Categoria: Andressa Urach me fez mudar de ideia

Andressa Urach me fez mudar de ideia — Parte 10: Pagando para não sacrificar

Para quem chegou agora: este post faz parte de uma série de posts que escrevi para analisar o texto publicado pela Andressa Urach ao anunciar sua saída da Igreja Universal. É importante que você leia os outros posts da série, para entender o contexto. Clique nos links para ler, depois volte aqui: 

Clique para ler a parte 1 – O post dela completo, quem sou e por que escrevo

Clique para ler a parte 2 – Pequeno parêntese sobre o post de sexta

Clique para ler a parte 3 – Por que acho que ela nunca teve o Espírito Santo

Clique para ler a parte 4 — Passando por uma situação desafiadora? Foque na sua reação.

Clique para ler a parte 5 — Quando se perde a visão espiritual

Clique para ler a parte 6 — Se eu falasse tudo o que aconteceu comigo nesses últimos anos

Clique aqui para ler a parte 7 — Psicografando Gremlins

Clique aqui para ler a parte 8 — Sacrifício aceitável

Clique aqui para ler a parte 9 — Segredo para se manter firme

Como já disse, escrevo como membro da Universal (sou membro há 20 anos) e também como leitora dos livros dela, que, como tantos outros leitores, acabou se sentindo um tanto quanto “enganada” pela autora. Sou membro desde 2000 e trabalho para a Igreja (tendo passado pela Folha Universal e Unipro) desde 2011 (estou de licença desde 2018 para tratar de um problema de saúde), então estou falando de algo que conheço bem. Não é minha intenção falar mal da Andressa, mas analisar sua atitude (por meio do texto) de modo racional e à luz da Verdade.

Vamos continuar a análise do post da Andressa:

“Conversei amigavelmente com a igreja para eles me devolverem as doações que fiz nos últimos anos, mas infelizmente não tive retorno ainda, não queria entrar na justiça.”

Orientação de advogado detected. Eu sei que a Andressa não é louca, ela sabe muito bem o que se faz na igreja, sabe muito bem que ninguém é obrigado a dar nada e as pessoas são orientadas a ofertar a Deus e não a doar para a igreja. O que eu ofereço para Deus, seja na Universal ou em qualquer outra igreja, não tem como pedir de volta! Que obreira não sabe disso? Que membro não sabe disso? Aliás, nem precisa estar na igreja para saber isso. Qualquer pessoa familiarizada com o conceito de DOAR entende perfeitamente (como você pode conferir no vídeo deste rapaz aqui e nos comentários do vídeo). Mas os preconceituosos não sabem — ou fingem que não sabem. E é com eles que ela fala agora, na esperança de os manipular a seu favor por meio do preconceito. 

O simples fato de COGITAR pedir oferta de volta mostra que ela não estava dando para Deus, e sim para a igreja. Embora, a julgar pelo que escrevia na época, talvez achasse que estava dando para Deus. É aquele problema do autoengano novamente. Por estar acostumada a viver de aparências, ela olhava para tudo de um modo muito superficial. Se tivesse analisado suas atitudes, teria percebido onde estava o erro.

 Esse erro não é exclusivo dela. Nossa sociedade há muito tempo vive de aparências. E não se engane com os movimentos que pregam “liberdade dos padrões”, eles só trocam os padrões dos outros pelos padrões deles mesmos. Continuam vivendo de aparências. E, dentro da Igreja Universal, quem já vivia assim lá no mundo — ou quem veio de outras denominações — precisa ter cuidado redobrado para ter o conteúdo e não apenas a forma.

Quando vim para a Universal, eu não tive esse cuidado. Como já tinha a forma de crente, só acrescentei as informações exclusivas da Universal e achei que estava tudo ok. Aprendi o que eram propósitos, o que era fé racional, o que era grupo jovem, como funcionavam os processos dentro da igreja e me sentia integrada. Fui liberta, não sentia mais aquela tristeza e aquele vazio da depressão, então achava que estava com Deus. Demorei nove anos para descobrir que não. É duro ter que admitir que tudo o que você fez na igreja até então foi da sua cabeça. Passei anos fazendo a minha vontade e achando que estava fazendo a vontade de Deus. Mas foi necessário encarar esse fato para, então, começar de verdade e finalmente conhecê-Lo. 

Responsabilidade sobre o próprio testemunho

E não, a igreja não errou ao dar atenção a ela. A pessoa que chegou no Templo em uma sexta-feira querendo se matar e foi liberta, na sexta-feira seguinte estará lá na frente, dando testemunho da sua libertação. E isso é essencial para que outra pessoa, que está pela primeira vez no Templo, querendo se matar, renove sua esperança e ative a sua fé. Quem precisa ter perfeita consciência do seu próprio testemunho é a pessoa que vai dar o testemunho. E a partir do momento que você aceita dar o testemunho, você tem responsabilidade por ele.

O testemunho não é sobre você, é sobre o poder de Deus. Você está mostrando para as pessoas o que Ele pode fazer — e Quem Ele é. E só quem vai saber se a sua intenção ao testemunhar é correta é o próprio Deus. O pastor não tem como saber se a pessoa está querendo atenção para si ou se está querendo glorificar a Deus. E ninguém mais pode saber, porque ninguém conhece o coração do outro.

Ninguém tinha como saber como ela se sentia em relação a posição dentro da igreja, que ficaria magoada por ser repreendida ou que se ofenderia ao ser tirada de grupos. Creio que nem ela imaginaria isso. Conseguimos avaliar essas coisas agora, que sabemos o que aconteceu, mas antes não tinha como — e nem poderia, não havia dados suficientes, porque, como eu já disse, depois de um tempo ela estava enganando até a si mesma. Mas agora, estamos ligando os pontos a fim de entender o que aconteceu — porque é importante entender, pelo menos para quem não quiser estar no mesmo papel amanhã.

Outra coisa sobre esse trecho:

“Conversei amigavelmente com a igreja para eles me devolverem as doações que fiz nos últimos anos” 

Note que ela chama ofertas, votos e dízimos de “as doações”… essa nem é a linguagem que a gente usa! Quem, dentro da igreja Universal (e acho que de qualquer outra igreja em que eu já estive na vida) chama ofertas de “doações que fiz para a igreja”? Essa é linguagem de advogado, que possivelmente pretendia usar esse post em um processo judicial que já deve estar preparado contra a igreja.

Nesse processo, é provável que ela diga que é borderline, não estava em posse de suas faculdades mentais enquanto estava na igreja e foi manipulada por pastores malvados para entregar toda a sua fortuna à igreja. Apaga todos os registros antigos da rede social porque aí o juiz não tem como ver que a história real não corresponde à fictícia. Porque se tivesse acesso aos posts e vídeos que a gente acompanhou no Instagram dela dos últimos 6 anos, o juiz veria que ela estava feliz, normal, com excelente função cognitiva, parecendo uma pessoa inteligente e muito consciente do que estava fazendo e ensinando, convencendo a todos direitinho. 

Abro um parêntese aqui só para colocar um trechinho do que ela diz a esse respeito no livro “Desejos da Alma”:

“Por ter esse entendimento, de que tudo vem do Senhor, todo dinheiro que ganhei na prostituição eu doei, não queria mais um centavo daquilo. Quero apenas ajudar na obra de Deus e tenho prazer em ofertar meus dízimos e ofertas. Deus fez de mim a própria bênção.”

Esse é o texto de uma pessoa bem consciente do que fez — e do porquê de ter feito (apesar de, como texto, estar bem confuso, pois do jeito que está escrito fica parecendo que o dinheiro que ganhou na prostituição veio do Senhor, o que certamente não é o que ela quis dizer).

 É verdade, Deus fez dela a própria bênção. Por gratidão a Ele, ela quis, voluntariamente, ajudar na obra de Deus. Ninguém a obrigou, ninguém a persuadiu. Se ela deu alguma coisa, foi porque quis. Na época, estava bem consciente disso.

 O que acontece agora é uma reedição de outro problema que ela teve há alguns anos — e que relata no livro Desejos da Alma, vou explicar ainda neste post.

 Oferta não é dinheiro

Vamos seguir com o texto da Andressa: 

“Mas não estou bem, estava vulnerável na época e não pensei no futuro do meu filho e muito menos no meu, estava em uma fase muito frágil e ainda estou, então vou voltar aos meus tratamentos”

Aqui está o que eu havia mencionado antes, a construção do argumento para o juiz, caso a igreja não ceda à chantagem e ela ENTRE NA JUSTIÇA PARA PEGAR OFERTAS DE VOLTA. (Gente, que absurdo.) A ideia é criar uma imagem de alguém que estava indefesa e que foi manipulada pelos pastores malvados que queriam roubar sua fortuna.

A verdade é que, com medo de perder o emprego, ficou preocupada com o futuro financeiro dela e do filho, não tem mais confiança em Deus, está atormentada por esses pensamentos de ansiedade, e o diabo logo a faz lembrar das ofertas que ela fez a Deus como “dinheiro que você deu para a igreja”. A ideia dele não é que ela recupere o dinheiro, mas que cave um poço mais fundo e aumente a sua iniquidade. Porque vá vender balinha no sinal, meu amigo, mas não toque na oferta que você já deu. Se você deu, não é mais sua. Oferta não é dinheiro. 

A partir do momento em que é colocada no Altar, no alforje ou no gazofilácio, a oferta deixa de ser dinheiro e passa a representar a sua vida. Ela é a materialização da sua fé. Por isso, ai de quem tocar nessa oferta como se fosse dinheiro. Quer seja um pastor corrupto, quer seja funcionário corrupto, quer seja um ex-membro querendo pegar suas doações de volta. E não estou jogando maldição, estou só constatando o óbvio, pela lógica. Porque Deus é Deus, Ele não é a lata de lixo da esquina. As pessoas acham que, porque Deus é bom e benigno, Ele não deve ser levado a sério.

E mesmo se fosse concebível pegar oferta de volta, na Igreja Universal o dinheiro não fica parado. Você deu, ele já foi para alguma construção, para a manutenção dos templos, para rádio, TV, internet e um milhão de despesas que a igreja tem. Então, mesmo se a pessoa conseguisse na justiça os valores de volta, já não seria os que ela deu. Estaria pegando da oferta de outra pessoa. Além de pegar o dinheiro que não é dela, é o dinheiro que outra pessoa deu para Deus! Eu teria muito temor de fazer um troço desses, não importaria em que igreja fosse. Se ela não quis o dinheiro da prostituição porque era amaldiçoado, não passa pela cabeça que enfiar a mão no alforje (ou no gazofilácio) é algo terrivelmente pior? 

Sacrificando errado

No livro, ela menciona uma Fogueira Santa que fez na época em que estava obcecada por voltar com o ex-marido. O rapaz manifestou com demônios (no “Morri Para Viver” ela menciona que ele manifestava em casa, quando moraram juntos pela primeira vez. No “Desejos da Alma” ela conta que ele manifestou na igreja) e não queria nada com Deus, mas mesmo assim ela não viu que era armadilha do diabo, achava que, se eles se casassem, ele se converteria.

(Entenda uma coisa: se a pessoa tem um espírito maligno dentro dela, ela pode ser a melhor pessoa do mundo, você não tem como saber o que esperar. Porque o espírito que está nela pode influenciá-la a fazer coisas que ela jamais faria por conta própria.)

A probabilidade de você fazer a vontade do diabo e ao mesmo tempo contar com a ajuda de Deus é… ZERO. Deus só vai te ajudar quando você decidir parar de fazer a vontade do diabo. É por isso, aliás, que não adianta sair da Universal e frequentar outra igreja mantendo ódio, mágoa, desejo de vingança e querendo pegar ofertas de volta. Só quando decidir sacrificar essas coisas que a estão afastando de Deus é que ela irá se beneficiar da presença dEle, seja de volta à Universal, seja em outra igreja. É por isso que eu tenho sérias dificuldades em acreditar no cristianismo de quem sai da Universal para outra denominação e continua falando mal da Universal.

Bem, vamos voltar ao trecho do livro. Ela se sentia culpada pelo fim do casamento e depois que se converteu tinha o sonho de reconstruir a família. Foi supostamente batizada com o Espírito Santo (hoje fica claro que não foi. Depois leia a parte 3 desta série para entender o porquê) e, mesmo assim, não teve discernimento para saber o que fazer quando o rapaz se reaproximou dela. Ela foi orientada a não entrar nesse relacionamento, e diz que desobedeceu por teimosia. Conversaram por mensagem por um mês e ela diz que não o amava. Ele veio para São Paulo morar na casa dela e, depois de VINTE DIAS morando com ele, ela já o amava desesperadamente. Palavras dela, na página 92: 

“Não o amava, estávamos separados há praticamente 6 anos, mas amava a alma dele e, por ser imatura espiritualmente, achei que poderia ajudá-lo a se libertar.”

Palavras dela, na página 97:

“Perdi a visão espiritual. Estar com ele e com meu filho por 20 dias em casa me fez voltar a amá-lo; mexeu com meus sentimentos.”

Nesse período morando juntos, ele tentou dormir com ela, mas ela disse que só dormiriam juntos depois de oficializar o casamento. No entanto, obviamente, um dia ela cedeu. Ela conta que se sentiu muito culpada:

“Eu me sentia suja, indigna de falar com Deus; me ajoelhava e pedia perdão. Mas parecia que Ele não queria me ouvir.”

A pessoa cai em pecado e, depois, não consegue se perdoar. Mas por que não consegue se perdoar? Porque fica ouvindo as acusações do diabo em vez de crer na Palavra de Deus. Andressa foi orientada corretamente, mas continuava dando crédito às acusações na cabeça dela. Ela foi até o pastor e contou o que aconteceu, imaginando que ele a mandaria se casar com o rapaz, para consertar o erro. Mas ele insistiu na orientação de que ela deveria se afastar e se colocou à disposição para conversar com ele. Quando ela disse ao rapaz que o pastor queria encontrá-lo para conversar, ele deu um chilique, brigou com ela e voltou para o Sul.

“Estava desesperada, meu maior sacrifício seria abrir mão dele (do ex-marido). Veio a Fogueira Santa e coloquei no Altar todos os meus maiores bens financeiros: carro, joias, tudo de valor mais alto devolvi a Deus, tudo o que Ele tinha me dado. No envelope, pedi para Deus abençoar a minha vida sentimental. Não escrevi pedindo para converter meu ex, porque, no fundo, sabia que não era a vontade dEle para a minha vida. Depois desse sacrifício no Altar, eu desci leve. Tinha a certeza de que meu pecado estava perdoado, que Deus cuidaria da minha vida sentimental e me perdoei.”

 Aqui você vê que ela não entendeu nada. Primeiro diz que o maior sacrifício seria abrir mão do ex-marido. Mas esse sacrifício ela não fez, reparou? Preferiu colocar no Altar todos os maiores bens financeiros. Se o maior sacrifício seria abrir mão do rapaz, por que colocou no Altar os maiores bens financeiros? Esse é um erro muito comum. Tem gente que paga para não sacrificar. Quer participar da Campanha e se engana, achando que engana a Deus.

O que a gente aprende na Igreja Universal? A perguntar para Deus o que Ele quer que a gente sacrifique. E como Deus responde? Dando CERTEZA do que você tem que fazer. Se Ele não responder, não faça. Se não quiser fazer, não faça. Se ainda não entende ou não crê que precisa sacrificar, não faça. Não estou inventando isso, é o que eu aprendi dos pastores e bispos. Isso é entre você e Deus. A Bíblia diz que quem se abstém de fazer um voto não peca; peca aquele que faz o voto e não o cumpre.

O que Deus te pede?

 Note que ela não diz que Deus pediu esse sacrifício. Nem que a igreja pediu. Ela diz que devolveu a Ele o que Ele tinha dado. Foi uma decisão voluntária, mas não basta ser uma decisão voluntária, é preciso sacrificar o que Deus pedir. Se você está com o coração no dinheiro, Deus vai pedir o dinheiro. Se você está com medo de perder seu salário, é provável que Ele peça o seu salário (já me aconteceu). Mas se Ele está pedindo para você abrir mão de um relacionamento errado, é esse o seu sacrifício. Pode até fazer uma oferta de sacrifício financeiro para simbolizar seu sacrifício espiritual (porque quando você aprende a sacrificar, você aprende a gostar de sacrificar), mas se der dinheiro e não der o que Deus pediu, não é Fogueira Santa. 

 Fogueira Santa é símbolo da vida de renúncia exigida pelo cristianismo. Porém, assim como muitos dizem que entregaram a vida para Deus, mas são desmentidos ao se recusarem a entregar dinheiro quando Ele pede, muitos entregam dinheiro na ilusão de que não precisarão entregar a vida que Ele pediu.

Fogueira Santa não é para perdão de pecados

 Outro ponto é ela dizer que desceu do Altar com a certeza de que o pecado dela estava perdoado. Não sei se isso é texto mal escrito (pode ser), mas é bom deixar claro que Fogueira Santa não é para perdão de pecados. O sacrifício para perdoar nossos pecados foi feito por Deus, que entregou o Seu Filho na cruz em nosso lugar, para fazer expiação por nossos pecados e nos dar um lugar à mesa dEle. Quando pecamos e nos arrependemos, pedimos perdão a Deus e Ele nos perdoa, porque estamos cobertos pelo Sangue de Jesus. Mas às vezes continuamos ouvindo o diabo e não conseguimos nos perdoar ou nos sentir perdoados. 

 Mas o perdão não é um sentimento. Se CREMOS no perdão de Deus, o autoperdão é imediato (isso aprendi com o Bispo Renato: “autoperdão é subproduto de crer no perdão de Deus”). Se não nos perdoamos ainda, é porque não cremos. Talvez seja isso o que ela quis dizer quando falou que desceu do Altar com a certeza de que estava perdoada. Talvez ela tenha conseguido crer no perdão de Deus naquele momento. Mas esse trecho ficou bem confuso, dá muito a entender que ela achou que estava comprando o perdão com dinheiro. 

Querendo punir a Igreja

Mas também tem outro ponto, que pode ajudar a entender o que está acontecendo. Ela conta no “Desejos da alma” que, quando voltou com o ex-marido, deu um carro para ele. Quando descobriu que ele a estava traindo, pegou de volta todos os presentes que tinha dado para ele, inclusive o carro. Depois ela viu que era errado (afinal de contas, se você deu, não é mais seu), que estava cega pela raiva. E creio que é o mesmo que está acontecendo agora, até porque ela disse que não está conseguindo controlar a raiva (então, está agindo movida pela raiva). Obviamente, ainda que conseguisse tirar dinheiro da igreja, quem perderia não seria a igreja. O diabo quer tomar conta de todas as áreas da vida dela de novo, e ela está caindo como um patinho. 

“Antes de mandar o meu ex embora da minha casa, tinha dado um carro a ele, uma BMW e R$ 60 mil em dinheiro. Não achava justo mandá-lo embora com uma mão na frente e outra atrás.”

Vejo grandes semelhanças entre o que está acontecendo agora e a situação que ela relata no livro. O ex-marido voltou para a namorada e disse que queria voltar com a Andressa, mas a namorada não deixava. No caso, a mulher tirou o pai do filho dela. Agora, a Igreja tirou a posição dela:

“Nessa disputa eu não poderia perder! […] A namorada dele ligou. […] Eu estava enfurecida, desci o nível, falei palavrões, coisas absurdas! Disse coisas horríveis, das quais me arrependo, agi tomada pela raiva. Só conseguia pensar naquela disputa. Quem era ela para tirar o pai do meu filho?

Após desligar o telefone, ela enviou, por mensagens, cópias de conversas entre ela e meu ex-marido […] Ao ler aquela troca de mensagens, fiquei ainda mais enfurecida. Peguei todas as roupas que tinha dado a ele e levei embora junto com o carro. Voltei para São Paulo. Estava com ódio dos dois, muita raiva; me senti usada, traída! Como ele pôde fazer isso comigo depois de tudo o que fiz por ele?”

 

Alguma semelhança com o que está acontecendo agora? Ela tinha dado presentes ao namorado, e quando achou que ele estava tramando algo contra ela, MOVIDA PELA RAIVA E PELO ÓDIO (palavras dela), pegou de volta o que havia doado. Se sentia usada e traída, porque esperava algo em troca do que havia dado. E, para se vingar dele, pegou de volta os presentes. Depois, caiu em si (coisa que espero que aconteça agora):

“Se tivesse ouvido meu pastor, nada disso teria acontecido. Conhecia a Palavra de Deus e me deixei ser vencida por minhas emoções. Abri um jejum de 40 dias sem jantar para Deus tirar aquele sentimento ruim que estava dentro de mim. A dor era imensa, tanto espiritual quanto física. Pedi ajuda para limpar meu coração, não poderia ser dominada pela raiva e pelo ódio

Quando a raiva passou, vi que foi horrível ter tirado tudo que dei a ele. Deus nos orienta a dar sem esperar nada em troca. Senti vergonha das minhas atitudes e devolvi o que havia dado. […] Lutava contra os pensamentos e, principalmente, contra os meus sentimentos. […] Voltei a evangelizar. Também parei de olhar para o passado e tentava olhar para a frente. Resistia às emoções. Após o jejum, perdoei os dois e estava esquecendo de tudo.”

É exatamente a mesma situação que estamos vendo agora, com a agravante de que ela deixou que a mágoa se instalasse e, por isso, a raiva não passou. Está tentando “punir” a Igreja como tentou punir o ex-marido. Percebe como ela simplesmente desconsiderou a existência de Deus e o que Ele estava achando dos pensamentos e atitudes dela e, simplesmente, saiu atropelando todos à sua frente porque sentiu que não recebeu o que merecia?

Agora só não foi a mesma coisa porque foi muito pior. Na cegueira da sua raiva, ela desconsiderou Deus, desconsiderou as almas que poderiam se perder por suas palavras, desconsiderou absolutamente tudo e saiu atropelando todo mundo, na esperança de atingir a Igreja, sem se dar conta de que, ao fazer isso, se colocou na posição de lutar contra Deus.

Na história que ela narra no livro, cometeu uma sequência de erros que terminou com um casamento destruído por traição, agressões físicas e verbais. Tudo porque não sacrificou o relacionamento quando Deus pediu. E agora, mais uma vez, ela não quis sacrificar seu orgulho e seja lá mais o quê Deus pediu. Caiu na mesma armadilha, embora com outros personagens. E segue cometendo erro após erro, criando factoides, se vitimizando, movida pelas emoções que nunca lhe trouxeram nada de bom.

Quando a pessoa cai nesse tipo de armadilha que envolve orgulho, a única maneira de escapar é sacrificar o orgulho. Na verdade, para escapar de qualquer armadilha do diabo, o segredo é sacrificar aquilo que o está prendendo a ela. Se a pessoa cai em uma armadilha por causa de medo, ela só vai sair quando sacrificar o medo e fazer o que precisa ser feito, mesmo ainda sentindo medo. Armadilhas que envolvam sentimento só se quebram quando se sacrifica o sentimento. Faz parte do “quem quiser vir após Mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me”. Sacrificar a vontade de se vingar, sacrificar a vontade de alimentar a raiva, sacrificar a vontade de se sentir vítima.

Não é fácil, mas o que a gente recebe em retorno vale demais! A recompensa da humildade e do sacrifício diante de Deus é a Salvação da alma pela eternidade. O que pode ser maior do que isso?

 

 

 Clique aqui para ler todos os posts desta série 

 PS1. Eu tinha dito que este seria o último post da série, mas ele acabou dando filhotinhos. Saiu também um outro texto, explicando sobre ofertas, que vou publicar fora da série.

PS2. Acho que é importante explicar sobre ofertas, dízimos e sacrifício, porque não faz o menor sentido a pessoa estar na Igreja há anos e não entender essas coisas. Ou achar que entende, mas depois sair dizendo coisas que mostram claramente que ela não entendia nada. Quem ler meu próximo post não vai mais ter essa desculpa.

PS3. Gostaria de ter dia e horário certo para postagem, como dizem que deve ser, mas atualmente isso ainda está um pouco fora da minha realidade, então prefiro fazer assim do que não fazer nada.

 

 

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Andressa Urach me fez mudar de ideia — Parte 9: O segredo para se manter firme

Para quem chegou agora: este post faz parte de uma série de posts que escrevi para analisar o texto publicado pela Andressa Urach anunciando sua saída da Igreja Universal. É importante que você leia os outros posts da série, para entender o contexto. Clique nos links para ler, depois volte aqui: 

Clique para ler a parte 1 – O post dela completo, quem sou e por que escrevo

Clique para ler a parte 2 – Pequeno parêntese sobre o post de sexta

Clique para ler a parte 3 – Por que acho que ela nunca teve o Espírito Santo

Clique para ler a parte 4 — Passando por uma situação desafiadora? Foque na sua reação.

Clique para ler a parte 5 — Quando se perde a visão espiritual

Clique para ler a parte 6 — Se eu falasse tudo o que aconteceu comigo nesses últimos anos

Clique aqui para ler a parte 7 — Psicografando Gremlins

Clique aqui para ler a parte 8 — Sacrifício aceitável

Como já disse, escrevo como membro da Universal (sou membro há 20 anos) e também como leitora dos livros dela, que, como tantos outros leitores, acabou se sentindo um tanto quanto “enganada” pela autora. Sou membro desde 2000 e trabalho para a Igreja (tendo passado pela Folha Universal e Unipro) desde 2011 (estou de licença desde 2018 para tratar de um problema de saúde), então estou falando de algo que conheço bem. Não é minha intenção falar mal da Andressa, mas analisar sua atitude (por meio do texto) de modo racional e à luz da Verdade.

Vamos a mais um trecho do post da Andressa:

“Estou voltando aos meus tratamentos psiquiátricos, pois sou uma boderline controlada.”

Então. De onde saiu isso? Até ontem o transtorno de personalidade era, para ela, diagnóstico errado para um problema espiritual. Tanto que passou 6 anos sem tratamento e controlada (como isso é possível?). Agora, sai da igreja, muda até a expressão do rosto e volta a tomar medicamentos. E não desconfia que tenha alguma coisa de errado nessa sequência de eventos.

Se você não sabe do que se trata, o Manual MSD define assim o Transtorno Borderline: 

“O transtorno de personalidade borderline é caracterizado por um padrão generalizado de instabilidade e hipersensibilidade nos relacionamentos interpessoais, instabilidade na autoimagem, flutuações extremas de humor e impulsividade. Pacientes com transtorno de personalidade borderline não toleram estar sozinhos; fazem esforços frenéticos para evitar o abandono e geram crises, como tentativas suicidas, de tal forma que levam os outros a resgatá-los e cuidar deles.

 Estresses durante a primeira infância podem contribuir para o desenvolvimento do transtorno de personalidade borderline. História infantil de abuso físico e sexual, negligência, separação dos cuidadores e/ou perda de um pai é comum entre pacientes com transtorno de personalidade borderline.”

 O diagnóstico de transtorno de personalidade borderline pode fazer sentido para a Andressa, porque a descrição combina com as características de personalidade que ela tinha antes de ir para a igreja (e que voltou a ter depois de sair). Porém, é bem mais provável que seja um problema espiritual que se apresente com as mesmas características que os profissionais de saúde procuram nesse transtorno, justamente pelo fato de ela ter ficado, segundo ela mesma, SEIS ANOS sob controle. Os sintomas são muito semelhantes aos de perturbação espiritual e esse seria um diagnóstico diferencial, se a medicina reconhecesse os transtornos espirituais.

 Segundo a própria Andressa, ela manifestou com espíritos que usavam suas emoções contra ela e mudou de comportamento depois que esses espíritos foram expulsos. Abaixo, dois trechos do livro “Desejos da alma” que comprovam isso:

“Abri meu coração para Deus, com toda a sinceridade. Sempre me preocupei com o que as pessoas pensariam de mim. Ficava um pouco constrangida ao pensar que poderia passar mal ou que alguma entidade  pudesse se manifestar no meu corpo durante alguma reunião. Após aquela oração, venci a vergonha e o orgulho, queria ser liberta. Após fechar os meus olhos e fazer essa oração, eu perdi o domínio do meu corpo. Um espírito se revelou em mim, o que chamamos de ‘manifestação maligna’. Eu ouvia tudo e tinha consciência do que estava acontecendo, embora não tivesse o domínio dos meus movimentos. […] Ao término da reunião, calmamente, o pastor me explicou que o mal entrava na minha vida por meio das minhas emoções; de alguma forma eu lhe dava acesso.”

“Foi assim que cheguei à Igreja Universal — viciada e depressiva. Participei das reuniões de libertação espiritual às sextas-feiras. Entendi que o vício e a depressão podem dominar a nossa mente, entrar em nosso corpo pelas nossas emoções, até com uma simples mágoa. O diabo existe e sua função é causar todo tipo de sofrimento na vida das pessoas. Em uma oração com imposição de mãos sobre a minha cabeça, ministrada por um pastor, fui liberta desses espíritos malignos. Estou curada dos vícios, da depressão e da síndrome do pânico. Hoje, eu tenho vida plena, paz interior e não sofro mais de crises de ansiedade.”

 Eu acredito nisso. Como disse, a medicina não tem as respostas para tudo, ela tenta fazer o melhor com os poucos recursos de que dispõe, mas ainda falta muito a descobrir. A questão é que, se realmente o que a Andressa está falando agora fosse verdade, o que ela escreveu no livro não seria verdade. Então, ela teria mentido que tinha vida plena, paz interior e não sofria de crises de ansiedade. Se ela não mentiu no livro, nas entrevistas e nas redes sociais nesses seis anos, então tem alguma coisa errada com o que ela divulga como verdade atualmente.

Segue o restante desse trecho do post da Andressa:

“Enquanto estava na igreja estava tudo sobre controle, mas agora que não estou mais indo na igreja, voltei a tomar uns remédios para me acalmar e controlar minhas crises de ansiedade que voltaram essa segunda-feira. E preciso controlar minha impulsividade e principalmente a minha raiva!”

Para mim, isso deixa bem claro que ela estava no caminho certo. Lembro da gastro que tratava meu marido em Porto Alegre, quando via que os exames de sangue dele estavam melhores, dizia: “o que quer que você esteja fazendo, continue fazendo, porque está dando certo”. Esse é o critério de qualquer tratamento: está funcionando? Não pare. É uma das coisas que — se for verdade — me leva a crer que Andressa decidiu parar de raciocinar.  

Por que será que ficou SEIS ANOS com isso sob controle e agora descontrolou? A igreja estava lhe fazendo bem enquanto ela estava andando de acordo com a Palavra de Deus. Onde começou a errar para degringolar desse jeito? Esse é o tipo de pergunta que temos de fazer para nós mesmos quando algo assim acontece. Onde você começou a errar para degringolar desse jeito? Não, não coloque a culpa nos outros, estou falando de VOCÊ. 

O mundo nos “treina” a procurar culpados do lado de fora, mas, como já ensinei aqui, talvez você não consiga controlar as circunstâncias, mas você pode controlar suas reações. E são nossas reações e nossas interpretações que definem o resultado que as circunstâncias terão em nossa vida. Você é o único responsável por suas reações e pelo que você deixa entrar no seu coração.

Preste atenção nos sentimentos que ela confessa neste post: ansiedade, impulsividade e raiva. É o que tem guiado todas as atitudes dela desde a tal mágoa que disse ter, em vídeo no Facebook (que ela deletou em seguida), quando devolveu o uniforme.

 Ainda se esquecêssemos o fato de que ela manifestou com demônio na igreja e, depois da libertação, deixou de ter as mudanças bruscas de humor (ou conseguiu controlá-las) e considerássemos que ela realmente fosse borderline e todo seu comportamento fosse causado por esse transtorno, vamos de volta ao texto do MSD:

“Quando os pacientes com transtorno de personalidade borderline acham que estão sendo abandonados ou negligenciados, eles sentem medo intenso ou raiva. Por exemplo, eles podem ficar em pânico ou furiosos quando alguém importante para eles está alguns minutos atrasado ou cancela um compromisso. Eles pensam que esse abandono significa que eles são ruins. Eles temem o abandono em parte porque não querem estar sozinhos.”

 Lembra do que eu disse no outro post, sobre a Andressa reagir à rejeição com agressividade e o diabo saber disso e tentar manipulá-la fazendo com que ela interpretasse como rejeição a repreensão que recebeu? Agora entendo o porquê. Essa descrição do transtorno borderline foi desenvolvida por profissionais de saúde que estavam tentando explicar um conjunto de manifestações comportamentais de um grupo de pessoas.

Não se sabe a causa exata desse transtorno ou seus mecanismos exatos, mas é um padrão de comportamento que aparece em determinadas pessoas. E, para ter recebido esse diagnóstico, Andressa apresentou padrão semelhante por bastante tempo (um diagnóstico psiquiátrico responsável é feito levando-se em consideração o tempo em que os sintomas persistem). Então, medo intenso e raiva é como a Andressa reage à sensação de estar sendo abandonada e rejeitada, como eu já havia percebido pela observação e análise dos textos. Sentir-se rejeitada fez com que ela reagisse com raiva, porque se sente vulnerável e atacada.

Continuando a lista de sinais e sintomas do MSD:

“Esses pacientes tendem a mudar o ponto de vista que têm de outras pessoas de forma abrupta e dramática. Eles podem idealizar um potencial cuidador ou amante no início do relacionamento, exigir que passem muito tempo juntos e compartilhem tudo. De repente, eles podem achar que a pessoa não se importa o suficiente, e ficam desiludidos; então eles podem desprezar ou ficar irritados com a pessoa. Essa mudança da idealização para desvalorização reflete o pensamento maniqueísta (divisão e polarização do bem e do mal).”

Foi basicamente o que ela fez com a igreja (instituição, bispos, pastores, esposas e obreiros) e com a gente (membros da igreja e cristãos de verdade, em geral). Sabendo que ela distorce o modo de ver as coisas, distorce as situações, interpreta de modo errado e reage com raiva e sentimento de vingança, como alguém pode cogitar a hipótese de ela estar falando a verdade quando fala mal da igreja? Se a ideia de jogar essa carta do borderline era dizer que não tinha condições de perceber o que estava fazendo quando chegou na igreja (o que não é verdade. Não só tinha condições como convenceu todo mundo de que estava entendendo perfeitamente), em mim teve o efeito oposto, me fez desconfiar de tudo o que ela diz.

A impressão que eu tenho é que, a encontrando espiritualmente fraca (possivelmente no modo automático), o diabo foi criando formas de fazer com que ela cometesse pequenos erros, aparentemente insignificantes, mas que serviram para afastá-la mais de Deus e fazer com que ela abrisse concessões que não deveria. Quando estava no ponto, ele fez com que ela começasse a se cansar do que fazia na igreja. O objetivo era levá-la a se afastar para que os demônios voltassem (como falamos no post anterior).

É claro, ela estava fazendo força para agir como uma pessoa nascida de Deus e batizada com o Espírito Santo, coisa que ela não era. Isso, por si só, é cansativo. Afastada de Deus, fica quase insuportável. Só é suportável se está tudo legal, se ninguém percebe e a pessoa não é incomodada. A partir do momento em que alguém em posição de autoridade percebe e repreende a pessoa, ela fica indignada, afinal de contas, todo o esforço que ela está fazendo para manter a imagem de pessoa de Deus está sendo desconsiderado pela autoridade que a está repreendendo. “Como ousa?” Daí para sair, é um pulo.

Entenda uma coisa: quando uma pessoa sai fisicamente da igreja, ela já saiu espiritualmente há muito tempo. Não conheço UMA criatura que estava muito bem, muito forte, firme na fé e, de uma hora para outra, saiu da igreja. Isso não existe. O que existe é a pessoa parecer firme e bem e, de uma hora para outra, sair. Mas se você for analisar um pouquinho (como fizemos com a Andressa nos posts anteriores), vai perceber que era só aparência.

 Como falei no outro post, a pessoa já aprendeu a agir como alguém da fé, a se comunicar como alguém da fé, se vestir como alguém da fé…facilmente ela se passa por alguém da fé. Por isso não dá para colocar a mão no fogo por ninguém. Se um pastor ou bispo sai da igreja, nem passa pela minha cabeça acreditar em qualquer coisa que ele diga (muito menos segui-lo!). Não tenho como saber quem o cara é, o que estava acontecendo dentro dele.

 Quem está acostumado a falar a verdade e a olhar todo mundo com bons olhos às vezes se esquece de que, no mundo, a imensa maioria está acostumada a mentir — e mentir muito. As pessoas mentem todos os dias, até em coisas que não fazem o menor sentido mentir.

Não faz muito tempo que tive essa “revelação” rs. Eu costumo ter facilidade de perceber a mentira quando alguém fala comigo. É uma espécie de “detector de mentiras” natural que veio embutido na minha cabeça. Mas fui surpreendida por uma situação que eu achava que era verdade e descobri que a pessoa estava mentindo. Na hora, foi um choque. Depois, parei pra pensar: por que eu estava chocada com aquilo? A pessoa não é de Deus, por que eu deveria esperar algo diferente dela?

O que impede alguém, que não teme a Deus, de mentir? A ética? Eis uma verdade sobre a ética humana: ela funciona e é respeitada até quando for conveniente. Se não houver Alguém maior a quem ele deve responder, o ser humano dificilmente estará disposto a se prejudicar em nome da ética ou da moral. Pouquíssimos sacrificam pela ética — e, no mundo atual, este número é cada vez menor. Esta é a natureza humana, infelizmente.

Mas se temos que ter bons olhos, sempre esperar o melhor das pessoas, sempre vê-las sob o melhor ângulo e evitar interpretar as coisa de modo negativo, como nos proteger de acreditar em tudo o que dizem? Como conciliar senso crítico e bons olhos? O Senhor Jesus já deu a dica:

“Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto, sede prudentes como as serpentes e inofensivos como as pombas.”

(Mateus 10.16)

 A serpente é atenta e tem consciência do perigo. Ela sabe que ele existe e se desvia das ameaças. Ela não fica antecipando ou desconfiando de tudo, apenas se mantém atenta ao que já conhece como perigo. Essa é a parte que devemos imitar. A prudência da serpente. 

Quem convive com pombas na rua já percebeu que prudência não é o forte delas. As de São Paulo, então, parecem ser piores do que as que já vi nas outras cidades em que morei. Ficam procurando comidinha NO MEIO DO ASFALTO, e saem beeeem devagar quando os carros se aproximam. Um dia uma pomba se atirou no para-brisa do nosso carro (ainda bem que estávamos andando bem devagar, em um engarrafamento). Caiu ao lado, fiquei preocupada, mas ela logo se levantou, sacudiu o corpinho e voltou a voar. O motivo de ainda existirem tantas pombas no mundo foge à minha compreensão. Se realmente a tal “seleção natural” fosse verdade, as pombas já teriam sido extintas. Por elas mesmas.

Mas elas, de fato, são inofensivas. Não atacam, não armam emboscadas, não agridem. Um dia meu marido estava sentado em um banco de um parque, comendo um sanduíche e uma pomba se aproximou. Ele jogou uma migalhinha de pão e ela comeu. Então surgiram alguns pardaizinhos interessados na distribuição de comidinha. Ele jogou para eles também, e para a pomba. Mas eles eram super rápidos e logo pegavam até o pãozinho dela, que, apesar de ser muito maior do que eles, não os atacou.

Ser inofensivo como a pomba, mas prudente como a serpente é estar consciente de que o mal existe, que as pessoas mentem, que a natureza humana é caída, e usar essa informação apenas como dado para lembrar que qualquer informação precisa vir com comprovação. É a frase que o Bp Renato gosta de citar: “confie, mas verifique”. E ele pratica exatamente isso. Acredita e confia nas pessoas, mas nunca toma uma atitude contra alguém sem verificar as informações que recebe, para evitar cometer injustiça. Podemos aprender com isso. O Senhor Jesus diz que nos envia como ovelhas no meio de lobos. Se não formos prudentes, seremos devorados rapidinho. Mas se não formos inofensivos, seremos levados para o outro lado rapidinho. Aprender a ser assim é o segredo para se manter firme e nunca se deixar levar pelas armadilhas personalizadas que o diabo coloca em nosso caminho.

Algumas pessoas, como a Andressa, deixam essa orientação de lado e passam a desenvolver os maus olhos, na tentativa de se protegerem de alguma coisa. Como diz o livro “O Resgate”, do Bp. Sérgio Corrêa, a ovelha perdida começa como a dracma perdida dentro da igreja. E, infelizmente, existem muitas pessoas nessa situação dentro da igreja e que ainda não perceberam que estão caminhando em direção ao abismo. Elas acham que estão no controle da situação, não reconhecem seus maus olhos, sua teimosia, sua rejeição ao sacrifício.

Ainda que não tenham o menor problema em sacrificar dinheiro no Altar, não querem sacrificar suas vontades, suas opiniões erradas, sua teimosia, seu jeito, suas mágoas, suas dúvidas, seus maus olhos… Para muitas pessoas, o sacrifício mais difícil é o espiritual, não o físico. Fazem jejum, acordam de madrugada para orar, param de ver notícias, podem até dar cinquenta voltas em torno do Templo orando, se for preciso. Vendem tudo o que têm para colocar no Altar, na esperança de que, pagando o que Deus não pediu, sejam liberadas de sacrificar o que Deus, de fato, pediu. É diferente de você colocar toda a sua vida no Altar e, justamente por ter feito isso, ter alegria em fazer um sacrifício financeiro verdadeiro. Se a Andressa tivesse feito isso, não estaria nessa situação lamentável em que se colocou (vamos falar no próximo post sobre os sacrifícios que ela diz ter feito).

Foge à minha compreensão como uma pessoa passa pela libertação espiritual, percebe a mudança de seu interior, se livra da ansiedade, da depressão, da insônia, da perturbação, do vazio interior, conhece a paz e depois desconsidera tudo o que lhe aconteceu e acredita em sei lá quem que lhe diz que ela tem um transtorno de personalidade que estava hibernando por seis anos e agora voltou, justamente quando ela decidiu sair da igreja. Coincidência, né? 

Era como se eu saísse da Universal, voltasse a ter crises de depressão e alguém me convencesse de que sou uma depressiva controlada que, por coincidência, ficou ANOS sem ter uma crise sequer — e sem tratamento. Como Andressa conseguiria fazer isso sozinha? Por seis anos, ela teve o poder de se controlar, mas agora deixou de ter. Acho estranho que ela não perceba isso. Na época em que ainda a estava seguindo, vi que algumas pessoas questionaram isso, na tentativa de fazer com que ela acordasse. Então, ela sabe, mas não considera. Está, para usar as mesmas palavras dela no livro, “cega pelas emoções”.

A coisa mais útil que podemos fazer com essa situação é redobrar a vigilância e ser menos condescendentes com nós mesmos. Sei que sempre fui muito exigente comigo e já falei várias vezes neste blog sobre termos de ser nossos melhores amigos e nos olhar como olhamos para uma pessoa de quem gostamos e que queremos ajudar. Porém, isso não pode ser desculpa para sermos autoindulgentes, fazendo vistas grossas para algo errado ou para algo em nós que não esteja de acordo com a Palavra de Deus. Se olhe com amor, como olharia para outra alma, mas também aprenda a reconhecer até mesmo os pequenos erros e se repreender com amor, como faria com outra pessoa que você visse errando e que quisesse salvar.  

 

 

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 PS. Mas alguma coisa me diz que talvez a Andressa só tenha mencionado esse problema psiquiátrico pelo motivo que vou falar no próximo post desta série.

PS2. Estou preparando um texto com a minha opinião sobre transtornos psiquiátricos, o uso de psicofármacos, a fé e o mundo, baseado na minha experiência e no que estudei a respeito. Já adianto que — pra variar — não é uma opinião muito convencional e talvez algumas pessoas fiquem bravas. Mas é a vantagem de ter um blog pessoal: posso expor minha opinião. E quem sabe encontre pessoas que pensam como eu ou que nunca tinham pensado nisso e sejam beneficiadas com o que eu disser. Por elas, vale a pena.

PS3. Já escrevi sobre essa questão de ser prudente como a serpente e inofensivo como a pomba, neste post aqui: Renovando a mente — Parte 5 

PS4. O próximo post desta série é o último da análise deste post da Andressa (depois dele tem um texto de encerramento, com as conclusões a que cheguei e com o que eu acho que vai acontecer). É também o mais aguardado (por mim, pelo menos) porque acho que todo mundo vai conseguir entender melhor essa coisa toda. (Risquei, porque me chegaram fatos novos sobre os quais as pessoas me pediram para escrever. Ainda preciso conferir e avaliar se valem posts dentro desta série ou se eu encerro esta e começo uma nova, sobre evitar o afastamento)

PS5. Por favor, não falem mal das pombas. Não é verdade que sejam “ratos de asas”. Até já escrevi sobre isso aqui no blog 11 anos atrás (link)

PS6. Me perguntaram se ela nunca foi liberta. Sim, ela foi liberta, tanto que a mudança era nítida e ela parou de ter as alterações bruscas de humor e as perturbações que tinha. Mas se a pessoa deixa de obedecer a Deus, cada demônio que saiu volta com mais sete e o último estado da pessoa se torna pior do que o primeiro. É o que está escrito e falamos sobre isso na parte 8 desta série (clique aqui para ler)