Categoria: Reino de Deus

O que você precisa para ser filho de Deus

O que Você precisa para ser filho de Deus

A gente cresce ouvindo que “todos são filhos de Deus”. Depois lê a Bíblia e descobre que não é bem assim. Mas nas igrejas é comum que substituam essa ideia por outra, igualmente errada, que diz que para ser filho de Deus basta levantar a mão e aceitar Jesus como Senhor e Salvador. E lá vai a criaturinha seguir a vida de qualquer jeito, se achando a última bolacha do pacote celestial. E continua sua caminhada pelo mundo, achando que o contrário de “ser do mundo” é “ser da igreja”. Só porque mudou seus hábitos, se veste diferente e frequenta uma igreja (ou nem isso), já se acha habilitado para o Reino de Deus. Não lhe importa que seus pensamentos, suas opiniões e seus interesses estejam alinhados aos de quem não tem absolutamente nada a ver com Deus. 

Nasci em igreja evangélica e conheço esse conceito de “ser do mundo” e “ser de Deus” desde sempre, mas eu tinha um entendimento religioso disso, e não, não é esse o conceito que quero passar. Esquece a “crentice” e presta atenção no que eu estou dizendo. Entender isso mudou tudo para mim e me fez alcançar outro nível de relacionamento com Deus. Vejo uma galera aí entendendo esse conceito religiosamente, mas abraçando as opiniões do mundo e tentando encaixar seu cristianismo no sistema terráqueo, como se desse para essas coisas coexistirem.

Estamos acostumados a este mundo, vivemos nele desde que nascemos, dele vem nossa ideia do que é ser uma pessoa, do que devemos querer e fazer, quais nossas necessidades; dele vêm nossos padrões de beleza, de felicidade, nossos conceitos do que é socialmente aceitável, do que é diversão, nossos objetivos, nossas prioridades…dele vem inclusive nossa noção de valor próprio, nosso senso de justiça (ou de vingança) e nossa forma de enxergar os outros. Sem perceber, traçamos todos os nossos parâmetros pela visão de mundo que este mundo nos dá. Enquanto o cristianismo é visto pela pessoa como mais uma religião, ela pode deformá-lo para o encaixar neste mundo, continuando a se pautar por tudo o que está ao seu redor. Mas a partir do momento em que optamos por fazer parte do Reino de Deus, tudo isso muda — ou deveria mudar.

O contrário de “mundo” não é “igreja”. O contrário de “mundo” não é “religião”. Desde o princípio, a ideia de Deus NUNCA foi criar uma religião. Aliás, você sabe por que Ele criou o homem? Malaquias 2.15 responde: “E não fez Ele somente um, ainda que Lhe sobrava o espírito? E por que somente um? Ele buscava uma descendência para Deus […]”  

Deus buscava uma descendência.

Ele é família, e queria uma família com a qual Ele pudesse compartilhar o que Ele tem. Aí o homem resolveu dar ouvidos ao diabo e se afastou de Deus, perdendo, assim, o direito a fazer parte dessa família. Toda a Bíblia é a história de Deus tentando reconstruir essa família, devolvendo ao ser humano a oportunidade de ser herdeiro dEle e conviver com Ele por toda a Eternidade. 

“Como, pois, se saberá agora que tenho achado graça aos Teus olhos, eu e o Teu povo? Acaso não é por andares Tu conosco, de modo a sermos separados, eu e o Teu povo, de todos os povos que há sobre a face da terra?” (Êxodo 33.16)

Quando andamos com Deus, Ele anda conosco. E quando Ele anda conosco, Ele nos separa do sistema deste mundo. Não deixamos de viver neste planeta, obviamente, nem é a nossa intenção formar uma comunidade isolada ou um gueto marginalizado. Este mundo foi feito por Deus e está cheio de pessoas que precisam conhecê-Lo e ter a oportunidade de serem resgatadas, se assim quiserem. E precisamos ter a liberdade de alcançá-las. Por isso, não dá para entregar o mundo nas mãos do diabo antes do tempo. Mas é preciso ter a consciência de que o sistema deste mundo está todo contaminado com o espírito deste mundo, que é o espírito do engano. É um mundo que nos é hostil, estamos em plena guerra, em um território invadido pelo inimigo. O problema é que esse inimigo, o diabo, é invisível. Ele é o próprio mal, o próprio engano, a própria dissimulação. E absolutamente tudo o que faz parte do sistema deste mundo está contaminado por ele. 

Repito, mais uma vez: é necessário ter a consciência de que você é um alienígena neste mundo. Então, seus padrões já não são os do mundo, seus pensamentos não são mais regidos pelos conceitos deste mundo. A partir do momento em que você passa a fazer parte da família de Deus, até suas opiniões mudam, porque sua base de conceitos, valores e definições também muda. Você começa a ver o mundo como alienígena.

Estar dentro de uma igreja não te faz, automaticamente, filho de Deus. Acreditar em Deus não faz de você um filho de Deus. 

“Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus esses são filhos de Deus.” (Romanos 8.14)

Só é filho de Deus quem é GUIADO pelo Espírito de Deus.

Se você estiver sendo guiado pela sua própria cabeça, se estiver sendo guiado pela opinião dos outros, se estiver sendo guiado pelas ideias deste mundo ou pelos seus próprios achismos, você não está sendo guiado pelo Espírito de Deus. Se você estiver sendo guiado pelas notícias deste mundo, pelos influencers das redes sociais, pelas “verdades” inventadas por seres humanos ou pelas ideias que não funcionaram nem para os que as escreveram, você não está sendo guiado pelo Espírito de Deus. E se não está sendo guiado pelo Espírito de Deus, você não é filho de Deus. E descobrir isso é uma boa oportunidade para consertar essa filiação agora mesmo. Entregar a Deus (de novo, se você acha que já entregou) a sua vida, suas opiniões, seus pensamentos, tudo, e dizer a Ele que quer ser parte dessa família, que quer ser separado para Ele. Que quer ser guiado por Ele.

A palavra “santo” significa “separado”. A Bíblia fala inúmeras vezes que temos que ser santos porque Deus é santo. Não está nos mandando ser religiosamente perfeitos, está mandando que nos separemos do mal. “Fala a toda a congregação dos filhos de Israel, e dize-lhes: Santos sereis, porque Eu, o Senhor vosso Deus, sou santo.” (Levítico 19.2) “E Me sereis santos, porque Eu, o Senhor, sou santo, e vos separei dos povos, para serdes Meus.” (Levítico 20.26)

O objetivo dessa separação não é “cortar nosso barato” nos tirando da “festinha” do mundo (até porque tudo o que tem neste mundo é papel de parede, meu filho, não tem nada que seja de verdade). O objetivo dessa separação é que possamos ser dEle. 

Na oração que fez pouco antes de ser preso, em João 17.14-18, Jesus falou sobre isso: “Dei-lhes a Tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como Eu não sou do mundo. Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal. Não são do mundo, como Eu do mundo não sou. Santifica-os na Tua verdade; a Tua Palavra é a verdade. Assim como Tu Me enviaste ao mundo, também Eu os enviei ao mundo”.

Medite nisso hoje. Amanhã daremos continuidade a este assunto.

.

 

Alguns textos relacionados para você ler (ou reler) e meditar até eu aparecer aqui de novo rs:

Sobre a sua verdadeira identidade

Tudo Areia

Quem faz isto permanece forte

De que lado você está?

E este é o e-mail de uma mulher que esteve na igreja por VINTE ANOS até se dar conta de que não era filha de Deus — e, finalmente, se tornar uma: Servia, mas não O conhecia.

 

.

PS. Dia 2 de agosto vai começar um novo Jejum de Daniel, que irá até dia 23 de agosto. Como Deus falou muito comigo nos últimos tempos sobre essa consciência de que somos “alienígenas” neste mundo, acho importante começar com esses estudos para a gente entrar no Jejum de Daniel já na sintonia certa.

 

 

Sobre a saída de pastores (Perguntas dos leitores, Parte 2)

photo_2020-02-02_17-00-44

Samara Brion – Gostaria que falasse sobre saída de pastores do nosso meio. 

Vejo como natural. Já tinha maluco saindo da obra na época de Jesus, a ponto de Ele chegar a perguntar para os discípulos: “e vocês? Também vão sair?” olha só:

“Desde então muitos dos seus discípulos tornaram para trás, e já não andavam com Ele. Então disse Jesus aos doze: Quereis vós também retirar-vos? Respondeu-lhe, pois, Simão Pedro: Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna. E nós temos crido e conhecido que tu és o Cristo, o Filho do Deus vivente. Respondeu-lhe Jesus: Não vos escolhi a vós os doze? e um de vós é um diabo. E isto dizia ele de Judas Iscariotes, filho de Simão; porque este o havia de entregar, sendo um dos doze.”

(João 6.66-71)

Note que a Bíblia diz que “MUITOS dos seus discípulos tornaram para trás, e já não andavam com Ele”. Isso não depõe contra o ministério de Jesus, apenas contra os malucos que saíram. Na época dos apóstolos, depois que Jesus ressuscitou, também era frequente a deserção. O apóstolo Paulo reclama disso várias vezes nas cartas, às vezes citando nomes. Gente é um negócio complicado, onde tem gente, tem problema, porque cada um tem uma cabeça, as pessoas fazem escolhas estúpidas e criam situações que não deveriam existir. 

 Na igreja sempre teve isso, desde a época de Jesus, a diferença é que agora temos a internet, ficamos sabendo das coisas muito rapidamente e dá a impressão de que os casos estão em maior número ou mais frequentes, mas é só impressão. Antes a gente ficava sabendo só quando alguém contava e, às vezes, anos depois…sim, eu vivi a era pré-internet #TiaVanessaÉumDinossauro. E mesmo nos primórdios da internet, as coisas demoravam a se espalhar. Hoje, com as fake news a galope nas redes sociais, as coisas às vezes se espalham antes mesmo de acontecer rs.

E tem o pessoal da agência de marketing do inferno que adora juntar esses casos (e inventar mais uns outros) para parecer que estão saindo mais pastores que antes, o que é uma estratégia. Se falam “muitos casos” ou em “aumento de casos”, citando um punhado de nomes, as pessoas tendem a repetir isso como se fosse verdade, mas é falta de pensar. Citando o livro “Rápido e devagar”, na parte que fala sobre heurística da disponibilidade: “As pessoas tendem a estimar a importância relativa das questões pela facilidade com que são puxadas da memória — e isso é amplamente determinado pela extensão da cobertura na mídia. Tópicos mencionados com frequência ocupam a mente mesmo quando outros fogem à consciência.”,  no caso em questão, quanto mais se fala sobre alguém ter saído (e a fofoca faz o papel de “mídia”, mas no nosso caso além da fofoca às vezes tem a mídia mesmo), maior parece a questão, como se os casos fossem mais frequentes porque estamos ouvindo falar mais neles. A estratégia de maketing do inferno é juntar casos não relacionados e alardear como se isso fosse indicativo de alguma coisa, mas é só isso mesmo, estratégia de manipulação (de haters que querem ganhar relevância). 

O que me lembra um trecho de outro livro, com o sugestivo nome de “Como mentir com estatística”, que escancara algumas estratégias de manipulação de dados: “Morreram mais pessoas em aviões no ano passado do que em 1910. Portanto, os aviões modernos seriam mais perigosos? Isso não faz o menor sentido. O número de pessoas que pegam aviões hoje em dia é centenas de vezes maior, só isso”. Da mesma forma, juntar, sei lá, cinco ou dez casos de pastores que saíram e tentar criar alguma celeuma com relação a isso, ignorando o fato de que hoje as informações chegam a nós com muito mais rapidez e que a igreja está absurdamente maior do que poucos anos atrás e, portanto, tais casos são estatisticamente irrelevantes (assim como desprezar inúmeros outros fatores envolvidos em cada um dos casos) é, no mínimo, desonestidade intelectual.

O que acho importante dizer — essencial, na verdade — é que, dependendo da conversa, a gente não deveria sequer se interessar por esse tipo de assunto. Sério mesmo. Eu não gosto de perder tempo com conversa sobre se pastor x saiu, se bispo y está de banco, porque é um modo muito rasteiro de se lidar com as coisas da igreja. Não sei se me faço entender. Igreja não é clube, não é grupinho (principalmente a Universal), os pastores estão fazendo um trabalho sério, focado em ajudar as pessoas, Deus fala comigo lá dentro, vou buscar a orientação dEle e prestar meu culto a Ele, ninguém tem tempo para gastar com fofoca porque a qualquer hora a gente pode morrer ou Jesus pode voltar e a gente tem de estar bem para subir com Ele. Esse é o tipo de coisa que surge para desviar a atenção.

Ter ficado com tão pouca energia física e mental me ensinou a não desperdiçar energia e tempo com o que não acrescenta. É como se você fosse um celular com 4% de bateria. Em que você gastaria? A gente tem de aprender a alocar nossos recursos no que realmente dá retorno. Nossa bateria espiritual é um recurso preciosíssimo que pode se gastar facilmente se ficarmos perdendo tempo com coisas “de baixo”. A diferença entre a bateria espiritual e a física é que a gente não sente quando gasta. Se não cuidarmos racionalmente da nossa bateria espiritual, de modo intencional e consciente, ela vai enfraquecendo e só perceberemos quando ela estiver zerada — ou nem perceberemos,  algumas pessoas entram em “coma espiritual” sem nem se darem conta. Então, é melhor tomar cuidado redobrado.

É mais ou menos o que ensina o apóstolo Paulo, em Colossenses 3: “Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra”. Eu tenho dedicado meu tempo a pensar nas coisas que são de cima. O tempo que dedicaria a ficar debatendo a vida de quem saiu é o mesmo tempo que eu tenho para meditar na Palavra de Deus, trabalhar nas mudanças que tenho a fazer no meu interior ou ajudar alguém que está precisando. A dica é: mantenha distância de quem se aproxima só para conjecturar a respeito da vida de alguém da igreja (seja pastor ou não, tenha saído ou não), como se falasse de alguma celebridade. Na verdade, mantenha distância de quem fica falando da vida alheia, em geral.

É claro que fico chateada quando vejo algum bispo ou pastor de quem eu gostava saindo da obra. Sei que esse tipo de coisa não acontece de uma hora para outra (se você ainda não leu o livro “O Resgate”, do Bp. Sérgio Corrêa, leia, porque ele explica direitinho isso) e coloco minhas barbas de molho, porque se eles, que estavam há tanto tempo no Altar, foram enrolados assim, o que sobra para mim? É mais uma prova de que não dá para bobear e não dá para perder tempo com fofoquinha, ressentimento, inutilidades e coisas do tipo. O segredo para se manter sempre firme na fé é permanecer focado nas coisas do alto, seguindo a ética da Palavra de Deus, buscando a Ele sempre com sinceridade e humildade. Quem seguir isso, vai orar por quem saiu, e seguir em frente, olhando sempre para onde deve olhar: para cima. 

E fica o alerta:

“Irmãos, não sejais meninos no entendimento, mas sede meninos na malícia, e adultos no entendimento.”

(1 Coríntios 14.20)

.

.

.

.

PS. A resposta acabou ocupando um post inteiro, então coloquei sozinha aqui, depois vem a parte 3, com mais perguntas e respostas. Próximos assuntos: fé, gremlins e livros 🙂