Falamos sobre pessoas que saem da igreja dizendo que teriam sido enganadas, há quem chegue ao cúmulo de cogitar pedir devolução de doações na justiça. Essas pessoas passaram anos dentro da igreja sem entender o que estavam fazendo. Fiquei pensando em quantos estão na mesma situação dentro da Igreja Universal. Quantas fazem suas ofertas, dízimos e votos como se estivessem comprando bênçãos? A Igreja não ensina isso.

Estou na Universal há 20 anos, prestando atenção no que é dito, anotando absolutamente TODAS as pregações das reuniões em que vou, lendo e relendo essas anotações, lendo e relendo os livros da igreja, os blogs dos bispos, ouvindo inúmeros vídeos e áudios de bispos, pastores e esposas. E, inclusive, trabalhando com esse conteúdo há dez anos. Posso garantir, com toda a convicção: a Igreja ensina a olhar a oferta espiritualmente, como a Bíblia fala, e não a comprar bênção. Mas algumas pessoas olham superficialmente e entendem errado. É importante que você se certifique de não ser uma dessas pessoas. É essencial que você saiba o que está fazendo.

Entender o que é a oferta nos blinda contra esse tipo de loucura. Nos responsabilizar pelas nossas escolhas, também. A gente aprende sobre fé racional para usar esse conceito na prática, e não apenas na teoria. Fé racional, como o próprio nome diz, é uma fé que raciocina. Coloque na cabeça que tudo o que você está fazendo na igreja, está fazendo para Deus. Consulte a Deus em oração sobre tudo o que quiser fazer. Construa um relacionamento com Ele. A Igreja é essencial, mas você precisa querer construir um relacionamento com Deus para que a ela cumpra sua função. Caso contrário, vai acabar lidando com as coisas na Igreja mecanicamente, o que, com o tempo, cansa e não traz resultado.

Acho impossível a pessoa conhecer a Deus de verdade e não querer ofertar. Porque Ele é um Ser tão maravilhoso que é impossível conhecer e não amar. Eu amo meu marido e, por amá-lo, fico procurando maneiras de fazê-lo feliz, levo em consideração tudo o que ele fala e procuro dar a ele o meu melhor. Com Deus é a mesma coisa. Dar a Ele o que é importante para mim mostra o que Ele é para mim. Mostra que Ele é muito mais importante do que o dinheiro, que é essencial para a minha sobrevivência. (E é incrível que alguém tenha que explicar o conceito de oferta a Deus, mas ninguém precise explicar o conceito de oferenda aos deuses criados por pessoas ao longo das eras.)

A gente precisa entender que ofertas, votos e dízimos não dizem respeito ao montante, ao valor nominal. É preciso olhar essas coisas com olhos espirituais, ou elas não farão sentido nenhum. Ofertas, votos e dízimo não são dinheiro. Dinheiro é papel, é um número no extrato bancário. O dinheiro não tem valor para Deus se ele não simbolizar alguma coisa. Para ter valor no Altar, ele precisa simbolizar a sua vida, a sua fé, a sua confiança, a sua gratidão.

Não dê oferta religiosamente, dê com consciência do que você está fazendo diante de Deus. Mesma coisa com o dízimo. Segundo a Bíblia, dízimo são os primeiros dez por cento de tudo o que chegar às nossas mãos. Ele simboliza a sua consciência de que Deus está em primeiro lugar e que tudo o que você tem é dEle. É importante pensar no que você está querendo comunicar a Deus por meio daquilo que você dá para Ele. Porque sim, nossas atitudes chegam até Deus como palavras.

Em Malaquias 1.7-8, é possível ver claramente como Deus entende e recebe aquilo que oferecemos a Ele:

“Ofereceis sobre o Meu altar pão imundo, e dizeis: Em que Te havemos profanado? Nisto que dizeis: A mesa do Senhor é desprezível.”

Preste atenção. Deus está falando com os sacerdotes que estavam servindo na casa dEle. Eles se preocupavam com a aparência, tinham uma posição a zelar. Então, obviamente, os caras não estavam DIZENDO “a mesa do Senhor é desprezível” com palavras, em voz alta. E muito provavelmente nem estavam pensando essas palavras. Eles estavam dizendo isso com ATITUDES. A atitude de oferecer o pior para Deus chegava até Ele como palavras de desprezo e rejeição. Aprenda isso: Nossas atitudes chegam até Deus como palavras. Por isso a próxima frase desse texto bíblico começa com “porque”, explicando a frase anterior:

“Porque, quando ofereceis animal cego para o sacrifício, isso não é mau? E quando ofereceis o coxo ou enfermo, isso não é mau? Ora apresenta-o ao teu governador; porventura terá ele agrado em ti? ou aceitará ele a tua pessoa? diz o Senhor dos Exércitos.”

Não bastava oferecer um animal como oferta — assim como não basta hoje oferecer dinheiro como oferta. Não basta oferecer qualquer coisa. Deus não precisa de dinheiro e não vai se impressionar com valores financeiros. É preciso ter o cuidado de fazer com que aquilo que você está oferecendo a Deus (quer seja dinheiro, quer seja trabalho, quer seja tempo, quer seja o seu comportamento) honre a Ele.

Nem sempre Deus vai te pedir dinheiro como oferta. O pastor tem que pedir, afinal de contas, não é só você que está no culto. Mas você precisa estar sintonizado com Deus para saber se não está dando dinheiro e ignorando alguma atitude, vontade ou pensamento que Ele quer que você sacrifique (lembra do que eu disse no post “Pagando para não sacrificar”, da série sobre a Andressa Urach?). Mas quando você entende que oferta não é dinheiro, fica mais fácil ter sensibilidade para saber o que Deus quer de você. Em oração, você pergunta para Ele e Ele responde com a certeza do que você precisa entregar. Às vezes a resposta não é imediata, mas quando ela vier, você vai saber.

O importante é saber que o seu coração precisa estar em Deus. Se o seu coração estiver naquilo que você tem, Deus vai pedir o que você tem. Se o seu coração estiver preso ao medo de perder determinada coisa, Deus vai pedir essa coisa, como pediu Isaque a Abraão, como pediu a herança do jovem rico. Mas quando seu coração não está mais naquilo que você tem, é natural que você se disponha a dar por amor, para mostrar a Deus que sua confiança está nEle, que você crê na resposta dEle, que você depende apenas dEle.

A Fogueira Santa da viúva pobre.

É por isso que Jesus disse que a oferta da viúva pobre valia muito mais do que a dos ricos, que deram grandes somas. Porque os ricos deram do que sobrava, mas as duas moedas da viúva eram todo o seu sustento. Aquela oferta representava a vida dela, a dependência que ela tinha de Deus. Em valores atuais, aquelas duas moedinhas seriam o suficiente para comprar um sanduíche hoje. Como sempre, Jesus viu a atitude dela, e não o valor monetário.

“E, olhando Ele, viu os ricos lançarem as suas ofertas na arca do tesouro; e viu também uma pobre viúva lançar ali duas pequenas moedas; e disse: Em verdade vos digo que esta viúva pobre deu mais do que todos; porque todos aqueles deram para as ofertas de Deus do que lhes sobrava; mas esta, da sua pobreza, deu todo o sustento que tinha.”

Lucas 21.1-4

Ela deu todo o seu sustento. Excelente momento para Jesus criticar, repreender ou dizer para ela que Deus não precisa de dinheiro. Mas Ele a elogiou na frente de todos.

Hoje vemos muitos que se dizem cristãos criticarem quem tem a mesma fé da viúva pobre. Ver alguém não ter pena de dar para Deus o que tem faz com que eles se vejam muito feios no espelho. Porque a oferta arranca a máscara do cristão fake. Se eu entreguei minha vida para Jesus, não entregaria dinheiro? O que é maior? O dinheiro ou a vida?

 Ou a viúva pobre está errada em dar todo o seu sustento, ou ela, em sua sinceridade, generosidade e amor, está certa e agrada mais a Deus do que o religioso que dá o que sobra. E nunca que o religioso vai assumir uma coisa dessas! Inconscientemente, ele rejeita a viúva e a chama de burra, diz que está dando dinheiro para ladrões. E, no caso dela, estava mesmo, já que a corrupção entre os fariseus no Templo corria solta. Mas Jesus desconsiderou os homens daquele lugar, Ele viu apenas o que ela estava fazendo para DEUS. Isso porque — e vou repetir mil vezes até você entender — oferta não é dinheiro. Oferta é atitude, intenção e representação.

 “E tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor, e não aos homens, sabendo que recebereis do Senhor o galardão da herança, porque a Cristo, o Senhor, servis.”

Colossenses 3.23-24

E se essa for a motivação de tudo o que você fizer, de todo o sacrifício em que você se empenhar, das suas ofertas e sacrifícios, não apenas financeiros, mas também de vida, de comportamento, de reações, de atitudes, você não vai mais errar. Nunca mais vai ver sua oferta como mero dinheiro. Sua oferta vai começar a representar alguma coisa, você vai pensar em quê está querendo comunicar a Deus com aquilo que está dando.

 

 

Os textos antigos complementares de hoje foram todos originalmente publicados no blog do Bispo e podem ajudar a lançar mais luz sobre este assunto:

Um texto do Davison sobre a viúva pobre, narrando o momento em que ela deu a oferta e o que ela significava (clique aqui para ler)

Um texto meu sobre o que é oferta e como foi, para mim, ver essa questão das ofertas na Universal quando vim de outra denominação (clique aqui para ler)

Um texto da Patrícia Lages sobre o que está por trás de algumas dúvidas sobre a Fogueira Santa (clique aqui para ler)

Um texto meu sobre o significado correto da palavra “sacrifício” no contexto da Fogueira Santa (e de toda a caminhada cristã) (clique aqui para ler)

E um texto da Vivi, que fala de um voto que ela fez colocando no envelope não dinheiro, mas sua maior vontade (clique aqui para ler)

 

#JejumDeDaniel #Dia2

PS. Assuma responsabilidade sobre o que você faz na igreja. A escolha sobre o que fazer é sua. É uma decisão entre você e Deus. Não culpe o pastor, a igreja, isso ou aquilo. O que eu quero neste blog é ajudar você a ser de verdade. Não ser um cristão fake como eu fui nos meus primeiros 30 anos de vida. E começa com fazer as coisas para Deus, do jeito dEle, ainda que isso nos desagrade (e geralmente nos desagrada, porque a natureza humana é um monstrinho). 

PS2. Gosto de colocar textos antigos complementares porque são posts que muitos nunca leram e outros já leram há muito tempo e nem se lembram mais. É importante que você leia e aplique o que aprender, porque são realmente complementos ao que escrevi aqui. Pense como se você estivesse fazendo um curso de fé aqui neste blog.

PS3. Sobre o desafio que lancei aqui ontem: gente, se não fosse difícil, não seria desafio rs. Mas é sacrifício. Faça como uma oferta a Deus. Sacrifique sua vontade de reclamar, de fazer comentários maldosos e de alimentar pensamentos negativos. Por Ele, não por mim.

PS4. Se os posts estão ajudando você, compartilhe o blog com seus amigos que também estão no Jejum de Daniel. Muitas pessoas não estão entrando nas redes sociais e não sabem (ou não se lembram) da existência deste blog.

3 Comments on O que você diz para Deus sem saber

  1. Li esse post antigo “Dúvidas da Fogueira Santa” e realmente minha visão se abriu!! Obrigada! Seu texto é muito esclarecedor! Fé inteligente.

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