Ver qualquer problema como tentação é algo que não estamos habituados a fazer. Dependendo do tamanho do problema, tendemos a lidar com ele de modo natural, principalmente quando parece que nossos recursos dão conta. Mas mesmo aí, podemos ficar vigilantes, analisando se aquele problema está nos tentando a alguma coisa. 

Pense bem. Principalmente se o diabo não tem acesso à vida de uma pessoa, você não acha que ele aproveitaria qualquer situação para tentar cavar uma oportunidade de tentá-la a errar (e, assim, ganhar espaço/acesso)? 

Ver o problema como tentação me fez entender que o objetivo do diabo não é o problema, em si (qualquer que seja), mas sim o que ele pode nos levar a fazer por meio daquele problema. A situação, mesmo quando não criada pelo diabo, se torna uma ferramenta dele para nos tentar a alguma coisa.

Foi o que aconteceu com Jó. No caso de Jó, tanto a miséria quanto a perda dos filhos e a doença foram causados pelo diabo com o objetivo de tentá-lo a abandonar sua sinceridade e blasfemar contra Deus. Mas nem sempre o diabo causa o problema. E às vezes, no início, é apenas uma situação ou um desafio. Como exemplo, tomemos a vida de Saul. Deus o escolheu como rei. Esse foi um desafio dado por Deus. Obviamente, ele se tornou um alvo do diabo, mas se Saul tivesse se mantido na obediência a Deus, faria as escolhas certas e o diabo não teria espaço algum. 

Mas foi só o profeta lembrar o mandamento que Deus havia deixado ao rei: “não multiplicará para si cavalos” (ou seja, não aumentará seu poder bélico a ponto de deixar de confiar em Deus para confiar na força de seu exército), para ele focar na formação de um exército forte. Por quê? Provavelmente a situação de estar cercado de inimigos e sem um exército preparado o tentou a procurar fortalecer esse recurso (ignorando o fato de que Deus os havia livrado dos Amonitas com aquele mesmo exército chinfrim). 

O objetivo do diabo não era que Israel tivesse um exército, mas que Saul desobedecesse a Deus e trocasse sua dependência de Deus pela dependência da força de seu próprio braço. Para que ele, o diabo, pudesse ganhar mais espaço. E, aliás, tanto deu certo, que a ruína de Saul veio justamente por querer ganhar pontos com os soldados desse exército, nas duas ocasiões em que desobedeceu a Deus para agradar aqueles em quem ele colocava sua confiança. 

O mal quer abrir cada vez mais espaço na vida da pessoa para que, no fim, alcance seu verdadeiro objetivo: a alma. Foi o que aconteceu com Saul. Estava acertando bem no comecinho. Alguns homens o desprezaram e criticaram quando ele foi escolhido rei (tentação para levá-lo à insegurança, ao medo, a duvidar da escolha de Deus e não ir à guerra — ou querer provar sua capacidade aos outros), mas a Bíblia diz que ele se fez de surdo. Depois, deve ter enfrentado várias tentações de desistir da batalha, mas foi lá, lutou e venceu. O problema começou quando voltou para casa vitorioso e foi aclamado pelo povo. Os elogios o tentaram à vaidade, a se inclinar a agradar o povo em vez de agradar a Deus. 

As demandas do dia a dia o tentaram a dar mais atenção aos cuidados desta vida em vez de cuidar da sua comunhão com Deus e, ao cair nessas tentações, ele se enfraqueceu espiritualmente. E deu no que deu. Ele não vigiou, entrou em absolutamente todas as tentações que lhe foram propostas, não resistiu a mais nada. Cedeu à insegurança, cedeu ao orgulho, se agarrou ao trono que não era mais dele, perseguiu Davi, foi consultar uma feiticeira, etc., se abraçou a todas as tentações, caiu em todas elas, abriu todos os espaços e, no fim, perdeu a salvação da sua alma.

Não dá para colocar a vida no automático e reagir a todas as situações sem considerar que Deus existe e quer orientar nossas escolhas para que possamos passar a eternidade com Ele, e sem considerar que o diabo também existe e dedica sua existência inútil a nos desviar do caminho, 24 horas por dia, com o objetivo de nos levar ao inferno. O fato de tanta gente no mundo conseguir permanecer viva tempo suficiente para criar seus filhos é, para mim, prova de que Deus existe e dá às pessoas muito mais chances do que elas mereceriam. 

Há forças interferindo neste mundo que não são deste mundo e não são visíveis aos nossos olhos. O único jeito de caminharmos nos desviando de armadilhas que nem sempre podemos ver, é nos submeter Àquele que é a própria luz.

 

Para ver o restante da série O princípio da tentação:

Parte 1: O mal batendo na porta

Parte 2: Tentação de coisa ruim?

Parte 3: Resistir ao diabo

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