Mês: novembro 2020

Andressa Urach me fez mudar de ideia — Parte 5: Quando se perde a visão espiritual

 Para quem chegou agora: este post faz parte de uma série de posts que escrevi para analisar um texto que a Andressa Urach publicou dizendo que saiu da Igreja Universal. É importante que você leia os outros posts da série, para entender o contexto. Clique nos links para ler, depois volte aqui:

Clique para ler a parte 1 – O post dela completo, quem sou e por que escrevo

Clique para ler a parte 2 – Pequeno parêntese sobre o post de sexta

Clique para ler a parte 3 – Por que acho que ela nunca teve o Espírito Santo

Clique para ler a parte 4 — Passando por uma situação desafiadora? Foque na sua reação.

Como já disse, escrevo como membro da Universal (sou membro há 20 anos) e também como leitora dos livros dela, que, como tantos outros leitores, acabou se sentindo um tanto quanto “enganada” pela autora. Sou membro desde 2000 e trabalho para a Igreja (tendo passado pela Folha Universal e Unipro) desde 2011 (estou de licença desde 2018 para tratar de um problema de saúde), então estou falando de algo que conheço bem. Não é minha intenção falar mal da Andressa, mas analisar sua atitude (por meio do texto) de modo racional e à luz da Verdade.

Bem, vamos seguir com a análise do texto da Andressa:

“Dediquei meus últimos 6 anos da minha vida para Jesus como todos sabem, mas acabei me sentindo como um objeto descartável, nunca me senti assim nem no tempo da prostituição.”

Gente, isso é muito grave. Dizer uma barbaridade dessas é não ter a menor consciência do que se está falando. Se ela realmente chegou a se sentir assim, mostra o espaço descomunal que deu ao diabo nessa situação. Já começa errado, porque se ela se sentiu como um objeto descartável, todo o “serviço” que fez para Jesus foi esperando algo em troca. 

Eu não acho que a igreja me deva alguma coisa por esses 7 anos como funcionária ou por todos esses 20 anos como membro. Eu não faço nada para a Igreja, faço para Deus. E a Igreja Universal ensina isso, como a Bíblia também ensina, que tudo o que fazemos devemos fazer como para Deus e não para homens. Assim, se eu fiz para Deus, EU NÃO FIZ MAIS DO QUE MINHA OBRIGAÇÃO, porque o Senhor Jesus salvou a minha vida, quem deve tudo a Ele sou eu, e nada do que eu faça para Ele neste mundo pode pagar o que Ele me deu. 

Quando cheguei à Igreja Universal, eu tinha acabado de abandonar o curso de Jornalismo, atolada em depressão profunda. Na faculdade, eu me sentia deslocada, às vezes matava aula porque não aguentava ouvir as pessoas falando, a luz fluorescente ofuscando meus olhos, o excesso de estímulos sensoriais. Quando caminhava até o ponto de ônibus, passava sobre um viaduto e tinha vontade de me jogar no meio daqueles carros. Eu tinha convicção de que não passaria dos 20 anos. Há três anos eu passava as madrugadas acordada, chorando e pensando bobagem. Em uma dessas madrugadas, aos 18 anos, escrevi no meu diário:

“Ninguém entende que todo esse meu jeito, todas as minhas cobranças e minha irresponsabilidade e desinteresse são um pedido de ajuda! A cry for help! Porque eu quero sair desse abismo horroroso no qual eu caí, eu queria que acontecesse algo na minha vida, alguma coisa que mudasse a minha vida, qualquer coisa que a mude para melhor, porque para pior é impossível, e mesmo se fosse possível eu não suportaria. Minha vida perdeu seu rumo e eu perdi a força, a coragem e a esperança, só o que eu quero fazer agora é deitar, descansar e desistir.”

Alguns meses depois, escrevi:

“estou menos deprimida, mas não consigo me sentir totalmente feliz aqui e sei que nunca conseguirei, só que o problema nem está tanto na cidade, está em mim, não sei o que fazer, não sei se isso tem solução, no momento me contento em dormir e chorar, só não quero mais preocupar mamãe.”

Mais alguns meses, aos 19:

“Talvez eu precisasse de ajuda médica, sei lá, tratamento psicológico, psiquiátrico, qualquer coisa que me ajudasse a melhorar, porque no momento, sozinha, não há condições. As pessoas se preocupam comigo, sim, mas elas acham que é tudo natural, que é coisa da idade, etc. mas não é. E eu não sei mais o que fazer, me sinto enclausurada, ansiosa, irritada, acho que eu não conseguirei viver muito tempo nesse planeta, logo logo meu cérebro vai desistir e desligar o circuito, estou avisando.”

Foi dessa vida que Deus me tirou, me levando para a Igreja Universal. E, me desculpe quem não gosta da Universal, seria de um egoísmo imensurável e de uma ingratidão absurda eu dizer tudo isso que Deus fez e não citar a Igreja que Ele usou para me libertar, me salvar e me ensinar. Porque quem está passando pelo mesmo que eu passei tem o direito de receber um endereço, um lugar para ir receber ajuda, se quiser (se não quiser, também é livre para não ir). Como eu já disse em outro post, eu era crente desde que nasci. Eu já tinha uma religião, uma igreja da qual era membro, mas eu precisava de ajuda e não encontrei essa ajuda por lá. Deus me levou à Igreja Universal e lá Ele fez o que queria fazer. Só não fez tudo de uma vez porque não deixei. Fui liberta da depressão, mas levei nove anos para permitir que Ele me libertasse de mim mesma. 

A Andressa não chegou à Universal melhor do que eu. Pelo contrário, creio que chegou pior, porque eu cheguei no mês em que faria 20 anos, sem a bagagem que ela tinha quando finalmente decidiu deixar aquela vida. Ela conta nos livros que teve depressão, síndrome do pânico e ansiedade, além de todo o horror que viveu e que cometeu. E Deus a levou para a Universal. Lá, ela foi liberta e experimentou uma vida diferente. Começou a falar de Jesus e da igreja porque se sentia grata por toda a ajuda que recebeu. Passou anos querendo ser obreira (quando escreveu Desejos da Alma, que foi lançado ano passado, ainda não tinha sido levantada), segundo ela, porque queria retribuir tudo o que Jesus lhe fez. E agora afirma que nem na prostituição se sentiu tão usada, como se tivesse feito alguma coisa para a qual esperasse retribuição.

Lembro da parábola do servo inútil, que Jesus contou:

“E qual de vós terá um servo a lavrar ou a apascentar gado, a quem, voltando ele do campo, diga: Chega-te, e assenta-te à mesa? E não lhe diga antes: Prepara-me a ceia, e cinge-te, e serve-me até que tenha comido e bebido, e depois comerás e beberás tu? Porventura dá graças ao tal servo, porque fez o que lhe foi mandado? Creio que não. Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos somente o que devíamos fazer.”

Lucas 17.7-10

O que Andressa esperava? Que flexibilizassem alguma regra para ela? Foi chamada à atenção e queria tratamento especial por “tudo o que fez pela igreja”. Estava fazendo para Jesus ou para si mesma? Se estava fazendo para Jesus, por que esperar algo das pessoas? Se ela não fez nada de errado, não deveria ter passado a situação para Deus para que Ele corrigisse a injustiça? E se fez algo de errado, não deveria assumir e corrigir? Seja qual for a situação, a atitude dela de sair falando mal da igreja é errada. 

Segundo o que ela mesma contou no livro Morri Para Viver, na época da prostituição, foi humilhada, usada, tratada como um objeto, abusada, agredida fisicamente e verbalmente, era tratada pelo diabo como um lixo, ridicularizada pela imprensa (ou ela achava que era famosa e admirada? Não sabia que era motivo de piada nas redações?), feita de palhaça para a diversão do público. Ou seja, foi muito usada, mas não se SENTIA usada? 

Pela vaidade excessiva, pagou para injetarem um plástico em suas coxas e nádegas, uma infecção quase leva sua vida, o diabo pronto para levá-la ao inferno, e Deus a resgata para lhe dar uma chance. Deus a leva à Igreja Universal, onde ela manifesta com demônios, é liberta, é tratada como gente, com respeito, vista como ser humano por nós, membros da igreja, acolhida como parte da família de Deus, respeitada, valorizada e amada. 

Seu testemunho foi exposto porque era forte, e ela sempre fez questão de falar do que Deus tinha feito na vida dela, dizia que fazia isso por gratidão. Recebeu de Deus um trabalho digno para usar seu talento como apresentadora na Record em um programa sério (quem teria dado essa chance para ela? O UOL? Que a ridicularizava e agora usa as palavras dela para atacar o Evangelho?). Ela diz, no livro “desejos da alma”, que chegou à igreja com problemas financeiros: 

“Eu ganhava muito dinheiro com a prostituição e, como tinha decidido abandonar essa vida, as contas começaram a atrasar.”

Trabalhava em um programa de fofocas, do qual diz que pediu demissão porque foi proibida de falar de Deus. Em seguida, foi contratada pela Record para apresentar o quadro “eu sobrevivi”. E, no livro, reconhece que aquele emprego foi dado por Deus:

“Deus é tão maravilhoso que, depois que sacrifiquei meu trabalho por causa de Jesus, fui contratada pela Record para apresentar um quadro chamado Eu Sobrevivi, que contava histórias lindas e não colocava em risco a minha fé. Deus estava respondendo às minhas orações.”

Note a diferença entre este trecho e essas duas postagens recentes dela que estamos comentando nesta série. Antes, reconhecia que tinha sido resposta às orações. Agora, tira Deus da jogada e age como se tudo dependesse de pessoas — e pessoas ruins. É muito triste.

 Naquela época, o diabo já tentava lançar o pensamento gremliniano no qual ela parece acreditar agora:

“Ao ser contratada pela emissora, ouvi de uma pessoa a seguinte frase: 

— Você é só um objeto. Quando não der mais audiência vai ser descartada pela emissora.”

Não foi a única frase que o diabo disse para ela naquela época e que ela repetiu nesta postagem. Está psicografando as palavras do gremlin e não se deu conta disso. A única diferença é que antes ele tinha que mandar recado, agora consegue falar pessoalmente e ela guarda as palavras dele — e não mais as de Deus — e a volta dos transtornos psiquiátricos que ela já havia superado me parece a consequência natural dessa troca de senhor.

Recentemente (acho que ano passado), recebeu confiança o suficiente para ser levantada a obreira, mas o Reino de Deus é diferente do reino do mundo. Lá fora, quem está em destaque, em evidência, é servido. No Reino de Deus, quem está em evidência tem de servir aos outros. Quem quiser ser maior, tem de servir. E eu achei que ela tivesse entendido isso. Parecia. Até acho que entendeu. 

Só sei que essas coisas não acontecem de uma hora para outra. As sementinhas de orgulho e de mágoa vão sendo espalhadas pelo diabo aos poucos, sem a gente perceber. E o ponto fraco dela, além da vaidade, era o mesmo que a maioria de nós: as emoções. No livro “Desejos da Alma”, ela relata que manifestou com demônios na igreja durante uma reunião de libertação e depois o pastor conversou com ela:

“Depois de o pastor expulsar aquele espírito, chorei. Imediatamente, fui repreendida por ele, que me mandou parar de chorar. Achei essa atitude meio rude, parece que não se sensibilizou com meu sofrimento! No entanto, obedeci à sua ordem e parei de chorar. Ao término da reunião, calmamente, ele me explicou que o mal entrava na minha vida por meio das minhas emoções; de alguma forma eu lhe dava acesso.”

Por ser uma pessoa muito emotiva, ela passou a vida inteira agindo impulsivamente, movida por seus sentimentos (bons e ruins). E é o que parece estar fazendo novamente agora, de acordo com o que escreveu. E quando a pessoa cede às suas emoções, abre espaço para a atuação do mal na sua vida, porque o diabo trabalha com as emoções. 

É estranho vê-la dizer que dedicou 6 anos ao Senhor Jesus, mas não recebeu o reconhecimento de que se julga merecedora. E eu ficaria muito indignada, se não tivesse esse pesar enorme competindo com a indignação dentro de mim. Porque a pessoa que chega a sentir um absurdo desses é porque se deixou enganar pelo diabo a tal ponto de esquecer o que realmente sentia na época da prostituição. 

Porque nossas memórias são editáveis, não sei se você sabe. Está lá, nos estudos de neurociência e psicologia cognitiva. E afirmações absurdas como a dessa moça me fazem ter certeza de que o mal manipula nossas memórias e edita o que lhe convém (por isso quando a gente entrega a vida para Deus, tem que entregar tudo, inclusive o passado, inclusive aquilo de que a gente acha que se lembra). Ou ela está mentindo deliberadamente ou editou suas memórias a ponto de não se lembrar do que passou na prostituição. Qualquer das duas hipóteses é suficientemente ruim.

E se ela chegou a esse ponto, está de volta aos braços do mal que quase destruiu sua vida. Como vou ficar com raiva de uma pessoa nesse estado? Como vou ter raiva de alguém que está caminhando para o inferno, sendo que há pouco tempo estava no Caminho comigo? Tenho raiva é do diabo, que conseguiu enredá-la de novo. Mas também como vou acreditar em qualquer coisa que ela diga? Como me interessaria em ouvi-la novamente, sabendo que ela está só repetindo as palavras do mal? Como poderia continuar seguindo ou apoiando? E como posso deixar que ela espalhe coisas que eu sei que não são verdade, contra a minha fé, levando seus seguidores a errar e alimentando preconceitos e fake news, sem que eu fale o que tenho a dizer?

 Tenho compaixão da alma dela, mas não dá para seguir, apoiar ou ignorar o que fez. 

“Sei que Jesus não tem nada haver com isso e a obra de Deus é feita por pessoas falhas.” 

Aqui ela coloca a culpa de seja lá o que aconteceu nos outros. “A obra de Deus é feita por pessoas falhas” entre as quais ela não se inclui, obviamente. Se se incluísse, talvez cogitasse a hipótese do erro estar nela. E “Jesus não tem nada a ver com isso”, mas ela O ignora ao colocar todo o foco nas pessoas e culpá-las por algo que ela está fazendo consigo mesma. 

“Fui excluída de grupos fazendo eu me sentir como se eu tivesse “demônios” por deixar de fazer parte da instituição.”

Foi excluída de grupos é um fato verificável. Também fui excluída de grupo, como já contei aqui. Sentir como se tivesse demônios é reação. Ninguém é capaz de fazer eu me sentir alguma coisa. Só eu sou capaz disso. As pessoas poderiam até falar que tenho demônio, mas se eu sei que não tenho, o problema está nelas! Nunca vão fazer eu me sentir como se tivesse demônio! Eu sei que sou de Deus e quem é de Deus reconhece Ele em mim. Quem não reconhece Deus em mim, não é de Deus. Simples assim. 

O estranho é a pessoa se sentir pessoalmente agredida ou ofendida porque outras pessoas estão pensando que ela tem demônio. E outra, eu DUVIDO que todas as pessoas que ali estavam a trataram como se ela tivesse demônio. Aliás, de que maneira quem é de Deus trata as pessoas que aparentam ter demônio? Não sei você, mas eu trato muito bem e com muita paciência — muito mais paciência do que alguém que acho que seja de Deus —, porque aquela é uma alma preciosa que o diabo quer roubar. E nunca vi alguém ser maltratado pela igreja inteira por ter demônio! Não na Igreja Universal. Exclusão de grupo pode se dar por um milhão de motivos. No caso dela, depois desse post que escreveu, mostrou que seja lá quem a excluiu dos grupos estava mais do que certo. 

Acho que faltou visão espiritual. Não sei se você percebeu, mas toda a conversa dela nesse post tem um ângulo puramente carnal. É como se a igreja fosse feita só de pessoas (e de pessoas ruins), o Espírito Santo não existisse, Deus não fizesse nada, e tudo girasse em torno dela. 

A Andressa não entendeu o que é ser obreira. Ser obreiro não diz respeito a você. Não é um cargo que mostra o quão santa você é. Ser obreiro é uma responsabilidade a mais, você está representando a igreja e você está representando o Senhor Jesus. Você serve ao povo e você serve ao Senhor Jesus. Você é servo. Mais servo do que o membro, porque você tem mais responsabilidade do que ele. No Reino de Deus é assim (e acho que já falei isso, mas vale a pena repetir), quanto mais responsabilidade se tem, mais servo se é. E se você acha isso ruim, vá reclamar com Jesus, porque foi Ele quem disse isso — e mais de uma vez. 

Então, se a pessoa está dentro de um grupo e fez algo que não estava de acordo com as regras do grupo (se tiver regras) ou com os princípios do grupo (se não tiver uma lista de regras), não pode continuar no grupo (tipo eu, que tive que sair do Godllywood porque não entrei em um grupo de Evangelização, que era regra do grupo). Se você fez algo que não estava de acordo com o uniforme que você veste, não pode continuar a ter esse uniforme. E isso não é caso para chilique, é caso para arrependimento, pedido de perdão a Deus e volta ao princípio para se reerguer. E se você acha que foi injustiça, entregue a injustiça para Deus e vá buscar a Ele. 

Vai sentir vergonha? Provavelmente. A vergonha é diretamente proporcional à importância que você dá a si mesmo. Quanto mais importante você se achar, mais vergonha você vai sentir, porque o “rebaixamento” pega forte no seu ego. Como vai dizer que saiu do grupo? Como vai dizer que não é mais obreira? Como vai aguentar tantos SENTIMENTOS com os quais você não sabe como lidar porque sua fé estava fraca e ultimamente era só de aparências? É complicado.

Eu não tive esse problema quando devolvi o uniforme de obreira em 2001, porque fui eu que devolvi o uniforme. Fiquei meses sem usá-lo e acabei decidindo entregá-lo por admitir que eu não estava pronta para ele. Não estava em pecado, não desobedeci, não fiz nada de “errado”. O pastor Sílvio Simeão, a quem eu entreguei meu uniforme, me disse que eu era um bolo com a receita certa que foi tirado do forno antes da hora. Ele achava que eu iria voltar. De certa forma, eu voltei, mas hoje o uniforme está dentro de mim. Acho que a Andressa foi essa massa de bolo tirada do forno (por ela mesma) antes da hora. Assim como eu, ela achava que estava pronta e foi precipitada. Não culpo quem a levantou a obreira. Como iria saber? Ela sabe ser convincente, principalmente quando está enganando até a si mesma.

O que todo mundo achou mais incrível foi a Andressa, que chegou a ver os demônios (porque ela estava cheia deles) e ouvir os gritos do inferno, quase sendo arrastada para lá, tenha perdido completamente o temor desta forma. Perder o temor é consequência direta de perder a visão espiritual e passar a olhar tudo com uma visão carnal, terrena. É por isso que a Bíblia diz:

“Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz. Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser. Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus.”

Romanos 8.6-8

Isso é muito sério. “Inclinação da carne” e “inclinação do Espírito” diz respeito ao modo de enxergar e interpretar o que você experimenta, vê, ouve e observa. É nossa escolha diária de ponto de vista diante de todas as situações. Devemos ter sempre em mente que o que chamamos de “mundo espiritual” é que é o mundo real. Esse que vemos é passageiro e ilusório. Não somos nós que decidimos como as coisas são. Nossas opiniões não alteram a realidade. Nós precisamos descobrir como é que as coisas funcionam de verdade, e o único meio de encontrar essa verdade é a Palavra de Deus. Desde que comecei a basear minhas opiniões nas opiniões de Deus, que encontro na Bíblia, comecei a acertar.

Colocando as coisas em perspectiva

Esse trecho do livro “Morri para viver” traz a cena dos demônios tentando levá-la e faz uma revelação sobre a relação entre a Andressa e a Igreja Universal, que é bom relembrar:

 “vi espécies de anjos da morte se aproximando, parecendo buscar meu corpo. Vultos negros que rodeavam o leito do hospital. Meu quarto estava cercado deles. A cena se passou de forma nítida. Eram espíritos ruins, porque sentia pulsar uma sensação de angústia, uma agonia que se multiplicava conforme essas imagens tenebrosas rondavam meu corpo. 

Era a morte, na minha visão. 

Gritei, desesperada, pedindo socorro para minha mãe. Comecei a me debater na cama. 

— Mãe, eles vieram me levar! Mãe, eles vieram me levar! Me ajuda, mãe! Deus, me salva! […]

Um desses vultos tinha uma cor preta mais intensa, parecia o mais forte deles. Ele veio de longe, aproximando-se aos poucos. Novamente, eu me vi saindo do corpo. 

— Mãe, mãe, mãe! Ele vai me levar, mãe! A morte vai me levar! Mãe!

Passei a ouvir gritos de diferentes tons de voz e volume e sofri uma terrível sensação de medo.

Foi quando os pastores da Igreja Universal do Reino de Deus passaram a fazer as primeiras visitas na UTI a pedido do meu primo Pablo de Freitas, membro da igreja desde 2010, depois de uma longa vida na criminalidade. Minha mãe também é frequentadora da Universal, levada por minha avó, Madalena de Faveri, já falecida. Os primeiros passos no caminho dessa crença foram dados por ela quando eu ainda era recém-nascida. Ainda bebê, fui apresentada no Altar da Igreja no Rio Grande do Sul.”

Então, ao contrário do que ela dá a entender hoje, a Igreja Universal não foi atrás dela por interesse em mídia (como se a Igreja precisasse de mídia…), a mãe e a avó já eram da igreja, ela foi apresentada na Igreja Universal quando nasceu e o primo levou os pastores para orar por ela. A Igreja foi atrás da Andressa interessada na alma dela, enviada pelo próprio Senhor Jesus pelas orações da família e de desconhecidos. 

Na época em que a Andressa estava internada, eu me lembro de ter lido em alguma notícia que a mãe dela estava indo na Universal e resolvi avisar ao Bp. Renato (ele era meu supervisor no trabalho de direcionamento de conteúdo impresso), para o caso da igreja querer mandar alguém para visitá-la e acompanhar a família. Acho que eles devem ter recebido muitos pedidos desses, porque a urgência que senti de orar por ela e o amor que despertou em mim pela alma daquela moça com certeza Deus colocou em várias outras pessoas naquela ocasião, por causa das orações da mãe dela e do primo, Pablo. Nossas orações têm esse poder. Ao ver a fé de quem se derrama no Altar, Deus move quem for preciso para responder ao nosso clamor. E foi o que aconteceu.  

Eu lembro de alguns meses antes ter visto uma matéria em um site dizendo que a Andressa estava se preparando para estrear uma peça teatral. O texto era sério, mas eu percebia nas entrelinhas o deboche do repórter, e o desprezo que ele tinha por ela, que respondeu à entrevista achando que ele realmente estava interessado. A matéria fazia o leitor achar que a Andressa era ridícula. Eu me lembro de pensar: “Meu Deus! Essa menina é mais uma sendo usada por essa mídia nojenta. Eles nunca vão vê-la como ser humano, só vão sugar, ridicularizar e desprezar, mesmo que ela tente fazer algo sério”. 

Então percebi o quão vazia era aquela vida e que o desespero que ela tinha por atenção era, na verdade, uma carência e um vazio espiritual. Vi o desprezo que o diabo tinha por ela no desprezo daquele repórter. E pedi a Deus que desse uma chance àquela moça, que alguém a evangelizasse para que ela fosse salva. Pedi para Ele levá-la à Igreja Universal. E ali, meses depois, estava o meu pedido sendo respondido no momento em que ela mais precisava. Soube de várias outras pessoas que também já oravam por ela antes do problema com o hidrogel. Vê como Deus encadeia as coisas entre pessoas que nem se conhecem? Tudo para que Ele pudesse acessá-la naquele momento e oferecer a ela a oportunidade de uma segunda chance. Ele sempre quer dar essa chance às pessoas, (por isso desenvolva o hábito de orar por desconhecidos que você vê na rua, em alguma notícia, nas redes sociais ou quando você simplesmente se lembrar de uma pessoa. Uma oração rápida, feita com fé e sinceridade, pode salvar uma vida). 

Mas, como eu disse no primeiro post desta série, o tempo é cruel e o diabo é paciente. Depois de tudo o que Deus fez pela Andressa, ela voltou a dar comidinha para o seu ego e meteu os pés pelas mãos. Agora não é tarde demais, mas ela está com muita raiva, agindo movida pelo ódio e sendo influenciada pelo mal, não creio que vá ouvir. No entanto, vou continuar orando para que Deus lhe dê nova chance (ainda que ela não mereça…quem merece? Eu também não merecia, você também não merecia. E se algum de nós um dia cometesse uma burrice semelhante, com certeza iria querer que Deus tivesse misericórdia mais uma vez). 

O problema é que o tempo está acabando. Não sei se você percebeu, mas os sinais que Jesus descreveu como “o princípio das dores” já estão acontecendo, o arrebatamento está logo ali. Jesus está às portas. É claro que, independentemente disso, se uma pessoa está viva, ela pode morrer a qualquer momento. Se você tivesse ideia do tanto de coisas que precisam acontecer perfeita e simultaneamente neste momento no seu corpo para mantê-lo vivo, entenderia o quanto depende da misericórdia de Deus.

 Mas a misericórdia dEle não ultrapassa a nossa vontade. Se eu não quisesse nada com Deus, se eu O desprezasse, me abraçasse ao diabo e caminhasse para o inferno, Ele não poderia me impedir, por mais que desejasse. E a culpa seria toda minha. A burrice, também. 

 

Amanhã publico a parte 6

Vou colocar aqui os links para os próximos posts conforme forem publicados:

Andressa Urach me fez mudar de ideia — Parte 1: O texto dela na íntegra, quem sou e por que escrevo

Andressa Urach me fez mudar de ideia — Parte 2: o post de sexta

Andressa Urach me fez mudar de ideia — Parte 3: Será que ela recebeu o Espírito Santo?

Andressa Urach me fez mudar de ideia — Parte 4: Passando por uma situação desafiadora? Foque na sua reação

Andressa Urach me fez mudar de ideia — Parte 6: Se eu falasse tudo o que aconteceu comigo nesses últimos anos

 

PS. Falando sobre esse assunto de gente que sai da igreja, encontrei um vídeo legal no Facebook da Igreja, de fevereiro, mas super atual, que pode ser útil: Como lidar com a decepção quando um pastor que você gosta deixa a igreja (clique para ler)2

PS2. Eu já escrevi todos os textos, estou só terminando de editar. Faço isso à noite, que é quando tenho mais energia, mas é também quando tenho que dormir, então publico no dia seguinte, mas se faltar algum dia, continue vindo, que no próximo dia o texto estará por aqui.

 

 Andressa Urach me fez mudar de ideia — Parte 4: Passando por uma situação desafiadora? Foque na sua reação 

Estou fazendo uma série de textos com a minha opinião sobre um post que a Andressa Urach publicou no Instagram algumas semanas atrás. Esta é a parte 4. É importante ler desde o começo. Segue os links:

Clique para ler a parte 1 – O post dela completo, quem sou e por que escrevo

Clique para ler a parte 2 – Pequeno parêntese sobre o post de sexta

Clique para ler a parte 3 – Por que acho que ela nunca teve o Espírito Santo

Já disse e repito: não é minha intenção defender a igreja (Deus a defende), mas sim, defender a minha fé. Quando diz que sofreu lavagem cerebral e foi enganada, Andressa me ofende pessoalmente, dizendo que sou uma idiota que está há 20 anos sendo enganada. Escrevo como membro da Universal e como leitora dos livros dela. Também não é minha intenção atacá-la pessoalmente (discordar não é atacar). Quero falar das atitudes e das reações dela, porque creio que temos muito o que aprender sobre o que não fazer — e também porque ela tem potencial para induzir milhares de pessoas a erro. Acho essa situação toda muito triste e realmente espero que ela desperte, mas estes textos não são para ela, são para alertar quem ainda está na fé.

Só relembrando como a Andressa chegou na igreja Universal, nas palavras dela mesma, no livro “Desejos da alma”:

“[…] fiz sexo por dinheiro. Bebi muito, usei muitas drogas: maconha, cocaína, enfim vários tipos de alucinógenos. Sofri três overdoses. […] Hoje, tenho consciência de que eu era um ser humano detestável. Extremamente arrogante, me achava superior às outras pessoas. […] Por ter uma vida intensa e guiada pelas emoções, sentia um vazio enorme dentro de mim. Para preenchê-lo, tinha muitos vícios, como o masoquismo e o sadomasoquismo. […] Aos poucos, tudo foi perdendo a graça. Não sentia mais prazer em nada. A depressão estava tomando conta de mim. […] Esse sofrimento desencadeou a síndrome do pânico. […] Passei a sofrer de insônia. Quando conseguia dormir, os pesadelos eram constantes. […] Ouvia vozes, via vultos. Achei que meu fim seria em um hospício. Tomava remédios tarja preta, calmantes para controlar a ansiedade, mas eles não preenchiam o vazio que sentia em meu peito. […] Foi assim que cheguei à Igreja Universal — viciada e depressiva. […] Em uma oração com imposição de mãos sobre a minha cabeça, ministrada por um pastor, fui liberta desses espíritos malignos. Estou curada dos vícios, da depressão e da síndrome do pânico. Hoje, eu tenho vida plena, paz interior e não sofro mais de crises de ansiedade.”

Foi dessa vida que ela foi liberta quando Deus a trouxe para a igreja Universal. Estas são as palavras dela mesma. Como eu disse, ainda acredito que eram sinceras. Acredito porque cheguei à Igreja Universal com depressão e também fui liberta. No primeiro dia, já saí melhor, depois de algum tempo frequentando as reuniões de libertação e de domingo, fiquei livre daquele mal. Ainda passei uns anos sendo religiosa dentro da igreja, sem entregar minha vida completamente a Deus, e tive ansiedade novamente, por um problema na família, que me desestabilizou. Tomei muitos antidepressivos e ansiolíticos — todos me deixavam pior. Quando resolvi entregar toda a minha vida para Deus, esse mal também foi arrancado — 11 anos atrás — e eu me tornei outra pessoa. Agora, vamos à postagem que ela publicou e que foi reproduzida em várias matérias na mídia. Começa com a seguinte frase:

“Gente eu não escondo nada de ninguém.”

Mas escondeu. O que contou no livro “Morri para viver” escondeu de todo mundo por muito tempo. O que diz ter acontecido no casamento dela (esfriamento espiritual, traição e agressões de ambos os lados, desde antes de casar até o dia em que anunciou a separação) no livro “Desejos da alma” ela escondeu do pessoal que a seguia (eu, aqui incluída). No livro ela diz que tinha perdido a visão espiritual, mas no Instagram continuava fazendo postagens como se estivesse bem com Deus (se você acompanhou, se lembra de que ela fez posts falando que estava se casando com o pai do filho dela, que Deus havia unido novamente a família. E se lembra também dos posts de família feliz). Ela mesma diz no livro que não sabia avaliar sua situação espiritual na época (como não sabe agora). E agora, depois que perdeu o uniforme, escondeu o que fez, demorou para dizer que não era mais obreira e possivelmente passou meses nos enganando (e se enganando) com postagens de mulher de Deus enquanto, mais uma vez, tinha perdido a visão espiritual e estava cega por seus sentimentos.

Um dos motivos pelos quais devemos olhar para Jesus e não para as pessoas, é que não sabemos o que se passa dentro de ninguém. Muitas vezes a pessoa está enganando até a si mesma, realmente acredita naquilo que diz, mas não vive o que fala. Só conhecemos das pessoas o que elas permitem que conheçamos. Não significa que tenhamos que desconfiar dos outros ou ter maus olhos, de modo algum! Mas é importante saber que a única pessoa sem defeitos, modelo de conduta e exemplo em tudo é o Senhor Jesus.

Nos livros que escreveu e nas entrevistas que deu, Andressa admite o vício em mentiras, do qual se livrou depois que foi para a igreja:

“[…] eu tinha um hábito horrível: não via problema em mentir. […] Na igreja, entendi que Deus abomina a mentira. Passei a vigiar para não mentir, para vencer esse vício.”

Por temor a Deus, ela começou a vigiar para não mentir. E o que acontece depois que o temor acaba? A tendência é voltar às velhas práticas. E neste post que publicou no Instagram, ela demonstra que o vício voltou. Vamos novamente ao texto dela:

“Nos últimos meses passei por uma decepção tão grande, que literalmente rasgou meu coração, não consegui nem estudar, vou ter que trancar a faculdade de jornalismo, pois não tenho cabeça para pensar sobre isso.”

Desculpe, mas por mais que se deseje adicionar drama à narrativa não se pode dizer “literalmente rasgou meu coração” sem que tenha sido necessária uma internação de emergência e uma cirurgia para consertar a ruptura no miocárdio (pesquisar o significado de “literalmente”). Meu alerta de linguagem dramática foi às alturas e me mostrou que algo aconteceu que a deixou MAGOADA. E ela está tentando se justificar. Ela deixou entrar mágoa, ficou alimentando a mágoa com mais sentimento de vitimização e isso fez com que permitisse a entrada de um mal na vida dela (sorry, eu tenho que dizer. Sei que não é algo fácil de ouvir, sei que a pessoa pode se sentir atacada, sei que hordas de pessoas que também tropeçaram na mesma pedra irão querer dizer o contrário, mas este texto é para ajudar quem está confuso a entender o que aconteceu, então tenho que ser honesta com a minha percepção).

Vamos entender uma coisa: decepção é reação. Decepção é interpretação. Ninguém é capaz de causar uma decepção em você. Isso é algo que nós fazemos a nós mesmos. Uma coisa é o fato que ocorreu, e outra coisa é a interpretação que você deu ao fato, o que você permitiu que essa interpretação te fizesse sentir. Entende? O diabo pode perfeitamente manipular essa interpretação. Como exemplo, vou usar uma coisa que aconteceu comigo e que eu poderia ter permitido que me causasse uma decepção. Mas não permiti porque já estava atenta.

Uma das ajudas espirituais que eu recebia na igreja era através do grupo Godllywood, que tem o objetivo de ajudar mulheres no crescimento e amadurecimento espiritual. Entrei no final de 2015 (data da foto que abre este post). Eu já tinha alguns sintomas físicos, mas ainda não sabia o que eu tinha, achava que era um problema hormonal ou estresse. Nunca consegui realmente cumprir todas as atividades do grupo, só as tarefas, atendimentos e reuniões obrigatórias. Fazia o melhor que eu conseguia, mas comecei a conseguir cada vez menos.

Quando o problema de saúde se agravou, eu comecei a faltar a algumas reuniões (quase todas!), porque não era sempre que conseguia sair de casa. Eu ainda estava trabalhando, então toda a energia que tinha eu colocava no trabalho e não sobrava energia para sair, vivia exausta. Se tinha reunião, eu não ia. Se tinha passeio, eu não ia. Só ia aos atendimentos e a uma ou outra reunião semanal. Isso era um problema para as minhas sisters (Sister é a mulher responsável por um subgrupo no Godllywood, que acompanha pessoalmente o crescimento espiritual de cada uma das meninas do seu subgrupo. De tempos em tempos esses subgrupos são reorganizados e, assim, a gente passa por várias sisters), porque elas sempre tinham que abrir concessões para mim, mas eram super compreensivas, embora nem eu soubesse direito o que eu tinha (ou seja, acreditavam em mim sem provas).

Um pouco antes de eu entrar de licença do trabalho, veio a regra de que as participantes tinham que estar ativamente em um grupo de evangelização para continuar no Godllywood, para que dessem aos outros aquilo que estavam recebendo. Eu não tinha condições físicas de participar de grupo de evangelização, já era demais conseguir ir às reuniões semanais (quando eu conseguia ir). Estava perto de me graduar, por que não me deixar ficar até o final? Na época, não fazia o menor sentido para mim.

 Se não estivesse em um grupo de evangelização, eu teria que sair do Godllywood, mas se o objetivo de estar em um grupo de evangelização era dar o que estávamos recebendo espiritualmente e eu considerava que fazia isso através do meu trabalho, não achava necessário entrar em outro grupo. E eu não queria admitir que tinha um problema, muito menos deixar que esse problema fizesse alterações na minha vida (não percebia que já não estava conseguindo fazer nada). Pedi que reconsiderassem, falei com a sister, acho que falei com a big Sister (não me lembro), só não falei com a Cristiane, porque tive um lapso de sabedoria no meio daquele caos: se Deus não quisesse me tirar, ninguém poderia me tirar. Foi Ele quem me colocou lá (disso eu tenho certeza) e só Ele poderia me tirar. Então, principalmente, falei com Deus. Expus minhas razões e pedi para Ele me deixar continuar no grupo, mas disse para Ele fazer o que era justo. 

Não teve jeito. Era regra do grupo. E elas estavam certas. Por um instante, me veio o sentimento de que eu estava sendo injustiçada (sempre tem um gremlin esperando o momento certo para te dar a sugestão errada). Mas na hora me veio à mente: se não faz sentido e Deus está permitindo, o que vale aqui é a minha reação a esse problema! Era isso o que Deus queria que eu visse. Porque Deus existe e eu pedi a Ele para não sair. Vamos raciocinar: quem poderia me tirar do grupo se Deus não quisesse que eu saísse? DEUS EXISTE e Ele age diretamente na vida da gente quando a gente deixa. Tenho inúmeras provas disso na minha vida. Então, se Ele permitiu, eu estava sendo provada na minha reação. É impossível a gente se deparar com situações difíceis sem sentir absolutamente nada (até porque o diabo jamais vai deixar essas “oportunidades” passarem batidas), mas é perfeitamente possível (e essencial) a gente reagir da forma correta a elas. Cabia a mim negar minhas reações erradas e agir de acordo com o que Ele ensina.

É lógico que no momento veio o pensamento gremliniano e o sentimento de ser vítima, de ser coitadinha. Mas passaram direto. Conscientemente, eu não permiti que ficassem dentro de mim nem um dia. E isso é uma escolha que você pode perfeitamente fazer, não importa qual seja a sua situação espiritual.

Fui orar, entreguei para Deus, disse a Ele que Ele não se decepcionaria com a minha reação e que só o que me importava ali era Ele. Não iria ficar com maus olhos com o grupo nem com ninguém. Elas estavam certas. Fizeram o que era correto diante da situação. Elas são de Deus, o grupo é de Deus, eu sou de Deus, pedi para Deus…OBVIAMENTE Ele estava cuidando de tudo. Conscientemente, eu reconheci Deus ali, me colocando em uma situação que parecia estranha para ver minha reação. É isso que significa, na prática, usar a inteligência em vez de usar a emoção.

Está escrito: “Confia no Senhor de todo o teu coração, e não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-O em todos os teus caminhos, e Ele endireitará as tuas veredas.”

(Provérbios 3.5-6)

Ou a gente vê Deus em absolutamente tudo na nossa vida ou vai acabar não vendo em mais nada. Se começar a achar que tudo são as pessoas, não vai permanecer na fé (é o que eu disse na parte 3 desta série, sobre carne e Espírito). É por isso que um dia a pessoa parece super de Deus e no outro se torna adversária dEle, como muitos “ex” por aí. Usando a cabeça, eu entendi que o que eu deveria querer mesmo não era que flexibilizassem as regras a meu favor, mas sim que eu ficasse curada, ficasse bem para poder participar de grupos de evangelização e de todas as reuniões presenciais que aparecessem pela frente. Eu precisava lutar por isso a sério e fortalecer a minha fé para enfrentar o problema, não esconder minha cabeça feito um avestruz, fingindo que nada estava acontecendo. Pedi para Deus abençoar o grupo e todas as mulheres que estavam ali para ajudar as outras e para serem ajudadas. E fiquei em paz. A paz que você tem quando sabe que tudo coopera para o seu bem.

E se eu quisesse manipular a percepção alheia?

Tem sempre um gremlin pronto para nos fazer ficar com maus olhos, deixar de ver Deus nas coisas que nos acontecem e passar a olhar as coisas de modo carnal, porque assim ele nos afasta de Deus e abre espaço para o inferno na nossa vida. É escolha nossa dar ouvidos a ele ou ignorá-lo. Eu era uma pessoa que não estava ativa em nenhum grupo e não estava indo às reuniões, mas poderia facilmente ter ignorado a minha parte no problema, ouvido o gremlin e saído por aí dizendo que me expulsaram do Godllywood. Entende como é fácil distorcer uma informação, criando uma mentira a partir de meia verdade? Por isso a gente não pode acreditar em qualquer versão que as pessoas dão quando saem se colocando como vítima.

É muito fácil confundir fato com interpretação pessoal do fato. A interpretação tem como base sentimento e percepção, que pode ser errada (o coração é enganoso, lembra?). As pessoas dificilmente vão dar todos os dados para você interpretar corretamente os fatos se o total conhecimento dos fatos pode fazer com que elas pareçam erradas. Eu poderia omitir o fato de que eu raramente ia a alguma reunião, poderia omitir tudo o que mostrasse que eu não era tão vítima assim. Só para deixar claro, veja a diferença do relato da história real para o relato da história fictícia.

História real:

“Tive que sair do Godllywood porque quase não ia às reuniões do grupo e porque não estava participando de nenhum grupo de evangelização, que era uma das regras do Godllywood. Estavam abrindo uma exceção atrás de outra para mim, por anos, mas eu já estava faltando à maioria das reuniões. Só estava no grupo oficialmente, mas na prática já estava completamente fora há tempos. Tentaram por muito tempo me  ajudar, mas eu queria fazer as coisas do meu jeito. Pedi a Deus para que decidisse o que era o justo e Ele não interferiu para impedir minha saída. Logo, era justo que eu saísse.”

História fictícia, cheia de cenas dramáticas, para meus seguidores ficarem com peninha de mim e com muita raiva da igreja pela “enorme injustiça” que inventei:

“Gente, passei por uma decepção tão grande que literalmente rasgou meu coração. Dediquei 18 anos ao Senhor Jesus, mas acabei me sentindo um objeto descartável. Fui expulsa do Godllywood porque eu estava doente. Quando eu mais precisei, me desprezaram, sinto uma dor que não tem fim. Nunca dei problema no grupo e, do nada, depois de tudo o que já fiz pela igreja, eles me cortaram. Depois de todos esses anos, só porque eu estava doente e frágil, me rejeitaram. Me senti usada, porque eu sempre fiz o melhor pela igreja e agora, só porque estou com uma doença rara, eu não presto mais. Parabéns, igreja Universal, por lançar minha alma no inferno.”

Viu como é fácil manipular a percepção dos outros? Aí meus seguidores, sem saber que não saí do grupo por estar doente*, ficariam com raiva e acabariam cometendo injustiça diante de Deus junto comigo (porque Deus conhece os fatos e não aceita esse tipo de distorção). É claro que ninguém precisa lembrar que, se não fosse pela igreja Universal**, é praticamente certo que eu já estaria morta e enterrada há muito tempo…

Só para você saber o que Deus fala a respeito disso (obedece quem tem juízo):

“Quem é o homem que deseja a vida, que quer largos dias para ver o bem? Guarda a tua língua do mal, e os teus lábios de falarem o engano.”

Salmos 34.12-13

“A malícia matará o ímpio, e os que odeiam o justo serão punidos. O Senhor resgata a alma dos seus servos, e nenhum dos que nEle confiam será punido.”

Salmos 34.21,22

“Não admitirás boato, e não porás a tua mão com o ímpio, para seres testemunha falsa. Não seguirás a multidão para fazeres o mal; nem numa demanda falarás, tomando parte com a maioria para torcer o direito. Nem ao pobre favorecerás na sua demanda.”

Êxodo 23.1-3

“O que anda em justiça, e o que fala com retidão; o que rejeita o ganho da opressão, o que sacode das suas mãos todo o suborno; o que tapa os seus ouvidos para não ouvir falar de derramamento de sangue e fecha os seus olhos para não ver o mal. Este habitará nas alturas; as fortalezas das rochas serão o seu alto refúgio, o seu pão lhe será dado, as suas águas serão certas.”

Isaías 33.15,16

Se achar ruim, reclame com quem escreveu a Bíblia. Eu não quero correr o risco de cometer uma injustiça e acabar colhendo algo que não gostaria, ou perdendo uma bênção bem legal — ou até a minha Salvação! — me aliando a quem se faz de vítima em uma história cujos detalhes desconheço. Nunca se posicione contra alguém sem ouvir todas as versões para ver todos os dados (a menos que a pessoa tenha escrito um livro, com o qual você possa analisar os dados…). Sem todos os dados, tomar partido e condenar é correr um grande risco de cometer injustiça. É um mandamento do Senhor Jesus:

“Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça.”

João 7.24

Cuidado com histórias maquiadas do Instagram, do Youtube, do Facebook e até mesmo da imprensa tradicional. Muitos jornalistas têm dificuldade de fazer uma apuração correta dos fatos, reunindo dados e evitando que suas interpretações pessoais interfiram com a compreensão da verdade.

Nesse dia da saída do Godllywood, percebi que os pensamentos que apareceram na minha cabeça não eram meus. Mas também percebi que meus sentimentos estavam querendo me levar a concordar com os pensamentos e a atribuir àquele acontecimento um significado que ele não tinha. A ideia era me deixar magoada com o grupo e achar que eu estava sendo rejeitada, perdendo a objetividade. “Ninguém mais me quer, ninguém mais gosta de mim, oh, mundo cruel!” E eu ter me percebido tão sensível assim (ainda que por um dia) me levou a constatar que eu estava fraca espiritualmente, muito mais fraca do que eu imaginava! No final, serviu para me mostrar que eu tinha que fortalecer minha fé COM URGÊNCIA, porque minha Salvação estava em risco (afinal, a Salvação vem pela fé).

A realidade é que às vezes Deus permite que nos sintamos sozinhos para nos levar a enxergar que estávamos nos apoiando em coisas e pessoas e nos dar a chance de voltar a depender somente dEle. É DEUS QUEM PERMITE, não são as circunstâncias, não são as pessoas. Se a sua vida está nas mãos dEle, é Ele quem permite tudo o que acontece, ou você crê nisso ou você não é cristão. Mas se você for aprovado nas suas reações, tudo o que acontece é para o seu bem. Está escrito que todas as coisas cooperam para o bem DAQUELES QUE AMAM A DEUS. Se você ama mais sua posição, seu status, o grupo, a opinião dos outros, o que você acha que conquistou, do que a Ele, você não ama a Deus. Mas se você quiser que uma coisa ruim coopere para o bem, coloque Deus acima de você mesmo, conscientemente. É isso que significa amar a Deus.

Ele não vai aceitar que você coloque seu coração acima dEle sem que você veja isso. “Quem quiser vir após Mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me.” Ou você se nega de verdade ou nem consegue tomar sua cruz e seguir a Cristo. O primeiro passo é se negar, você acha que não vai ser testado nisso? Ele vai permitir situações em que você tenha que se negar, para o seu próprio bem, para você não ficar se iludindo dentro da igreja. Mas você só vai enxergar isso se seus olhos forem espirituais.

Infelizmente, a Andressa não reconheceu Deus na situação que lhe aconteceu. Preferiu dar ouvidos ao gremlin e se fazer de vítima. Foi provada e, até o momento, reprovada. “Reconhece-O em todos os teus caminhos e Ele endireitará as tuas veredas”, diz a Bíblia. Isto significa que, se você não O reconhecer em todos os caminhos, suas veredas continuarão tortas e esculhambadas. E talvez até fiquem mais tortas com o passar do tempo.

Muito provavelmente ela já vinha enfraquecendo há muito tempo e por isso não decidiu reagir de modo correto, reconhecendo Deus e O colocando à frente de tudo. Se o mal já estava colocando maus olhos e distorcendo a percepção dela, é compreensível que tenha terminado como terminou. O porquê de isso ter acontecido, como ela enfraqueceu desse jeito e há quanto tempo, não temos como saber. Porque ela escolheu esconder esses dados de nós.

A única coisa que sabemos é como ela está agora, colocando na igreja a culpa até de estar desistindo da faculdade de Jornalismo. Mas vamos aos dados: depois que se converteu, ela começou a fazer enfermagem e trancou para fazer curso de gestão pública, porque começou a trabalhar como assessora parlamentar. Depois, ela foi convidada para voltar a trabalhar na TV, trancou o curso de gestão pública e começou a pensar em fazer jornalismo (tá lá no livro Desejos da Alma, páginas 138 e 139).

Se trancar faculdades é um padrão antigo, culpar terceiros por isso não é honesto. Também tranquei várias faculdades (inclusive a de jornalismo três vezes), sei que depois que a gente faz isso uma vez fica bem fácil fazer outras. Culpei a depressão, culpei a morte do meu pai, mas a verdade é que cada desistência foi por escolha minha. Quando finalmente comecei a terminar as coisas que eu começava, descobri o segredo para conseguir isso: sacrifício. A cada curso que eu iniciava, tinha que sacrificar a vontade de desistir, sacrificar a saída mais fácil, sacrificar o cansaço, sacrificar a impaciência…

Mas se a pessoa ficar só culpando os outros pelas suas desistências, nunca vai se esforçar para descobrir como evitá-las. Infelizmente, o mundo de hoje está treinando as pessoas a colocarem nos outros a responsabilidade (e a culpa) por suas próprias decisões e escolhas. Está transformando adultos em crianças mimadas e imaturas. Uma das principais características de uma pessoa adulta, madura e que tem tudo para ser bem-sucedida é justamente esta: assumir responsabilidade por seus atos.

 

 

Amanhã publico a parte 5

Vou colocar aqui os links para os próximos posts conforme forem publicados:

Andressa Urach me fez mudar de ideia — Parte 1: O texto dela na íntegra, quem sou e por que escrevo

Andressa Urach me fez mudar de ideia — Parte 2: o post de sexta

Andressa Urach me fez mudar de ideia — Parte 3: Será que ela recebeu o Espírito Santo?

Andressa Urach me fez mudar de ideia — Parte 5: Quando se perde a visão espiritual

Andressa Urach me fez mudar de ideia — Parte 6: Se eu falasse tudo o que aconteceu comigo nesses últimos anos

PS. * Como deixei claro, não me tiraram do Godllywood por eu estar doente. Há diferença entre correlação e causalidade. Não é porque eu eu estava doente quando saí do grupo que minha saída foi por esse motivo. A gente aprende em estatística que correlação não implica, necessariamente, causalidade. Não é porque duas variáveis estão acontecendo ao mesmo tempo e têm alguma relação que uma necessariamente causou a outra. Confundir correlação com causalidade é um dos maiores erros de interpretação das pessoas. E tem muita gente por aí querendo que você não saiba disso.

PS2. ** Eu disse “se não fosse pela Igreja Universal, é praticamente certo que eu já estaria morta e enterrada há muito tempo” e já ouço crentes imaginários na minha cabeça dizendo “se não fosse Deus, não a Universal!”. Deus usou a Igreja Universal (e a usa até hoje) para me salvar e eu seria muito ingrata e burra se desconsiderasse isso. Lembro a você que eu já era crente desde que nasci (a primeira pessoa a se converter na minha família foi a avó da minha mãe — é uma história linda). Deus me tirou da Batista e me levou para a Universal porque eu queria me matar. Se você acha isso ruim, reclame com Ele, não comigo. O que me sustenta até hoje é esse conceito de fé sacrificial, que, pelo menos 20 anos atrás, só a Universal ensinava. Praticar isso me transformou de uma pessoa sensível e emotiva em uma pessoa racional e emocionalmente estável. Como sempre, Deus sabia o que estava fazendo.

PS3. Continuo amando o grupo Godllywood, acompanhando as reuniões do Godllywood autoajuda, o instagram do Godllywood e as meditações no Univer, que me ajudam muito. O Godllywood hoje é muito mais do que um grupo, é um movimento. É um conjunto de princípios e valores que fazem parte da minha vida diária.

PS4. Pouco tempo depois de sair do grupo, tive outro baque: minha saúde me impedia de continuar a trabalhar e tive que entrar em licença médica. As duas coisas aconteceram quase simultaneamente, e fui obrigada a encarar o problema do qual eu queria fugir. E descobri que admitir a existência do problema era diferente de aceitar o problema. Se eu não reconhecesse que aqueles sintomas estavam ali, como iria lutar contra eles? Deus permitiu que eu “perdesse” essas duas coisas temporariamente (porque hoje continuo tendo acesso ao Godllywood, pelos meios que mencionei no PS anterior) para que eu enxergasse minha condição e minha necessidade urgente de buscá-Lo. Já pensou? Uma coisa que poderia ter sido vista como ruim acabou sendo algo que me fortaleceu mais e engatilhou uma série de mudanças importantes no meu interior. Como eu disse, o importante é a sua REAÇÃO. Escolha direito.

PS5. Eu já escrevi todos os textos, estou só terminando de editar. Faço isso à noite, que é quando tenho mais energia, mas é também quando tenho que dormir, então publico no dia seguinte, mas se faltar algum dia, continue vindo, que no próximo dia o texto estará por aqui.