não tem fórmula para isso, não tem padrão, cada caso acontece de um jeito. A única coisa que é padrão em todos os casos é a CERTEZA, que ou vem do além ou vem da decisão consciente que você toma de CRER. 

 

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PS. Este texto foi feito a partir de um dos rascunhos que faço de manhã e que vou compartilhar com vocês aqui no blog todos esses dias do Jejum de Daniel.

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