Quem visse Davi na caverna e Saul reinando, pensaria equivocadamente que Saul estava certo e Davi, errado; que Saul estava agradando a Deus (afinal, estava no trono) e Davi estava sendo punido por algum malfeito (afinal, estava se escondendo entre os inimigos). E às vezes passava na cabeça de Davi pensamentos de que aquilo seria permanente. No salmo 13, ele chega a questionar se Deus vai se esquecer dele para sempre, que é a expressão do que ele estava sentindo. Mas logo se recompõe e começa a declarar sua fé. Então isso é algo que podemos aprender com Davi. O pensamento ruim pode até vir, mas você logo o combate com uma resposta da fé: 

“Até quando te esquecerás de mim, Senhor? Para sempre? Até quando esconderás de mim o Teu rosto? Até quando consultarei com a minha alma, tendo tristeza no meu coração cada dia? Até quando se exaltará sobre mim o meu inimigo?”

Aqui Davi desabafa com Deus sobre o que está sentindo. Está triste, cansado, se sentindo humilhado por seus inimigos e com a sensação de que Deus se esqueceu dele. Até imagino o tipo de pensamento que veio a Davi naquela situação: “Deus Se esqueceu de mim. Todos os meus inimigos devem estar achando que venceram, que Deus não é por mim. Até quando isso vai continuar assim? Isso nunca vai mudar”. Esses pensamentos aparecem, mesmo. Mas em seguida, Davi os combate pedindo livramento daquilo que ele teme. Ou seja, não fica lá curtindo o medo e a sensação de abandono:

“Atende-me, ouve-me, ó Senhor meu Deus; ilumina os meus olhos para que eu não adormeça na morte; para que o meu inimigo não diga: Prevaleci contra ele; e os meus adversários não se alegrem, vindo eu a vacilar.”

Davi se coloca na dependência de Deus aqui. Não tenta se apoiar em sua própria força A única forma de ele não vacilar é Deus o atendendo. Se parece que Deus o abandonou, por que ele está pedindo para ser ouvido? Porque, no fundo, ele sabe que Deus não o abandonou. Ou seja, aqueles pensamentos não eram dele, eram plantados pelo mal para fazê-lo desistir. 

“Mas eu confio na Tua benignidade; na Tua salvação se alegrará o meu coração.

Cantarei ao Senhor, porquanto me tem feito muito bem.”

Davi termina a oração declarando sua confiança em Quem Deus é e reconhecendo o bem que Ele lhe tem feito (o guardou, cuidou dele, salvou sua vida várias vezes, o fortaleceu e o ensinou muito). Desta forma, neutraliza as palavras do mal em sua mente, porque não há nada mais contrário a “Deus Se esqueceu de mim e escondeu o Seu rosto enquanto estou fraco e triste” do que “Deus me tem feito muito bem, Ele é benigno, vai me livrar, eu vou ficar feliz por isso”. Note que não deu tempo do sentimento de Davi mudar. O que mudou foi sua atitude diante daqueles pensamentos. Deixou de acolher aqueles pensamentos negativos e entregou sua causa a Deus, confiando na benignidade dEle. E isso mudou seu sentimento. 

 O gremlin que senta em nosso ombro para sugerir pensamentos ruins sempre vai tentar nos fazer sentir como se aquele momento ruim fosse a descrição de toda a nossa vida, como se nada nunca fosse mudar. Mas nossa vida não é um pedacinho, ela é um conjunto de coisas em um longo espaço de tempo. É preciso tomar uma certa distância para ver o quadro completo. 

Quando você não está se sentindo bem, os pensamentos negativos vêm, às vezes disfarçados de mera constatação. Mas não importa se parecem verdade ou não, o que importa é o que você vai fazer assim que os identifica. O modelo dessa oração de Davi é perfeito para quando estamos andando na Justiça, mas não vimos ainda acontecer o livramento que buscamos e esperamos, e por isso o mal tenta plantar pensamentos nada a ver. 

O que fica no final desse salmo não é o “até quando?” da pergunta de Davi, mas a promessa da salvação que lhe trará a alegria, trazida pela confiança na benignidade de Deus. Ele é benigno, logo, não está ignorando ninguém. Davi se deu conta disso e, por se manter confiando nessa benignidade, um dia enfim tudo se cumpriu e ficou bem claro quem estava certo: Davi, no trono, como o rei mais aprovado por Deus, honrado pelo Rei dos reis.

 

 

PS. Por favor, não deixe essa palavra sumir da sua cabeça. Pense nelas durante a noite e durante o dia. Escreva a respeito do que entendeu e do que aprendeu, releia o salmo 13, leia o texto novamente… Aprenda a ser a boa terra em que a Semente pode se desenvolver. 

PS2. Se você tem gostado das mensagens do blog, considere compartilhar com outros amigos que também estejam no Jejum de Daniel!

PS3. Se inscreva em nosso canal privado no Telegram, por onde você pode ser avisado sempre que tiver post novo aqui ou vídeo novo no canal (não desisti dos vídeos, não). Sempre aviso lá primeiro, antes das redes sociais. Segue o link: https://t.me/joinchat/Sc3ZPNTs98TL20OP